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Capitulo XVIII Recursos no Processo do Trabalho 14 Parte — Teoria Geral dos Recursos Trabalhistas 11. Dos recursos — conceito, fundamentos e natureza juridica 0 Codigo de Processo Civil brasileiro nao nos dao conceito de recurso, apenas no art. 994 diz quais sao as espécies de recursos cabiveis no ambito do Processo Civil. Tampouco a Consolidagao das Leis do Trabalho define o conceito de recurso (art. 893 da CLT), Como Lei nao define o conceito de recurso, esta ardua tarefa cabe a doutrina, O termo recurso vern do latim recursus, que significa andar para trés, retorno, reapreciaco, Para José Carlos Barbosa Moreira), “pode-se conceituar recurso, no direito processuai civil brasileiro, como o remédio voluntario idoneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidacdo, o esclarecimento ou a integracao de decisio judicial a que se impugna. Atente-se bem: dentro do mesmo processo, nao necessariamente dentro dos mesmos autos.” Ensina Nelson Nery Junior: “Recurso € 0 meio processual que a lei coloca a disposigao das partes, do Ministério Pablico e de um terceiro, a viabilizar, dentro da mesma relacdo juridica processual, a anulacdo, a reforma, a integracao ou 0 aclaramento da decisio judicial impugnada.” (1) Ar, $94 do CPC: “So cabveis os seguintes recursos: | ~ apelagdo; Il ~ agravo de instrumento; Il ~ agravo intemo; IV ~ embargas de deciaragzo; V ~ recurso ordindrio; VI ~ recurso especial: Il recurso cextraordindtio; VIN ~ agavo em recurso especial ou extraordindio; IX ~ embargos de divergéncla~ (2) Ar. 893 da CLT: “Das deisbes so admissives os seguints recursos: ~embargos; recurso ordinéio; I~ recurso de revista; IV ~agravo.” () BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentvis ao Céciga de Processo Civil. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 233. (4) NERY JUNIOR, Nelson, Teore eral dos recursos. 6. ed. So Paulo: RT, 2008. p. 212. MANUAL BE DIREITO PROCESSUAL.DO TRABALHO BAT Conforme as definigdes dos mestres Barbosa Moreira e Nery Jnior, os recursos sedestinam, dentro da mesma relagdo juridico-processual, & anulagao, nos casos em que a decisto contém um vicio processual, a reforma, quando visa a altera¢do do mérito da decisao, ow a integragao ou aclaramento, quando a prestagio jurisdicional nao foi completa, ou esta obscura ou contraditoria, Existem duas corventes sobre a natureza juridica dos recursos. Uma que assevera ser o recurso agdo autOnoma de impugnacao da decis4o, ¢ outra, como um meio de impugnagio dentro da propria relacdo juridico-processual, Diante da sistematica do Direito Processual Civil brasileiro, os recursos nao constituem meio de impugnagio autonomo, mas sim instrumento de impugnacdo da decisao dentro da mesma relagao jurfdico-processual em que foi prolatada a deciséo, pois pressupoe a lide pendente na qual ainda ndo se formou a coisa julgada, Nesse sentido, relevante destacar as conclusdes de Carlos Henrique Bezerva Leite): 4) recurso constitui corolario, prolongamento, do exercicio do direito de acao; b) essa concepgio ¢ aplicavel tanto no processo comum quanto no trabalhista No mesmo diapasio, argumenta Manoel Antonio Teixeira Filho: “O recurso, enfim, no € uma agdo autnoma; é um direcito subjetivo, que se encontra implicito no direito publico, também subjetivo econstitucional, que € 0 de acdo, Esta certa a doutrina quando, sob outro angulo 6ptico, ve no recurso um Onus processual, visto que, em verdade, para que a parte obtenha a desejada reforma ou anulagio de decisio desfavordvel, ha necessidade de que tome a iniciativa de exercera pretensao recurs6ria; se nndo 0 fizer, a sua sujeigao a coisa julgada, como qualidade da sentenca, sera inevitavel, ressalvada a hip6tese de remessa obrigat6ria, quando for © caso (Decreto-lei n. 779/69).” De outro lado, os recursos constituem também uma forma de controle dos atos jurisdicionais pelas instancias superiores. A doutrina costuma apontar como fundamentos dos recursos: a) aprimoramento das decisdes judiciais; b) inconformismo da parte vencida; ec) falibilidade humana. ‘Como bem adverte Wagner D. Giglio, “o juiz, como todo ser humano, esta sujeito a falhas: pode errar, enganar-se, julgar mal. E de fato erra, por vezes. A sociedade no 0 ignora, e por isso ninguém se satisfaz, psicologicamente, com um tnico Julgamento, preferindo acreditar num erro judicidrio, em vez de admitir que nao tinha razdo, para preservar o proprio amor.” Com a possibilidade dos recursos, principalmente os juizes de primeiro grau e os ‘mais novos irdo se esmerat e cada vez mais aprimorar suas decisbes. Além disso, os recur- ‘05 serio apreciados por ju(zes mais experientes e também em composicto colegiada, (6) BEZERRA LEITE, Cartes Henrique, Curso de oreo processua do rabalo. , ed. Sio Paulo: Lr, 2007. p, 828, (6) TEIKEIRA FILHO, Manoel Antonio, Sistema dos recursos aba. 10 od. SHo Paulo: Tr, 2003, p 84-85, (7) GIGLIO, Wagner D. Diretoprocessuat do trabalho, 18. e6. SHo Paul: Saraiva 2005. p. 435. 