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rae See JORG MERTINS DE ATHAYDE ] Bel ' ar 3 JOAO MARTINS DE ATHA¥DE Props. Filbhas de José Bernardo da Silva FP AAAS DS ree) Servaar com Carneir CARNEIRO —Camarada Serrador vamos entrar em questio @izem que vossa mercé tem grande habilitagdo cantader de sua idade nio aguenta este rojao SERRADOR-Néo 6 preciso arrojar-se keja mais brando, Carneiro dos cantadores que eu venci vocé nao é o primeiro -e trate Serrador bem - ge quer voltar a0 chiqueiro | | , C—Serrador, eu nunca achei cantad or que me calasse cerca jue eu nfo rompesse ferro que nado envergasse bravo que néo me temesse ferra que néo destravasse S —Fique sabendo, Carneiro minha serra 6 de aco puro de um golpe corta © passado © presente e o futuro nio temo o fogo por quente nem legedo por ser duro (2) C —N4o existe metal duro como seja o diamante porém encontra outro igual que lapida-o num instante © estrompa 6 o remédio para o outro extravagante S—Carneiro, eu nfo sou estrompa gosto muito da prudencia porem quem vier a mim tenha santa paciencia precisa deixar em casa mau costume e insolencia C —Serrador, se voeé visse deste Carneiro as marradas vocé saia corrend vendendo azeite 4s canadas passava de porta em porta avisando os camaradas S—Serrador quando nasceu disse a parteira: é um homem a este o mar nao afoga os bichos ferozes nfo comem este aonde der um grito até as cobras se somem @) ‘C--Meu avé tinha um ditado meu pai dizia tambem no tenho medo de homem nem do ronco que ele tem © bezouro tambem ronca eu vou ver nao é ninguem S--Aonde Serrador ronca treme o mato, o campo estala se for no pédama serra toda montanha se abala se houver cantor por ali quatro semanas n&o tala C--Grite © ronque em toda altura grosso, chelo, delgado e fino faga absurdo de louco ou asneira de mepvino perante Carneiro velho todo vulto 6 pequenino S--Golias era um gigante de altura demasiada David, um pastor pequeno matou-o com uma pedrada a altura do gigante’ nGo influiu ali nada a (4) C—Isso sfo horas minguadas € cousa bem conhecida uma mésca morde G homem disso vira uma ferida da ferida o homem morre @ mésea tirou-lhe a vida S—Carneiro velho. desculpe esse caso é diferente a@ mésea nfo matou ele apenas o pos doente Davi matou o gigante no campo, de frente a frente C—Pois se transforme em Devi e confie em me insultar ajunte tédas as pedras desde a terra até o mar pegue-as tédas duma vez veja ee vem me atirar S—Companheiro, eu nfo sou lovee que atira pedra em alguem e tanto provo que estou The tratando muito bem eu quero mostrar-the a forca que Serrador velho tem (5) —Meu vamarada, lhe digo o senhor vem enganado eu sou um Carneiro grande além de grande pesado além de pesado forte além de forte, amestrado §—Serrador aprendeu pouco nfo & mestre porem sabe seu nome estd espalhado quem o conhece o gabe onde minha idéfa for seu pensamento nado cabe C—Saloméo tinha ciéncia como olnguem péde ter estudou tanto que quis a segunda vez nascer a rainha de Saba deu-Ihe muito o que fazer S—Carneiro, estou enjoado com esta nossa massada quando se trata em martelo gosto de ouvir @ pancada saltar cabo de martelo a satra tiear quebrada (6) C—Serrador, eu tambem gosto de ver o ferro tinir j4 nao fiz purque pensei © senhor n&o resistir eu boto vocé em canto que da trabalho a sair S—Carneiro, nfo h4 parede que eu nfo possa furar nem barra de ferro grosso que eu nao possa quebrar vocé talvez nfo encontre canto para me botar C—Martelo em seis e em dez 6 fogo que sempre ganho e posso cantar um ano garanto que néo apanho abra o olho, aude direito se'eu ndo for vai o rebanho F—O sitio de Serrador estA pra quem quiser vé-lo a estrada 6 larga e france que passa até um camelo mas se um Carneira for 14 ee arrisca a onca comé-lo (7) C—Contia 0 homem do wur no barco e na calmaria confia a Onga nas unhas o lefo na _energia mas eu nfo posso saber Serrador em que confia S—Ora, Serrador contia é@ numa musa afinada numa lembran¢a robusta numa forga agigantada garanto que cantador vem a ele e nao faz nada C—Se eu chamé-lo a um galope vocé acha em que penar porque com ele eu Ibe mostro ‘a protundeza do mar mostro-Ihe a altura do céu @ macieza do ar S—Carneiro, dou-lhe um conselho nfo venha a mim com galope eu sou como touro bitfalo que nio ha homem que 0 tope e voce esta arriscado morrer no primeiro golpo (8) J~-Diga Serrador com qual teacdo vem vocé aqui sem documento © quem foi que lhe deu consentimento pers entrar sem minha ordem no gertao nesea terra me conhecem por sultio de idade de Curato ao Seridé zeiras do Rolim e Piancé 4 cidade de Souza e¢ Catingueira em Pombal, Catolé, Patos, Teixeira 8&0 lugares que Carneiro canta so S-Meu amigo Carneiro esta bascado pa conhecgo sultio em nossa terra e dos desertos da nossa grande serra um ou outro cantador tem apanhado cantador muito velho habilitado #03 meus pés tem perdido a pabulagem homens mogos instruidose de coragem teni)-o8 posto em grande desespéro inda eu dando todo dia num Carneiro nao direi a ninguem que fiz vantygem C-..