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rativas auténomas. Quando a economia mundial entrou em novo perfodo de incertezas, na década de 1970, ninguém no Oriente ou Ocidente esperava mais, ‘que as economias socialistas “realmente existentes” alcangassem ¢ ultrapas- sassem, ou mesmo acompanhassem, as no socialistas. Contudo, embora mais, probleméticas que antes, o futuro delas ndo parecia causa de preocupacio ime: ata, Iso logo iia mudar, 390 Parte trés O DESMORONAMENTO 14 AS DECADAS DE CRISE Perguntaram-me outro dia sobre a compettividade dos Estados Unidos ¢ fe respondi que nunca penso nisso. Nés do NCR pensamos em nds mes ‘mos como ina empresa globalmente compertiva que por acaso tem sede ros Estados Unidos Jonathan Shel, New York Newsday (1993) ‘Num nivel particularmente nevrilgico, um dos resultados (do desemprego ‘em massa} pode ser um progressivo distanciamento entre 0 resto da so- ciedade ¢ os jovens que, segundo pesquisas contempordneas, ainda que: ‘rem enpregos, por mais difceis que sejam de conseguir e ainda esperam carreras significativas. Em termos mais amplos, deve haver algum perigo de que a préxima década seja uma sociedade em que nto apenas ‘nds" seremos cada vez mais separados “deles” (as duas partes repre sentando, muito grosso modo, a fora de trabalho e a administragdo), ‘mas em que os grupos majortarios se cindirdo cada vez mais, com os jovens e relativamente desprotegidos em oposigdo aos membros mais bem [protegidos e mais experientes da forca de trabalho, Secretirio ger dn O° (Investing, 1983, p18) I A histéria dos vinte anos apés 1973 € a de um mundo que perdeu suas referencias e resvalou pars a instablidade e a crise. E, no entanto, até a década de 1980 nio estava claro como as fundagées da Era de Ouro haviam desmoro- nado irrecuperavelmente, A natureza global da crise no foi reconhecida & ‘muito menos dmitida nas regides nfo comunistas desenvolvidas, até depois {que uma das partes do mundo — a uRSS e a Europa Oriental do “socialismo real” — desabou inteiramente, Mesmo assim, durante muitos anos os proble- ‘mas econdmicos ainda eram “recesses”. O tabu de meio século sobre 0 uso do termo “depressdo”, lembranga da Era da Catdstrofe, no foi inteiramente 393 rompido. O simples uso da palavra poderia conjurar a coisa, embora as “rece! ses” da década de 1980 fossem “as mais sérias em cingiienta anos” — uma expresso que na venlade evitava especificar © perfodo de fato, a década de 1930. A civilizagao que clevara a magia verbal dos publicitirios & condigio de uum prinefpio biisico de economia foi colhida em seu proprio mect ilusio. S6 no inicio da década de 1990 encontramos 0 reconhy ‘como, por exemplo, na Finlandia — de que os problemas econémicos do pre~ sente cram de fato piores que os da década de 1930, Em muitos aspectos, isso era intrigante, Por que deveria a economia mun- dial ter-se tornado menos estivel? Como observaram economistas, 05 eh tos que estabilizavam a economia cram de fato mais fortes agora que antes, embora governos de livre mercado, coma os dos presidentes Reagan e Bush nnos EUs, ¢ da sta. Margaret Thatcher e seu sucessor na Gri-Bretanha, tentas- sem enfraguecer alguns deles (World Economic Survey, 1989, pp, 10-1), Controle de inventirio computadorizado, melhores comunicagies e transpor tes mais rpidos reduziram a importancia do volétil “cielo de estoques” da velha producdo em massa, que resultava em enormes estoques "S6 para a even= twalidade” de serem necessérios em épocas de expansio, e depois parava de cchotie quando os estoques eram liquidados em épocas de contrago. O novo ‘método, iniciado pelos japoneses, e tomado possivel pelas tecnologias da cada de 1970, iria ter estoques muito menores, produzir o suficiente para abastecer 