842. Mauro Scrat Por outro lado, nem sempre as decisdes de segunda instancia tém maior justica que as decisoes de primeiro grau. Para alguns, a justiga de primeiro grau € mai justa, pois o juiz de primeira instancia teve contato com as partes, viveu na pele 0 problema. O juiz de segunda instincia estd mais distante. 0 inconformismo, colocado pela doutrina como fundamento dos recursos, talvez seja um dos argumentos mais contundentes para justificar a existéncia dos recursos, pois dificilmente alguem se conforma com uma decisao desfavoravel. E da propria condicao humana buscar impor os préprios argumentos € tentar reverter uma decisao desfavoravel Por derradeiro, acreditamos que o argumento mais fortea justificara existéncia dos recursos € a falibilidade humana, pois os juizes, como homens, estdo sujeitos a erros, que podem ser corrigidos pelo recurso, principalmente nos grandes centros urbanos, onde a quantidade de servigos muitas vezes impede que o juiz proceda a uma reflexio mais detalhada sobre o processo ‘Néo obstante, a possibilidade de falhas também acontece nas instancias superiores, ¢ muitas vezes estes erros sio mais nocivos ao jurisdicionado, pois as chances de corregdo sao reduzidas, Como bem adverte Manoel Antonio Teixeira Filho®: Recorre-se, porque a lei reconhece a parte esse diteito; logo, aquela & ‘o fundamento deste, Jé 0s motivos que aconselharamn o legislador instituir leis assecuratérias desse direito compreendem um amalgamado de fatores, cujas rafzes remotas, como dissemos, séo de ordem politica.” ‘A doutrina também sustenta que a existencia dos recursos propicia maior equi- brio e justica do processo, oferecendo as partes maiores oportunidades, buscando tuma decisdo com a menor incidéncia de falhas possiveis. Nao obstante todas as vicissitudes que enfrenta o sistema recursal brasileiro, inclusive tem sido apontado pelos estudiosos como um dos vildes que emperram a maquina judicidria, pensamos que os recutsos s4o necessarios e constituem um instrumento democratico do Estado de Direito e uma forma democratica de se propiciar o acesso real do cidadao a Justica. 1.1.1. Classificagao dos recursos ‘A doutrina tem classificado 0s recursos, quanto & finalidade, em ordindrios € extraordinarios. Quanto 4 fundamentagdo, em recursos de fundamentacao livre € recursos de fundamentacio vinculada, Com relagdo a extensdo do inconformismo da parte, o recurso pode ser parcial ou total. Os recursos ordindrios sao destinados a impugnar todos os capitulos da decisto eA corregdo tanto dos erros de procedimento (matéria processual), como incorrecdes (8) TEINEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistema de recursos traslhistas. 10. e6. Sao Paul: LT, 2003p. 82. [MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO B43, do julgamento do mérito da causa (ertos de julgamento), com ampla possibilidade de discussio do material probatsrio do processo. Também se destinam a obtengao de uma decisio justa do processo. No processo do trabalho, sio de natureza ordindria os seguintes recursos: ordinario (art. 895 da CLT), embargos de declaracao (art. 897-A da CLT), Agravo de Instrumento (art. 897, alinea b), Agravo de Petigao (art. 897, alinea b, da CLT), ¢ 0 pedido de revisio (art. 2° da Lei n. 5.584/70). 5 recursos extraordindrios nao se destinam a correcao dos erros de proce- dimento ou de julgamento, tampouco a justica da decisio. Eles tém por objetivo a uniformizacao da intepretacao da legisla¢do Constitucional e Federal no ambito da competéncia da Justica do Trabalho, No processo do Trabalho, sao de natureza extraordindria os seguintes recursos: recurso de revista (art. 896, da CLT) e recurso de embargos para o TST (art. 894, da CLT e Lei n, 7.701/88). Embora nao seja um recurso trabalhista propriamente dito, o recurso extraordindrio para o Supremo Tribunal Federal (art. 102, Ill, da CF) tem natureza extraordinaria € também se destina a impugnar decisbes de Gnica ou de ultima instancias proferidas pelos Tribunais Trabalhistas. Os recursos de fundamentagao livre, como o proprio nome indica, sao aqueles em que a lei nao exige que o recorrente aponte um erro ou vicio especifico na decissio recorrida, Todos os t6picos da decisio podem ser livremente impugnados pelo recor- rente. Como destaca jiilio César Bebber, *o mero inconformismo com a decisio, tal qual proferida, ¢ suficiente para 0 