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ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND so50-r2208-58 Nast Av. Torres de Oliveira, 76 - Jaguaré - 05347-902-Sao PaulolSP Tel. 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Embora tenham sido tomadas as devidas precaugées para quo dela cconstom informagées atualizadas e corretas sobre o assunto, a Associagao Brasileira de Cimento Portiand exime-se de toda e qualquer responsabilidade quanto ao emprego dos principios aqui estabelecidos, a qual é do proprio usudrio. Arcnmus mavens (Afrsesess svcns ransso Proibida a reprodugao total ou parcial, ‘Todos os direitos reservados & Associagéo Brasileira de Cimento Portland ‘Av. Torres de Oliveira, 76 - Jaguaré CEP 05347-902 Sao Paulo/SP Fone: (55-011) 3760-6300 - Fax: (56-011) 3760-5400 Reviséo: 3 8 Associagao Brasileira de Cimento Portland PARAMETROS DE DOSAGEM DO CONCRETO Por Puiblio Penna Firme Rodrigues Engenheiro Civil og ‘So Paulo outubro de 1998, 18 edigao - 1984 24 edi¢ao - 1990 Reimpressao da 2* edigdio - 1995, 38 edigao - 1998 RODRIGUES, Publio Penna Firme Parametros de dosagem do concreto, 3.¢.d. Sao Paulo, Associagao Brasileira de Cimento Portland, 1998. 82p. (ET-67) ISBN 85-87024-06-X Conecreto: dosagem Goncreto: propriedades CDD: 691.321 Proibida a reprodugao total ou parcial. ‘Todos os direitos reservados & Associagao Brasileira de Cimento Portland Avenida Torres de Oliveira, 76 - Jaguaré CEP 05347-902 Sao Paulo/SP Fone: 55-11-3760.5300 - Fax: 55-11-3760.5400 2 24 22 224 222 2.2.3 2.24 23 23.4 2.3.2 34 32 3.3 3.3.1 3.3.2 333 34 35 SUMARIO INTRODUGAO, FUNDAMENTOS DA DOSAGEM EXPERIMENTAL Dofinicéo © Consideragées Gerais Conereto Fresco , Condigoes de execugao da obra Agregado mitido.... Agregado grado .. Cimento e agua. Conereto Endurecido Resisténcia mecanica Durabilidade METODO DE DOSAGEM ABCP/ACI Consideragées Preliminares Fundamentos do Método Fixagao da Relagdo Agua/Cimento Quando a resisténcia normal do cimento & conhecida’ oe : Quando a resisténcia normal do cimento é desco- nhecida mas é conhecida a resistencia média do Cimento eM QUESTA ones Quando 0 desconhecimento ¢ total Determinagao Aproximada do Consumo de Agua do Conereto Determinagao do Consumo de Cimento ... 10 “10 " 12 12 13 13 14 15 15 16 17 7 19 19 24 3.6 _Determinagéio do Consumo de Agregados 24 RODRIGUES, Pablio Penna Firme. Pardmetros de dosagem do concreto. 3.6.1 Determinagao do consumo de agregado gratido .... eB Sed. Sao Paulo, ABCP, 1998. 32p. (ET-67) 3.62 — Determinago do consumo de agregado mitido c 23 3.7 Apresentago do Trago do Concreto : 24 3.8 — Mistura Experimental e Eventuais Corregdes - RecomendagGes wn.nrn 24 4 EXEMPLO DE APLICAGAO DO METODO 26 4.1 Objetivo, Exig&ncias e Dados Fornecidos 26 42 Solugdo : 27 4.21 1etapa: fixagao da relagao alc ames) 4.22 — 2 etapa: determinagao do consumo de agua 28 4.2.3 3*etapa: determinagao do consumo de cimento eee 8B 4.2.4 4 etapa: determinagao do consumo de agregado gratido 28 4.25 5* etapa: determinagao do consumo de areia... 28 Apresenta a metodologia de dosagem experimental, adaptada as 4.2.6 — 6# etapa: apresentacao do traco 29 condicdes brasileiras pela Assossiagdo Brasileira de Cimento Portland (ABCP) 4.2.7 Observagées finais 29 a partir do método do American Concrete Institute (ACI), principalmente no que se refere aos agregados especificados pela Norma Brasileira NBR 7211- Agregados para concreto. S40 apresentados também exemplos numéricos de 30 aplicagao do método, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .... Palavras-chave: Concreto - Dosagem; Concreto - Propriedades. 