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“Esta obra comporta trés par- tes nitidamente delimitadas pelo tema e pelo método. A primei- 3, que enfoca a meméria e os fenémenos mneménicos, esti sob a égide da fenomenologia, no sentido husserliano do termo. A segunda, dedicada 4 historia, procede de uma epistemologia das ciéncias histéricas. A terceira, que culmina numa me sobre o esquecimento, enquadra-se numa hermenéutica da con- digdo historica dos seres humanos que somos. Mas essas trés partes nio constituem trés livros. Embora os trés ‘mastros sustentem velames entrelagados, mas distintos, eles perten- cem i mesma embarcacio, destinada a uma s6 ¢ tinica navegacio. De fato, uma problemitica comum corre através da fenomeno- logia da meméri da epistemologia da histéria e da hermenéu- tica da condi¢io histérica: a da representagio do passado, Perturba-me 0 inquietante espeticulo que apresentam 0 exces so de meméria aqui, o excesso de esquecimento acoli, em falar da influéncia das comemoragées ¢ dos erros de meméria — e de esquecimento. A idéia de uma politica da justa meméria é, sob esse aspecto, um de meus temas cf ‘0s confessos.” Paul Riceur ESTE LIVRO de Paul Ricceur pode ser considerado uma suma de sua obra. Como se isso jf no bastasse para fazer deste volume uma leitura obrigatéria, encon- tramos nele também, apre- sentado de modo erudito e brilhante, 0 debate hist6. rico em torno dos grandes temas da meméria, da historia © do esquecimen to. Como uma espécie de eixo ordenador desta obra, vemos 0 Holocausto, que surge como uma rachadura na episteme ena paisagem do século XX. Ricoeur foi tum dos poucos que enfien- taram de modo tio detido € fandamentado as ques. tes da necessiria reavalia- cio de nossa concepgio de meméria, da nova tarefa da historiografia e do problema do perdio e do esquecimen to, temas que nos foram impostos com uma nova in tensidade pela realidade ra- dical daquele genocidio. A idéia de se fazer uma fi nomenologia da meméria € muito bem-vinda, Desse modo Riceur procurou A mem6ria, a histéria, 0 esquecimento EE... eminem Paul Ricceur A MEMORIA, A HISTORIA, O ESQUECIMENTO Espacos da Meméria RaxGor Rica, Pal 95 Alain ranois eal Campinas: Editors da Unica, so Tidgio de: La meine hist tbl z mms rulgareapofundr ese camp de pei, cleo tem um carter ined 3 Tiel original: a mma, Pie Fo bras abrem a perspec de aa sng 3 coe enna tum embote ent dives dacs mnemnicoe resto da inguagem capa genet cei por Baden Warremberg GRE loser Wiblngen Copyrigh da ado © 2007 by Era da Unica Sumirio Adverténcia DA MEMORIA E DA REMINISCENCIA 1 Meméria e Imaginagao Nota de orientacao 1 Aheranga grega 1. Pato: a tepresentacdo presente de uma coisa ausente 2. Arstteles: “A meméria & do passado’ I. Esboco fenomenoiégico da meméria IIL, A Tembeanga e aimagem 2A Meméria Exercitada: Uso e Abuso Nota de orientagao Os abusos da meméria artificial: as proezas da memorizagio II. Os abusos da meméria natural: meméria impedida, meméria manipulada, meméria comandada de modo abusivo 1. Nivel patologico-terapéutico: a meméria impedida 2. Nivel pritico: ameméria manipulada 3, Nivel ético-poitica: a meméria obrigad 3 Meméria Pessoal, Meméria Coletion Nota de orientagio 2 83 93 105 ILA tradigdo do olbar interior 1. Santo Agostino 2.John Locke 3. Husser! UL O olhar exterior: Maurice Halbwachs IIL Tres sujeitos de atribuigao da lembranca: eu, 0s coletivos, 0 préximos: HISTORIA / EPISTEMOLOGIA Prelidio A historia: remédio ou veneno? 1 Fase Documental: a Meméria Arquivada Nota de orientagio Oespaco habitado, ILO tempo histérico I. O testemunho IV. Oarquivo V. A prova documental 2 Explicacdo/Compreensdo Nota de orientagio A promogio da histéria das mentalidades I. Sobre alguns mestres de rigor: Miche! Foucaull, Michel de Certeau, Norbert Elias UL. Variagies de escalas IV. Da idéia de mentalidade a de representacio 1 Escala deeficscia ou de coergio 2. Escala dos geaus dele itimacao 3 Escala das aspectos nio-quantitativos dos tempos sociais V. A dialética da representagio 3.4 Representagio Historiadora Nota de orientagao 107 107 3 19 130 134 156 162 170 176 188 193 193 198 210 20 237 230 232 235 238 247 247 L Representagio e narracio IL Representagio e cetsirica ILL A representacio historiadora e os prestigios da imagem IV. Representancia A CONDICAO HISTORICA Prelidio O fardo da histéria ¢ o nao-historico 1A Filosofia Critica da Hist6ria Nota de orientagao "Die Geschichte selber’, “a prépria historia” TI. "Nossa” modernidade IIL O historiador e ojuiz IV. A interpretagao em histéria 2 Histéria e Tempo Nota de orientagao 1 Temporalidade 1. Oser-para-a-mo-te 2.A morte em histria I. Historicidade Lats 2. Historicidade ehistoriografia IIL Ser-“no"-tempo No camino do inauténtico etria do teemo Gescihtihteit 2. Oser-no-tempo ¢a dialtica da memaéria e da historia IV. A inguietante est-anheza da historia 1. Maurice Halbwachs: a meméra fraturada pela historia 2.Yerushalmi “mal-estar na historiografia’ 3. Pierre Nora: inséitos lugares de memoria 3.0 Esquecimento Nota de orientagao 250 261 24 288 303 303 309 309 31 320 330 347 1. Oesquecimento e o apagamento dos rastros. TL Oesquecimento ea persisténcia dos rastros, TL. O esquecimento de recordagio: usos e abusos. 