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POSITIVISMO TEORIA E PRATICA Sesquicentendrio da morte de Augusto C HELGIO TRINDADE ORGANIZADOR il iB A ARQUEOLOGIA DO EsTADO-PROVIDENCIA: SOBRE UM ENXERTO DE IDEIAS DE LONGA DURAGAO™ ALFREDO Bost Em meméria de Joao Cruz Costa A signifcecto do postiviemo na bisxbria do Brasil ultapassa costes da bistria de um sistema ilesifio, ‘Oxo Maris Capex. Noa mabreo dene do posto, In: Rams Lisi. Tada ago principia mermo ¢ por uma palavra pensada. Goimtdes Ross. Grande ere seeder Em um capitulo da sua obra sobre o atraso econémico pensado em escala mundial, Alexander Gerschenkron trabalha a questéo das ideologias que atua- am nos processos de desenvolvimento nacional res 4 Revolugio Indus- trial inglesa. A sua hipétese¢ fecunda, Teria havido, em cada caso, uma dinmi- ca peculiar de valores capaz de acelerar 0 passo da formagio social retardads; e as teorias que integraram esse conjunto de fatores desencadeantes variaram deacordo com a constelagio cultural de cada nagio que cruzou o limiar da modernizacao. Na Franga de Napoleio III quase todos os empresérios que lograram cer uma influéncia econdmica duradoura pertenciam a um grupo bem ‘io eram bonapartistas, mas “socialistas”sansimonianos. O uropista francés, de que Augusto Comte foi discfpulo e secretirio entre 1817 ¢ 1824, idealizava a sociedade do futuro como uma espécie de Nagio-Estado corporativa na qual os lideres da industria assumiriam fungbes politicas de relevo. O termo dévéloppement no sentido forte de progresso material e social jé comparece em Saint-Simon ¢ no jovem Comte. Para estabelecero sistema seria indispensével instaurar uma economia planejada que regulase o desenvolvimento * Anigo originalmente publicado na obra Dialtica da olonizaro. So Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 273-307. Republicado mediante autriagio do autor. 193 dda nagio como um todo. A Lei intervira, se preciso, até o limite de aboliro insti- tuto da heranga, um dos maiozes Sbicescriados 20 progresso por manter prvilégios individuais em detrimento da solidariedade social. Os industriais eos seus financi- adores seriam os missiondrios de um novo credo, que Saint-Simon julgava ainda ctistio, e pelo qual “as classes mais numerosase sofredoras” seriam incorporadas ¢ rotegidas pela sélida unigo de Indistria ¢ Governo. Quanto aos ganhos pecuni- ris que a produgio trouxesse para 0 capital, poderiam ser redimidos de qualquer mancha egoista pela instituicio de uma sociedade alruéta, termo cunhado entéo, para designar um regime préspero e distributivo. A recompensa do méritoiria para 0 fortes; a assisténcia benévola, para os ffacos. Nascia, deste modo, o ideal refor- mista do Estado-Providéncia: um vasto ¢ organizado aparelho piblico que ao mes- ‘mo tempo estimula a producio e corrige as desigualdades do mercado. Da ortodoxia econdmica Saint-Simon ¢ Comte s6 aproveitariam © conse- tho de manter sempre em equilibrio a balanga da receita e despesa do Estado; ‘mas, em oposigio 20 liberalismo dominante na época, ambos aspiravam & vigén- cia de Forgas moraise politicas capazes de retificar a “licenciosidade” e o “empi- rismo industrialist”. O capitalismo na Franca comegava, portanto, a auto-regu- Jar-se mediante um projeto de alianga dos empresirios com um Estado previsor impasses foram sendo contornadas pela press organizados nas trade unions. O sansimonismo, que de formacio politécnica, adotou uma estratégia refo 4 participacio direta do aparelho estata. As inspiragSes religioss do credo industialisa encontraram sua expresso na Nova Cristandade de Saint-Simon, que © Comte criado perfilharia, apartando-se do mestre. Um dado pitoresco m: co antes de sua morte, SaintSimon instou junto a Rouget ‘enfants de la patrie chamamm-se ago deiros nobres que assegurariam a fli ‘metendo 0 mundo as pacifica leis hd noticias de que Ricardo tenha inspirado a alguém a mudansa do God save the King em God save Industry"® ‘Do caso francés passa 0 autor a analisar a moderni valores soicitados a catalisar 0 projeto capitalist ni alema. Nesta, os piraram na tradicso " Gerschenkron, Alerander. Zeononmic backwerdnes in hisorical penpetve, Cambridge: Har vard University Press, 1962. p. 24 194 republicana dos ideais de 89, mas, como se sabe, na mistica nacionalista. Friedrich List, economista de peso, converteu o discurso empresarial de Saint-Simon na linguagem de um poder piblico centralizador de que Bismarck seria 0 paladino. (O caminho alesnfo passou pelo protecionismo oficial indistria. Foi nessa Prissia enire moderna e autoritéria que se adotou, pela primeira vez, 0 termo que co- inheceria uma longa fortuna: Estado de bem-estas, Wohl-fabrstat. Enfim, 0 marxismo teria induzido na Riissia pré-revolucionatia dos anos 90 um consenso favorivel& industrializacéo pesada, ia Estado imperial, que se con- cretizou plenamente quando o bolchevismo subiu a0 poder e se pos a forjar com iio de ferro a economia sovietica. (Os exemplos da Franga, da Alemanha e da Rissa server ao historiador para ilustrar a sua tse: 0 desenvolvimento técnico ¢ econémico das nagies européias nao {oi um subproduto automético da Revolucio Industrial, pois dependeu também de {atoresideolégicos¢, em senso lato culturas. Foram modos de pensar diferenciados ‘ques puseram em confronto com situs arcacas, pré-industrias, peculiaresa cada formagio. Desse jogo de forgas modemizantes e tradicionais,situado no tempo e no ‘spago, teriam resultado estlos nacionais de desenvolvimento. Em que medida certos ideais positivistas constituiram a arqueologia da modernizagio brasileira, tal como se deu, promovida por um Estado centraliza- dor? Ea pergunta a que este ensaio tenta responder. O MOLDE POsITIVISTA NO BRasit (Os estudes pioneiros de Cruz Costa c Ivan Lins narraram as vicissitudes do Apostolado Positivista no Rio de Janeiro ¢ as posigées dos seus dois sicerdores, Miguel Lemos e Teixeira Mendes, entre 0 ocaso do Império dda Repiblica Foram pelo menos duas décadas de intense militincia comtiana ue, porém, nfo tardou a romper as suas relagbes com a diregio francesa do mo- vimento entSo representada por Pierre Laffitte. ‘O motivo da ruptura ¢ edificante e merece andlise, pois nao se resume em mais um episédio bizarro e avulso como tantos outros que compSem o anedots- rio positivista de nossa crBnica filos6fica. Miguel Lemos discordou da conivén- cia de Laffitte com um corteligiondrio brasileiro, dr. Ribeiro de Mendonga. Este, fazendeiro no vale do Parafba e dono de