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14 Fy Avaliagéo de impactos ambientais 141 Surgimento e principais caracteristicas Entre fins da década de 1950 e inicio da de 1960, a crescente sensibilidade de estudiosos, aca- démicos e gestores paiblicos apontava a necessidade urgente da criagao de novos instrumentos capazes de complementar e ampliar a eficiéncia dos tradicionalmente utilizados no licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos. Varios grupos de estudos foram se formando nos Estados Unidos e Europa, primeiramente nacionais e a seguir multinacionais, para dar resposta a esse desatio. Ja na década de 1960 passou a consolidar-se 0 conceito, hoje corrente, de impactos sobre 0 ambiente. O detalhamento desse conceito demonstrou que sua avaliagdo podia ser feita com razoavel margem de objetividade, de modo que ela pudesse ter aceitacio e representatividade social e transfor. marse em instrumento do processo de tomada de decisées no licenciamento ambiental. Para tanto, essa avaliagdo deveria ter caracterfsticas técnicas minimas regulamentadas pelo poder ptblico e ser traduzida fem um documento puiblico acessivel aos varios segmentos da sociedade interessados no processo de |i- cenciamento ambiental. ‘Munn (1975) dé uma versio das caracteristicas basicas de uma avaliagao de impacto ambiental: a) descrever a ado proposta e as alternativas também; by) prever a natureza e a magnitude dos efeitos ambientais; ) identificar as preocupagdes humanas relevantes; d) listar 0s indicadores de impacto a serem utilizados e para cada um definir sua magnitude. Para 0 conjunto de impactos, os pesos de cada indicador obtidos do decisor ou das metas nacionais; € @) a partir dos valores previstos em (b) acima, determinar os valores de cada indicador de im- pacto € o impacto ambiental total Em 1981, decorridas ja quase duas décadas de uma crescente preocupacao com o meio ambiente ‘e uma década desde a Primeira Conferéncia Mundial sobre 0 Meio Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, pela ONU, o Brasil definiu a Politica Nacional do Meio Ambiente (Lei Federal n® 6.938, de 31.8.81). Nessa lei, a ‘Avaliago de Impactos Ambientais’e 0 ‘Licenciamento de Atividades Efetiva ou Po- tencialmente Poluidoras’ foram dois dos instrumentos criados para que fossem atingidos os objetivos dessa politica, ou seja: “.. preservacio, melhoria e recuperagao da qualidade ambiental propicia vida, visando assegurar no pats condigées propicias ao desenvolvimento socioeconémico, aos interesses da seguranca nacional e a prote¢ao da dignidade da vida humana...” ‘Ap6s cinco anos, durante os quais se viveu um processo rico de novas experiéncias, mas dificultado pela falta de pratica do didlogo construtivo entre representantes dos varios segmentos que o compunham, ‘© Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolucao n® 001/86, definiu como deve set feita a avaliagdo de impactos ambientais, criando duas figuras novas, respectivamente: 0 Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e 0 Relatério de Impacto Ambiental (Rima). Definiuy em que consiste cada um deles (Quadros 14.1 e 14.2) e estabeleceu a relacdo das atividades para as quais sua exigéncia ¢ obriga~ t6ria (Quadro 14.3). O licenciamento para fins de exercicio dessas atividades e de outras que podem ser estabelecidas pela autoridade ambiental local passou, desde entéo, a depender da prévia aprovagao do EIA/Rima, mediante procedimentos regulamentados, resumidos no Quadro 14.4. - QUADRO 14.1 -] 0 que é0 EIA? a (Conama, 1986). _ Relatério técnico, elaborado por equipe multiisciplinar, independente do empreen- 7 dedor, profissional e tecnicamente habilitada para analisar os aspectos fisico, biol6gico e so- civeconémico do ambiente, que, além de atender aos principios e objetivos da Lei da Politica - Nacional do Meio Ambiente, deve obedecer as