1. Oesquecimento ea meméria impedia 2, Oesquecimento ea meméria manipulada 3. O esquecimento comandado: a anistia © PERDAO DIFICIL 1 A equacao do perdao 1, Profundidade: a falta 2. Altura: 0 perdio I. A odisséia do espirito de perdao: a travessia das instituigdes A culpabilidade criminal eo impreseritivel 2. A culpabilidade politica 3.4 culpabilidade moral IIL A odisséia do espirito de perdio: a escala da troca 1. Aveconomia do dom 2. Dom eperdio IV. Oretorno sobre si 1. O perdio ea promessa 2. Desligar o agente de seu ato \V. Retorno sobre um itinersiro: recapitulagao 1A meméria feliz 2. Histriainfliz? 3.0 perdioe oesquecimento INDICES Indice temitico Indice dos nomes ¢ das obras citadas 467 467 an 476 47 481 482 484 486 488 492 492 497 501 502 504 507 Em memera de Simone Rica ‘Num gat exci da biblioteca do mostra erguese magica culkura barca fa gute dupl da hs, Na frente, Cees, ode iso veo do qual adits ents arancar uma fla. Ati tina deinsabiidad + mo esuerda deo gosto do deus, enquat Adverténcia sta pesquisa tem origem em diversas preocupag®es, unas pessonis, otras pro~ fissionaseoutras,finalmente, que ex chamaria de pablicas. Preocupagio pessoal: para nada dizer do alhardirigido ora. uma longa Vida — Reflexion faite —,trata-se aqui de uma volta a uma oe Narra ‘operacio narratva se en‘tentam dietament, a0 prego de ut impasse sobre a me lacuna na problemstica deTi ae em Si mesmo como nin out, em que a experiencia temporal © ria e, pio a sobre 0 esquecimento, esses niveisintermesiatios entre tempo ¢ ‘Consideragio profssional: esta pesquisa reflete uma convivéncia com trabalhos, seminitios ecoléquios onganizados por historiadores profissionais confrontados co tos mesmos problemas reativos aos vinculos entre a memoria e a histira, Este Hivro prolonga, assim, um cokiquio ininterrupto. eacupacho publica: perturba-me o inguietanteespeticulo que apres ntam oe ‘esso de memeria aqui, o excesso de esquecimento col, sem falar da influéncia das ‘omemoracdes e dos erres de meméria —e de esquecimento. A ideia de uma politica dla justa meméria é, sob esse aspecto, um de meus temas civicos confessos Esto obra comportatrés partes nitidamente delimitadas pelo tema e pelo méto lo. A primeira, que enfeca a meméria e os fendmenos mnemdnicos, esti sob a Sg tia fenomenologia, no sentido husseriano do temo. A segunda, dedicada & historia, procede de uma epistemologia das cincia histricas. A terceira, que culmina numa smevltagdo sobre o esquecimenta, enquadra-se numa hermentutica da condigio hist rica dos sees humanos que somos ‘Cada uma dessas partes se desenvolve segundo um percurso orientado, que as i da meni inieia de- sume, a cada vez, um Fimo ternrio. Assim, a fenomenolo Tineradamente por uma anslise voltada para o objeto de meme, a lembranga que temos diante slo esprit; clepois, ela atravessa 0 © igo da busca da Fembranga, da anamnésia, da recordago; passa-se, Finalmente, da meméiria dada eexercida a memé- ta refletda, meméria de si mesmo, © percurso epistemoldgico abrange as tés fases da operagdo historiogrfica; do «stigio do testemunho © dos arquivos, passa pelos usos do “porque” nas figuras da explicacdo eda compreensio,terminanda no plano da escrta da representacao histo adora do passade, A hermenéutica da condicio histirica tamibém conhece ts estigios; primeiro ‘60 de uma filosofia critica da historia, de uma hermenéutia ertia,atenta aos I ites do conhecimento histrico, que cera tris do saber transgride de mips Imaneiras; 0 segundo é o de uma hermenéutica ontoigica que se dedica a explora ‘8 modalidades de temporalizagdo que, juntas, constituem a condigio existencial do conhecimento histirico; escavado sob os passos da meméria e da historia, abre-se _entao 0 império do esquecimento, império dividido contra si mesmo, entee a ameaga do apagamento definitive dos rastros e a garantia de que os recursos da anamnésia ‘Sto postos em reserva Mas essas tr partes no constituem trés livros. Embora os ts masteos susten- tem velames entrelacados, mas distints, eles pertencem a mesma embarcacao, dese tinada a uma s6 e tnica nave 140. De fato, uma problematica comum corre através, da epistemologia da histria e da hermenéutica da condisio histérica: a da representacio do passada. A pergunta € eolocada em sua radicalcade, desde ainvestigago da face objetal da memria:o que é feito do enigina de uma imagem, de uma cid — para falar grego com