cabimento.” No processo do trabatho, sio de fundamentacio livre os seguintes recursos: ordinario (art. 895 da CLT) e agravo de petigao (art. 897, aliena a, da CLT). Ja os recursos de fundamentagao vinculada sao aqueles em que a lei exige que © recorrente aponte um vicio espectfico na decis4o, preencha algum pressuposto especifico de recorribitidade ou faga a impugnacao de matéria especifica da deciséo. Como bem adverte Bebber'', “nos recursos de fundamentagao vinculada, 0 recorrenie precisa invocar o erro indicado como relevante (ou alguns deles se ha ‘mais de um) para que o recurso caiba e precisa demonstrar-lhe a efetiva ocorréncia na espécie para que o recurso proceda.” No proceso do trabalho, sfo de fundamentagao vinculada os seguintes recursos: cembargos de declaragao (art, 897-A da CLT), recurso de revista (art. 896 da CLT) de embargos para o TST (art. 894 da CLT e Lei n. 7.701/88) Quanto a extensio do inconformismo com a decisaa, 0 recurso pode ser parcial ou total. Serd parcial quando impugnar parte da decisao, ¢ total quando a impugnacao atacar a integralidade da decisio. (9) Recursos no process do taba. 3. e6, Sao Paula Tr, 2011.9. 49, (10) Op. cit, p. 0 844 Mauno Scrmavt Nesse sentido, € 0 art. 1.002 do Codigo de Proceso Civil, in verbis: “A decisto pode ser impugnada no todo ou em parte.” Como bem adverte Cassio Scarpinella Bueno''”, “como todos os recursos, no direito positivo brasileiro, pressupdem o elemento volitivo, nao ha imposicio para que as partes e eventuais terceiros interponham das decisdes que Ihe so desfavoraveis quaisquer recursos, e, caso o fagam, também nao existe nenhuma obrigatoriedade de que toda a decisao, em todas as partes (capitulos) que lhes sejam desfavoraveis, seja questionada,” tas 1.2. Principios dos recursos traball Os principios recursais sao as diretrizes basicas ¢ 0s preceitos fundamentais dos recursos trabalhistas. Violar um principio € mais que violar uma norma, pois viola todo um sistema de normas, Os recursos trabalhistas seguem basicamente as mesmas diretrizes dos principios recursais do Cédigo de Processo e também da Constituicao Federal. De outro lado, a CLT e a legislagéo processual trabalhista extravagante elencam ‘08 recursos de forma taxativa no Processo do Trabalho, Portanto, nao é possivel se aplicar ao Processo do Trabalho um recurso previsto no Cédigo de Processo Civil 40 argumento de que a Consolidacdo € omissa a respeito. Sob outro enfoque, como bem adverte Wagner D. Giglio’), a taxatividade se restringe, porém, somente ao arrolamento em si, dos recursos admissiveis, € ndo a todaa regulamentagio da materia, Assim incidem no Processo Trabalhista as demais normas do Cédigo de Processo Civil referentes a recurso, para suprir omissoes da Legislacdo consolidada (CLT, art. 769). 1.2.1, Duplo grau de jurisdi Como destaca Nelson Nery Junior‘, *o principio do duplo grau de jurisdico tem intima relagao com a preocupagio dos ordenamentos juridicos em evitar a possibilidade de haver abuso de poder por parte do juiz, 0 que poderia, em tese, ocorrer se nao estiver a decisao sujelta a revisao por outro Orgao do Poder Judiciaric.” ‘Como nos relata julio César Bebber''), “foi a Revolugao Francesa que imor- talizou o principio do duplo grau de jurisdigao, com ele pretendendo possibilitar a reforma de sentenca de jufzes corruptos, que eram a maioria. Este tempo passou € (11) Curso sistematizedo de dita processua cil 2 8. Séo Paulo: Saraiva, 2010. p. 38 {12} GIGLIO, Wagner D. Direto pracessva do trabalho 15. ed, Sio Paulo: Saraiva, 2006. p. 438, (13) NERY JUNIOR, Nelson. Teoria geal dos recursos. 6, ed, Séo Paulo: RT, 2004 p. 37. (14) Recursos no Processo do Tabafio. 3. e6. So Paulo: LT, 2011. p. 286 MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL OO TRARALIO B45 © fundamento perdeu validade. A conduta criminosa pode ser praticada tanto pelos juuizes de primeiro quanto de segundo grau. Além disso, a prevaticagao e a corrupcao em segundo grau sio mais eficazes, uma vez que a decisio dete jutzo substitui a do primeiro grau (CPC, 512).” O principio do duplo grau de jurisdicao assenta-se na possibilidade de controle dos atos jurisdicionais dos érgios inleriores pelos 6rgaos judiciais superiores & também na possibilidade de o cidadao recorrer contra um provimento jurisdictonal que Ihe foi desfavoravel, aperfeigoando, com isso, as decisdes do Poder Judicio. ‘A doutrina ainda aponta o duplo grau de jurisdigao com um requisito necessério para a justica das decisoes, Em sentido contrario, argumenta-se que o duplo grau de jurisdigao provoca uma demora desnecessétia na tramitacao do processo, propiciando, principalmente ao devedor inadimplente, uma desculpa para ndo