seguintes diretrizes gerais: a |. contemplar todas as alternativas tecnolégicas e de localizagao do projeto, confrontando-as = com a hipétese de ndo-execucao do projeto; - | ll. identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de = implantagao e de operagio; Bs Ill. definir os limites da area geogréfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, { denominada Area de influéncia do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia 7 hidrografica na qual se localiza; e a | IV. considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantacdo, na - { area de influéncia do projeto e sua compatibilidade (inclusive diretrizes especificas - € peculiares a0 projeto, adicionais, fixadas pelo érgao estadual ou, quando couber, _ i municipal, competente). | Como contetido minimo 0 EIA devera apresentar: - ! |. informagdes gerais do empreendedor (identticacao, hist6rico, localizacao etc, Il, caracterizacdo do empreendimento (objetivos, porte, etapas de implantacao etc.) Il rea de influéncia do empreendimento; eS | IV. diagnéstico ambiental da érea de influéncia — descricdo e andlise dos recursos ambientaise = i suas interagdes, tal como existentes, com os meios Fisico, Biolégico e Socioecondmico; | V. andlise dos impactos e empreendimentos e de suas alternativas - Identificagao, Previsio ~ t cde Magnitude e Importancia (permanéncia, reversibilidade, cumulatividade, sinergismo, o - distribuigo social, dos custos e beneficios etc.) dos Impactos Relevantes Provaveis; a VI. definicao de Medidas Mitigadoras dos impactos negatives; e a ‘ Vil. definiggo de Programa de Acompanhamento e Monitoramento’ dos impactos e das - | medidas mitigadoras através dos fatores e pardmetros ambientais de interesse. i QUADRO 14.2 a i 0 que éo Rima? eS ft (Conama, 1986). = i - t Relatério-resumo dos estudos do EIA, em linguagem objetiva e acessivel para nao f técnicos, contendo no minimo: |. objetivos e justificativas do empreendimento; - Il. descrigdo do empreendimento e das altermativas locacionais e tecnol6gicas existentes (Grea de influéncia, matéria-prima, energia, processo, efluentes,residuos etc.) o Ill. sfntese dos resultados do diagnéstico ambiental; ~ IV. descrigdo dos impactos provavei: = f V. caracterizag3o da qualidade ambiental futura; i z VI. _ efeitos esperados das medidas mitigadoras; a Vil. programa de acompanhamento e monitoramento; € Vill. conclusées e recomendagées da alternativa mais favoravel. - oe = | QUADRO 14.3 _ ‘Atividades que dependem de EIA/Rima para licenciamento (Conama, 1986). ~ Depende da elaboragaio do EIA/Rima, a ser submetido a aprovagao do érgao estadual - competente e da Secretaria do Meio Ambiente (SMA — 6rgio federal), em cardter supletivo, 0 = licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: - 1. estradas de rodagem com 2 (duas) ou mais faixas de rolamento; ~- I. ferrovias; es Ill. portos e terminais de minério, petréleo e produtos quimicos; IV. aeroportos; ad V. — oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissarios de esgotos sanita- Fios; ~ VI. _linhas de transmissao de energia elétrica acima de 230 kW; = VII. obras hidréulicas para explorago de recursos hidricos, tais como barragem para - quaisquer fins hidrelétricos acima de 10 MW, obras de saneamento ou de irrigacao, abertura de canais para navegacao, drenagem e irrigaco, retificagao de cursos de gua, abertura de barras e embocaduras, transposicdo de bacias, diques; = Vill, extrago de combustivelf6ssil(petréleo, xisto, carvao); Sj IX. extragdo de minério; X. _atetros sanitérios, processamento e destino final de residuos téxicos ou perigosos; XI. _usinas de geracdo de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primaria, com poténcia instalada acima de 10 MW; - XIl.complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquimicos, siderdrgicos, quimi- - cos, destilarias de dlcool, hulha, extracao e