Platio e Aristte da fenomenologia da meméri que se mostra como presenga de uma coisa ausente, marcada pelo selo da anterioridade? Essa mesma perguntaatravessa a epstemologia do testemunho, depos, a das repre- ‘sentasGes socaisconsideradas objeto privilegiado da explicacto/eompreensio, para se desobrar no plano da representacaoescrituritia dos acontecimentos,conjunturos «© estraturas que pontuam o passado histérico. O enigma inicial da ek nao pra de se eforgar de capitulo em capitulo, Transferido da esfera da meméria para a da histria, ele aleanca seu apogeu com a heemenéutica da condigio histria, em que a representagio do passado se descobre exposta as ameagas do esquecimento, mas também confiada a sua guard, oS Algumas observagées dirigidas 20 letor Neste livro, experimento uma forma de apresentasio que nunca utilizes: para aliviar o texto das consideragdes diditicas mais pesadas —intradugio de um tema, {evocagio dos vinculos com a argumentacdo anterior, antecipagio dos desenvolvi Imentos posteriores —,situei, nos principais pontos estratégicos do tabatho, notas {de orientasao que diedo ao leitor em que ponto da minha investigagao me encontro. Espero que essa forma de negaciagio com a pacigncia do letor se} por ele bem acolhida Outra observastoreveco ecto, muitas vezes, autores que pertencem a épocas dif rentes, mas no faco amahistia do problema, Convoco um autor ou outro de acordo com a necessidade do arguimento, sem atentar para a época, Este me parece ser o di reito de todo leit diante do qual tadas os livros est3o abertos a0 mesmo tempo. Finalmente, devo admit que nfo tenho uma tera fa para o uso do eu co ‘nds’, com excegio do “ids” de autoridade e majestatico? Digo de preferéncia “eu! {quando assumo um argumento “nds” quando espero arrastarcomigo me leitor, Que navegue, pois, nesso veleiro de ts mastros! a Terminado 0 trabalh, seja-me permitide apresentar a eypressio de minha grat dio aqueles que, dentre os meus amigos. parentes acompanharam ese ouso dizé-o, empreet o, Nao vou mencions1os agi aprovaram mew empreendimento, Na Excetuarei os nomes caqueles que me permitiram partilhar, além de sa amizade sua competéncia: Frangos Dosse, que me aconselhou na exploragio do canteira do historiador, Thérése Dufot que, gragas & sua forga de persuasio, se tornou minha primeiealeitora, atentae, 2 vezes, impiedosa e por fim, Emmanuel Macron, a quem ‘devo tuma critica pertinente da escritae da onganizagio das notas criticas deste tra balho. Mais uma palavra para agradecer ao diretor-presidente das Editions du Sewil ‘© a0s diretores da colegic "Lorde philosophique’, mais uma vez, pela sua paciéncia ‘econfianga em mim unde ConsidergioIntempestien, Mas como € sério 0 jogo que anima os discursos que tém por objeto a justia e por método a dialétca! Jogo no qual se expe. rimenta prazer, mas no qual igualmente se 6 to feliz quanto pode sé-o um homem: justo, com efeito, af se v8 coroado de beleza (2778)! 'Ateansigdo pelo esquecimentoe pelo jogo é tio essencial que 0 didlogo consegue elevar-sea outro nivel, oda dilética, no qual a oposicio entre meméria viva e depés- tomortose torna secundria, Saimos da violencia do mito, provocador ato exagero,¢ adentramosafilosofia (278). Os discursos,& claeo, so “esritos na alma’, mas vam socorro aos escitos queavalizam essa meméria que nfo passa de uma meméria-m Jeta (poms, (0 caso de Lisias,alvo de Sécrates desde o inicio do didlogo, pode servie de peda de toque: a censura que dirige contra ele nio & que ele escreva seus discursos, mas {que estes pequem contra aarte;e a arte que lhe falta, 6a das definigbes, das divisdes, da organizacio de discursos tio matizados como uma alma multicor, Enquanto nio se conhecer“a verdade sobre cada uma das questoes das quais fala e sobre as quals se escreve” (27h, no se terd 0 dominio do “gt snglaba os escritos de cariter politico. 0as- ero oratrio” (to lagdn gens) (2779) considerado em toda sua amplitude, que unto &entio, nto somente epistemoldgico, na medida em que o verdaddeiro esta em ‘ausa, mas éticoe estético, na medida em que a questo & chegar a um entendimento sobre “as condigies em que é belo ou feio (vergonhoso, ‘como eserever discursos” (2774) Por que eno nao teria o serio a "grande slidez”e ind.) que © mito hé poucoreservava a boa meméria? N3o€ 0 80 das leis? A censura ni cabe entio ao escrito enquanto tal, mas a relag3o do discus iskiron) tanto pronunciae a "grande claeeza” com o justo eo injusto, com o mal eo bem, Eem relagioa esse citério que os discur sos que se escrever na alma” prevalecem sobre todos os outros que a estes rela apenas dizer deus (2783). Esse adeus,tambsim & drigido ao pharmakon do mito? E isso que no se diz, Nio sabemosse 0 discutso flosfico écapaz ce conjurar a ambighidade de um remédio do qual nunca se sabe se & um benefico ou um