cumprir sua obrigacao. Como destacam Luiz Guilherme Marinoni € Sérgio Cruz Arenhart(!9): “"Nas hipéteses de ‘causas de maior simplicidade’ nao ha razao para se insistir em duplo jutzo sobre o mérito, Se o duplo grau dilata o prazo para a presta¢do da tutela jurisdicional, nao ha duvida que a falta de racionalidade no uso do duplo grat — ou sua sacralizagdo — retira do Poder Judicidtio a oportunidade de responder mais pronta e efetivamente aos reclamos do cidadao. Além disto, em sistema que a sentenca apenas excepcionalmente pode ser executada na pendéncia do recurso interposto para o segundo grau em que todas as causas devem ser submetidas revisao, a figura do juiz de primeiro grau perde muito em importancia. Isso porque se retira da decisdo do juiz a qualidade que é inerente a ver- dadeira e propria decisao, que € aquela de modificar a vida das pessoas, conferindo tutela concreta ao direito do autor. O duplo grau tem nitida relagdo com a ideia de que o juiz de primeiro grau nao merece confianga €,assim, nao deve ter poder para decidir sozinho as demandas,” Diz o art. 52, LV, da CF “Aos ltigantes,em processo judicial ou administrativo,¢ aos acusados em geral sto a5s0- gurados o contradivorioe ampla defesa, com os meios recursos a ela inerentes.” Conforme se denota do referido dispositivo constitucional, estdo assegurados como direitos fundamentais 0 contraditorio, a ampla defesa, bem como os meios ¢ recursos a ela inerentes, Diante disso, question-se: 0 duplo grau de jurisdigto tem assento constitucional? Alguns autores respondem afirmativamente, pois o art. 58, LV, da Constituicéo, consagra os recursos inerentes ao contraditério e, desse modo, 0 principio do duplo grau de jurisdi¢io tem guarida constitucional (18) Processo de conhecimento 6, e6. $30 Pavlo: RT, 2007. p. 49 846 Mavzo soma Também o art, 82, § 10, do Tratado Interamericano de Direitos Humanos, ratificado pelo Brasil, assegura a toda pessoa “o direito de recorrer da sentenca para Juiz ou tribunal superior.” Em razdo da aplicagao do referido dispositivo ao ordenamento juridico bra- sileiro, pode ser sustentada a tese no sentido de que o duplo grau de jurisdigto € principio constitucional, ja que, segundo a atual jurisprudéncia do STE os tratados internacionais sobre direitos humanos, ratificados pelo Brasil antes da EC n. 45/04, adquiriram status de suprelegalidade Nesse sentido, destacamos a seguinte ementa: “EXERCICIO — DUPLO GRAU DE JURISDICAO — EXERCICIO. © acesso a jurisdigao € _granta constitucionalmente prevsta.O direto a jursdigao ¢ tambem o direita 20 processo, como meio indispensivel a realizacio da Justica. Ndo por outro motivo que a Lei Maior veio assegurara todos o direito a0 processo como uma das garantias inviolsveis — art 58, XXXV. Assim, nao ¢ permitido a0 Estado declinar perante nenhums causa (CF, art, 58, inciso LIV), Assegure-se, por fim, que o inciso LV do mesmo artigo, além de se referir a0 Principio do Conteaditéri, tambsém se refere 2 Principio do Devido Processo Legal, base sobre qual os demais principios se sustentam. Em conformidade com esta garanti, todas as causas devem ser submetidas a sobrejuizes, como meio de se evita falhas ou com o fim de emendar possiveiserros, inerentes aos julgamentos humanos. O art. 58, inciso LY, 20 assegurar a todos os litigantes em processo judicial ou administrativo ampla defesa com (08 meios e recursos a els inerentes, nto exclui a0 Estado, enquanto parte no proceso, 0 ‘exercicio do duplo grau de jurisdicdo, caminho que se encontra inteiramente aberto 20 Municipio reclamado, que dele se poder valer, quando entender necessério.” (TRT 38 R.= 42 T.01122-2009-142-03-00-3 RO Recurso Ordindrio ~ rel, Des, Jilio Bernardo do Carmo DEJT 182.2010 p. 151) Para outros doutrinadores, o duplo grau de jurisdigio estaria implicito na Constituigao Federal, no em razao do art. 52, LV, mas decorre dos arts. 102 € 105, que regulamentam os recursos extraordindrio e especial Tem prevalecido o entendimento, no nosso sentir, correto, de que o duplo grau de jurisdigao nao é um principio constitucional, pois a Constituigao nao 0 preve expressamente, tampouco decorre do devido processo legal, do contraditério ou da inafastabilidade da jurisdicao. O acesso a Justiga ¢ 0 contraditério sao principios, constitucionalmente consagrados, mas nao o duplo grau de jurisdi¢ao, pois o art. 5°, LY, da CF. alude aos meios e recursos inerentes ao contraditorio ea ampla defesa. O termo recurso nao est sendo empregado no sentido de ser posstvel recorrer de uma decisto lavordvel, mas dos recursos previstos em lei para o exercicio do contraditério e da ampla defesa(!