escravos, transgredira o principio do :mestre que condenava a instituigio do cativeiro. Miguel Lemos o advertiu chouve por bem exclui-lo do Apostolado. Mas Laffitte, consultado, preferiu tomar uma Chet, J. Cruz, Contribs 3 binbra de ida no Bra. Rio de Janie: J-Oh 1. Hsia do pstiviomo no Brasil. Sio Palo: Companhia Edvora Nacio 195 atitude conciliante, 0 que indignou os ortodoxos provocando afinal a dissidén- cia do mideo brasileiro em 1883. No fogo dos embates Miguel Lemos eTeixcira Mendes publicaram um optis- culo que reunia todos os textos abolicionistas de Comte fuzendo-os preceder de ‘uma dedicatéria a Toussaint Louverture, 0 her6i da insurreigdo negra nas Anti- Ihas francesas. O antiescravismo dos nossos ortodoxos sempre combinow os seus argumen- tos com a propaganda do regime republicano adotando para ambas as causas 0 natureza das cosas, serultrapassada pela fase postiva. Sociedade industial, jé no mais feudal nem militar, trabalho livre ¢ ditadura republicana constituiriam, © Apostolado, que se manteve sempre a largo dos partidos politicos, ga- nou alguma audiéncia no quando a falange dos cadetes, discipulos de Benjamin Con: ainda pode intervir na con- tra a “pedantocracia” nacional que exigia diplomas posion — substicuiu, cm geral, a tarefa de pesquisar um fendmeno mais enraizado que Cruz Costa re- conheceu como a perssténcia de uma doutrina difusa na Replica Velha e, quem sabe, no Brasil politico que a sucedeu. ainda, como as outras doutrinas, produto de importagdo, nele hi, tragos que revelam a sua mais perfeita adequacio ao condicionalismo da nossa formagio, is realidades profundas do nosso espirito” > De qualquer mancira, 2 opinifo de que a fase durea do pestvismo no Brasil se ‘encerrara com a vitéria do regime republicano ganhou foros de verdad consabida. ‘No entanto, os trabalhos de flego de Sérgio da Costa Franco e de Joseph Love ea recente erudicéo universitéria gaticha vém re-cstudando com brio a ques- Op. ct p.285. Na interpretagio de Carpeau,seriam os dads autoritrios de nossa histria polltica que teriam melhor assimilado 2 mensagem positivist, 196 tn da maelagerm mental do positivism no Rio Grande do Sul até 1930. A nossa filtragem e ajuste pe- snte um projeto econd- 383, rejeitando a autori- jo quando me pus a estudar 0 O episédio da cisio que 0 Apostolado operou dade mundial de Lafite, despertou gradiente ideolégico do nosso abolicionis: ‘As diferengas entre as expressbes cautas ¢ dilatérias dos republicanos de Sio Paulo em face da questa servile as reag6es varonis dos propagandista ligados, direta ou indiretamente, 20s nicleos postvistas do Rio de Janeiro edo Rio Grande do Sul, se afiguraram, desde o in(cio, objetivase coerentes com 0s interesses € as vontades politicas dos grupos em questio. (Os republicanos que fizeram a Convengio de Itu ¢ ctiaram 0 partido em Sio Paulo eram cafeicultores ou bacharéis envolvidos no sistema agroexportador. O seu objetivo, sempre reafirmado, era assegurar o uso da mao-de-obra escrava imigracao européia a substitulsse. Para o caso de a poli- axéo momento em q tica imperial os colher de surpresa e decretar a aboliéo, els pleiteavam um res- sarcimento pelos danos que alforsia gral acarrcase aos seus negécios. Nabu- «as ortodoxos (Miguel Lemos, Tei- jintino Bocayuva, Benjamin Cons- “Franco, Sérgio da Costa. Julio de Castor esuaépoct 2 ed Posto Alege: Editora da UFRGS, Love, joseph. O ional gaiho, Séo Palo: Perspex Ver A ecavido entre dos ierlioes 197 tant, Silva Jardim, Lopes Trovio, Raul Pompéia),eram profissionaisliberas que zmilitavam nas suas dreas, como o exército, escola ca imprensa: homens de doutri- na que viam com desconfianga as manobras evasivas dos homens do café. Por algum tempo unidos na luta antimondrquica, os dois grupos néo eram farinha do mesmo saco. Até mesmo o positivismo de alguns porta-vores da oli- ‘garquia cafecirafoi-se revelando heterodox, se no atfpico, colorindo-se de ma- tices evolucionistas. Cruz Costa e Raymundo Faoro entreviram com perspicicia a vigtncia de um “spencerismo paulista’. Pesquisas recentes confirmam a justeza da expressio mostrando a presenga forte de Darwin, Haeckel e Spencer no dis- ‘curso dos médicos republicans, como Miranda Azevedo e Pereira Barreto, que atuaram na politica do estado paulistajurando pela carilha da livre concorzén- ccujo panfleto Dou sgatichos, que ele quanto os jacobinos e o: 0 mesmo tempo josa “democracia paulista’ em nome dos principios do cevolucionismo. A histéria da Repiiblica Velha até 1930 ensina que esse contraste res de Silvio Romero, mas tinha muito a ver com os gru- do Brasil real Na questio do escravo, Silvio Romero, embora abolicionista, julgara pre- cipitada a agio do Estado que promulgou a Lei Aurea. Adorando o lema darwinia- no de que “a natureza nao faz saltos", 0 critco sergipano preferiia que se tives- sem deixado em liberdade as forgas em conflito do qual adviriam naruralmente as solugées corretas para salvar o “organismo nacional”. A posigio contritia, assumida por Miguel Lemos, Teixeira Mendes, Jil de Castilhos € 0s ortodoxos gaichos, encarecia 0 caritersuperorgénico da sociedad, conde os mais sibios, eevados a conselheiros do Executivo, deveriam intererir para ofientar e, se preciso, retifcar 0 curso das ages humanas. Para Comte aescravidso colonial nao era fruto da evolugao biol6gica da espécie, mas uma “anomalia mons- ‘truosa’ que deveria ser extitpada. Ao Estado republicano caberia fazé-lo, Cocrentemente, o nticleo positivsta do Rio de Janeiro rejeitou, desde o pri- ‘meio momento, as propostas de ressarcir os senhores cujos escravos fossem al- ‘Ver Collichio, Teezinha. Miranda Azoeds eo derwiniono no Bra. Séo Paulo: Edusp, 1988. ‘Ver também 2 nota incisiva de Miguel Lemos que, na qualidade de presidente perpéru dasoceda- de positivist, verbera certs opinides de Pereira Barreto sobre os beneficios que o&aficance ter- ‘am recebido com o tific. Aas artigos do médico pauls, publicados em 1980 na Province de ‘Sto Penlo, Lemos cooteapée a doutsina categérica de Comte (em O positivinma ea escravidio ‘moderna. Rio de Janeiro: Sociedade Postivsa, 1884, p.6). 