cultivo de recursos hidr6bios); ~ XIII, distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais (ZED; XIV, exploragao econémica de madeira ou de lenha, em érea acima de 100 ha ou menores, quando atingir dreas significativas em termos percentuais ou de importancia do ponto de ‘ vista ambiental; a XV. _projetos urbanisticos, acima de 100 ha ou em areas consideradas de relevante interesse = ambiental a critério da SMA e dos érgaios municipais e estaduais competentes; XVI, qualquer atividade que utilizar carvao vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia; e XVII. projetos agropecusrios que contemplem reas acima de 1000 ha ou menores, neste caso = quando se tratar de areas significativas em termos percentuais ou de importancia do ~ ponto de vista ambiental, inclusive nas reas de protegao ambiental. : | QuADRO 14.4 _ — ~ Resumo do processo decisério para habilitagdo ao licenciamento no Estado de Sto Paulo ~ (Resolugdo Conama nt 01/1986, Lei Estadual n* 9.509/1997 e Resolugito SMA né 42/1994). ~ 1. Oempreendedor deverd entregar, na Secretaria do Meio Ambiente (SMA), 0s documentos . seguintes: ~ ‘+ requerimento de pedido de andlise do EIA/Rima; ~ © 6 (seis) cOpias do EIA e do Rima, bem como simula do EIA/Rima; + c6pia da publicacdo sobre o empreendimento em periédico do local ou regido; e = + comprovaco de regularizacao junto 2 entidade profissional a que esteja afiada a ~ empresa consultora responsavel pela elabora¢ao do ElA/Rima. Cone - Capi 4 = Ara de inact abies 233 ee) Il, ASMA, recebidos os documentos anteriores descritos, procederd sequiencialmente: a ‘+ 8 andlise preliminar, em até 15 (quinze) dias, para saber se o EIA/Rima esté de acordo - com a legislacao; - ‘* a andlise do EIA/Rima com emissao de Parecer Técnico, em até 3 (trés) meses, deixando _ de contar esse prazo sempre que estiverem sendo preparadas pelo empreendedor! consultor as complementacdes solicitadas pela SMA. Esse prazo poderé ampliar-se = ainda em casos de maior complexidade e sempre que o atendimento as Audiéncias eS Pablicas assim o exigirem; e 7 * o envio do Parecer Técnico e respectiva stimula indicando a aprovacdo, reprovacio 5 ‘©u aprovago com exigéncias complementares ao Conselho Estadual do Meio ‘Ambiente (Consema), para sua deliberacao. Apenas nos casos em que qualquer um = dos membros do Consema assim o indicar, os responsaveis pelo empreendimento ~ pelo EIA/Rima poderao ser convocados para responder &s questées formuladas pelos - conselheires. Na deliberacao do Consema poderto constar exigéncias adicionais ES como condigio para o licenciamento diretamente ao Secretério do Meio Ambiente Para sua apreciagio, andlise, aprovacdo ou reprovacdo, quando nao houver a indicagao especifica acima referida. A criagdo do Relatério Ambiental Preliminar (RAP) a Em 1994, por meio da Resolugo SMA n? 42, que normatizou os procedimentos para o licencia- ‘mento ambiental no Estado de Sao Paulo £.S.P, foi criado o Relat6rio Ambiental Preliminar (RAP), como um documento inicial que pode tornar dispensével a elaboracdo do EIARima para a obtengio das tiés = licengas previstas, conforme indicado esquematicamente na ilustrago abaixo: = € suficiente para = olicencamentt Rf sana | 7 no — 1 = Sa ________.._» ip f+ u i to} fa med eel - onde: TR é o Termo de Referéncia (contendo um sumério do plano de elaboragao do EIN/Rima a ser pre- a viamente aprovado pela SMA), e LP, Le LO so, respectivamente, as licencas sequencialmente emitidas, i prévias, de instalacao e de opera¢ao. -~ © conteddo minimo do RAP compreende: o * Objeto do Licenciamento; - * Justificativa do Empreendimento; = * Caracterizagao do Empreendimento; _ * Diagnéstico Ambiental Preliminar da Area de Influéncia; : + Identficacao dos Impactos Ambientais; + Medidas Mitigadoras. = ‘Como documentos exigidos, a Resolucdo que criou 0 RAP relaciona: - + Laudo da vistoria ou protocolo de Parecer Técnico do Departamento de Pesquisa de Recur - sos Naturais (DEPRN); fa + Equipe técnica que elaborou 0 RAP; a * Anotagdo de Responsabilidade Técnica (ART) do coordenador habilitado do projeto; . '* Certidao de Conformidade de Uso do Solo da Prefeitura Municipal. 