Você está na página 1de 1

1

Relao entre sabedoria, verdade e felicidade e o filsofo.

Os acadmicos partem da definio de conhecimento verdadeiro de Zeno: o

verdadeiro conhecido com certeza quando se apresenta de tal forma que no possa em

nenhum caso parecer falso (Cont. Acad. III, 9, 18-21). Fazem isso para contestar que no h

nada que parea verdadeiro que no possa parecer falso.

Contradies dos acadmicos. Os acadmicos dizem-se como filsofos. Todo

filosofo busca a verdade a fim de ser feliz. Ora, se eles negam que a verdade pode ser

encontrada, como podem ser felizes e sbios? Agostinho argumenta:

Se evidente [...] no poder ser feliz quem no possui o que deseja; se ningum

procura o que no deseja encontrar; como ento se explica que os acadmicos estejam sempre

procura da verdade? Porque eles a querem encontrar, mas por mtodo infalvel, a fim de a

poder descobrir. E, contudo, no a descobrem! Segue-se, portanto, que no so felizes. Ora,

ningum sbio, se no for feliz. Logo, o acadmico no sbio! (De Beata Vita, II, 14).

Diz ainda Agostinho: quando algum persegue e alcana o bem supremo, torna-se

feliz; e isto, todos concordam, precisamente o que ele deseja. E assim, se bvio que todos

queremos ser felizes, obvio tambm que todos queremos ser sbios, j que ningum pode ser

feliz sem a sabedoria. Porque ningum feliz sem o bem supremo, que distinguido e
adquirido na verdade que chamamos sabedoria (Livre-arbtrio II, 9).

Em que consiste a sabedoria? Em possuir aquilo que se procura. O que os

acadmicos procuram diligentemente? A verdade. Por conseguinte, ao negarem que

impossvel encontrar a verdade, nega-se a sabedoria. Eis a contradio dos acadmicos:

querem ser sbios, mas no sabem o que seja a sabedoria. H um vinculo entre sabedoria,

verdade e felicidade que no pode ser desfeito sem o risco de cair em contradio.

Você também pode gostar