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O dilogo por Anne Lamott, em "Palavra por Palavra"

" um grande prazer encontrar um bom dilogo durante a leitura, uma mudana total de
ritmo em relao descrio, exposio e toda aquela "escrita". De repente, as pessoas
esto falando e ns as acompanhamos. E temos todos os prazeres do voyeurismo,
porque os personagens no sabem que estamos ouvindo. Acabamos nos sentindo bem
informados sobre suas maquinaes internas sem ter que passar muito tempo lendo seus
pensamentos. No quero ouvi-los pensando o tempo todo no papel. J muito chato eu
ter que pensar o tempo todo.

Por outro lado, nada quebra to facilmente o clima de


um texto como um dilogo ruim. Meus alunos ficam
desolados quando esto lendo uma histria tima para a
turma e, de repente, chegam a um trecho de dilogo que
to bvio e expositivo que parece tirado de uma pea
infantil. Nesse ponto o texto fica emocionalmente
desafinado e h uma completa falta de ressonncia.

O dilogo no texto literrio se parece mais com um


filme do que com a vida real, pois deve ser mais
dramtico. H uma noo maior de ao. Antigamente,
antes dos filmes, antes de Hemingway, digamos, o
dilogo nos romances era muito mais estudado e
floreado. Os personagens falavam de um modo que no
era como pessoas de verdade falam. Com Hemingway,
as coisas comearam a ficar mais simples. O bom dilogo se tornou afiado e enxuto.

H vrias coisas que ajudam quando voc se senta para escrever um dilogo. Primeiro, o
som das palavras - leia-as em voz alta. Segundo, lembre-se de que voc deve ser capaz
de identificar cada personagem pelo que ele diz. preciso ter certeza de estar ouvindo o
que eles dizem mais alto do que aquilo que voc diz."

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