1 INTRODUGAO A utilizago do concreto como material de construgao remonta desde a 6poca dos romanos, quando era utilizado um material semelhante, tendo como aglomerante uma mistura de cal e cinza vulednica (pozolana natural), sendo que com este material foram realizadas notaveis obras de engenharia. Com 0 advento do cimento portland, no século passado, 0 concreto assou, definitivamente, a ocupar lugar de destaque entre os materiais de Construgao. Isto ocorreu gragas a enorme versatilidade desse material, capaz de ser moldado com relatva faciidade as mais caprichosas formas arquiteténicas, ‘com custo relativamente baixo e bom desempenho estrutural A principio, a dosagem, isto é, o proporcionamento dos materials, cimento, ‘gua e agregados, era feita sem nenhum critério cientifico ou let relativos aos ‘materiais que eram utilizados na preparagao do concreto. A rigor nao se poderia cchamar estes procedimentos de dosagem, pois na realidade o que se fazia era simplesmente seguir receitas, ou seja, usar tracos que jé haviam sido utiizados com relativo sucesso. Com 0 passar do tempo, as técnicas de calculo estrutural experimentaram notaveis progressos que, alladas ao maior conhecimento dos comportamentos mecénicos do concreto e do aco, fizeram surgir estruturas mais arrojadas em Conereto armado ou protendido. Nessas estruturas, 0 concreto passou a ser submetido a tenses mais elevadas havendo a necessidade do desenvolvimento de metodologias de dosagem mais precisas, baseadas em leis cientificas & ensaios experimentais que pudessem garantir ao concreto a resisténcia e durabilidade necessérias, com baixo custo e em condigées de concorrer com outros materiais de construgao. Esses procedimentos de dosagem sao ‘modernamente denominados Dosagem Experimental do Concreto, Logicamente que as receitas nao desapareceram, e ainda vao Permanecer por muito tempo, pois a dosagem racional, isto 6, a busca da roporgao mais econémica dos constituintes do concreto, somente serd viavel economicamente quando se tiver volumes considerdveis a serem concretados, havendo, porém, inimeros casos de pequenas obras nos quais se justifica plenamente a utilizagao de tracos tipicos jd aplicados na_ mesma regio em obras semethantes'. Neste trabalho serd apresentada uma metodologia de dosagem experi- mental, baseada no método desenvolvido pelo American Concrete Institute (ACI) fe adaptado pela Associagao Brasileira de Cimento Portland (ABCP) as condicdes brasileiras, isto é, para agregados que cumpram a norma NBR 7211°. 7 2 FUNDAMENTOS DA DOSAGEM EXPERIMENTAL 21 Definigéio e Consideragées Gerais ‘Adosagem do concreto pode ser definida como sendo o proporcionamento adequado dos materiais, cimento, agua, agregados, e eventualmente aditivos, de maneira que 0 produto resultante dessa mistura atenda aos seguintes requisitos® a) no estado fresco, deve possuir trabalhabilidade adequada para que,de acordo com os meios disponiveis na obra, possa ser transportado, langado ¢ adensado, sem ocorréncia de segregacao, de acordo com as normas correntes da boa execugao de obras de conereto; b) no estado endurecido, o concreto deve possuir as caracteristicas especificadas no projeto da obra, isto é, deve ter resisténcia, durabilidade, permeabilidade etc., compativeis com as solicitagoes impostas pelas condigdes e destino a que estara sujeita a obra acabada; e, ©) _finalmente, todas estas propriedades exigidas do conereto, tanto No estado fresco como no endurecido, devem ser conseguidas com ‘omenor custo possivel, para que a obra seja economicamente vidvel .e competitiva com outros materiais alternativos para a sua execugao. De acordo com a definigéo apresentada, conclui-se que o processo de dosagem ¢ bastante abrangente, exigindo por parte do técnico que ird executé- 'o um amplo conhecimento nao apenas relativo aos materiais disponiveis, mas também dos recursos existentes na obra, como, por exemplo: sistemas de mistura, transporte, langamento e adensamento; condigdes de cura; resisténcia exigida; ¢ risco de ataque quimico ao concreto', conforme mostra a Figura 1 De posse desses elementos serd possivel, através de um método de dosagem, chegar-se a um primeiro trago de concreto. Entretanto, como & impossivel levar-se em consideragao todos os parametros de dosagem em um, unico método, ha a necessidade de se fazer uma mistura experimental e eventuals corregdes, encontrando-se entio 0 trago definitivo a