Resumo do capítulo 17 do livro “Condição Pós-Moderna”.
HARVEY, David. Teorizando a transição. Condição Pós-Moderna. In: ______. São Paulo: Loyola, 1989.
Resumo do capítulo 17 do livro “Condição Pós-Moderna”.
HARVEY, David. Teorizando a transição. Condição Pós-Moderna. In: ______. São Paulo: Loyola, 1989.
Resumo do capítulo 17 do livro “Condição Pós-Moderna”.
HARVEY, David. Teorizando a transição. Condição Pós-Moderna. In: ______. São Paulo: Loyola, 1989.
HARVEY, David. A compresso do tempo-espao e a condio ps-moderna. Condio
Ps-Moderna. In: ______. So Paulo: Loyola, 1989. cap 17, p. 258-276.
A condensao entre tempo e espao no perodo ps-moderno acabou alterando as
percepes e vivncias de diversas populaes ao redor do globo. a partir desse pressuposto que David Harvey, gegrafo britnico pela Universidade de Cambridge e professor da City University of New York, analisa as fragmentaes sociais permeadas desde os anos 1960 no captulo 17 da obra Condio Ps-Moderna. Inicialmente, o interesse pela geopoltica bem como a simpatia acarretada pelos movimentos polticos, culturais e filosficos destacada pelo autor. Harvey (1989) afirma que o retorno da esttica do lugar, isto , a considerao da espacialidade, acabou implantando novos modelos de organizao bem como novas tecnologias produtivas. Todas essas mudanas so diretamente relacionadas ao processo de transio do rgido esquema fordista de produo para a flexibilidade da acumulao flexvel. A acelerao do tempo de giro dos produtos, a busca por superioridade militar e o sistema de entrega just-in-time aliaram-se modernizao dos sistemas eletrnicos o que acabou intensificando processos de trabalho e tornou as necessidades de ofcio cada vez mais momentneas. A alta velocidade do tempo de produo dos produtos acabou chegando tambm ao consumo. Com o desenvolvimento do ramo das comunicaes e do mercado financeiro (bancos eletrnicos e dinheiro de plstico) o fluxo de informaes e as estratgias de distribuio tornaram a circulao de mercadorias extremamente maior. Dentre todos esses progressos, duas tendncias tm especial importncia: a associao da moda ao mercado e massa (visto que, at ento, era praticamente exclusiva da elite) e a modificao do consumo de bens para o consumo de servios (uma vez que espetculos, eventos e artes passaram a ser comercializados de maneira mais intensa). Toda essa acelerao generalizada do tempo de giro do capital gerou interferncias na vida em sociedade. Para Harvey (1989) as maneiras de sentir, pensar e agir foram diretamente influenciadas pelos novos tempos, sendo a intensificao da brevidade uma das consequncias mais srias de todo esse processo.
A primeira consequncia importante foi acentuar a volatilidade e
efemeridade de modas, produtos, tcnicas de produo, processos de trabalho, ideias e ideologias, valores e prticas estabelecidas. A sensao de que tudo que slido se desmancha no ar raramente foi mais perasia [...]. (HARVEY, 1989, p. 258)
Assim, estruturada uma sociedade do descarte (TOFFLER apud HARVEY,
1989, p. 258) na qual jogam-se fora no apenas bens materiais, como tambm alores, relacionamentos, costumes, lugares, pessoas, entre outros. Em meio efemeridade de bens fsicos e sensoriais est o bombardeio de estmulos propagado atravs das imagens. Estabelecidas como mercadorias com tempo de giro curto tal como os produtos oriundos de fbricas, os smbolos propagados pela comunicabilidade instantnea promovem uma espcie de sobrecarga sensorial, segundo Harvey. a partir desse pressuposto que ocorrem bloqueios e negaes alm da excessiva simplificao na leitura dos eventos sociais (TOFFLER & SIMMEL apud HARVEY, 1989, p. 259). O papel da publicidade e da mdia nessa construo de novos signos e imagens acaba influenciando nos gostos e criando novas posies, como consultores de imagem, lderes e influenciadores da moda. Desse modo, muitas empresas passam a investir na construo de suas imagens, dando a elas importncia comparvel ao maquinrio das fbricas. Para o autor, a busca por identidade e reconhecimento em uma sociedade cuja concorrncia aumenta com o passar dos dias. Nesse contexto, apresentada a ideia do simulacro ps-moderno. Esse, por sua vez, seria um estado de rplica to prximo da perfeio que a diferena entre original e cpia