198 fortiados por efeito de lei. Indenizar significaia admitir publicamente os direi- tos de propriedade de um homem sobre o outro. Os afficanos, estes sim, € que ‘mereceriam plena compensasio pelos séculos de trabalho forgado a que os sub- ‘merera a colonizagio européia na América.” Jiem texto publicado em A Gazeta da Tarde, de 8 de outubro de 1880, Tei- xeira Mendes exprimia seu solene descaso pela ruina possivel de um “punhado de excravocratas” e defendia um projeto de aboligso imediata. ‘No contexto gaticho langava Julio de Castlhos as Bases do programa dos candidatos republicanos reunidos no Segundo Congresso Partidério (1884), onde se exigia a abolicio imediata e pronta, sem indenizagao, Em artigo saido em 30 de julho do mesmo ano, Castilhos procurava desmascarar os argumentos econo- micistas dos senhores de escravos: (Os eogos supSem que a nossa riqueza et lignda 3 fora do brag escravo.O braso que no lives no tem forga. Um pats de dae miles de habicantes que fr 2 sa rqueza depen der do trabalho dnica de um milo meio de desgrasados caves, uma nagio de afima ‘dem. O Rio Grande do Sul no dee esperar pela furua li, precisa antecipar-se, como 0 Freram Cearée Amazonas, Ablizdo completa da exctvidio ma patria breieira!® ‘A coesio doutrinéria do Apostolado ¢ dos repiblicos gatichos invalida as juarque de Holanda sobre o respeito que os positivista te- o pelo dircito de propriedade.? Teixeira Mendes ditia, razio”.! Prope, em seguida, um esboso de legislagio trabalhista que, “para a época e para as condig6es locais, era verdadeiramente revolucionstio”.” 7 Lemos, Miguel. O positivismo ea esravidso moderna. Bleim do ControPosiivina Brasiir, 1884. Comte propuaba que at Antihas fiancess fossem encregues 205 negros 0 continente americano. Veja também: A incerporapio do proletariade eave: fedade positivist do Rio de Janeiro contra 0 recente projeto do govern, onde “Miguel Lemos exclama indignado: "Nao! Mil vees nfo! Como indenizagso nem 0 ar que respi- ramos podem redamar’ (Recife: Typopraphia Mercantil, 1883. p3) * Em [dias politica de Jo de Cashes (Org, Paulo Carneiro). Senado Federal, 1982. p. 163- 164. + Holanda, S. B. de, Da masonatia a0 positivism ln: O Brail monénguce. v1. Sto Paulo: Di fa, 1977. p.290. Em A incorponao do proletriado na roiedade modema. 2 ed, Rio de Janeiro: Templo da Hu- smanidade, 1908. p. 10. " Cruz Costa. Op. cit. p. 247. [Nessa altura, os cadetes da Escola Militar do Rio de Janeiro, diseipulos de Benjamin Constant, langavam manifesto & ‘vas’, contra o predomnio da economia escr certou, em pate, aquele mesmo insigne historiador quando disse que as nutriam “um secreto horror 4 nossa realidade nacional”. O que é publici-la fartamente, os honra perante a nossa consc navegar contra a maré, sustentando causas antipéticas aos dominante, ésinal de inconformismo salutar. Nao € rato acontecer, porém, que ‘o historicismo puro sinta embarago 2o lidar com a dialética da negatividade que Ihe parece deslocada ou extravagant. Para 2 légica historicista o radical tem ares dos casos, quixotescos. iltares de Benjamin Constant alimentard os imeira Repiibliea, e sabemos 0 quanto a sua 1894, pelas presidéncias paulistas formadas no velho liberalismo. Os jovens oficiais, nem bem passado o governo de Floriano Peixoto, acabaram excluidos do sistema de poder Essa répida marginalizagio dos militantes comtianos mais estensivos em plano nacional concorreu para que 4 nossa historiografia de idéias tomasse por findo o ciclo da aruagio positivista 1nos primeiros anos do século XX. Mas basta atentar para a ideologia difusa no mista, comum aos tenentes¢ aos i artido Republicano Rio-Grandense, iré Fundamentar o programa da Alianga Liberal vitoriosa em outubro de 1930. E nfo serd apenas aleat6rio 0 fato de o pai de Luls Carlos Prestes, o capitéo Antb- nio Prestes, ter sido, juntamente com Protisio Vargas, irmao de Getilio, um dos fundadores do Centro Positvista de Porto Alegre em 1899. A eruzada, Rio de Janeiro, jul 1883 Holanda, S.B. de. Raizes do Bra Rio de Jancito: J. Olympio, 1936. p.120, Para entender as tenses ente os jacobinose govezne Prudente de Moris, consulte-s 0 e¢- rado de Queiroz, Suely Robles de. Os radicair de Repiblica, $50 Paulo: Brasiliense, 1986 200 O PosiTIVISMO NO SUL E A ARQUEOLOGIA DO EsTADO-PRoviDENCIA ‘A doutrina do Partido Republicano Rio-Grandense compunha-se de algu- ‘uma idiossincrasia local. As mesmas rmavam os projetos estatizantes dos colorados uruguaios, cujo li Jorge Batlle, conheceu o comtismo de Pierre Lafficte nas mesmas reuniGes da rua Monsieur-le-Prince que Miguel Lemos feqentara no comego dos anos 80. Va- lores afins constavam do programa radical de Hipdlito Yrigoyén, presidente da Argentina em 1916, Us logia gaicho-platense? — perguntaré um historiador cioso de de- smarcagGes regionais. A resposta éestrutural. O Rio Grande do Sul, o Uruguai ea na, resalvadas a8 diferengas de escala,eram formagies socioecontmmicas Nas trés, a economia pecuitia e exportadora, firmemente implantada ngo do séaulo XIX, teve de enfrentar, desde os fins deste, aaleernativa me- nor, mas dinmica, da policultura voltada para 0 mercado interno e das novas atividades urbanas de indistra eservigos. Agricultores operosos,carentes de crédi- to oficial, industriais de pequeno e médio porte estabelecidos nas cidades maiores ce uma crescente classe de asalaiados vindos com as grandes migragoes européi- as passaram a constituir pélos de necessdades e projetos nfo raro opostos aos dos regides contiguas, grupos de pressdo que sentes, quando nao francamente contrérias 20 laser io a0 setor oligirquico-exportador. Que estilos ideolégicos poderiam entéo responder 3s exigéncias dessas novas camadas sociais? ‘Quando pensamos hoje em modelos de pensamento intervencionista, te- ‘mos presentes as duas principas teorias negadoras do liberalism ‘mar- xxismo em suas virias inhas €0 reformismo pés-1929 de filagio keynesiana. Mas, se remontamos a0 século XIX, vemos que fi do industrialismo utdpico de Saint- Simon e do positvismo social de Comte que fluiu uma primeira vertente ideo- ‘mediante propostas de integrapo das admniniseragopilica dos conflts. A sua inspiragio profunda ¢ ética¢, ranto em Saint-Simon quanto em Comte, evoluiu para um ideal de ordem distributivista positivismo social, ransferido quase em estado puro para o contexto re- publicano gaticho (ou variamente combinado com o racionalismo krausista no Unuguai colorado), deu & nova configuragio econdmica modelos de ago ca caja coeréncia interna ainda hoje impression, 201 © que distinguiu a teoria ea pritica do casithismo gaticho do filio maior, burgués € progressista, que desaguou na Lei Aurea ena proclamacio do novo re- gime? Precisamente, a sua tendéncia de atribuir ao poder pablico a funcio de Gurso defloofiapositiva e, mais pontualmente, no seu ttimo volume, que am- biciona construir uma teoria da Fisica social.”A\ ficam patentes