}he onde foi que saiu este doutor foi mudunga deste tempo de verdo? ou seria de alguma escavacao dessas linhas de terro a vapor? pois the digo meu amigo Serrador sua serra para mim nio’é travada abra os olhos, veja bem, meu camarada que martelo a galope o pie doeate Sua serra além de nfo ter dente me parece que esté destemperada (9) S-Meu patraéo dono da casa venha fora e me diga onde achou este carneiro quem sbriu a porteira de chiqueiro e deixou o carneiro vir embora? eme diga onde 0 dono dele mora you compra-lo e fazer uma buchada essa carne deve estar aperreada mas coiitudo assim mesmo eu como ela 6 pre ) comprar uma panela e um pouece de aguardente Imaculada C-Serrador de onde vem vocé assim? esta Ina deste més foi muito forte todo més que sé vem vento do norte ja se sabe, este tempo é bem ruim a formiga cria asa, e o cupim cria asa tambem, nos ares véa desce peixe no rio, pra camboa cantor traco vai fazer por distrair entra em canto que ndo pode mais sair quando quer se arrepender esté a toa S-Men volega, eu conheco o cantador igualmente 0 cavalo ao cavaleiro como 0 boi dé carroga ao carroceirn e@ © cin conhece o grito do senhor pode crer, mulato Serrador para as lutas sempre fui muito pesado tenho orgulho de dizer nfo canto errado muitas lutas a mim n&o faz correr nado enjeité a pimenta por arder nado detesto @ peru por carregado (10) C--J4 peguei Josué na Catingueira uma noite de So Joio numa novena meid-noite o rapaz fazia pena deu-lhe frio levantou-lhe até coceira quis meter-se debaiso da fogueira ficou logo’ sem sentidos, descorado nfo podia estarem pé e nem sentado eu The disse: va dormir, seu maj ¢ sono vé sabendo, no sertio sé tem um dono é Carneiro, este vellio seu ecriado S—Josué este esta de lingua branca e€ mesmo de velho ainda tem medo quando eu meto o brago em rochédo rolo pedra que estals, ele se arranca broco pedra nfo preciso de alavanca sOu capaz de esgotar o oceano venham as almas de Nogueirae Romano. d&-me arame e viola, abra-me Os portos deixe vir cantador vivos-e mortos inde canto com eles mais d¢ um ano C—-Serrador isto, vai muito ruim desta forma é vocé o mais moderno faca um dia uma viagem ao inferno vé cantar com Lushel eu com Caim com defuato, vA a outro e nfo a mim Deus me livre de ser seu cémpanheiro nem me dando um rio de dinheiro eu néo quero essa fortuna, falo sério deste jeito v4 morar no cemitério voce esta muito bem para covelro | qty S—Carneiro velho, sustente 0 rojao Serrador 6 sagaz, ligeiro e forte teaho preso na mio o freio da morte dou @ vida, destino e direcio | eu suspendo qualquer exalacéo o corisco onde eu estiver ele nao cai digo ao vento que nao v4 ele nao vai ‘Jago © mar -despejar 4gua no rio e depois de cantar o desafio fago medo a cantador que so meu pai —C—Vocé pode arrojar-se ndo me altero ja estou velho, nao posso com carreira fique marcando o passo da ladeira no pro\oco ninguem, mas vindo, espero se for homem de ago eu destempero se for ferro enferrujado a terra come e se for carne e osso mato a fome de cachorro © uroby que undam mortendo se por sorte sair, corre dizendo: de carneiro daquele, nem o nome! A PEDIDO DO DONO DA CASA S—O patrio dono da casa ea senlora vém pedir que cante a eriagao vamos ver se damos a deserigao desde da hora da Vuleata até agora descrevendo entéo hora por hora (12) como Deus em seis dias tormou tudo ‘sem pensar nem fazer um 86 estudo como foi que o Autor da Criegfo em seis dias fez com tanta perfeicao desde o ser mais pequeno ao gratdo —Era o dia primeiro; o grande autor ee taga-se a terra; essa foi feita no segundo fez a luz que ao céu enfeita no terceiro fez o mar, esse primor eno quarto fez o sol que dé calor para tudo na terra se criar e@ no quinto mandou se separar toda Agua que a terra esse cobria disse a terra que criasse animalia —Crie-se peixs. disse Deus Glande ao mar S—Cineo dias j4 tinham se passado e