quase impossvel de ser percebida (HARVEY, 1989, p. 261). Visto que a sociedade depende cada vez mais de imagens, esses simulacros repetidos instauram-se como um problema: no campo poltico, por exemplo, o poder miditico sobre a fabricao de imagens e identidades corporativas pode ser bastante poderoso. No que diz respeito s vantagens dos simulacros na sociedade ps-moderna, Harvey (1989) destaca rplicas artsticas da antiguidade e a transformao de determinadas imagens em simulacros materiais. Seria, inclusive, o aumento da produo cultural de materiais populares a principal causa da ampliao do pblico que constitui a ampla cultura de massas (BELL apud HARVEY, 1989, p. 262). Portanto manias e modos so organizados, produzidos e descartados de acordo com a prpria efemeridade social a que esto sujeitos. O florescimento do desconstrucionismo, bem como a queda da diferena entre cincia e fico trazido tona pelo crescimento do cinema americano, tambm abordado pelo autor. A crise de lgica explicativa, aliada alta velocidade do tempo de giro acabam produzindo uma dimenso esquizofrnica ps-moderna (JAMESON apud HARVEY, 1989, p. 262). Esses fatores, aliados conjuntura histrica do momento trazem tona a necessidade da verdade. Assim, prospera o revivalismo religioso (mais forte ao fim da dcada de 60), a busca da autenticidade a partir de uma figura poltica e a valorizao de instituies bsicas como a famlia. Alm disso, o lar de cada sujeito, com seus autnticos artefatos e eventos particulares acabam por se tornar o cerne de memrias sensoriais uma espcie de osis em meio sobrecarga imagtica consumista da sociedade ps-moderna. Mudanas espaciais tambm ocorreram, principalmente no que diz respeito ao sistema de comunicaes por satlite, a introduo do frete areo e a conteinerizao, bem como a televiso e o turismo de massa. Em conjunto, foi a aniquilao do espao por meio do tempo que sempre esteve no centro da dinmica capitalista (HARVEY, 1989, p. 265). esse domnio do espao que, segundo o autor, funciona como uma arma da luta de classes contrapondo a descentralizao e a mobilidade geogrfica com o poder sindical. A transformao de espaos acarreta, entre outras consequncias, a desindustrializao de algumas regies e a industrializao de outras, alm da destruio de comunidades operrias, uma vez que reduz as barreiras espaciais formando o que Harvey (1989) chama de cidades mundiais. Esse novo estilo de geografia e disposio dos espaos fragmenta barreiras territoriais e produz um desenvolvimento desigual como soluo para o problema da superacumulao o que acarreta em aumento do desemprego, a reduo fiscal e o cancelamento de ativos. desse modo que a valorizao da moeda no perodo ps-guerra influenciou diretamente a questo monetria e o ajuste fiscal, principalmente o dlar. Uma vez que a moeda se desmaterializa e perde o vnculo com metais preciosos, as unidades volteis tornam-se dependentes do local em que se encontram. Assim, instveis inflaes tornam intil o armazenamento de dinheiro em qualquer perodo de tempo visto que a dissoluo de representaes materiais em uma sociedade imagtica torna-se cada vez mais forte. Harvey (1989) retorna questo dos simulacros ao exemplificar como a sociedade norte-americana foi afetada pelos filmes, cidades e cenrios incessantes numa espcie de simulacro gigantesco (BAUDRILLARD apud HARVEY, 1989, p. 271). Nesse contexto divergentes efeitos sociolgicos (como a vantagem das possibilidades e o esforo de construo qualitativa do lugar e seus significados) promovem a busca pela identidade coletiva e pessoal e o distanciamento da esttica de lugar em prol da construo simblica de outras imagens estticas. desse jeito que o ps-modernismo enxerga o espao urbano: a partir de um sistema formal autnomo. Ao concluir, o autor comenta brevemente os perigos influenciados pela compresso do tempo-espao. O pensamento poltico no passou pelas transies que a economia passou (HARVEY, 1989, p. 274); o que torna a realidade criada ao invs de interpretada. Afinal, como o prprio David Harvey afirma, sequer h tempo para ficar em agonia ((HARVEY, 1989, p. 274).
Subúrbios em Revista: Análise Da Produção Do Espaço Suburbano Carioca Através de Práticas Socioespaciais Descritos e Ilustrados em Revistas (1902-1922)