08 vendedores just in time (na hora), e de qualquer modo com uma ccapacidade muito maior de variar a produgZo de uma hora para outra, a fim de cenfrentar as exigéncias de mudanca. Nao seria a era de Henry Ford, mas da Benetton. Ao mesmo tempo, o simples peso do consumo do governo ¢ dda renda privada que vinha do governo (“pagamentos de transferénc’ a seguridade social ea previdencia) também estabilizaram a economia. Juntos, equivaliam a um tereo do Pip, Se tanto, ambos aumentaram na era de erise, quando mais nao fosse porque aumentou o custo do desemprego, pensoes € assisténcia médica. Como essa era ainda continuava no fim do Breve Século XX, talvez fenhamos de esperar alguns anos até que os economistas possam usar a arma ultima dos historiadores, a visdo retrospectiva, para encontrar uma explicagio convincente. Evidentemente, a comparagdo dos problemas econémicos das décadas de 1970-90 com os do entreguerras € falha, embora o medo de outra Grande De- pressfo tenha perseguido essas décadas. “Pode voltar a acontecer?”. eta a per _gunta feita por muitos, sobretudo apés um novo e dramitico (e global) crash nna Bolsa americana em 1987 e uma grande crise de cAmbio internacional em 1992 (Temin, 1993, p. 99). As Décadas de Crise apés 1973 no foram mais uuma “Grande Depressao”, no sentido dos anos 30, do que as décadas apés 1873, embora também elas recehessem esse nome na época. A economia glo- bal no desabou, mesmo momentaneamente, embora a Era de Ouro acabasse 34 em 1973-5 como alguma coisa bem semelhante a uma depresso celica bas- tanteclissica, que reduziu a produgio industrial nas “economias de mercado desenvolvidas” em 10% em um ano, ¢ o comércio intemacional em 13% {Ammstong, Giyn, & Harrison, 1991, p. 225), O crescimento econsmico no ‘mundo capitalista desenvolvido continuov, embora num ritmo visivelmente ‘mais lento do que durante a Era de Ouro, com excegio de alguns dos“ fm recente industrializagao”, ou ics (sobretudo asiticas) (ver capitulo 12). ujasrevolugdes indusriaiss6 haviam comecado na década de 1960. O crs cimento do ris das economias avangadas até 1991 mal foi interrompido por breves perfodos de estaznagio nos anos de recesso de 1973-5 e 1981-3 (OCDE 1993, pp 18-9). O.comércio intemacional ns produtos da indstia, motor do crescimento mundial, cntiniot, © nos anos de boom da década de 1980 até mesmo se acelerov num ritmo comparavel ao da Era de Ouro. Nofim do Breve Séeulo Xx, os paises do mundo capitalista desenvolvio se achavam, tomads como um todo, mais ricos © mais produtivos do que no inicio da década de 1070, e a economia global da qual ainda formavam o elemento central estat imensamente mais dinimica, Por outro lado, astuasao em rides particulars do globo era consiera- selmente menos cor-de-rosa, Na Africa, na Asia ocidental e na América Lat na cessou 0 crescimento do Piper capita. A maioria das pessoas na verdade se tornou mais pobre na déeada de 1980, ¢ a produgio caiu durante a maior parte dos anos da décade nas duas primeinasdessas regies, por alguns anos na altima (Us World Economic Surves 1989. pp. 8 ¢ 26). Ninguém duvidou seriamente de que, para esas partes do mundo, 2 década de 1980 foi de severa depressfo. Quanto ’s economias da rea antes entendida como de “socialismo real” ocidental, que haviam continuado um modesto erescimento na dcadn de 1980, desabaram completamente ap6s 1989. Nessa regio, a comparagio das crises apés 1989 com a Grande Depressto era perfeitamente adequada, em- bora subestimasse a devastao do inicio da década de 1990, Om da Riissia caiu 17% em 1990-1, 19% em 1991-2, e 11% em 1992-3, Emborativesse se iniciado uma cera estabilizaso no iniio da década de 1990, a Polonia tnha perdido mais de 21% de seu pie em 1988-92; a Tehecosloviquia, quase 