as divergéncias, de Comte em relacio a0 que ele chara dagmatimo da economia politica orto- doxa. O erzo fundamental desta foi ter dssociado os fatores econdmicos de uma visio global da sociedade, convertendo-os em abstragbes “metafsicas”. Um dos prinelpios liberais que Comte julgava particularmente funesto seria 0 de conce- ber os processos de produgio, ciculacéo ¢ consumo de mercadorias somente em. fungio dos interesses individuais. A absolutizagio do desejo de lucro, aceso egois- ticamente em cada agente da vida social, tende a gerar um estado de anomia ou ntre eux se sont efforcés de représenter dogmatiquement, sujet general de leurs érudes comme entitrement distinct semble de la science, dont ils Sattachent toujours 1'iso- ler parfaitement”."” Em outraspalavras, Comte deplorava uma das consoqinciasupicas da di- dade, que ele préprio batizara com o nome de Sociologia. E, tratando-se de exo- nomia politica, esse isolamento teria surtido efeitos particularmente hostis 20 seu ideal de integracao. s nossos comtianos do Sul propunham-se harmonizar as forgas que a ini ciativa privada poe em movimento. Para tanto, defendiam o modelo de um regi- ‘me presidencialista austeroe prestante a que o sufrigio universal (incluindo o voto 0 Cours de philosphie posive six entre 1830 ¢ 1842. Hi tetemunbos desu keitura no Bri a partir dos anos 1850. "0 Cours de philosophic positive Pats) Bailite et fils, 1877. . IV. p. 200-218. “Os maisclissicos entre less exorgaram por representa dogmaticamente, bret er nossos dia, o asunto geral dos seus estudos como intezamente distinto ¢independente do conjunto das iéncias, do qual ees tmbram sempre em iol perfetamente” (Coto. IV-p. 191). 202 das mulheres, dos analfaberos ¢ dos religiosos) daria larga margem de represen- tatividade. A amplitude méxima do corpo eleitoral permitiria que se confiasse maior delegacio de poderes aos escolhidos pelo voto a descoberto, segundo o principio de “viver as claras”. A ditadura republicana, assim auspiciada, e aceita religiosa- mente pelo Partido Republicano Rio-Grandense, teria com contrapeso demo- cerdtico a atuagio de uma Assembléia de Representantes, também eleita direta- ‘mente, & qual caberia.o papel exclusivo de discutir, emendar e votar 0 orgamento proposto pelo Exccutivo."* Esse esquema de fungées politicas foi transposto para a Constituicio do Rio Grande que Jilio de Castilhos redigiu inteiramente em 1891. Os republicanos ¢gaichos sempre se referiram 3s « concisa) em termos de veneragio. Eram “os sagrados princfpios da Carta de 14 de julho". E-quantas ressoniincias no despertaria 2 data escolhida para sancio- niserativa. Castilhos converteu-a em artigo que permitia a reeleicéo do presiden- te desde que este obtivesse tés quartas partes dos votos. Esse procedimento con- samente nos documentos propésito explicito de “governar acima dos interesses egoistas de cada classe” e, a0 mesmo tempo, “representar todos os grupos socials”, Diaia Borges aos deputados: “Destarte um mesmo vinculo politico congre- ga todas essas diferentes células do organismo do Estado, mantendo a unidade de pensamento no meio da mais vasta descentralizagio administrativa” (Mensa- gem de 20 de setembro de 1900). Os hitoradore da eposigo entre republicans beri divergem quanto ‘origem eo: tre outros, entendem o PRR como um: urbana, fazendeiros da Serra abastados, comtiano de diadura republicana. Em discus ‘bo de 1927, Jodo Neves fer apologiareverente a0 apostolado de Benjamim Const Ihe. A pega €um compo de douttina que comprova o elo gaicho entre o grupo ortodono inicial ‘os bomens de 1930. 203 ta, cl ao Partido Liberal eaijada do poder com 0 Quinze de Novembro; conta- ‘vam com a simpatia de algumas antigase présperas col6nias de origem alema. [Esta €ainterpretacéo clissica, que nos remete 20 nexo entre a ideologia ¢ 0 ocus dos atore politico. Pesqisadore recenes, de extracio universititia (Geraldo Miller, Sandra Pesavento e, mais matizadamente, Duta Fonseca), menos inl nhece na praxe do PRR, prefer Ges da classe dominante: é uma cesso de acumulacio capitalist, certamente comum aos designios econdmicos de ambas as faoybes; Id ganham relevo as diferengas de estratégia politica e de enraizamento cultural, O né da questo estd nas relag6es do Estado com a vida ‘econdmica. Castilhos, Borges ¢ 0s intelectuais do PRR mantiveram-se, em geral coerentes com o ideal comtiano da passagem da fase mi industrial da Humanidade. Basta percorrer os Anais da Assembléia dos Repre- sentantes para apreender o ritmo regular das propostas do Exeoutivo Em primeiro lugar, o PRR sempre fez a defesa do impasto teritrial, que foi aumentando lentae seguramente desde a sua cragio em 1902 por inicatva de Borges, influéncia de smanifestara aberta prefer ‘Nio por acaso, medi madas pelo presidente B: ebrioso com os ganadero.” O governo colorado nao s6taxou os campos de gado como buscou recuperar para o patriménio piblico as eras fiscales que estavarn nas mios de latifundidrio grileiros. O paralelo da politica fundiria de Batlle com asincervengoes de Castilhos ¢ Borges na retomada pelo Estado das terras devolu- tas é flagrante e mereceria estudo em detalhe. ‘A tese segundo a qual o imposto territorial era 0 mais justo, acercando-se dda proposta radical de um imposto sinico e progresivo,jé aparecia com todas as letras na Economia politica de Stuart Mil, obra considerada pelos republicanos dda Assembléia como variante inglesa do po: por narureza comum a todos os homens”, ss lares de triburacio da terra estavam sendo to- inho Uruguai em um corpo-a-corpo flexivel “A terra € um bem ragio desorienta- ‘vaos liberais acostumados a abonar-se com frases do mesmo autor para tessalvar (0s intereses do individuo contra o Estado. Cada partido escolhiaefltrava o que ppodia, ¢ como podia, das fontes prestigiosas do tempo. ‘Tributar a propriedade e, por andlogas razdes, a sua transmissio a herdeiros ‘morts causa ow intervivesjustificava-seeticamente, pois nao seria eqiitativo conce- Vee Vangnes, Milton. Hpaismadele joe Bale y rdéiex 1907-1915. Montevideo: Arcs, 1983. 