ser utiizado na obra. AAs propriedades do concreto, fresco e endurecido, sao influenciadas pelos materiais com que ele 6 executado, e principalmente pela quantidade que cada 8 FORMA DO | AGREGADO. PROPORQAO DE CADA ‘GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS TIPO DE AGREGADO. DO AGREGADO DIAMETRO MAXIMO ‘SECAO DA PEGAE |ESPACAMENTO DAS BARRAS DURABILIDADE REQUERIDA, TRABALHABILIDADE. PROPORGAO AGREGADOICIMENTO (m) TRAGO, POR BETONADA, PROCESSO DE ADENSAMENTO | PESO DOS COMPONENTES TENCIA EXIGIDA Cc DADE PARA RESIS] RELAGAO AGUAICIMENTO (X) RESISTENCIA CARACTERISTICA ‘QUALIDADE RESISTENCIA DE DOSAGEM ‘CONTROLE DE CAPACIDADE DA BETONEIRA FIGURA 1 - Esquema dos principais elementos considerados na dosagem de um conereto. ‘QUIMICO NO ICONCRETO MASSA| TIPO DE CIMENTO ISCO DE ATAQUE um participa na mistura. Além disso, tem-se que 0 desempenho estrutural do concreto endurecido esta intimamente condicionado a trabalhabilidade da mistura fresca. A seguir, serdo feitas algumas consideragdes sobre os fatores, relativos aos materiais € @ obra, que afetam as propriedades e custos do concreto, devendo, portanto, serem considerados no processo de dosagem. Informagdes Complementares poderao ser encontradas na bibliogratia anexa (referencias 3 ed). 22 Conereto Fresco A trabalhabilidade®, principal caracteristica do conereto fresco, depende Ue diversos fatores relativos aos materiais, como a forma e textura das particulas da areia, relagao Agua/cimento, consumo de cimento, ¢ também das condicdes de execugao da obra, como os tipos de transporte, adensamento, dimensdes das pecas, disposicao das armaduras etc. A seguir, serao analisados cada um desses fatores. 2.2.1 Condigdes de execugao da obra A dimensao maxima caracteristica’ (D,,,,) do agregado gratido é condicionada, de acordo" com a NBR 6118, pelas dimensdes das pegas — devendo ser menor que 1/4 da menor distancia entre as faces da forma e 1/3 da altura das lajes — e pelo espacamento das armaduras — onde o espaco livre entre duas barras, dois feixes ou duas luvas da armadura longitudinal de uma viga, néo deve ser menor que 1,2 vezes a dimenséio maxima caracteristica do agregado nas camadas horizontais € 0,5 vezes a mesma dimensao no plano vertical Além das dimensées das pegas e espagamento das armaduras, outro fator que pode limitar a dimensao maxima do agregado ¢ 0 langamento do concreto por meio de bombeamento, onde D,,,, é limitada pelo didmetro da tubulagao’ Quando 0 conjunto de pegas a concretar apresenta caracteristicas diferentes como dimensdes, densidade e espagamento de armaduras, a trabalhabilidade do concreto fresco deverd ser adequada a situagao mais destavoravel. Isto faz com que a mistura seja_antieconémica para as outras pecas, mas € compensado pela maior velocidade de execugao'. 10 ‘As misturas mais fluidas sao recomendaveis para pegas cujas superticies de moldagem sejam grandes em relagdo ao volume do concreto'. © mesmo critério se aplica a pegas densamente armadas. As misturas podem ser tanto mais rijas quanto mais enérgico for 0 proceso de adensamento!, No caso do adensamento manual, a mistura deve ter consisténcia plastica Por razées econémicas, a mistura deve ser a menos fluida possivel’ Como estas misturas sao, normalmente, de adensamento mais dificil, & Necessario que se faga uma avaliacao adequada do concreto fresco, para que © custo de lancamento e adensamento nao fique muito alto a ponto de superar a economia feita com os materiais. 