20%; 2 Roménia ea Bulgia, 30% ou mais. ua produ industrial, em meados de 1992, estava entre metade e dois tergos da de 1989 (Financial Times, 24/204; si papers, 1992, p10). ‘0 mesmo nao se dava no Oriente, Nada era mais impressionante do que 6 contraste entre a desntegragdo das economias na regio sovitica e 0 espe- tacularcrescimento da economia chinesa no mesmo periodo. Naquele pais. € na verdade na maioria do su esudeste da Asia, que siram da década de 1970 Como a regio econémica mais dinimica da economia mundial 0 termo “De- pressio” nao tnha sentido — exceto, mito euriosamentc, no Jap do inicio th década de 1990. Contado, embora a economia mondial capitalist floes 395 ccesse, ni estava trangilila. Os problemas que tinham dominado a critica a0 capitalismo antes da guetra, e que a Era de Ouro em grande parte eliminara durante uma geragao — “pobreza, desemprego em massa, misétia, instabi- lidade” (ver p. 263) —, reapareceram depois de 1973, 0 creseimento foi, mais ‘uma vez, imterrompido por varias depressbes sérias, distintas das “recessdes, menores", em 1974-5, 1980-2 e no fim da década de 1980, O desemprego na Europa Ocidental subiu de uma média de 1,5% na década de 1960 para 4,2% nna de 1970 (Van der Wee, 1987, p. 77). No auge do boom em fins da década de 1980, estava numa média de 9,2% na Comunidade Européia, em 1993, 11%, Metade dos desempregados (1986-7) se achava sem trabalho hié mais de ‘um ano, um tergo hi mais de dois (Human Development, 1991, p. 184). Como «a populagio trabalhadora potencial ndo era mais inflada, como na Era de Ouro, pela crescente inundagao de bebés do pés-guerra, ¢ como 0s jovens, em bons © maus tempos, tendiam a ter taxas de desemprego muito mais altas que os ve- thos trabalhadores, seria de esperar que o desemprego permanente diminuisse, se tanto, Quanto a pobreza © miséria, na década de 1980 muitos dos pafses mais Ficos e desenvolvidos se viram outra vez acostumando-se com a visio disria cde mendigos nas ruas, e mesmo com o espeticulo mais chocante de desabri- _gndos protegendo-se em vios de portas e caixas de papeldo, quando nio eram recolhidos pela policia. Em qualquer noite de 1993 em Nova York, 23 mil homens ¢ mulheres dormiam na tua ou em abrigos paiblicos, uma pequena parte dos 3% da populagao da cidade que nio tinha tido, num ou noutro mo- ‘mento dos iiltimos cinco anos, um teto sobre a cabega (New York Times, 16/11/93), No Reino Unido (1989), 400 mil pessoas foram oficialmente clas sificadas como “sem teto” (Human Development, 1992, p. 31), Quem, na «década de 1950, ou mesmo no inicio da de 1970, teria esperado isso”? 0 reaparecimento de miserdveis sem teto era parte do impressionante aumento da desigualdade social e econdmica na nova era, Pelos padres mun- diais, as ricas “economias de mercado desenvolvidas” no eram — ou ainda ‘do eram — particularmente injustas na distribuigo de sua renda, Nas mais dosigualitarias entre elas — Austrilia, Nova Zelindia, EUs, Suiga — 05 20% de familias do topo recebiam, em média, entre ito e dez veres mais que o quinto de base, ¢ 0s 10% de cima em geral levavam para casa entre 20% ¢ 25% da renda total do pais; somente os suigos, os neozelandeses do topo ¢ 0s ricos, (©) Ene 1960 1975. popula de quinze a 24 anos aumentou em ceca de 29 mies ras “esonomias de mercado desenvolvdss mis, ent 1970 ¢ 199, apenas em cerca de 6 mi Thoes. propio, as taxas de desemprego dos jovens na Buropa na década de 1980 foram supreedentemente alas, ano ser na Suéiasacal-democraa ¢ a Alemanha Ocidental. far (1982-8) de mais de 20% na Gri-Brotanha a mals de 4% ma Espana © 46% na Nomucea (UN World Economic Surves. 