204 ente comum a territorial é de alguma sorte o locatério da socie- dade tomada em seu conjunto”, O texto, de autoria de Leroy-Beaulicu, ¢ invocado por Borges de Medeiros 5 de ourubro de 1902, como argumen- ‘A consulta. aos Anais da Assembléia nos mostra que era de praxeavalizar com fon- 1s doutrinrias curopeias toda proposta de majoragio de tibutos sobre teres vel”. Quando veio bail o tema do impostotinieo, o deputado Gaspar Saldanha nao se conteve e protstou com veeméncia na sesso de 23 de novembro de 1920: *Vejo na cxclusividade do imposto sobre a terra uma subversive [sic] orientasao socialist. (© mesmo parlamentar,crticando as poiticas publicas do Pax, atribui os seus ‘conseqdénca or mais profundos makes (27 de dzembro de 1922) ‘A apologia do novo aumento calculado pelo valor venal do imével & entio leputados Lindolfo Collor e Geri ‘Vargas, ambos de extragio ‘Vargas quando presidente do tempos de concilia- inda conservariam tragos de critica 3 es- ‘trutura fundiéria gaticha que os tributos mal poddiam arranhar: pessoal orn . petismo das cidades.E preciso retlhar os latifindio, dividi-los em pequenas glebas © cuidar da culeuraintensiva dos campos* ‘Umiideal, como se vé,inspirado no modelo da pequena propriedade da zona colonial. [Em segundo lugar, & proporcio que os republicanos aumentavam a taxagio sobre a terra (de resto, bastante médica a crer nos quadros comparativs traga- dos por Lindolfo Collor) concediam isengbes is inipientes manufaeuras locas. 5 Varga, Genilo. Discurso de abertua do TI Congresso Rural. Corio do Povo, Porto Alegre, 25 maio 1929. 205 Em quase todas assesses legslativasrealizadas entre 1900 ¢ 1950, a maio- ria responde favoravelmente a pedidos de pequenos ¢ médios empresirios que requerem ao Estado a outorga de franquias tanto para instalar suas inddstrias ‘quanto para exportar os seus produtos. Criou-se nesses anos uma tradigso fiscal de incentivo & manufatura a que 0s comtianos se apegavam ciosamente salien- tando a necessidade de o Rio Grande entrar para a era industrial. ‘Mais tarde, a0 longo do dectnio de 30, com a subida ao poder central da Geragio de 1907, essa diretrz se combinaria com as teses do protecionismo & i sbstituigzo das importagées. is regionalistas da Campanha viam com desagrado tantas isengoes aos empresirios de Porto Alegre, dadas, como acusava Gaspar Saldanha, “a grane!”, ¢ exgiam igual beneplicito para a pecusria. Nessa érea de friogbes Borges de Me- deiros foi, mais de uma ver, esquivo aos reclamos dos estancieiros, 20 passo que 0 seu discipulo e sucessor Genilio Vargas soube atender com boa dose de pragmatis- ‘mo ora 20s industriais, oa aos pecuaristas, segundo pedisse a conjuntura. ( debate travado entre Gaspar Saldanha e os borgistas Lindolfo Collor ¢ Genilio Vargas ilustra as posig®es em choque. O representante liberal da oligar- quia queixava-se das extorsbes fiscais com que o Estado estaria agravando 0s fa- zendeiros, “vexames tributitios impostos classe dos criadores, que ¢taxada como nenhuma outta’. Em resposta, Lindolfo compara a politica fiscal gaticha com 0 ascenso do imposto em So Paulo, provando, com niimeros oficiais & mao, que em um estado regido pelas teorias do laisez faire a triburacio paga pelos cafei- cultores era proporcionalmente superior & que recafa sobre os pecuaristas do Sul. Saldanha contra-ataca lembrando que a receita p: i destinados a financiar a mesma lavoura do café. Coll «que outra coisa poderia o governo bandeirante inves lio acode em apoio do confrade republicano perguntando-se, em nome da eficiéncia do estado, de onde poderia este haurir recursos para cumprir as suas obrigag6es administrati- vas se nZo da cobranga de impostos (sessio de 27 de dezembro de 1922) " Toda a argumentacio de Geeilio bascia-se no pressuposto de que o gover- no eleito por sufrégio universal no deve confundit-se com este ou aquele setor 3 reinvestia em gastos jocosamente: “Em ® Devese a Joseph Love a cunhagem da expresséo Geracio de 1907, em que se incluem os polt- ticos da segunda geragio republican, admiradores de Jlio de Cashos (que, motto em 1903, i's ransformara em mito) e apaniguados por Borges de Medeitos, eram sete os nomesprinci- pais: Geno Vargas, ‘Gua, Osvaldo Aranta, Joio Neves da Fontoura, Lindolfo Co- lor, Mauricio Cardoso e Fimino Paim Filho. A mairia dees integrou o bloco académico cati- Ihistaem 1907, ano em que entraram pars vida publica. Todos foram deputadosestaduas ou federais do PRR, todos seriam panicipantes ativos da Revolugso de 30, ocupando postos-chaves ‘no Governo Pravisrio 206 = particular da economia. A acSo republicana volta-se para alcangar um equilibrio supraclassista. O Estado, como queria 0 mestre, €0 cérebro da nag, e, gracas a ‘esta posigio central no corpo da sociedade, cabe-lhe regular 0s movimentos de ‘ada brgio de tal modo que nenhum se sobreponha aos demais. © discurso de ‘Vargas nao radicaliza 0 confronto entre as parts: o seu lugar parece ser 0 do si- bio ordenador que sé intervém quando as caréncias de uma classe (no caso, a dos industriais) exigem, pela intermediacSo dos poderes publicos, a supléncia de ou- es 8). ideolégica de Getdlio Vargas seria coerente com o princfpio de tum Estado suficientemente forte para mediar tanto 0s conflitos entre setores das classes dominantes como as tens6es entre estas € os trabalhadores Segundo Comte, o progresso cumpre-se quando se passa de uma situaso de desequilibrio ou, mesmo, de desordem para um estado em que seine uma jus- ta proporgio entre os elementos do conjunto. Para reorganizar 0 todo social, “a i politica, filha da morale da razio”, nio destr6i o drgio que cresceu em exces- servé-loretificando as suas dimenséese integrando-o em uma nova, ‘No caso da politica econdmica de uma nagio, o Estado visard a obter uma “diferenciagéo organizada’ das aividades produtivas, 0 que ¢ outro modo de dizer que o progresso destas supée a efetivagio de uma certa ordem iblica. pan intersidade des fungéoregladora, longed dever diminuir& medida que a evolugso humana se processa, deve, 20 contrdtio, tomnar-se cada vex mais indis- pensivel, desde que seja convenientemente concebida e exercida, de vex que seu principio essencial éinseparével do préprio principio do desenvolvimento. E, pois, 1 predomindncia habitual do expirito de conjunto que constitu necessariamente a caracterstica invariével do govemo considerado sob qualquer aspecto.™ 'A Fisica Social contém varias passagens de critica aos prinefpios do libera- ‘como economia politica. Para Comite, “a auséncia rpguladora”, quando etigida em dogma, “equiva- social, a uma espécie de solene demissio que essa ‘cada dificuldade um pouco mais grave que 0 de- lismo clissco sempre Essa formulagio de principio ajustava-se como a mio € a luva ao caso rio- grandense cuja economia, diversficada e dirigida para o mercado interno, se res- sentia com a hegemonia do café paulista a que o governo central sacrificava os cstados de segundo excalo. Borges de Medeiros, jf em 1901, antes portanto das ® Cours IV. p 189. » Cour IV, p. 202. 