veneno, Qual seria o equivalente dessa situacdo indecisa para nossa tentativa de transpe sige do mito do Feo para o plano das relacies entre meméria viva e historia escri? A especie de reabilitagso prudente da escitae de esbogo de reagrupamento fail tentee 0 irmao bastardo e oirmo leitimo no final do Fedo correspondera, de ness? lado, um estagio no qual viriam a coincidir perfetamente, de urs lado, uma memstit instru, iluminada pela historigrafia, de outro, uma historia erudita habiitada reavivar @ memsria em declinio¢ assim, segundo deseo de Collingwood, de “6 tualizar, de “re-fetuar” o passado, Mas nao esta esse deseja condenado a pert necer insatisfeito? Para que se realizasse, seria preciso exorcizar a suspeita de que historia continua ase um dano para 2 memétia, como o plarmakwr do mito do atl io se sabe afinal se 6 remédio ot venene, ou ambos. Daremos varias vezesa pal a essa itive divida 1 Fase Documental: a Meméria Arquivada Nota de orientagio primeivo capital desta segunde parte & dediado i fase documenta da operat istorognfia, em funcao da divide tripartite das tare proposta acim, Nao se esjuccerd qu com o term fase nfo se Hom em vst esigis cronologiamente stntos da empreitado, mas noes de programa que somente oar distancindo do epstemso tinue, Essa fe, comsideradaisladamente, apresenta-se ela mestna como um percus de sentido. lise discrete, O terminus a quo ainda éa yas taps Se pestams a wna a ‘yrecndtaem seu esgic declartio. O terminus ad quem tem por nome # prow doc metal. Entre os dois extremos se desde un interval bastante cast que sed esconddo da sequinte manera, Discernitemusinicalmenteodeslignmento de histri em relagdo& meméria 1 plano formal do espage edo temp. Procuraremo aguil que poste sr, quanto operao istriogrdfica, equaalente das formas a priori da experiénca tai como as deterina sia transcend maser unt tempo hstrico ¢ um espago sarc, lecado-seem conta sua indssoiel artculagho? (Sep I, "Oespago habit Seo, 0 tempo i Pa #4, acompanarenos 6 movin a de iitas do passa ando do for io, do espago-tempo hsv as ci al a menria declarative se exterioriza no testemun n su tstemuso alintareons toa forgo compromisso da tstemuna (gio 1, "0 teste ido po smn"). Deter-nas-enos 9 monet da inserigh do tstemuno rece uaa visas ditas oscil do camp da ovidade trem: esse Para da esc doravante no wis deixar: & tami o do nascent do a. que a List ‘arquie,cogio,conserrado, consulta, Franquenda e porta dos arpuivos, 0 tesemuho Adenia zone critica ni qual esd do apenas suit i confrontagsewea entre ese hos concorrentes, mas them absorvido em an massa de documentos, nem tats ees testemunos (ste IV, “O arquivo"). Colocarse-d eto a questo dr eaidade da yrove Aocune i ope venta”, 1 prem istic V, “A prove pron em histvia eo V. “Ap Consider ssi ota wt tom de se ran nto do Fedo, vein dona capacidade da histriegrafi dean, untae Ye da confi dps ‘uantopregmiticn. A ae ‘compensar os frau ant coin a part, Ha com que @ poeria ser des om * confontaremes no inicio da tre fun de matric da tir pos orn se suas provincia, un de seus oy a rab storia 7 que grt seem tegnconisas ives. des grandes crimes, que ules. As aes pura ‘ef rota nos ap em operacio historiogrifica para nda a ee rrr v comer a Sobre oars gue 1 Sent precisa Er Ate td te inc nao unio, ¢ que, apesar da caréncia pr yi me ee ‘incipial de confiablidade do tester a = 5 ‘he 0 testemunho, em siltima analise pana asseg : Pane augue atesta ter assistido pessoalmen exurar-nos de que algo acontecey, que stat eo principal, sends veces inca recurs alm pose documenta, evutinuay Ss 1. O espaco habitado Oimpulso dado 4 presente investigagao anim 180 pela retomad: iat Preeti 1a do mito do Fasro nos leva ‘ua amplitude excede ada es “eu sentido preciso de fixagao das expr oe material. A iddia dominante & a dk a Icom pare ade marcas exteriores adot cal Para 0 trabalho da memoria, A 'adas como apoios e escalas tude da aga de inscrigio, dla inser me rig, a saber, as muta lade ea temporalidade préprias porn m de preservae a ampli coletiy ve as condicdes formais, Ihidas pelacpistemologiavvecr cen ser tid cn }comoa condigi fe ‘48898 eperactes cognitivasulteriones x rocedem desse pr bs © primeiro gesto dl Pao € do tempa porte arquivament, histrico pe doconhecimento las80 historindora do mal de possibilidade lo gestode Pode. lese econhecer da Estétic a potas gua ranscendental kanti = ‘se destocam of pr aia passarda meméria nomena mudam de signa conjun isno conjuntamente oy espace no qual na historia marta i narrada eo tempo PO Ho qual os aconte ‘imentos narrados se deseny A declaracio explicita am Euestava la”. O, sical : dha percepeioe da aciow wane deen ane reencentram enquadrades em = ‘er abordado mais aiante 6 marca tempo, a 2 Passo que ido. dovespago vivide dvétbio marca ue 0 aguiew do tempo vivieo da memyiria