1989, pp. 15-6), 396 de Cingapurae Hong Kong levavam mito mas prac, m8 ea nada compra coma desigualdade de pases como Filipinas, Malia, Peru, Imig ou Venue nde ees cava conn ma eu erg ed do pats e muito mews com Guatemal, Mexico, i Lanka e Botsana onde ea Sam mats de 40%, pra no flar do candi a ampedo mundial de desig dade ceondmica Bras *Nesse monumento de injstiga socia, 8 205 mis rcs da populigo divin ent i 25% da ren tal da mig, enguamo {20% mis rcosfewam com qusse dois egos dessa renda (ON Mord Development, 192, pp. 216-7; Human Development, 19, pp. 152-3, 186)" ‘Apes dso, dante as Décudas de ive, desgvlade ingestion velmente aumentou nas “econommias Je mereado desnvolvidas, principale mente dese que o suas automatic aumento nis ends reas que aca sev watthadors se avian aostrado a Eade Ouro gor chegar of, triuigte derenda en es, Ene 1967 190, 6 nimero de negro america hos ganado ménos de 5 mil dae (1990) ¢ dos que ganar mas de $0 mail doles creseeu A casa das entas ntermedrias (New York Times, 251992). Como os patses capitals ios extavammnito ms eos do que anc e seu pov, em gr esta gra proteido pos generosos sistemas de previdncin spuridade social da Erde Our (erp 278), hava menos Inge social do que e pera esperar, embora a fangs do governo ce vibsem espremids ene enone pagamentos de benefiios sci, que Subiam mais depres que as rendas do Esiado em esonomis co cre Into eta mas lento do que antes de 1973. Apsar de esforgo substancii Sifiimemtalgum govern nacional nos pases cos —e soretudo democra cos eevtamente no nos mais hosts previdenia social publica conse guiureducir a vata propogio de sas depen para esses fits, 0 mesmo Ninguém em 1970 espeara © muito menos pretender, que tad iso aconteese. No inci da cada 1980, un cia de inseguranga eressen (6) 0s campeses de fato, on sea, aces com um coefcinte Gini de mas de 0 alguns paises muito menores, também nas Americas, O coefciente Gini, uma medida adequada de desigualdace, mede a desiguaade moma esc de 0. — igual dstribuigio de renda — a (0 — desiguldade maxima. O coeficinte pra Hondaras em 1967-85 er 062, para a Jamaica (0,66 (on Human Development, 190, pp. 158.9 (+) Nao hi dads compares pars alguns dos paises mas dsigualttos. A Tita sem vida incline também outros Estados acanose latino americans ea Asia, a Targa e © Nepal (e=8) bm 1972 reze desses Rstadosgastaram uma méia de 48% das despesis Je eu vero central com habitag,sepuridae social, bemestar social e sae. sm 1980, gsstaram ta média de 51%. Os Estados so: Austria © Nova Zelda, es e Canad, Austria, Belgie, Gri-Bretanha, Dinamaca, Fnlndia, Aleman (Federal) Ilia, Patses Balxos, Noruga e Soca (caleuao a parte do Us World Development, 1992 tabela UI), 397 timento comecara a espalhar-se até mesmo em muitos dos paises ricos. Como veremos, isso contribuiu para que neles ocorresse o colapso de padres poli ticos tradicionais. Entre 1990 e 1993, poucas tentativas se Fizeram de negar {que mesmo © mundo capitatista desenvolvido estava em depress. Ninguém afirmava a sério saber o que fazer a respeito, além de esperar que aquilo pas- sasse. Apesar disso, 0 fato fundamental das Décadas de Crise nao é que o capi lalismo nico mais funcionaya to bem quanto na Era de Ouro, mas que suas joperagdes se haviam tomado incontrolaveis. Ninguém sabia 0 que fazer em. relaco aos caprichos da economia mundial, nem possufa instrumentos para administré-la. O grande instrumento para fazer isso na Era de Ouro, a politica de govemo, coordenada nacional ou internacionalmente, ndo funcionava mais. As Décadas de Crise foram a era em que os Estados nacionais perderam seus poderes econdmicos. Isso nao ficou imediatamente ébvio porque — como sempre — a maioria dos politicos, economistas e homens de negscios nie reconheceu a permanén: cia da mudanga na conjuntura econémica, Os programas politicos da maioria dos govemos na década de 1970, e