54 incl > | i i | i Do RAP deverdo ser entregues dois exemplares 20 Departamento de Avaliacio de Impactos Am- bientais (DAIA). Como se vé, a aplicacao desse instrumento é ainda recente. A pratica de sua aplicagao, assim como sua definigdo, também tem tido sua eficécia comprometida por uma mesma causa fundamental: insufi- ciéncia de compreensdo e de experiéncia na gestdo ambiental. No Ambito piblico, essa insuficiéncia manifesta-se, no minimo, de duas maneiras. Como agente promotor das atividades dependentes do EIA/Rima, o poder piblico baseia-se em organismos existentes desde longa data, com ‘cultura’ e ‘habitos de gestio’ sedimentados muito antes de as preocupacdes am- bientais fazerem parte de legislacdo especifica. Até recentemente, a imagem externa de eficacia desses organismos —e, portanto, o reconhecimento da atuacio de seus dirigentes e profisionais — dependia quase exclusivamente do atendimento de seus objetivos estatutérios, ainda que por vezes isso viesse a provocar grandes danos ambientais. Em conseqUéncia, a tendéncia € a de submeter suas atividades a licenciamento apenas em ultimo caso, no ultimo momento, a0 firm de um processo que j4 se consolidou por meio de grande ntimero de interesses e fortes resisténcias a quaisquer modificagdes necessérias & adequagdo am- biental. Como instituicao responsével pelo arbitrio das pendéncias ambientais, o poder pablico brasileiro sofre as conseqiiéncias de ter vivido regimes democraticos quase apenas como excegio. ConseqUiente- mente, a manifestacao sistemética e institucionalizada da sociedade civil nos processos piiblicos de toma- da de decisdes ainda esta por ser adequadamente abrigada. Por razdes semelhantes as do poder piblico e, além disso, pelas de riscos de custos de investimento ede perdas financeiras por atrasos de deciséo provocados pela burocracia, o setor privado também quase sempre encara 0 licenciamento ambiental como algo do qual deve fugir. No ambito técnico, a insuficién- cia estd no nimero ainda muito reduzido de profissionais experientes e competentes para elaborar os EIA/ Rima e para assessorar as varias partes envolvidas no processo decisério do licenciamento (empreendedor publico ou privado, érgios pablicos ambientais e os representantes da sociedade civil nos colegiados, ‘como 0s conselhos ambientais e as audiéncias publicas). Relativamente A sociedade civil tomo participante do proceso decisério ambiental, a exemplo do poder pilblico que dela provém,falta-the ainda a experiéncia democratica. Sua organizagao é incipiente fe sua representagéo freqientemente se estende a parcelas reduzidas da sociedade, quase unicamente quelas que se sentem comprometidas com a protecdo e preservag4o ambiental. Nem sempre os integran- tes dessas parcelas reduzidas, por mais combativos e ber-intencionados que sejam, podem substitu as comunidades diretamente envolvidas com os impactos ambientais decorrentes da atividade dependente do licenciamento. Nao obstante as dificuldades apresentadas — propositadamente destacadas para suscitar sua supe- ragdo —, a insituigdo do EIA/Rima e do decorrente licenciamento ambiental vem sendo passo importan- tissimo no apenas para assegurar a qualidade ambiental, mas também para o desenvolvimento socioeco- ndmico e para 0 aperfeicoamento institucional do pais. Nesse sentido, corroboram a constatago anterior a experiéncia internacional e a prépria vivéncia do problema entre nés, sob diferentes formas: ‘+ a limitagao apenas & legislagao ambiental corretiva anteriormente existente trazia custos insustentaveis, tanto na forma de danos ao ambiente