se lum sistema de agarese datos, av aqui e av agora absolute da eee perigncia viva, Oltode poder ser correlacion: von E lacionad comp Soe cla eserita rela ltivamente a oralidade é conti sno pel conse pall de dua nas pega de um ado ecundada accra (eso de evocar a mponent Calera dos Mapas do Nise omnes oni Teh a tea de Kant na ttn nse abordar par espao/tempo Secunda Alen dso a alenancis de contnidaesedescontinsidades desir scan Pra epic la epusemos a mundaeidade a mem a su al de dnd” As lmbrana de fr mora mal cst deal kde de ido 3 “lpr do mands prtcalermene lentes epreins el etn a0 m0 rons kmbvangstpos espe corpora deimedit vinsage espace do am Bin agent dates habivel com soa tras mas eno rte ses bsticuls variadamenie transponiveis; € “érduo’, teriam dito os Medievais, nosso relacionamento cam o espaco aberto& prtica tanto quanto & percepcio. Da memsria compa-tilhada passa-se gradativamente A meméria coletiva ea suas comemoragies ligadas a lugares consagrados pela tradigdo: foi por ocasido dessas cexperiéncias vividas que fora introduzida a nogao de lugar de meméria, anterior as cexpressies e as finagies que fizeram a fortuna ulterior dessa expressio. (0 primeiro marco ra via da espacilidade que a geografia pe em paralelo com 2 temporada da histria € aquele proposto por uma fenomenologia do “local” out 4o"lugae”. Devemos a primeira aE. Casey, a quem jd haviamos tomadlo de emprés- timo importantes anodes referentes precisamente 3 mundaneidade do fendmeno mneny$nico?. Embora otitulocescolhido sugiraaljuma nostalgia desejosa de "repor as ‘cosas em seus lugares” trata-se de toda uma aventura de um ser de carne e sso que, como Llisses, est tio completamente em seu lugar junto aos sitios vsitados quanto no retorno a ftaca. A errincia do navegador ndo clama menos por seus direitos que a tesidéncia da sedentsria, Claro, met! lugar €ali onde esta meu corpo. Mas colocar-se ledeslocar-se so atividades primordia que fazem do lugar algo a ser buscado. Seria ington lndionaptis inns Univers Pes, 1, Ess rae eee de uma tli que reune Renner ing. Com rsp a nos emprentios R acim Frits pare pp 4-5 “Se aimapinag ma Cae pa run “sensor mio encontrar nenhum, Seams s mesos devastados. A inguitane eit — ligada ao sentimento de ndo estar em seu lugar mer ‘mo em sua prépria casa nos assombra, e isso seria o rein ‘estranheza — Unie nado do vazio. Mas exist tuma questio do lugar porque o espago tampouco est chen, saturn Pe dizer g verdade, é sempre possivel, efreqientemente utente, deslocerca ©, com 0 rise de ser ‘se Passer, esse caminhero esse passeador ess erante qua cultura common Pordnea estilhacada pde em movimento e a0 mesmo tempo pataisa A invest acio sobre o que significa “lugar” encontsa apoio na linguagem co mum que conhece expressdes como localizacio e desloc {Retumam item pares Els falam de experigncias vias do corp pp que pe dem para ser enunciadas em um discurs anterior a espaco eulsinns covery Teutoniane, como insiste Mereau-Fonty em Fevomenaagn de percep. O corp, esse aa absoluto, €@ ponto de referencia do aco, proximo ou distant do incl Xo edo excluido, da alto e do baino, d € de outras tantas dimensdes ramento, expressies que a direita eda esquerda, do. frente e do atrés assimétricas que articulam uma tipologia corporal ao desprovida de algumas valoracbes sca, ao menos implctas por exempl a ia altura ou a do lado dircito, A essas dimensdes corporais untamee de um inde Posturas privilegiadas — em pe, deitado — onderagoes — gravidade, leveza —, orientagoes para diant, "ara tis, de lado, todas elas determinacdes suscetiveis de ‘alores cpostos:o homem atuante, como homem em pé,o doente ‘também oaman Wa Posigto deltada, a alegria que soergue e eleva, a tristeza e a melanclia sue abaten et. Esobre essasalternancas de repouso ede movimento ue se entero 210 de habitaro qual tem suas propras polaridades: reside deslacir-se abrigarse S00 um teto,franquear um umbral esair para o exterior, Pensa-se S80 da casa do porto a0 sétio, na Poétca do espago de G. Bachelard Para dizer a verdade, os deslocamentos do corpo e mesma wo lugar nto se deixam nem dizer, nem pensar, nem seque, no limite exper, estar, sem alguma referéneia, ao menos alusiva aqui na explora 08 pontos, linhas, superficie, ‘olumes, distancias, inscritos em um espaco destacado do rete 30 aco inerentes ao corpo proprio, Entre o esp ambiente €0 espaco publica intercala-seo espaco geométrico. Com relagao sete ‘jo ha mais lugares privilegiados, mas Vivido e do espaco ago vivido do corpo préprio e do locais quaisquer. E nos confins do espao aeométrico que se situa o ato de habitar. Or no se estabelece senio pelo ato de construit. Po |u2.anotavel composigao que formam em conju Sesdobrado pela condicio corpérea. A correl 0 ato de habitar ortanto, &a arquitetura que traz 3 nto o.espago geométrico