2.2.2 Agregado middo Os agregados mitidos tém influéncia preponderante sobre a plasticidade do concreto, devido a sua caracteristica de possuir uma elevada area especifica, Qualquer alteragao do seu teor na mistura ira provocar alteragoes significativas No consumo de agua e, consequentemente, no de cimento, Como o cimento & © material mais caro, alterages no consumo de areia incidem diretamente sobre 0 custo do conereto. A forma e a textura superficial das particulas tém grande influéncia sobre a plasticidade, sendo que esta sera prejudicada quando forem mais angulosas, rugosas ou alongadas*, ‘Areias mais finas requerem maiores quantidades de dgua de molhagem devido as suas maiores areas especiticas. Em contrapartida, pelo fato de serem mais finas, 0 teor de areia requerido pelo concreto de igual plasticidade sera menor, compensando desta maneira 0 efeito negativo da finura elevada. Areias muito grossas, quando utllizadas em concretos cuja dimenséio maxima do agregado seja pequena (9,5 mm) resultam em misturas muito Asperas e pouco coesivas, devido ao fenémeno de interferéncia entre as particulas* Quantidades excessivas de areia aumentam muito a coesdo da mistura toando mais dificil seu langamento e adensamento®, além de aumentarem 0 consumo de cimento e, consequentemente, o custo do concreto. "1 Quanto maior for 0 consumo de areia maior serd o de cimento, Isto decorre do fato de que a pasta (cimento + Agua) ¢ o agente lubrificante entre as particulas de areia 2.2.3 Agregado grado As particulas arredondadas ou subarredondadas e de textura superficial lisa — como 0 seixo rolado — favorecem a plasticidade do concreto, exigindo ‘menos agua de amassamento. Em contrapartida, a ligagao matriz-agregado — no estado endurecido — é prejudicada. Agregados provenientes de britagem que possuam forma cibica e com textura superficial rugosa apresentam maior area especitica e requerem, por- tanto, maior quantidade de agua de molhagem. As arestas vivas destes gros provocam também maior arto entre eles, aumentando, conseqlientemente, 0 consumo de agua, areia e cimento, Agregados cujas particulas sao lamelares ou alongadas necessitam de uma maior quantidade de areia para uma dada plasticidade, aumentando, consequentemente, o consumo de agua e cimento da mistura. Agregados com maiores dimensdes maximas caracteristicas requerem menores teores de areia para uma dada plasticidade e, portanto, apresentam ‘menores consumos de agua. A razdo disso pode ser explicada pela diminuigao da area especifica do agregado gratido, que requer, portanto, menos argamassa para cobrir seus gréos e mantera sua capacidade lubrificante entre as particulas do agregado gratido, Portanto, seria vantajosa a adocao da maior dimensao maxima caracteristica, que possibilaria maior economia de cimento;entretando, para D..,, > 38 mm, a perda de resisténcia do concreto devido & menor area de aderéncia entre a pasta ¢ 0 agregado eliminaria essa vantagem*™. Misturas contendo quantidades excessivas de agregados gratidos dao como resultado massas de concreto fresco com baixa coeséio e mobilidade, exigindo grande esforgo para seu langamento ¢ adensamento”. 2.2.4 Cimento e agua O.cimento é o componente mais fino do concreto e, apesar de sua elevada rea especifica, um aumento do seu consumo néio equivale a um aumento proporcional da quantidade de agua para manter constante a plasticidade. Isto 12 corre porque as particulas ultrafinas do cimento funcionam como verdadeiros rolamentos,reduzindo 0 atrito entre os graos maiores dos agregados e permitindo maior fluidez da massa de concreto fresco. O mesmo efeito se obtém quando 0 cimento substituido por inertes menores que 0,15 mm" As principais influéncias do cimento (ou inertes ultrafinos) no concreto fresco sao®: a) a plasticidade aumenta quando a relacao agua/cimento cresce; b) 0 aumento do consumo de cimento (mantendo-se o fator égua/ cimento constante) favorece a plasticidade, aumenta a coeséio da mistura fresca e reduz a segregacao, ©) @ exsudagao é diminuida quando o consumo de cimento aumenta; d) consisténcia deficiente do concreto fresco, devida ao agregado mitido com forma ou textura de particulas defeituosas, pode ser corrigida com 0 aumento do consumo de cimento; e, ©) _cimentos com determinadas adig6es minerals (como a cinza volante) favorecem a plasticidade do concreto, pelo fato das adigdes serem bastante finas ¢ de forma arredondada. A escéria de alto-forno ea argila calcinada podem produzir efeito contratio, 2.3 Conereto Endurecido AAs qualidades desejaveis do concreto endurecido sao: as resisténcias & Compressao, tragdo e tragio na flexao, aderéncia, cisalhamento, durabilidade, impermeabilidade, aparéncia e resisténcia ao desgaste’ Todas estas propriedades, exceto a aparéncia, melhoram com a redugaio da relagao dgua/cimento" (a/c) ou, em outras palavras, sao favorecidas como incremento das resisténcias mecanicas do concreto. Por este motivo, estas sao as principais qualidades que so consideradas na dosagem de um concreto e, adicionalmente, a durabilidade, quando 0 conereto ficar exposto a meio agressivo. 