207 sues loin do aft com que a Unio nna un produ de expo por cs, ata dana pole pri oe ais ‘em detrimento da policultura e da industria nascente: “ee Em terceiro lugar, além de implantara taxasie far os epublictcs denen as de uae wa dr ure pilblics, expressio também lida em Comte. Se ee mene seco ‘com empresas estrangeiras, analogamente 20 4 iam na mesma época Batle Ysigoyen em dspero did imperiiamo ii, Bag eo a colonies promorum scored pare le Rio Grande e da via férea Porto Alegre-Uruguaiana, em 1919. ‘No mesmo ano 0 Esrado toma ainiciativa de explora a minas de caro de i btomas carvio de Gravata ae dem soar precoces, poi estamos habituados a situar. acionalismo estatizante entre os anos de 1930 ¢ 1950, mas a rigor, forma si tema com uma do tua displina que ‘os abusos do mercado por meio de Quando Borges ver foi Getto Varg as que sul dimento do governo republicano: A insatisfagio dos ususrios em relagdo venlinat dos ear 20 mau desempenho da empresa belga vk dclng:Opvee casilhisas ensaiara submeter 3 Assembléia um pro- imo de enemas devs sein bsicos desde o inicio da década de, 1910, 0 aurasado ‘nicl de Bogs, exposto em sua Mensagem de 1913, tem um inequi- és passagens me parecem aqui de citagéo obrigatéria: Mensagem 2M ‘de Borges de Medeiros Assembléa lids em 24 de setembro de 1901 ante do parecer da comissfo, ldo em 23 de novembro de 1920, 208 re do monopéli, ¢ poranto & necssirio munic ce servgos que a clar nfo possa cxplorar se nfo’ mediante mor aoe so or latvs a0 suprimento dus 20s goto, linac, 3 enerit ea ee uray ete, Os mes principio hao de repr a ogenzaso dos sere Seo pblios, nacionsise ead sso de 26 de stem) Borg toma como bom expo o municipio ing, qu saps fa famosa escola de: ‘Manchester, a cidade-mie do laissez-faire eda iniciatva individual”. guledora das necestidades i Expedo © prinelpio que aconselha 2 sub ee ae rlactana com oir a calevidade x weit If de orgs de Mesos) servind sa design ged Pes Ps To ad cer do dean segs deve ar a cago cxsvaente do poder pen, free aor preconccits conics dominant sinds em eas Cases sos afi, exa sero queno poder ser misincsva: "Pos camino deere «9 Estado, se nfo ésenhor absoluto do mercado, 20 menos nio €exrav0 dele" seo iy enra altura da polémica sobre aestatizacio do porto de Rio Grande a oporico liber invocou a autoridade de Spencer pas condetar 2 ingeréncia «oral na vida econémica. Gevilio ndo hesitou em responder que, 29 Com porumde seus deraderslivmos, Themen vera te Sate (quc de 1884), Spencer #4 descambava para 0 declinio mental colocindo 0 gio de hema lua contra o Estado”. Na mesma ocasiio Geet ‘pincremento preciso, a intervencio do governo em ‘apitais ainda nao tom: ide real” (sessio de 20 de novembro de 1919). ‘ais servigos é uma neces ‘rnd teats mlcances do Apostlado Postvist, Tocary Assis Basos destacou dois princfpios que jf conterplavam direramenre & ago antimonopo- lista do Estado: — Que toda operagio industrial que no puder ser ‘executada pela Fnaividual, completamente live, sem monopélios nem privilégios, i vraade soda caver provaa, deve er relizda pela Unio ou pels Estados forme os cass, porque tanto aquea, como ests, abriio mo oportuna- cone de sus priv © que no acontece com as empresas articles —— Ss de ea vara da ase de Henry Georg “Quando ot goveros no digen ica "Teas de or, oo por ds diigo Aenenga ve desta narra Fela de 1914, érgo da Escola de Engenharia de Porto Alegre 209 — Que o regime das companhias, sendo oneroso pelos altos dividendos que os acionistas vam e pela agiotagem a que os diretoes fica propensos,afim de aparentar esses Iucros fabulosos ndo deve merecer encorajamento do governo e, pportanto, a concessio de privlégios e monopélios 3s sociedades andnimas €uma circunstincia agravante na inflacio da politica financcia republicana.” nifestava a sua versio & proposta em t nossos dias assinariam com entusiasmo: vers daquela por que se norteou na vida piblica o insigne brasileiro” Tn: Poles positina ea lberdadebancdria princlpios den. Jado posiivta no Brasil, Apud Bass, Tocary Ass. Op i ™ Sales, Campos. Da propagenda a presidencia. Sio Paulo, 1908, Asis. Op. cit p. 149. » Anais Sesio de 30 de novembro de 1923. 210 juando teria irrompido ou quando se teria expresso formalmente pela pri- ira ver o dissidio entre as duas perspectivas, protecionismo versus live-cam- lente”, A bancada positivista, mesmo somada com alguns simpatizantes, era mi- noritiria: € nesta, como em outrasfaixas de atrito com os liberas, foi vencida. ‘O sentimento de que as indistriasloais 0 mercado interno mereciam priorida~ dee proteio se eavvatia toda vez que os positivist se defrontassem com a questéo abrangente do desenvolvimento nacional. Uma pesquisa nocessria, que a bela Hiséria de Ivan Lins jé encetou, seria acompanhar a biografa pblica © 0s ideais econdmicos de Lideres progresistas como Joo Pinheiro, Aarao Reis ¢ Saturnino de Brito em Minas Gerais; Serzedelo Correia e Amaro Cavalcanti, ambos discfpulos de Benjamin Cons- tant, no Rio de Janeiro; Moniz Freire, no Esptivo Santo; Barbosa Lima em Pemambu- Paligenica do Rio, ¢0 Tatado de economia politica, nangasecontablidade? em que o *verdadeiro socialism” é descrito¢ professado em termos positivist. ‘Nio por acao, os angumentos protecionistas derrotados no Congreso seriam pontualizados, anos depois eem outro context, por Jorge Srect¢ Robervo Simonsen, ‘mentores das asociagées industiais na sua lta pelos interesses da prodtusio nacional resérios. O dirigismo estatal smo bur- 1s meados da década de 1930, uma zona de iner- 1945). Sio Paulo: Difel, 1977. Um dado io portance: em siado po tho Federal de Comérco Exterior onde seteria {estado 0 projeto de substiuigio das importages que se concretiza poucos anos depois. 