e & satide como ao proceso econdmi- co-produtivo; + a gestdo ambiental por meio do EMARima é exemplar e educativa, pois exige uma convi- vencia democratica, a integrac3o de toda a sociedade na compreensao da problematica do meio ambiente e, sobretudo, a consciéncia co-responsabilizacao mais direta no processo decisorio pablico; * 05 pensadores e estrategistas atuais do desenvolvimento econdmico tém demonstrado que © principal fator para seu alcance é 0 acesso e 0 dominio das novas tecnologias; entre eles hi hoje quase total unanimidade na eleicao da busca da tecnologia branda ou ambiental- mente adequada como o principal motor do crescimento tecnolégico e tnico caminho para 0 desenvolvimento sustentado; e opto 1 i j i + a demanda de técnicos e de tecnologia, suscitada pela gestdo ambiental por meio do EIA Rima e do licenciamento, cria um mercado de trabalho de consultoria, projeto, equipamen- tos e obras que estimula 0 acesso e o desenvolvimento dessa tecnologia branda no pais, além de propiciar a formago de competéncias técnicas para sua utilizagao. Desde a promulgacao da resolucao pioneira, o Conama e os Conselhos Estaduais vém complemen- tando, detalhando e tornando mais especificos os procedimentos utilizados para o EIA/ Rima eo licencia- mento ambiental que neles se baseia. No Quadro 14.5 esta resumido um roteiro basico para a elaboraco do EIA/Rima. © progresso verificado no campo institucional e técnico tem sido marcante. Ele foi resultante da capacidade de aprender com a experiéncia ja vivida, que foi utilizada para tornar mais consistentes as anilises técnico-administrativas e possibilitar a redugao de prazos para o processo deci Esse progresso também foi fruto do esforgo de educacao ambiental e, particularmente, técnico-am- biental no qual se engajaram as universidades e vérias associacBes profisionais de engenharia ambiental. Em face do desafio ambiental e do desenvolvimento socioeconmico que enfrentamos so necessérias, entretanto, mais rapidez e determinacao no caminho do seu aperfeigoamento. 14.2 Fundamentos da metodologia (Os métodos hoje correntemente dispontveis para a avaliagao de impactos ambientais, em sua maio- ria, resultaram da evolugao de outros jé existentes. Alguns sdo adaptagdes de técnicas do planejamento regional, de estudos econdmicos ou de ecologia, como por exemplo a andlise de potencialidade de util- za¢40 do solo e de usos miltiplos de recursos naturais, andlises de custo e beneficio, modelos mateméticos etc. Outros foram concebidos no sentido de considerar os requisitos legais envolvidos, como é 0 caso dos ‘Métodos das Matrizes e das Redes de Intera¢do. Esses métodos tém em comum a caracteristica de disci- plinarem 0s raciocinios e os procedimentos destinados a identificar 0s agentes causadores e as respectivas modificagées decorrentes de uma determinada aco ou conjunto de acées. ‘Apesar dessa origem, entretanto, os métodos passaram a tornar-se cada vez mais especificos a medi- da que 0 aprofundamento do conhecimento permitiu tipificar causas e correspondentes efeitos em diferen- tes segmentos do ambiente, em face de intervengdes também especificas. Atualmente, estao dispontveis métodos bastante elaborados e detalhados, visando apoiar a avaliagao de impactos de empreendimentos das mais diferentes naturezas: aproveitamentos hidroenergéticos, usinas e industrias com varios processos de producio, obras hidraulicas e sanitarias, rodovirias, habitacionais etc. ‘A medida que a avaliacao de impactos ambientais passou a ser uma atividade institucionalizada e regulamentada pelo poder piblico nacional, estadual e inclusive local, um dos critérios essenciais para a formulagao ou a utilizac3o de um método 6 o da verificacao das peculiaridades dessa ago publica, a co- mecar pela definicao do que é legalmente considerado impacto ambiental. No Brasil, no ambito da Uniao, por exemplo, essa