2.3.1 Resisténcia mecanica 13 A resisténcia do concreto pode ser considerada como sendo fungao, principalmente, das resisténcias da pasta de cimento endurecida, do agregado e da ligagao pasta-agregado’. AA resisténcia da pasta de cimento endurecida depende, basicamente, do seu grau de hidratagao e da porosidade. A porosidade da pasta tem forte nlluéncia sobre a resisténcia e pode ser medida, em concretos sem aditivo incorporador de ar, pela relagao a/c, pois quanto mais alta for esta relacdo, menor sera a resisténcia. Em concretos de baixa e média resisténcias, a influéncia da relagao a/c ¢ tao intensa que se constitui na causa principal de alteragao nos valores da resisténcia & compressao, podendo, inclusive, ser 0 Unico parametro a ser considerado, Ja em concretos de alta resistencia (acima de 35 MPa), 05 outros fatores.também devem ser considerados. Aresisténcia do agregado deve ser compativel com a do conereto. Quando isso ocorre, a Unica propriedade mecanica relativa ao agregado que influi na do concreto ¢ 0 seu modulo de elasticidade, que de acordo com KAPLAN ® 6 ‘© mais importante parametro que caracteriza a resisténcia a tragao na flexdo do concreto, e JOHNSTON ™ mostra que uma variacao de mais 20 GPa no médulo de elasticidade do agregado pode incrementar a resistencia compressao em até 9% e a resistencia a tragao em até 20%. Entretanto, esses efeitos s6 so perceptiveis, principalmente no caso da compressao, em concretos de alta resisténcia No que conceme a ligagao pasta-agregado, esta depende, basicamente, da forma, textura superficial e da natureza quimica dos agregados. No primeiro caso, a forma e a textura podem alterar significativamente a area especitica dos agregados, influindo diretamente na resultante da ligacao pasta-agregado Particulas que afastam-se da forma arredondada e tendem para a cubica apresentam maior area especifica, o mesmo ocorrendo quando a textura superficial € rugosa, aumentando consequentemente a resisténcia mecanica do concreto, sendo este fato mais perceptivel no caso da tracao na flexao . 0 mesmo efeito é obtido quando se reduz a dimensao maxima caracteristica do agregado gratido" 2.3.2 Durabilidade A durabilidade do concreto pode ser definida como sendo a sua capacidade de resistir @ agao do tempo, aos ataques quimicos, abrasao ou qualquer outra agao de deterioragao". A durabilidade depende, portanto, do tipo de ataque, fisico ou quimico, a que 0 concreto sera submetido, devendo 14 ser analisados criteriosamente antes da escolha dos materials e da dosagem do concreto. No que conceme a abrasao ou erosao, a durabilidade estara diretamente ligada a resisténcia do concreto. No caso de ataques quimicos provenientes de aguas sulfatadas, quando no for possivel ou a obra nao justifique um estudo mais aprofundado"” da durabilidade do concreto, pode-se adotar para a relagao a/c os valores citados no Quadro 1", pois a experiéncia tem demonstrado que a protegao fisica do concreto 6 to importante quanto o tipo de cimento utllizado, podendo ser aumentada quando se utiliza baixas relagdes alc. MEHTA" mostra que oncretos de cimentos com altos teores de aluminato tricalcico (C,A), que € 0 composto do cimento mais vulneravel ao ataque por sulfetos, ¢ com baixa relagao ale, sdio capazes de resistir por mais de 60 anos agao da agua do mar. Os cimentos mais adequados, neste caso, sao os de moderada resistencia aos sullatos® (MRS) e os cimentos de alto-forno® ” (AF), QUADRO 1 - Relagoes a/c