®, Portanto, 0 direito de recorrer somente pode ser exercido quando a lei o disciplinar e forem observados os pressupostos, (16} Como bem destaca Wagner 0. Giga: “O legisadar ordinsrio nao tem a obrigagao imposta pela regra constlucional em debate de estigular recursos para todos 0s processos; havendo recurso prevsto em ei, su ulizagdo #garantida pela egra consttuclonal”(Diritopracessva do trabalho, 15.20. So Paulo: Saraiva, 2005. 442 [MANUA:. DE DIREITO PROCESSUAL 00 TRABALHO 847 Nesse sentido, destacamos a visdo de Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart(': “Quando a Constituigao Federal afirma que esto assegurados con- tradit6rio e a ampla defesa, com os recursos a ela inerentes, ela nao esta dizendo que toda e qualquer demanda em que é assegurada aampla defesa deva sujeitar-se 2 uma revisio ou a um duplo jufzo. Os recursos nem sempre sio inerentes a ampla defesa, Nos casos em que nao € razodvel a previsto de um duplo juizo sobre 0 mérito, coma nas hipéteses das causas denominadas de ‘inenor complexidade’ — que sofrem os efeitos benéficos da oralidade —, ou em outras, assim nao definidas, mas que também possam justificar, racionalmente, uma tnica decisao, nao ha inconstitucionalidade na dispensa do duplo juizo.” De outro lado, a interpretagao da Lei processual nao pode estar divorciada do texto constitucional, pois atualmente jé se reconhece na doutrina um chamado “direito processual constitucional”('®) que irradia seus principios para todos os ramos da ciéncia processual e, portanto, ao interpretar 0 Direito Processual, deve 0 interprete realizar a chamada interpretagdo em conformidade com a Constitui¢ao Federal, o que significa ler 0 texto constitucional ow infraconstitucional com os olhos da Constituicdo e principalmente seus principios fundamentais, Nesse sentido, ensina J.J. Gomes Canotitho: “O principio da interpretacao das leis em conformidade com a Constituigao € fundamentalmente um principio de coniolo (tem como fungao assegurar a constitucionalidade da interpretagao) ¢ ganha relevancia autonoma quando a utiliza¢ao dos varios elementos interpretativos nao permite a obtencao de um sentido inequivoco dentre os varios significados da norma, Daia sua formulacio basica: no caso de normas polissémicas ou plurissignificativas deve dar-se preferéncia a interpretacio que Ihe dé um sentido em conformidade com a Constituigao. Esta formutacao comporia varias dimensdes: 1) o principio da prevaléncia da Constituicdo impée que, dentre as varias possibilidades de interpre- tagio, s6 deve escolher-se uma interpretacdo no contréria ao texto € programa da norma ou normas constitucionais; 2) o principio da conservacao de normas afirma que uma norma ndo deve ser declarada inconstitucional quando, observados os fins da norma, ela pode ser interpretada em conformidade com a Constituigto; 3) 0 \cfpio da exclusao da interpretacao conforme a Constituigao, mas contra legem, impde que o aplicador de uma norma nao pode contrariar a letra eo sentido dessa norma através de uma interpretagdo conforme a Constituigao, mesmo que através desta interpretacao consiga uma concordancia entre a norma infraconstitucional e as normas constitucionais. Quando estiverem em causa duas ou mais interpretacoes — todas em conformidade com a Constituicao —, deverd procurar-se a interpretagio considerada como a melhor orientada para a Constituigao.” (07) Op. cit, p. 494 (18) Alguns autores preterem a expressao CONSTITUCIONALIZAGAO DO PROCESSO, 848 MauRo Somat Desse modo, realizando-se a interpretacao do texto constitucional em con- formidade com a Constituicio, constata-se que nio foi assegurado o principio do Duplo Grau de Jurisdicao, pois o legislador constituinte pretendeu, com isso, deixar a cargo da Lei a criacdo ¢ regramento dos recursos, como medidas de efetividade e celeridade do processo. No entanto, mesmo os que entendem que o duplo grau de jurisdigdo € albergado pela Constituigdo Federal como principio argumentam que ele nao é absoluto, podendo a lei federal estabelecer pressupostos para a admissibilidade dos recursos. 0 Tribunal Superior do Trabalho tem stimulas que nitidamente restringem duplo grau de jurisdicao. Exemplificativamente, destacamos as Sdmulas ns. 303 356, in verbis: Saul n. 303: "Fazenda Pablica. Duplo grau de jurisdiclo (incorporadas as OJsns. 9,71, 72e 73 da SBDI-1), Res, n, 129/2005, DJ 20, 22 e 254.2005. 