definicao esta contida no Artigo Primeiro da Resolugo Conama n°001/86. “Para efeito desta Resolucdo, considera-se impacto ambiental qualquer alteracao das propriedades fisicas, quimicas e biolégicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resul- tante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem: ‘+ a satide, a seguranga e 0 bem-estar da populacao; + as atividades sociais e econ6micas; * abiota; as condigdes estéticas e sanitarias do meio ambiente; € ‘a qualidade dos recursos ambientais.” No caso brasileiro, por exemplo, considera-se que um método é tanto mais adequado quanto ‘maior sua utlidade para dar suporte ao conjunto minimo de atividades e prodiutos legalmente exigidos na execucao dos EIA/Rima (arts. 6° e 9° da Resolucdo n*001/86 do Conama) ¢ para tornd-los adequados ao D5 G ted captor ential LD. yD QUADRO 14.5 ‘Resumo de um rotero bésico para elaboragdo do EIA/Rima J Informagaes Gerais + identificagio do empreendimento,incluindo: nome er3z30 social ~ endereco para correspondéncia; inscrigio estadual e CGC; histérico do empreendimento; nacionalidade de oxigem das tecnologias a serem empre- ads; Informagbes gerais que identifiquem 0 porte do empreen: dimento: pos de atvidades a serem desenvolvdas, incluindo as principals 2s secundaria Sintese dos objetivos do empreendimento e sua justifca tiva em termos de imporincia no contexto econémico- ‘social do pats, da rego, do estado e do municipio: Tocalizacdo geogrdfica proposa para o empreendimento, apresentada em mapa ou croqui, incluindo as vias de acesso e a bacia hidrogrstica; previsto das etapas de implantacio do empreendimento; fempreendimentols associadots edecorrentls) rome e endereco para contatos relatives ao ELAVRima. 9. Caracterizaco do empreendimento — com suas fases de planejamento, implantac3o e operapio, com indicaggo de- Z| falnada de tapas eexparsGes, quand houver | 43. Area de nfluéncia— com dliitago das teas geopriicas cae eta eincietamenteafetadas pelos impacts, devidamente - | justificadas e rapeadas, S 4. Diagndtco ambiental da dea de infuéncia, com descrigto ‘ andlise dos fatores ambientalse suas interagdes, por meio das varlaveis que descrevem o estado ambiental, caracte- rizando a qualidade ambiental — em um quadko sintético +. ~ onde se expdem 0s fatores ambientalsfsicos, biologicos e ~ socioecontmicos, indicando os métodos adotados para sua analise com 0 objetivo de descrever as interrelagbes entre = 6s componentes bidtcos,abiéticos e antrépicos do sistema = 2 ser afetado pelo empreendimento. Além desses fatores, ddeverdo ser identificadas as tendéncias evolutivas daqueles ~ fatores importantes pata caracterzarainteferéncia do em preendimento —fatores ambientais — como, por exemplo: Meio Fisico ~ + clima e condigdes meteoroldgicas da érea potencialmente atingida pelo empreendimento; + os ecostomas aquiicos exisentes nara de nfluéncia do empreendimento;€ + osecosistemas detrasigdoexistentes na fea de influén- a do empreendimento, Meio Antrdpico + dindmica populacional na rea de infuénca do empreen- dimen; + zoe ocupagso do solo, com nformagbes, em mapa, na frea de inuéncia do empreendiment: * + 0 nivel de vida na area de infuéncia do empreendi- ment; «esta produtva ede servos: € + cnganizagio social na rea de infutnea 5. Andlise dos impactos ambientals — identicagfo,valoriza- ‘lo € interprelacao dos provéveis Impactos nas diferentes fases do empreendimento, apresentadas sob as formas, respectivamente, de ‘Sintese Conclusva’e ‘Descricdo Deta- thadk’,e analisados considerando-os segundo seam: ‘impacts direos eindietos; + impacts benéficos e adversos; + impacts temporsrios, permanentes eciclicos; ‘+ impacts imediatos e em médio e longo prazos; * impacts revesiveise reversives;€ “+ impacts locals, regionaiseestatégicos. 