vo espas? lagdo entre habitar e construie pro ese assim num terceiro espaco —se quisermos adotar um conceiteparalelo a0 de terceiro tempo, que proponho para o temp d ‘spaciais corresponderiam as datas do calend, interpretado tanto como um quadriculado dos “locais", quanto como ui, a histria, em que as loalizagies lario, Esse terceira espago pode se eomeétrico do espaco vivido, aquele 8 superposicio de “locais” sobre a grade das local dads quaisquer. reise um ipo de inelighlidade de mesmo nivel que aguee que carateriza epagurasao do tempo pela composisio do ened Entre o fem “narado” © 9 eons as aalogas es interferéciasabundom, Nem um nem out sSreduzem a frases do tempo universal edo espaco dos geometas, Mas eles tam co hes opt “ao intervém de uma e set hs opdem una allernatva ane, Oat deconfguragi ine Cinta € tam espage geomerice,mensurtvelecaulvel sa qualfcago camo gar de vida supeptese eve riemela suns propricdesgeomdrcas da fant taf prone oem ae H ia sedimentada dos gostos e das epocas diferentes, ofercendo ao olhar uma hist formas culturais. A cidade se dé a0 mesmo tempo a vere ler. © tempo narrado eo ‘espago habitado estionela mais estreitamente associados do que no edificioisolado, A cidade também suscita paixdes mais complexas que a casa, na medida em que lerece um espago de ceslocamento, de aproximagio e de distanclamento. E poss vel ali sentirse extraviado, errant, perdido, enquanto que seus espacos publics, suas pracas,justamente denominadas, convidam as comemoragées ¢ as reunibes ritualizadas, Jquirem vigor’ Aatragao dana Enesse ponto que asrflexdesfinais de E. Casey rs tureza selvagem sai fortlecia da oposio entre construido eonao-constrsido, entre 3 Em -Archtctue et namalivi a Mest “Mei Dien fo ranapor par pln tetra yuivalole expo configura oe ‘ arquiteura ea natureza. Esta nao se deixa ma Poderia aboliro primad dos locais selvagens (et azar. A sober do civilizado nig lini do primes colmos amen entegus isa operon ‘cas do desenraizamento e da desolagdo, retorna com forga junto com os humon : tos de cidados desenraizas em stas casas e que came sia Sane reconfortam. $6 pode asselvajar-se impunemente (going u Land) uence Casey, aspira a docura da casa estabilid en ue Uninc dm compoaue penance ehgem deamon ona ssundo a disposigio do sibionorte-americano Thoreau em Wilten M, m a rang Di Bly eve paguen in fas também temos Fests observagdescircunstancais no deveriam ofuscar algo permanente da Otis, essa nartativa que tec essa narrativa que tece em conjunto os acontecimentose lo ras, essa epoptia 28 estadas quanto oretorno indefinidamente retanda : supostamente irs “repor as coisas em seus lugares” Joyen : 'Y.escreveu nos estudos preparatérios de seu Ulises Places Remember Events” (Rememtering, p. 277) que celebra tanto os epissidios do, ese retorno a taca que Tembra Case “Topical Histo Mas, para dar ao tempo da historia um contraponto ed spacial digno de uma cigncia ac arquitetura a tera habitada da geosrata ia ciénciashumanas,acorrespondenteexato 8, Reografia comesou por antecipar ce Blache foi, com efeito, o primeiro, antes de Martonne eee € preciso elevar-se um grau acima na escal preciso proceder do espao construido da ‘Que a geografa constitu, na ordem d la da racionalizagio do da historia, aida é dizer pouco. Na Frang 28 conversoes metodoligicas da histéria 4 reagir contra @ positivismo da historia historicizante e a valorizar as nogbes de “meio’, “modo de vide “codon. dade" Sua ciéncia ¢ uma geogratia varafia no sentido de que seu objeto é, antes de tudo, “i Bares’, “paisagens', “feos visveis, na superficie lerrestne, dos liversos fendmenos aturaise humanos” (. Dosse, Hist ren mites, p. 24). O lado geométrico da expe mos dos jogos de escalas’. © lado humano ¢ m: ‘ Tiéncia do espago é visualizado pela biolégica, célula, tecido, organismo. , Mevseons compen, Essa aburtigem asegurn asian eas eon ‘Teeu terrace mina pare comanenomakodocamacanen dere ee © 160 @ (0 que pode ter iniuenciado a histia dos Amales 6, por um lado, a énfase dada Js permanéncias, epresentadas pelas estruturas estaveis das paisagens, por outro ado, a preferéncia pela descrio expressa no florescimento das monografias regi rs Esse apego a0 teritivio,prineipalmente a paisagem rural eo gosto pelas perma- néncias encontrardo na escola dos Anas mais que tm eco, com a promogio de uma terdodeira geopolitica m qual se casam a estabilidade das paisagens ea quase-imobi- Tidade da longa duracio O espaco, gostaré de dizer Braudel, torna mais lenta a dura «fo Esses espacos S20 allernativamente os das regides © 08 dos mares € oceanos: “Et mei apaixonaclamente o Mediterraneo”, declara Braudel em sua grande obra, da gual ‘Mediterraneo é 0 mesmo tempo ositioeohersi. Como L, Febvre escreveu a F Brau del “Enire esses dois protagonistas, Philippe e o mar Interior, a