1~ Em dissidio individual, ‘std suits ao duplo grau de jurisdi¢io, mesmo na vigencia da Constituigio Federal de 1988, decisto contréria a Fazenda Publica, salvo: (a) quando a condenacio nio ultrapassar o valor correspondente a 60 (sessenta) salirios minimos; (b) quando a decisto estiver em consonancia com decisto plenaria do Supremo Tribunal Federal ou com stimula ou orien tagto jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho (ex-Stimula n, 303, alterada pela Res. n, 121/2003, D 21.11.2003), 11 = Em acao rescis6ria, a decisto proferida pelo jutzo de primeico grau est sujeita ao duplo grau de jurisdicao obrigatorio quando desfavoravel 20 ente piblico, exceto nas hipdteses das alneas‘a'¢ ‘' do inciso anterior (ex-O) n. 71 <éa SBDI-1, inserida em 3,6,1996). Ill - Em mandado de segurana, somente cabe remessa cio se. na relagdo processual, figurar pessoa juridica de direito piblico como parte prejudicada pela concessio da ordem, Tal situagio nao ocorre na hipétese de figurar no Feito como impetrante e terceirointeressado pessoa de dreito privado, ressalvada a hipétese de matéria administrativa (ex-OJs ns. 72 ¢ 73 da SBDI-, inseridas, respectivamente, em 25.11.1996 € 3.6.1996)." ‘Simula n. 356: “Algada recursal, Vinculagao ao salario minimo (mantida), Res. n. 121/2003, Dj 19, 20 € 21.11.2003. O an. 28, § 42, da Lei n. 5.584, de 26.6.1970, foi recepcionado pela Constituigto Federal de 1988, sendo licita a fixacao clo valor da algada com base no salirio minimo.” 1.2.2. Taxatividade Pelo principio da taxatividade, somente sao cabiveis os recursos previstos na Lei Processual Trabalhista, tanto na CLT como na legislagao extravagante. Por set o rol dos recursos trabalhistas taxativo, ou seja, numerus clausus, no ha possibilidade de interpretacdo extensiva ou analégica para se admitirem outros recursos que nao 1em previsao na Lei processual trabalhista, tampouco ha a pos- sibilidade de se admitir recurso previsto no Cédigo de Processo Civil que nao tem previsio na Consolidacao das Leis do Trabalho. Como bem destaca jiitio César Bebber''): “$6 a lei federal cabe estabelecer quais os recursos cabiveis das decisoes Judiciais, uma vez que é da Uniao a competencia privativa para legislar (19) BEBBER, Jali César. Recursos no processo do trabalho: teociagerl dos recursos, Sto Paulo: Lr, 2000. 239-240, “MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL OO TRABALHO 849 sobre processo (CF art. 22, 1). A Consolidagio das Leis do Trabalho, no art, 893, relaciona em numerus clausus os recursos por ela sistematizados, ‘0 mesmo fazendo 0 Cédigo de Processo Civil no art, 496 [...1. Os arts, 893 da CLT € 496 do CPC fazem uso da expressao ‘seguintes recursos’ Tal expresso, como se viu, torna evidente a taxatividade da enumeracio, impondo, pois, uma interpretagao restritiva dos preceitos legais. Dessa forma, somente os meios de impugnacao enumerados pelos arts. 893 da CLT € 496 do CPC, bem como os demais previstos no proprio sistema da CLT, do CPC e de leis extravagantes, é que s4o legalmente considerados como recursos.” No Pracesso do Trabatho, sto cabiveis os seguintes recursos, segundo a siste- matica da CLT: a) Recurso ordinério (art, 895 da CLT); b) Recurso de revista (art, 896 da CLT); ©) Embargos para o TST (art, 894 da CLT); d) Agravo de instrumento (art. 897 da CLT); ©) Agravo de petigao (art. 897 da CLT); 1 Embargos de declaracao (art. 897-A da CLT); 8) Agravo regimental (art. 709, § 1, da CLT); h) Pedido de revisao ao valor atribuido a causa (art, 28, § 19, da Lei n. 5.584/70). Hi, ainda, no Processo do Trabalho, a possibilidade de interposigao do Recurso Extraordinario, que nao é um recurso trabalhista stricto sensu, mas, por ser um recurso constitucional, ¢ aplicavel ao Proceso do Trabalho (art. 102 da CF). A remessa ex officio, também chamada de recurso de offcio, prevista no art. 496 do CPC e Decreto-lei n. 779/69, embora ndo tenha a mesma natureza jurfdica dos recursos, é aplicavel ao Processo do Trabalho. 1.2.3, Singularidade ou unirrecorribilidade principio da singularidade ou unirrecorribilidade consiste em ser cabivel somente um recurso para cada decisto. Desse modo, cada decisdo comporta apenas um recurso especifico, Nesse sentido, é a visio de Campos Batalha®°): “No Direito Processual do Trabalho: nao se admite duplicidade de recursos a0 mesmo tempo. Os recursos devem ser interpostos sucessiva e nao simultaneamente.” (20) CAMPOS BATALHA, Witson de Souza. tad oe iret jucctrio do rabato 2. ed, So Palo: LT, 1985. p. 776. 