2 Convém lembrar que o pendor petado por um respeito, igualmente: ializante dos homens de 30 era tem- iano, pelo ideal do equillbrio orpamen- trio. De Castilhos a Borges de Medeiros e deste ao primeito Vargas, a austerida- de no trato das finangas piblicas eo lema “Nenhuma despesa sem receita” eram tomados como “titulo de honra” das administracées republicanas. Essa atitude, que neles se devia a um imperativo dow cexplica as suas medidas econé- micas sempre cautclosas que podem ser interpretadas, fora desse contexto, como simplesmente clissico-liberais: 0 que seria um erro de perspectiva. Escrevia Os- valdo Aranha, quando ministro da Fazenda no Governo Pro ‘0 seu velho mestre Borges de Medeiros: “As revoluges si rente paradoxo da economia brasileira dos anos 30 que foi, 20 mesmo tempo, saneadora ortodoxa das financas, industrialista ecentralizadora, Os industriais avancados nao se congregavam em um partido e 6 se mani- festavam episodicamente pelos seus érgios de classe, situasio que permitin 20 Executivo chamar os empresitios a exercer a funcio de consultores da politica ‘eonémica oficial, Esse esquema pré-tecnocritico funcionou regularmente a partir de 1931 com a ctiagio do Ministxio do Trabalh ia e Comércio confia- do a um castlhista convicto e metédico, Lindolfo Collor. As deliberages do governo eram, em geral, precedidas de encontros de comiss6es mistas de indus- tials ¢ altos funcionérios. Getilio defendia essas priticas da sua gestio conce- bendo-as em um quadro moderno ¢ internacional em que a romada de decis6es pelo Executivo se esta fazendo no ambito de comités de peritos: “A época é das assembleias especializadas, dos conselhos técnicos integrados & administracao”.* Recapiulando: a praxis republican no Rio Grande, ampliada pelo grupo ‘que subiu a0 poder com a Revolugio de Oucubro, interferia no processo de aeu- ‘mulagio da burguesia ora mediante instramentos Fisais, tributando ou isentan- © Care datada do Rio de Jaci, spud Wirth, John. A politics do dsenvolvimen- toma era de Vargas. Rio de Jaci: XXL ito em A nova ordem politic do Brat. Rio de As rags ente os industiais pauses fia bem esla- sas aconalizadoras que oconsuladogetulian implant sintemitico todas as eftras do Estado. CE. govern tiva, de Wabrlich, Beatriz de Soura. In: Reina de A Para conhecer por dentro a a¢i0 do poder pil mento ej 0 de Gustavo Capanema,editado po auto-reato.Braia: Universidade Nacional de Bras, 1983, 212 — do, ora mais ditetamente, pela encampasio de redes de transportes segundo ema da socializasao dos servigas puiblicos. Que essa politica néo era contingen- le Comte que presidia as relagées do capital com o trabalho vi- porasio do proletariado a saiedade moderna. B aqui chegamos & quarta findamental do positvismo pelo PRR Maio do que se afirma sobre a influéncia dos modelos comporativos na le- gislicgo trabalhista do Estado Novo se eslarece melhor pelo estudo das medidas tuteladoras que jé figuravam no idedrio do Apostolado Postivsta, na versio que thes deu Julio de Castlhos e nas intervengoes pontuais de Borges de Medeiros. Casilhos, quando redator da Constnuizio de91, derao primero pass para for ‘malizaraincorporacio auspiciada pelo mest: “Ficam suprimidas quaisquerdistingbes centre 0s funcionztos piblicos de quadros cos simp jomaleiros, estendendo-se.a.estes as vantagens de que gozarem aquces’, éo artigo 74 daquele diploma legal. Enquanto depurado a Constiuinte Nacional, Castilhos no conseguia fa- zeraprovar a tee da equiparacio salarial que chocava as liberais. Mascomo chefe inconteste dos tepublicanos gatichos, bastou a sua palavra para que o artigo pas- sasse a constar da lei maior do Estado. ; “Morro Castilhos a poktca social seguida por Borges de Medeiros como presidente cinco veze retkio do Rio Grande se pauaria por dois prinipios complementares —o primeiro, que, no contexto do Brasil aligirquico, se poderia chamar pro- sgyesssta, consistia em acolher e sancionar com a autoridade do Exccutivo certas reivindicagles t6picas dos trabalhadores urbanos que jé demandavam redu- 40 da jornada, melhores condiges de vida na fabricae salérios menos vis ~ 6 segundo, que certamente se pode chamar de centralizador, © que atri- bufa 20 Estado a fungio de mediar e, nos casos extremos, arbitrar 0s confli- tos entre operdrios e patrdes. ‘A histéria das greves no Rio Grande jé estd em boa parte contada, sabendo-se «que Borges procurou, mais de una vez, tender aos reclamos dos operérios ao mesmo {tempo em que mandzva eoibir a5 manifetagbestidas por violent. Cumpria as- sim o pape de tribunal privlegiad da questo tabalhis, o que se comvertri em instivuigdo quando Vargas ¢ Lindolfo Collor criaram ério do Trabalho. ‘© papel do governo estadual na greve de 1 déncia que seria, mais tarde, qualificada de paternal a0s olhos dos sindicatos da capital gatcha, como seu pro Borges entio aparece, ‘io s6 por ter apeiado 2 Ver Pecersen, Siva Ferraz. As greves no RGS (1890-1915) In: RS: economia e politica. Op. 213 cficazmente as suas demandas como também por haver tabelado os pregos dos sgtneros de primeira necessdade, A atitude do governo do PRR afastava-s, nesse pponto, do tratamento sistematicamente feroz que as oligarquias de outros esta- dos davam entio as greves operas. Se analisarmos a estrurura da Consolidacso das Leis do Trabalho, a nossa familiar CLT, promulgada em 1943, e que com poucas mudaneas ainda rege as relagbes legais entre 0 capital ¢ 0 trabalho, constatamos a vigéncia desse duplo registro, progressista¢ autortério, que punge como uma contradigéo mal resol- vida. (3s titulos da lei que contemplam os dos trabalhadores, enquanto ‘ais, austam-se linha reformista e hut ia que veio de Saint-Simon e inte- grou-se na moral social positivist. PressupSem que se deva reconbecero batho, ignificar a pobreza, protgé-la dos interes egoitas de que é usciro 0 empirismo indusrialina: expressbes todas forjadas por Augusto Comte. Os dispositivos trabalhistas que aquele cédigo acolheu se vieram afinando, 20 longo do séeulo XIX, pela pauta das trade unions ¢ dos sindicatos europeus. Coincidem, as vezes lteralmente, com os programas minimos dos partidos socia- listas que se organizaram pouco a pouco na Argentina e no Uruguai, onde as lis socizis foram precoces, ¢ mais episodicamente entre nés, gracas 3 lideranca de ‘peritios chegados com as grandes migragées dos anos 90. Fazem parte dessa pauta: a redugio da jornadsa, as tio ansiadas oito horas, que s6 se aleancaram no século XX; a regulamentacio do trabalho notur luindo a sua proibigéo as mulheres e 20s menores; 0 repouso semanal; ‘la determinazione dci salério & sotratta a qualsiasi norma generale e affidata allfaccordo delle parti nei contratticoletivi” (Declaragio XI). O direito de greve, desde que excrcido sem violéncia, é uma reivindicaggo comum 8s doutrinas socialistas moderadas e 20 idedtio dos igi sos. Vem 2o caso mencionar os artigos de Teixeira Mendes s vistas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em 19062” * Para uma visio mais geral do problems, ver o enssio de Rowland, Roberto. Clase opersiae ‘stado de compromiso:origensestrutuais da legilagSo tabalhistae sindical. In: Eitudor Co rap, 0.8, p. 5-40, 1974, * Ver Os positivistase as greves. In: Cruz Costa. O positiviono ne Replica, p. 56-66. 