oo sexto tornou Deus falar a terra ‘disse ent&o: minha obra agora encerra em fazer um objeto lapidado ésae artista perito e denodado ficou mesmo de si préprio a lembranga estando tudo feito alicom elegancia desdeas trevas escuras & branca aurora disse o grande Jeovaé: séresta agora éo0 homem, minha imagem e semelhanca (13) C—E tocando na terra com a mio fez um hdlo de barro e amassou e depois le amassado 0 bafejou elhe diss*: levat , Addo! eras tu o primeiro da criagéo 86 a mim serds inferior porque son o teu Dens e eriudor © mais tudo tera que obedecer-te tudo aqui obediéncia hé de rouder-te porgue és entre os mais superior S—Fste homem habitava no jardim que o Senhor para si tinha plantado porem vendo-se triste isolado foi a Deus se queixar dizeado assim: as belezas que fizestes para mim pio me {azem prazer nem alegria; pergunton-the Jeovaé o que queria disse o liomem: Senhor,o meu desejo @ ver outro igual a mim porque nao vejo outro ser que mefaga companhia C—Jeové tez_o homem adormecer e do homem tirou logo uma costela e depois de tirar pegando nela fez daquilo a mulher aparecer pronto Adfio despertou e pode ver © objeto rue a Deus tinha pedido e julgando-se ali enriquecido e de mais pode haver tudo que houver disse Devs: eis ai vossa mulher disse 4 Eva: eis ai vosso marido (14) S—Disse Deus a mulher e ao marido: observem com atengfio o meu aviso tem um fruto no meio do paraiso nio 6 comam, aquele é proibido os mais outros comerao, é concedido mas aquele eu proibo de comerem sObre a pena de ambos vos morrerem Se houver nessa ordem transgressio peis comendo incontinenti morrerfio e sujeitos 4 miséria hfio de viverem C—Tendo Deus deixado em seu lugar um seu anjo com o nome de Lusbel porem ésse rebelde e infiel entendeu de contra Deus 0 guerrear formou anjo sem Deus autorizar e julgou ser msis que o &terno jé julgando ser ali um deus moderno superior a todos os arcanjos tanto a ele, Lusbel, como a seus anjos deova precipitou-os no inferno S--O deménio contra Deus ficou irado perdeu logo 0 equilibrio e o juizo entendeu logo de ir ao paraiso transmitir para o hcmem igual pecado e chegando auma cobra transtormado tendo Adéo a primeira vez resistido disse ele: néo me dou por vencido como eu ele, tomba no pecado h& de ser como eu sentenciado ficaré como eu tambem perdido (15) C-A serpente um dragéo cruel e bruto encontrou-se com Eva, ali falou-lhe e com!rases fingidas perguntou-lhe porque ela nfo comia aquele fruto disse Kya; é crime absoluto transgredir uma ordem divinal a serpente retorquiu ainda alfinal: este iruto nfo 6 0 do pecado pois se losse nfo era aqui criado nao é isto, mulher, que te faz mai S--A mulher por maior fraqueza sua comeu sempre o fruto proibido e depois de comer deu ao marido e ficou envergonhada, estava nua © terror da morte feia e crua atacou-ihe com desprezos os alvos véus © demunio subiu logo aos céus e falou a Jeovaé com ar de risv teus mimosos de 14 do paraiso no siv mais 2 inocentes, sio 2 réus C--Ambos logo notaram o mau estado Deus cliamou-os disse Adao: estou nu o Eterno respondeu-lhe: veja tu que miserta sem par traz 0 pecado antes disso eu tinha os avisado disse Addo: Eva me deu e eu com! disse va: Senhor me iludi com as frases enganOsas da serpente que me disse que Ofruto era excelente eaqueceado tua ordem, me perdi (16) S- Disse Deus Ada: deixo-te exposte ao trabalho de que has de viver eo pao da amargara has de comer ensopado no suor do proprio rosto disse 4 Eva: e tu por dares gosto 8 serpente por quem foram enganados vossos partos serdo sacrificados; coseu folhas, ali mesmo os vestiu do paraiso ali se despediu foram ambos chorar 08 seus pecados — FIM — Juazeiro; 19/08/75 Nis deixe de Ler: SUPLICIG DUM CONDENANO 2 488 ti Literatura de Cordel José Sernardo da Silva Lda Grande variedade de folhetos e oragdes, R. Sta. Luzia, 263-Juazeiro do Norte-Ce AGENTES EDSON PINTO DA SILVA Mercado S. José—Compartimento N. 7 Recife - Pernambuco a BENEDITO ANTONIO DE MATOS Café Sao Miguel, dentro do Mercado Central -- Fortaleza -- Ceara ANTONIO ALVES DA SILVA Rua Clodoaldo de Freitas, 707 Terezina Piaui JOAQ SEVERO DA SILVA Travessa Dr, ae 70 — Bayeux R, Silva Jardim, 836 — Joao Pessoa Pb. SEVERINO JOSE’ DOS SANTOS, Rua Eng. Paulo Lopes, 695 -- Lote 4 Bangu - Rio -- GB ANTONIO EMIDIO DA SILVA Rua Cel. Estévao, 1325 —Natal -- R.G.N. RAIMUNDO OLIVEIRA Mercado de Ferro Aparador, 26 Belem - Para ee

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