850 NauRo Soman No mesmo sentido, destaca-se a seguinte ementa: “RECURSO ORDINARIO. NAO CONHECIMENTO, INTERPOSICAO DE MAIS DE UM RECURSO PELA PARTE EM FACE DA MESMA DECISAO. PRINCIPIO DAUNIRRECORRIBILIDADE. PRECLUSAO CONSUMATIVA. Néo comportaconheci mento o recurso manejade pea parteapds.a interposicio de apelo anterior impugnanlo 41 mesma decisio, operando-se a preclusio consumativa com a apresemtagao do primeiro dele. Aplicagto da prinespto da unireecorribilidade. Recurso ordindrio patronal de que nto se conhece." (TRT/SP ~00019234220115020019 = RO~ Ac. 148 T. = 20140006294 ~ rel. Marcos Neves) Como bem adverte Nelson Nery Junior, “o dogma da singularidade nao im- pede que sejam interpostos mais de um recurso da mesma espécie contra a mesma decisdo judicial. Assim, vencidos reciproca e parcialmente autor e réut, cada qual poderd interpor recurso de apelacio contra. sentenca, sem que isto constitua ofensa ao principio da singularidade. Quando o acordéo comtiver parte unanime e parte ndo undnime, esta ultima poderd ensejar a interposicao de embargos infringentes, enquanto que a parte unanime pode desafiar, em tese, recurso especial e/ou extra ordindrio, todos os tres interponiveis simultaneamente. Esta situago constitui excegao do principio da singularidade.” Alguns autores sustentam que, no Processo do Trabalho, ha decisoes que podem ensejat mais de um recurso. Nesse sentido, a opinidio de Wagner D. Giglio): “Existe, contudo, a possibilidade de uina mesma decisio ensejar embargos declarat6rios e recurso, seja este ordindrio, de revista, embargos de divergencia ou extraordindrio. Neste caso, aguarda-se a solugio dos embargos de declaracao para, em seguida, Processar 0 outro recurso, se porventura ou inadverténcia a parte apresenté-lo concomnitantemente.” No nosso sentir, no Processo do Trabalho, se a parte opuser embargos de declaracdo, deverd aguardar a decisao destes e apos interpor 0 recurso ordinario. Ao contrario do que pensam alguns doutrinadores, ndo podera a parte interpor, simultaneamente, embargos de declaragao eo recurso ordinario e, depois do julgamento dos embargos, ser facultada a complementagio do recurso ordinario. Nesse sentido, vale destacar a seguinte ementa *Recurso— Aditamento—Possibildade. Apésrecorer,sobrevindo modificacto da sentenca por forga do acolhimento dos embargos de declaragio, a parte sucumbente tem o direito de aditar o seu recurso, no limite daquele acréscimo, ¢ 0 Tribunal o dever de examins-lo por intero; ito é,considerando as primeiras razdes e as complementares (se regularmente apresentadas), como se setratasse de pega nica, sob pena de impor ao seu julgado a mancha de negativa da tutelajuriscicional, Recurso de embargos provide.” (TST ~SBDM ~ E-RR n 232557/95-5 ~ rel. Jodo Batista B, Percira ~ DJ 29.6.2001 - p. 614) (RDT 07/2001, p. 61) (21) NERY JUNIOR, Nelson. Comentivias 20 Céoiga de Processo Gil. 7 ed, S40 Paulo: RT, 2003. p. 847. (22) Op. cit, p. 44. [MANUAL 0€ DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 51 1.2.4, Fungibilidade © principio da fungibilidade consiste no fato de o recorrente poder interpor um recurso, ao invés de outro, quando presentes alguns requisitos. Tal principio decorre do carater instrumental do processo e do principio do aproveitamento dos atos processuais jé praticados. Omissa a CLT, o principio em questdo se alinha com as diretrizes basicas do Processo do Trabalho (art. 769 da CLT), maxime os principios da informalidade, da simplicidade e da efetividade deste ramo especializado da ciencia processual Neste sentido, destacamos a seguinte ementa: “Principio da fungibilidade. Art. 250.do CPC. 1. A apticagao do principio da fungibilidade dos recursos esté, atualmente, autorizada pelo ari, 250 do CPC, sendo certo que, a0 utiliza clo, 0 julgador deverd estar atento & ocorréncia do pressuposto objetivo da adequacio, pois, ém qualquer hip6tese, o instituto s6 pode ser invocado se houver simples erro de rromenclatura cometido pela parte, ot seja, permite-se nominacao de forma equivocada, tras exigese que o arrazoado recursal sejaaviado de forma a atender 0s pressupostos espectficos do recurso adequado, 2, Agravo regimental desprovido.” (TST SBDIL ~ Ac. . 264/96 ~ rel. Min, Francisco Fausto ~ Dj 25.4.97 ~p. 15.513) Como destaca Wilson de Souza Campos Batalha): “O CPCI39, art. 810, dispunha que, salvo a hipotese de mé-fé ou erro grosseiro, a parte nao seria prejudicada pela interposigao de um recurso por outro. Era o principio da fungibilidade dos recursos. A jurisprudén- cia admitia a inexistencia de mé-f€ quando o recurso equivocado fora interposto no prazo do recurso certo [...]. Hoje, prevalece o principio da fungibilidade dos recursos, sobretuco porque uniformizados os prazos de todos eles.” Pressupostos: a) Duivida objetiva sobre o recurso cabivel: por esta caracterfstica, a ditvida dever ser de ordem objetiva, nao bastando a duivida subjetiva do advogado sobre qual o recurso cabivel. Ha a diivida objetiva quando hé fundada discussio tanto na doutrina como na jurisprudéncia sobre qual o recurso cabivel para a decisao. Nesse sentido, a seguinte ementa: ~Agravo de insirumento —Interposigfo contra acbrdio proferido em agravo deinsirumento Principio da fungibilidade — Recurso inadequado. A medida cabive contra decisto da Turma em agravo de instrumento que eventualmente apresente contradigao, omissio ou obscuridade sto os embargos de declaragio. Nao € possivel a aplicacao do principio da fungibilidade quando ausentes seus requisites e grosseito foro erro. Agravo regimental no conhecd, por incabivel na especie" CIST-28T.