214 nacionais de modernizagio a que se refere Gerschenkron para encare enc dos frre cules ieolgicos no desenvolvimento de cada formasio ‘capitalista, Na Inglaterra, o primum mobilefoi a organizagao sindical ea sua pressio junto & Camara dos wis caudatitios da siana de Bismarck Entre nés, quase tudo 0 que houve de ss ‘Trabalho, portanto no plano do Estado, ou: jtivista. Sao as famosas circulars enviadas a D. Pedro Ile aos presidentes repuiblicanos pelo Apostolado; é a incluséo de um inciso wrabalhista na Const- tuigfo gaticha por obra de Castilhos; é gestio cficaz de Borges de Medeiros in- dos grevistas em 1917; € é sobretu- lor, a pedido de Vargas, e que endos- cas como Evaristo de Morais, Joaquim consultores “de esquerda” do Ministé- i i isador inicial das ‘A transigfo do regime escravo para assalariado foi o catalisador i dias pré-trabalhistas dos nossoscomtianos. No programa do Partido Republi cano Histérico redigido por Jilio de Castilhos constam os seguit ns: regi- me de oito horas de trabalho nas oficinas do Estado ¢ nas indus revisor que no quer deixar 20 Bes dos novos assalariados egressos do social no Brasil endo 5 Bntendese melhor a artculagéestiticas entre postivsmo reformist socal ceazto de Evaisto de Moris Filho, estuioro do jovem Comte eperito em diceivo do trabalho: indicalsmo no Brasil desde 30. In: Tendencies do diciapblic Rio de Janet: Fo ‘Ver também Gomes, Angela de Castro. A invengio do rabalhismo. Rio de Janeico: Ing Ida poiicardeJlio de Castibos.p. 578479. 25 dos ibertos em face dos chefes agrfcolas, que, sem prejuao deste, no Progresssmo e autoritarismo. Est kino registro, que vem da ata centralizagio do Partido Republicano Rio-Grandens, enformara CLT sancionadaem pleno Esado Novo aberta aos direitos do operitio, enguanto rabalhador, fechou-se aos quanto cidadio. Em todo estado normal da humanidade, cada cidadao constirui reabmente um funciondrio pili. Discours sur l'ensemble du positivisme ‘outubro de 1887; ese dio, mais eo cg mpresionnte de impens dou guste Ficam suprimidas quaisquer distingbes entre os funciondrios piiblico de quadros eos simples jor- nnaleiros,estendendo-sea estes as vantagens de que Jilio de Castilhos AYSANTA MENON MED 0S PRET ‘TOUSSAINTLOUVERTURE we—m, "mai ms pe te wt ‘A veorbita 80 cxith in me nin oe gam yng wi Miguel Lemos rem chgado das eure na rua monsicurle-princ, dea, cep: ine durialsmo quando 1do regulad,rorne-s uma Fong moral e penurbador, que pode detrminar 217 (© Titulo V da Consolidacéo das Leis do ‘Trabalho absorve (a metafora or- Binica nao € casual) os sindicatos operirios e patronais na drbita do ministér [Nos anos 30 as associagles slo estimuladas a crescer, 0 que era esperivel d 2 de apoio ao cooperativismo seguida por Borges ¢ Vargas quando presi do Rio Grande; mas, a0 mesmo tempo, sio firmemente cooptadas pelo aparetho cestatal. Ao poder ptiblico competira reconhecer os sindicatos, legalizé-os e pro- vé-los de fundos mediante a aplicacio do imposto sindical obrigatsrio. O gover- no, pot meio de seus érgios técnicos,iria negociar com as entidades de classe nos momentos de crise, 0 que daria a tonica do trabalhismo brasileiro até, pelo me- znos, 1964. A CLT construiu uma ponte de dupla mio entre a burocracia minis- terial € 0 sindicato, Para Comte, “em todo estado normal da humanidade, cada idadlio consticui realmente um funcionério puiblico”:* ‘Uma questo paralela, ainda mal esclarecida pelos intéxpretes da nossa his- X6ria social, diz respeito & sobrevivéncia tenaz do modelo centralizador apés a queda do Estado Novo. Nem a Constituinte de 1946, cujo fito ostensivo era “re- democratizar o pais, alterou a estrutura sindical herdada, nem as organizagics operirias, entao ditigidas pela esquerda ortodoxa, se empenharam em cancelar ‘9s aspectos corporativos da Iegislacio trabalhista. Mais um caso de enxertia ins- tinucional de longa durasio? Enfim, nenhum estudo sobre o papel do positivismo social na América La- tina poders deixar na sombra a extrema valorizagio que no seu discurso recebeu © projeto de um ensino fundamental gratuito e leigo. Aqui, forsa é convir, com: tianos e spencerianos davam-s fraternalmente as méos, pois os aproximava a fé inababivel na ciéncia como fautora do progresso ¢ na educacio como a sua via real No entanto, mesmo considerada a vigéncia de valores comuns, ressalte-se {que os ortodoxos timbravam em defender algumas idéias préprias hauidas dire- tamente dos escritas candnicos, ‘Nao cabe reconstituir neste ensaio o pensamento educacional de Comte; jé 0 fezde modo exemplar um seu intéxprete francés, Paul Arbousse-Bastide, a quem devernos uma andlise detida do Discourssur I'entembble du postiviome:® Nesta obra Comte estabelecia os liames entre 0 ensino bésico universalizado e a formagio do bon prolétaire, expressio que Arbousse-Bastide inventou por analogia a0 bon ‘coin 0 tempo a decomposigio de uma sociedade” Apud Boiteux, Ruyter Demaria. A questio sociale positivism. In: Anais de IV runito de possviseas, Rio de Jancizo, 1981. .101. © Discours sur Vemtemble du posiivome.p. 165. © Arbousse-Bastide, B La doctrine de Uaeducatinuniverclle dant la philesophie Auguste come. Paris: Puf, 1957. 2. 218 sauvage. A certa altura do Discours, est dito: “Cada proletétio eonstitui, de mais dde um ponto de vista, um filésofo espontineo, assim como todo filésofo repre- senta, sob diversos aspectos, um prolerdrio sistemtico”. ‘Acscola primétia gratuita é assim projerada no quadro mais amplo da edu- casio popular, que Comte prefere chamar ‘proletéia’, na verdade a tinica de que (s governantes se deveriam encarregar, delegando aos diferentes grupos sociais Que o Estado cuide da educagio fun- damental do povo e se abstenha de con so de flsos douto- res, esses portadores de diplomas que engrossam as fileiras da pedantocracia ‘Sabe-se que sairam de cabeges positivstas as reformas educacionais do Mé- xico e do Unuguai nos fins do século XIX. Pela documentacio que testemunha ‘essa presensa, acessivel hoje gracas & obra ica de Leopoldo Zea, Pensa iento positivista latinoamericano, pode-se medir a intensidade com que as idias puiblicas quanto as dou- ‘tinas pedagégicas daqueles projetos nacio Entre ns, as estaisticas comparadas mostram que nenhuma administracio ‘estadual dedicou maior atencZo & escola priméria ¢ ao ensino técnico-prot nal do que o Rio Grande castlhista e borgista, Por out

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