disputa & desigual” (etado em I/Hisoire on nites, p. 129). Com respeito & questio que desencadeon as observagies precedentes, a do desligamento do espaco dos gedgrafose dos historia dores em relacio a0 espaco da experiéncia viva, ancorada por sua ver na extensSo do corpo de seu ambiente, nao se deve valorizar exclusivamente a ruptura, Evocamos mais acima o esquema de uma alternancia de rupturas, de suturas ede retomadas em um nivel superior das determinagdes que dependem do plano enistencial A geogra- fia nao é a goometria, na medida em que a terra circundada de oceans & uma terra habitada. E por isso que.os gedgrafos da escola de Vidal de La Blache falam dela como «de um meio. Ora, 0 meic,aprendemos com Canguilhem, €0 plo de um debate —de 0 ple. Asse respeito, uma Asin ng — do qual o ser vivo constitu 0 04 ‘© possiblismo de Vidal de La Blache antecipa-se dialitca de um Von Uexkille de um Kurt Goldstein. E, se na geo-histéra de Braudel o meio eo espago sio considera- os termos equivalenteso meio permanece im meio de vida e de civilizagdo: "Uma islzago em sua base im espagotrabathado pelo homem e pels histiria Laie 1230, que € senso oetabelecimenta antigo ce certa humanidadk em cert espago? (Citado em Uist em cts, p11.) E esse misto de clima e de cultura que faz 3 ‘o-histvia, a qual por sua vez determina os outros nies de civizag, sega "odds de encadexmento que serio discutidas no préximo capitulo, O olhar 4a scopoitiza pode sereansilerado como “mais espacial que temporal” (istin om mites, p12) |e €aquele das camadas empilhadas sobre 0 sol geo le Morte meiterrmnen Fépaque de Philippe 11": ainda: “Uma cviie mas iso com relagio a0 nivel institucional e dos acontecimentos, SStruturas de natureza temporal. Eu havia observado, em minha tentativa de renar "ativizaro grande livro de Braudel e Keo como a grande trama de O Matin {He sua primeiea parte, da qual oespao supostamtente consti o tema, € am espago Povoado. O proprio Mediterrineo & 0 mar Interior, sim mar entre as teras habitadas 616 o ouinabitives colhedoras 0 mais lentas que a historia : easels conic Consideragdes semethantes 0 ace thantes sio evocadas pel i muatriele®: 0 que se sucede no tem espaco, mas aticuladas entre lugares I outra grande obra de Braudel, Ci Po, so “economias-mund” insctitas ng 5 qualifcados pela atividade humana e dist buds em cieulosconcéntricos cujos centro se deslocam segundo os periodos Ban “Beografadifeencial” (Histon mits, p15) jamais deixa o espace dos jogos de troca que amarram uma economia Cay woes ie amar laa uma geoggrafiae distinguem esta Em conclusio, da fenomenologia dos “locais” logia dos “locais” que seres de carne e os 0 ecupam, im ~ passando pela inteligibilidade propria da ar, guitetura —,atéa geografia que desere a + até a geogratia que descreve tm espaco habitado, o discurs 60 tragou ele também um percurso a0 5 abandonam, perdem, reencontra do espa sbor do qual o espaco vivido & alternads mente abolido pelo espaco geomético e Pelo espa ico e reconstruido no nivel hipergeométrico da cikouen IL. O tempo histérico etiea do espago vivid, do espago geométrico e do espaso habitado, coe do tempo vivido, do tempo césmico do tempo a localizagio na ordem do espaco corresponde 0 da responde uma dialtica semethante historco. Ao momento critica d datagio na ordem do tempo, lu no sie eas sem a oz, oat de dreagem.o mellem ae eae | inva Es aos mats ei Horace suse inde ancora ee ‘ner Einpomcl mem norms ne hurdle ener ae Stasconsmice- pois (Menez, Ginor, ec), Os grands contents nee cena [ao voltarei a andlise do tempo calendérico de Tempoe N hoje € diferente, na medida em que me importa menos a conciliagSo entre a perspec- tiva fenomenoldgica ea perspectiva cosmolégica sobre o tempo do que a transigto da rmeméria viva & posigao “extrinseca” do conhecimento histrico. F entao como uma ratio, Meu propose, das condigdes formais de possbilidade da operacio historiogefica que retorna ano «lode terceiro tempo, Limito-me a recordar a definigio que di Benveniste do “tempo crénico”, que eu chamava terceio tempo por conta das necessidades de me angumento: I) referencia 4e todos 0s acontecimentos a um acontecimento fundador que define 0 eixo do tem 10:2) possibilidade de percorrer os intervalos de tempo segundo as duas direcses ‘opostas da anterioridade e da posteridade com relagao 8 data zero; 3) constituisao de tum repertrio de unidades que servem para denominar os intervalos recorrentes: dia, E essa constituigio que importa agora relacionar com 2 mutagio historiadora do tempo da meméria. Em certo sentido, a datacdo, enquanto fendmeno de inscricio, nio é desprovida de vinculos com uma capacidade para a datagdo, com uma data bildade originaria,inerente & experigncia viva e, singularmente, ao sentimento de distanciamento do passa ea apreciagio da