~AG~ IRR 35500/2002.500.10.00-1~ re, Décio S, Daidone ~ D) 12.12.2003 ~ p. 820). (23) CAMPOS BATALHA, Wilson de Souza. Tratado do direto judicdrio. 2. e¢. Sao Paulo: Tr, 1985p. 75. B52 MavHo Sma. b) Inexisténcia de erro grosseiro ou mé-f¢; ha erro grosseiro quando a lei ex- pressamente disciplina o recurso e a parte interpde outro recurso, Nesse sentido, as seguintes ementas: “Ageavo regimental — Inviabilidade da aplicagao do prinespio da Fungibilidade recursal Nao se aplica o principio da fungibilidade recursal para receber 0 agrave regimental como ‘embargos declaratérios diante da natureza diversa destes, sobretude porque os embargos de declaragao sao cabiveis contra sentenga ou acbreo ¢ oagravo regimental contra despachos cexarados em processos de sua competéncia, nos termos do art. 72, Il, b, do Regiment Intemo do Tribunal Superior do Trabalho. Agravo regimental no conhecido.” (TST - 287. ~ AG-AIRR n. 2012/1997.043.15.00-7 ~ rel, Décio Sebastiao Daidone ~ Dj 17.10.03 ~ p. 572) (RDT n. 1 Novembro de 2003) “Principio da fungibilidade — Impossibilidade de aplicagio ante a existencia de erro gros- seiro na iterposigio do recurso Eforcoso nto confinar oexame do erro grosseiroao campo escorregadio da subjtividade, sendo necessario reportar-se a elemento objetivo a fim de 'bem o conceituar. Para tanto, pode-se optar pelo crtério da claeza e preciso do sistema recursal contemplado na legislagéo processual comum e trabalhista, tanto quanto daquele ue o tenha sido no Regimento Interna dos Tribunais, de mado que nao haja dhividas ou ivergencias quanto A propriedade e adequagio de cada recurso. Compulsando-s¢ 0 art. 338, do RITST. percebe-se que o Agravo Regimental ali consagrado nao € apropriado para Iimpugnar acordao proferido pelo Colegiado. € que as hip6teses previstasnasalineas do ar. 338 referemse invariavelmente a despacho prolatzdo monocraticamente pelas autoridades alienumeradas, ao passo que a decisto agravada regimentalmenteacka-se consubstanciada em acérdao da lavra da 4 Turma. Ela, por sua vez, remete a causa decidida em ultima instaneia por esta Corte, a indicar o Nagrante descabimento do agravo regimental, pois 0 seria o recurso de Embargos a SDI-1. Desse modo, olvidando deliberadsmente 0 exame do esgotamento do prazo recursal,¢imperioso dele nao conhecer nemo receber como Recurso de embargos em razio do erro grosseiro do agravante. Agravo do qual ndo se conhect.” (TST ~ ##T.~Ag. AIRR n. 686.187/2000-9~ rel. Min, AntOnio José de B. Levenhagen ~ DJ 13,2002 ~ p. 936) (RDT n. 04 ~ abril de 2002) “Fungibilidade recursal — Inaplicabilidade — Erro grosseiro inescusdvel. Verificando-se que a parte interpée recurso manifestamente inadmissivel em face da decisio que deseja combater, nto ha possibilidade de se conhecer do apelo.” (TRT = 148 R ~28T. ~rel8Jutza Arlene Regina do Couto Ramos (convocada) ~ DJe n, 117 - 29.6.09 - p. 23 ~ Processo n. 791/2008.004.14,00-2) (RDT n. 7 ~ julho de 2009) do C, TST editou a OJ n. 142 a respeito da presente Recentemente, 2 SDI tematica: “Agravo inominado ou agravo regimental. Interposicio em face de decisto colegiada Nao cabimento. Erro grosseiro. Inaplicablidade do principio da lungibilidade recursal (Divulgada no DeJT 142.2012). E incabivel agravo inominado (at. 357, § 18, do CPC) 04 agravo regimental (art, 235 do RITST) contra deciséo proferida por Orgio colegiado. Tais recursos destinam-se, exclusivamente, a impugnar decisto monocratica nas hipoteses ‘expressamente previstas. Inaplicével, no caso, 0 prinefpio da fungibilidade ante a confi- uracto de erro grosseiro.” Ha md-fe quando a parte ingressa com um recurso incabivel para a decisao a fim de procrastinar o feito ou atentar contra a boa ordem processual MANUAL DE DIREITO PROCESSUAL 00 TRABALHO 85S ©) Imterposicdo no prazo do recurso correto: havendo duivida sobre qual 0 recurso correto, deve a parte interpor 0 recurso no prazo do recurso correto. Desse modo, se ha dois prazos distintos para cada recurso, deve a parte interpor ‘© recurso no prazo menor entre os dois prazos possiveis. A jurisprudencia do C. TST tem acolhido o principio da fungibilidade, conforme a Stimula n. 421, in verbis: “EMBARGOS DECLARATORIOS CONTRA DECISAO MONOCRATICA DO RELATOR CALCADA NO ART, 557 DO CPC. CABIMENTO. (conversio da Orientagao Jurispru-

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