maximas permissiveis para concretos submetidos a condigoes severas™* Tipo da estrutra Estrutura exposta & ago da gua do mar ou sulfatadas* Pegas delgadas e segdes com menos de 2,5 cm de recobrimento 040 dda atmadura _ Outros O45 () No caso da utiizagao de cimentos resistontes aos sullatos, a relagio alc pode sor aumentada de 0,05, 3. METODO DE DOSAGEM ABCP/ACI 3.1 Consideragées Preliminares Como ja foi dito anteriormente, o objetivo final da dosagem 6 a deter- minago da quantidade com que cada material — cimento, agua e agregados — entra na composigao do concreto, ou seja, o consumo dos materiais por metro ctibico de concreto. Os procedimentos adotados na realizagdo dessa mistura € 0 que constitui um método de dosagem, Existem, atualmente, intimeros métodos ou procedimentos para esse tim, sendo que ARREDONDO VERDU ® apresenta em seu trabalho os 15 20 métodos de dosagem mais comuns ou mais conhecidos na Europa; s6 no Brasil, existem 4 métodos bastante conhecidos: Instituto Tecnolégico do Rio Grande do Sul (ITERS), Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Instituto de Pesquisas Tecnolégicas do Estado de Sao Paulo S.A. (IPT) @ ABCP*, A. existéncia desse grande nimero de métodos nao deve ser considerada contraditoria, pois muitos deles referem-se a condigdes especiticas de \rabalhabilidade, como no caso de pré-moldados, outros s4o de carater regional, aplicados somente aos materiais encontrados em uma determinada regido, finalmente existem métodos que diferem nos seus fundamentos, isto é, baseiam: se em curvas granulométricas de referéncia (BOLOMEY, FULLER®) no efeito ede (JOISEL™), na maxima compacidade, area especifica, médulo de finura © método de dosagem atualmente preconizado pela ABCP foi desen- volvido com base nos métodos do ACK" e Portland Cement Institute (PCI)*, adaptando-se as condigées brasileiras. Logicamente que, tendo o Brasil ‘dimensdes continentais, seria praticamente impossivel adaptar esse método a todos os agregados disponiveis no Pais. Procurou-se, entao, fazer uma adaptacao que permitisse a utiizagao de agregados gratidos britados ¢ a areia de io @ que obedecessem a NBR 7211, que seguramente so os mais utlizados ra preparagao de concretos em nosso Pais. 3.2 Fundamentos do Método Este método 6 recomendado para a dosagem de concretos com trabalhabilidade adequada para a moldagem in foco, ou seja, a consisténcia deve ser de semi-plastica a fluida e nao € aplicavel a concretos confeccionados com agregados leves. O método forece em primeira aproximacao as quantidades dos materiais constituintes devendo-se, obrigatoriamente, ser executada uma mistura experimental para verificar se as qualidades desejadas foram atingidas. A utilizagao do método exige 0 conhecimento prévio das seguintes informagoes: a) Materiais tipo, massa especifica e nivel de resisténcia aos 28 dias do cimento a ser ulilizado; andlise granulométrica e massa especifica dos agregados disponiveis; e, ~ massa unitéria compactada’” do agregado gratido b) Conereto ~ dimensio maxima caracteristica admissivel*; ~ consisténcia desejada do concreto fresco, medida pelo abatimento do tronco de cone*, + condi es de exposigao ou finalidade da obra; e, ~ resisténcia de dosagem do conereto® De posse desses elementos a dosagem se resume nos procedimentos desoritos a seguir. 3.3 Fixagéio da Relagio Agua/Cimento A fixagao ou escolha da relacao agua/cimento (a/c) do concreto deve ser feita com base nos critérios de durabilidade e de resisténcia mecanica. No primeiro caso, quando for aplicavel, pode-se adotar as recomendagoes do ACI "* apresentadas no Quadro 1 ou, entao realizar estudo especifico levando em Consideragao 0 grau de exposicao e a intensidade dos agentes agressivos a0 Concreto, adotando-se a relacao a/c eo tipo de cimento mais adequados para a vida util prevista para a estrutura. Aescolha da relagao a/c em funcao da resisténcia mecanica do concreto deve ser feita com base na Curva de Abrams do cimento a ser utilizado. Quando isso nao for possivel, pode-se