profundidade temporal, Aristteles em Dememori et reminiscentiepressupse que simultaneidade e sucessio caracterizam de forma primitiva as relagies entre acontecimentos rememorados; do conteio, seria mpossivel, no trabalho de recordagio, escolher tim ponte de partida para recons {ruir encadeamentos, Este cariter primitive do sentimento dos intervalos resulta da relagio que o tempo mantém com 0 movimento: so tempo é“alguma coisa do movi ‘mento’, ¢ preciso uma alma para distinguir dois instants, relacons-los um ao outro como o anterior ao posterior, apreciar sua diferenga(etevon) e medit os intervals (10 Ietazu),operacbes gragas ds quaiso tempo pode ser definida como “o mimero do mo: vimento segunido 6 anterior-posterior” (Fisica IV, 11-2196). Quanto a Santo Agostinho, ‘embora hostl a toda subordinasio do tempo ao movimento fisico, ele admita como Fetéricoo poder que tema alma de medirem si mesma asextensies de tempo, assim ‘omparar, no plano da digao,slabas brevese longas. Para Kant, a nogio de extensio temporal ndo apresenta difieuldades. Ela ndo resulta dle uma comparagio segunda, eventualmente indevida com a extensio espacial, porém a precede ea torna possivel Husserl considera as relacdes de tempo relativas 3 duragio como a-priors indissocts ‘eis das “apreensdes" imanentes a experiéncia intima do tempo. Enfim, 0 proprio Bergson, o pensador da duragao, ndo duvida que na lembranga pura oacontecimento ‘¥0cado retorna com sus data, Para todos eles, 9 extensio parece um fate primitive, como 0 afestam na ingagem as perguntas “quando?” “hs quanto tempo?”, “durante smiintico que odiscurso da mens ‘Wwanto fempo?", que perencem aa mesma Fa decta ativa edo testemunho; a declaragio “eu estava Ia” actescenta-se a arma acontecet ‘antes, exquanto, depois, desc, durante tanto tempor owe Dito isso, a contribuigo do tempo calendirica consiste em una modali Priamente temporal de insrigio, a saber, um sistema de d lade pr Assim como no espaco geogrifico os lugares referidos ' que vieram em seguida a Saussure: em particular as nogies de diaeroniae siete hia, que perdem seu vinculo fenomenoldgica para acorrer num sistema estrutual A conciliagio entre sistemstico, inimigo do arbitritio, eo histrico,escandigo pot rele moioierentedaqucs dual hinsamosiniilentc apie) ne rem continuo le se psa, rp com itm ox sg po muta: ES aconecimentos diseretos, torna-se por sua vez objeto de espectlago, como se vé em B.Jakobson (ver Linde temps, p. 174). histria come ciénca est indiretamente implica nareinlegragSo da ciéncialingistica no espago tern, bem como. rect prac nese mesmo espago dos estuos da linguagem literiia em particular, poe pee Mas foi também a pretensio de dissolvera historia em uma combinatéria ligica ealgébrca, em nome ch cortelagio ene processoesstema, que a teoria da historia teve de enfrentar no siltimo tergo do século XX, como se o estruturalismo houvesse deposto no rosto da histriogeaia um péeido bei de morte” Nosso proprio recurso modelos oriundes da eoria da ago inserever-se nessa revolta contra a hegemonia dos modelos estruturalistas, nfo sem reteralgo do império que estes exerceram sabre ‘3 teora da histria; assim também conceitos de transigio to importantes quanto 05 remodelados para ne de poténeia de agie (agency de Charles de competéncia e desempenho, recebidos de Noam Chomsky, caberem na relagao entre as nodes dea Taylor ede estraturas de ago come coergdes,normas,insituigdes. Serio igualmente radescobertas e reabiltadas filosofias da linguagem pré-estruturalistas, como a de Von Humboldt, que atribui ae dinamismoespiritual da humanidadee& sua atividade deproducao o poder deengendrar mudangas graduais de configuragao: “Para 0 spi sito proclamava Von Humboldt, ser, agie” A historia era reconhecisa nessa dimen: ‘So geradora, Mas os historiacores profssionais, que gostariam de se interessar por 0 altamente terca de argumentos Von Humboldt, nio poderiam ignorar a dimen como o que Porsian se compraz em evocar: “Assumida em sua realidade essencial, a lingua & uma instancia, continuamente e a cada instante, em processo de transicio Aantecipatira, J.J Em si mesma, a lingua nao & uma obra acabada (ergo), mas uma Atvidade que se ests fazendo (nergvi). Pot isso, sua verdadeira definigso s pode ser genética (apud Onde temps, p. 209) Essa longa digressio dedicada ao passado especilative ealtamente tesrico de nos sa nogdo de tempo histirico tinha somente um objetivo, recordar aos historiadores Agumas coisas 18 Nines deinarde anal estingconsiderie se mia, rm conantn com Rens To, aa ratty em eats patti ot emonstravel ee eliza por wn abt is Tsar om eer nel eu estaba «etl el cndicana” (oman, Sf top 2). aa Rana sen et vest ins dy doe 2169 ¢ — Ahern historogificaprocede eua dupa redusto adn experinca vig

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