as politicas da maioria dos Estados, ba- seavam-se na suposigdo de que os problemas da década de 1970 eram apenas femporérios. Um ano ou dois trariam a volta da velha prosperidade e ctesci- mento. Nao havia necessidade de mudar os programas que haviam servido tao bem durante uma geragdo. Essencialmente, a historia dessa década foi de go- ‘vernos comprando tempo — no caso de Estados do Terceiro Mundo ¢ socialis tas, muitas vezes pela entrada pesada no que esperavam fossem dfvidas de curto prazo — e aplicando as velhas receitas keynesianas de administragio econd- ‘mica, Na verdade, na maioria dos paises capitalistas avangados, governos. social-democratas ocuparam poder em grande parte da década de 70, ov a cle retomaram apés mal-sucedidos interlidios conservadores (como na Gra-Bre- fanha em 1974 e nos EUA em 1976). Nao era provével que abandonassem as. politicas da Era de Ouro, A tinica altemativa oferecida era a propagada pela minora de teélogos econdmicos ultraliberais. Mesmo antes do crash, a minoria havia muito isolada de crentes no livre mercado itrestrito jé comegara seu ataque ao dominio dos keynesianos e outros defensores da economia mista administrada ¢ do pleno emprego. O 7elo ideol6gico dos velhos defensores do individualismo era agora reforgado pela visivel impoténcia e 0 fracasso de politicas econémicas conven cionais, sobretudo apds 1973, O recém-criado (1969) Prémio Nobel de econo- ‘mia deu apoio & tendéncia liberal apés 1974 premiando Friedrich von Hayek (ver p. 266) em 1974 e, dois anos depois, a um defensor do ultraliberalismo econ6mico igualmente militante, Milton Friedman.* Apés 1974, os defensores (10 peémio foi insttuido em 1968, canes de 1974 fra concede «homens visielmete do igaos econo do liver 398 do livre-mereado estavam na ofensiva, embora s6 viessem a dominar as politi- eas de governo na década de 1980, a nao ser no Chile, onde apés a derrubada do governo popular em 1973, uma ditadura militar terrorista permitiu a assesso- ‘es americanos instalar urva economia de livre mercado irrestrita, demonstran~ do assim, alids, que nao havia ligagio intrinseca entre o livre mercado e a de- ‘mocracia politica, (Para ser justo com o professor von Hayek, a0 contririo dos propagandistas comuns da Guerra Fria, ele nao dizia haver tal liga¢Zo.) ‘A batalha entre keynesianos e neoliberais no era nem um confronto pu- ramente téenico entre economistas profissionais, nem uma busca de caminhos para tratar de novos e perturbadores problemas econdmicos. (Quem, por exemplo, tinha sequer considerado a imprevista combinacio de estagnagao econdmica ¢ pregos em ripido crescimento, para a qual se teve de inventar 0 termo “estagflagdo” na década de 1970?) Era uma guerra de idcologias incom- pativeis, Os dois lados apresentavam argumentos econdmicos. Os keynesianos afirmavam que altos salirios, pleno emprego ¢ 0 Estado de Bem-estar haviam criado a demanda de consumo que alimentara a expansio, e que bombear mais ‘demanda na economia era a melhor maneira de lidar com depresses econd: micas. Os neoliberais afirmavam que a economia e a politica da Bra de Ouro impediam o controle da inflagdo e o corte de custos tanto no governo quanto ras empresas privadas, assim permitindo que os lucras, verdadeiro motor do crescimento econémico numa economia capitalista, aumentassem, De qual~ quer modo, afirmavam, a “mio oculta” smithiana do livre mercado tinha de produzit 0 maior crescimenta da “Riqueza das ages” € a melhor distribui- go sustentivel de riqueva e renda dentro dela; uma afirmagio que 0s keyne: sianos negavam, Contudo, a economia nos dois casos racionalizava um com promisso ideoldgico, uma visio a priori da Sociedade humana, Os neoliberais,

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