empregar a Figura 2, tendo-se em mente que ela 6 apenas uma aproximagao da Curva de Abrams. As curvas da Figura 2, também conhecidas como curvas de WALZ®', foram obtidas através de tragos experimentais, realizados no laboratério do Departamento de Concreto (DECON), da ABCP, utilizando-se cimentos de diferentes marcas, tipos e classes* *. Utilizou-se agregado gratido britado (granito) © 0 midido (areia proveniente de rio), A sua utllizagao baseia-se no conhecimento prévio da resisténcia normal do cimento” ou na sua estimativa. Portanto, na adogao da relagao alc, podem ocorter trés situagées distintas: 3.3.1. Quando a resisténcia normal do cimento é conhecida Este 6 0 caso mais favordvel e raramente ocorre. A adogao da relacéio alc € felta diretamente com a resisténcia normal conhecida 0,90 0,85 © cimento aos 5228 dias (MPa) Ey 050 0,55 060 065 0,70 0,75 0,80 0,45 0,40 gees eB fF 8 a 2 (ean) Se9p gz Soe epuenbes oya:su09 op ogsseidwoa @ BOUEISISOLY 18 io agualcimento Relag FIGURA 2 - Gratico para a determinago da relagdo alc em fungao das resisténcias do concreto e cimento aos 28 dias 3.3.2 Quando a resisténcia normal do cimento é desconhecida mas é conhecida a resisténcia média do cimento em questao Esta situagao 6 a que normalmente ocorre, quando se utiliza uma mesma marca de cimento durante um certo tempo. A sua resisténcia pode ser estimada ‘com auxilio dos valores conhecidos. 3.3.3 Quando 0 desconhecimento é total Neste caso, deve-se adotar como estimativa da resisténcia normal do cimento a resisténcia minima especiticada pela norma, de acordo com a classe do cimento, Por exemplo, para um cimento classe 32, deve-se adotar 0 valor de 32 MPa para a resisténcia do cimento. Este procedimento somente deve ser empregado quando o volume de concreto a ser produzido 6 muito pequeno, a Ponto de tomar antieconémica a execugao dos ensaios fisicos do cimento ou a Curva de Abrams. 3.4 Determinagao Aproximada do Consumo de Agua do Concreto (C,) ‘A quantidade de agua necessaria para fornecer ao conoreto fresco uma determinada consisténcia depende das caracteristicas e proporgaes dos ma- teriais utiizados, sendo que os agregados apresentam inlluéncia preponde- fale, @ 0 sou grau de intensidade ira depender da distribuigéo granulométrica, forma e textura das particulas, sabendo-se de antemao que particulas de for. ‘ma arredondadas e superticialmente lisas, como é 0 caso do seixo rolado, S80 mais favoraveis & obtengfio de concretos com menor consumo de agua. Isolando o cardter individual das particulas — forma e textura —, a ‘uantidade de agua para uma dada consisténcia ir depender da distribuigao Granulométrica, ou mais precisamente da area especilica do agregado total, pois quanto maior for esta, maior sera o consumo de digua no concrelo, porque haverd maior superticie de molhagem. Esta regra bastante simples somente se aplica a agregados com particulas maiores que 0,15 mm®, pois as que estao abaixo deste valor, inclusive 0 cimento, apesar de possuirem elevada area especifica, atuam como agente lubrificante entre as particulas maiores do agregado, permitindo, inclusive, a reducao do teor de dgua para um determinado nivel de consisténcia. Pelos fatores expostos conclui-se que 6 bastante dificil, ou quase impossivel, a expresso do consumo de agua por meio de uma lei matematica ligando-a as caracteristicas e quantidades dos outros constituintes do conereto. A agua de amassamento devera ser determinada experimentalmente e os valores frequentemente recomendados, ou obtidas por meio de equagées empiticas, devem ser usados apenas como primeira aproximagao. Os valores constantes no Quadro 2 sao recomendados como pontos de partida para 0 consumo de agua de coneretos preparados com agregado ‘do britado (granito), agregado mitido (areia de rio), consumo de cimento da ordem de 300 kg/m’ e abatimento entre 40 € 100 mm QUADRO 2 - Consumo de agua aproximado (1/n') Abatimento do Dimensao maxima caracteristica do tronco de cone agregado gratido (mm) (mm) 95 [190 | 250 [32,0 | 38,0 40.a60__| 220 5 [190 | 185 | 180 60.4 80 225 | 200 | 195 [190 | 185_| 80.4 100 230 | 205 [200 [195 | 190 No caso do seixo rolado ser usado como agregado gratido, os valores Constantes no Quadro 2 podem ser reduzidos de 5 a 15%? Areias muito finas, como as pertencentes zona 1 da NBR 7211, podem gerar aumentos da ordem de 10% no consumo de agua. Experimentalmente, a determinagao exata do consumo de agua é bastante simples e pode ser obtida através de 2 ou 3 tentativas, executando- Se 0 ensaio de abatimento para medida da consisténcia do concreto. Esta operagao torna-se ainda mais simples com a utilizagao da expressao [1], onde @ agua requerida € fungao do consumo inicial, abatimentos inicial & requerido: a C.-C, (BF a onde. ©, = consumo de agua requerida; = consumo de agua inicial; a, = abatimento requerido: = abatimento inicial, 20 3.5. Determinagao do Consumo de Cimento (C) © consumo de cimento inicial é calculado diretamente com base no consumo de agua @ na relagio alc: (2) logicamente que o calculo dependerd da agua e o acerto do consumo de ci- mento dependera da preciso com que foi feita a sua estimativa. O consumo de cimento geralmente nao afeta a resisténcia mecanica do concreto, no entanto, quando este for muito elevado podera causar um pequeno decréscimo de re- sisténcia. Além disso, consumos mais altos provocam maiores variages volumétricas @ maior quantidade de calor, gerado pela sua hidratagao, o que é Prejudicial as estruturas massivas. O consumo de cimento normalmente varia de 200 a 400 kg/m’. 3.6 Determinago do Consumo de Agregados A determinacao dos consumos de agua e cimento é relativamente simples, bastando-se utilizar algumas regras praticas e 0 auxilio das curvas de resisténcia do concreto (Figura 2). Uma vez obtidos estes dois consumos, o de agregados pode ser obtido pela diferenga de volume necessaria para compor 1m’ de concreto. Entretanto, os agregados sao compostos por mitido (areia) e gratido, sendo necessario que se faga, adequadamente, o proporcionamento de cada um para a composicao da curva granulométrica do agregado total. Realmente, este 6 0 ponto chave da dosagem do conecreto, pois ele € quem vai ditar a trabalhabilidade e o custo final. Existem, atualmente, diversos métodos para o proporcionamento dos agregados, sendo que os mais comuns, ou mais utilizados, baseiam-se em curvas de referéncia, tedricas ou praticas, como 6 0 caso do método do INT", © maior problema das curvas granulométricas de referéncia é que dificilmente dispdem-se de agregados que, quando misturados, se enquadrem precisamente na curva especificada, ¢ o que normalmente se obtém é outra curva, distinta da desejada. No método preconizado pela ABCP, o proporcionamento agregado gratide/middo ¢ feito determinando-se 0 teor timo de agregado gratido na mistura, em fungao da sua dimensao maxima caracteristica e do médulo de finura da areia®, enquanto que 0 consumo de areia sera fungao dos teores de pasta e agregado gratido do concreto. 24 3.6.1. Determinagao do consumo de agregado gratido (C, ) O-consumo estimado de agregado gratido 6 obtido diretamente do Quadro 3. onde sao fornecidos os volumes compactados a seco por metro cibico de conereto, em fungao da sua dimensao maxima caracteristica (D,,,, }e do modulo de finura (MF) da areia, QUADRO 3. - Volume compactado seco (V,) de agregado gratido por iri'de conerelo ME Dim) be 5 j90 [250 [320 | 3a0_| 18 0770 | 0,795 | 0,820 | 0,845 2.0 0,750_|~ 0.775 | 0,800 | 0.895 22- 0,730_|~0,755 |~0,780 | 0.005 _| 24 0710 | 0.735 | 0,760 | 0,785 2.6. 0,690_|70,715 | 0,740 | 0.765 28 0,670 | 0.695 | ~0,720 [0.745 3,0 0,650 _|~0.675 | ~0.700_| 0.725 32 0,630_| 0.655 | ~0,680 | 0,705 [3.4 0,610 | 0,635 | 0,660 | 0.685 36 0,590 |~0.615 | 0,640 | 0.665 Qs valores constantes no Quadro 3 foram obtidos experimentalmente, na ABCP, com base nos trabalhos desenvolvides pelo AC/® e pelo PCI da Africa do’ Sur? A delerminagao de C, 6 feita pela expressao: C,=V,

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