6. Proposicso de medidas mitigadoras — clasificadas quarto: + 3 sua natureza preventiva ou corretiva, avaliando, inlu- sive, @eficiéncia dos equipamentos de controle de po- Tuigdo em relagto 20s eros de qualidade ambiental e 208 padebes de disposigao de fluentesliquidos,emissbes atmosfrcase residuos sidos: +8 fase do empreendimento em que devesio ser adotadas: planejamento, implantacéo, operacao e desativaglo, para ocaso de acidentes; «+ 20 for ambiental a que se destinam: isco, bil6gico ou socioecondmico; «0 prazo de permanéncia de suas aplicagdes: curt, mé dio ou longo; + 2 responsabilidade pela implementagdo: empreendedor, Poder Pblico ou outtos;e a0 seu custo, 7. Programa de acompanhamento € monitoramento dos i ‘pactos — incluindo-se, conforme 0 caso: * indicactoe justfcativa dos patémetrosselecionados para 2 avalagio dos impactos sobre cada um dos fatores arm- bientais considerados; indieagio ejustfieativa da rede de armostrager,inchuindo ‘seu dimensionamento e distibuigso espacial indicagio e jusificativa dos meétodos de coleta ¢ andlise de amostras; indicagio e justficativa da periodicidade de amostragem para cada pardmetro, segundo os dversos fatores amibien- false indicagioe jusificativa dos métodos aserem empregados mo procesamento das informac6es levantads, visando Tetstar 9 quadro da evolucdo dos impactos ambientais ‘ausados pelo empreendimento. a + qualidade do ar na regido; a + niveis de ruio na regio; + formacao geolégica da rea potencialmenteatingida pelo = empreendimento; = + formagdo geomorfol6gica da rea potencialmente ating da pelo empreencimento; ~ + Solos da regito que serdo potencialmente atngidos pelo ‘empreendimento;e od + recursos hiricos, sendo abordados hidrologia superficial, = hidrogeologla, oceanogratia fica, qualidade das aguas e sos da Sgua, ~ Meio Biologico ~ 10s ecosisternas terrestres existentes na drea de influéncia do empreencimento: : Capt 18 svar deinpaciosenbicnnis DST processo de sua apreciagao pelos técnicos e pelo pUblico interessado (art. 11). A seguir, um resumo desse Conjunto de atividades: |. diagnésticos ambientais da drea de influéncia do projeto; Wl. identificago dos impactos; Ill, previsio e medigo dos impactos; IV. definigao das medidas mitigadoras; V. elaboragao do programa de monitoramento; VI. comunicagao dos resultados. Embora existam varios métodos para a avaliaco de impacto ambiental, nenhum deles abrange to- das essas atividades ou possibilita a andlise de quaisquer tipos de projetos ou sistemas ambientais, ‘Munn (1975) resume como atributo desejével de urn método sua capacidade de atender as seguin- tes fungées na avaliagdo de impactos: A. identificagao; 8. predicao; CC. interpretagao; D. comunicagéo; € E, monitoramento. Finalmente, considera-se ainda desejavel que o método caracterize os impactos quanto a sua rele- vancia (ou importancia) e sua magnitude. Um método que atendesse a todas as caracterfsticas anteriormente referidas, mas se mostrasse ina- dequado no processo decis6rio a que se destina por ser de dificil comunicago fora do ambito estritamente técnico, ndo cumpriria a funcao essencial que dele se espera. Nao obstante as técnicas de comunicacao jé elaboradas, algumas delas especificamente para facilitar a comunicagao em audiéncias publicas para avaliagdo de impactos ambientais, a facilidade de estabelecer a comunicacao e favorecer o entendimento do pablico interessado pode ser fator decisério na sele¢o do método a ser empregado. Na sequléncia descrevemos os principais métodos de avaliacdo de impacto am tal. 143. Método Ad Hoc Nos métodos denominados Ad Hoc para avaliacao dos impactos, so promovidas reuniées com a participagao de técnicos e cientistas especializados, que tenham conhecimentos tebricos e priticos em setores relacionados as caracteristicas do empreendimento em anélise. Nessas reunides podem ser utilizados questionsios previamente respondidos por pessoas com inte- resse no problema e s6 circunstancialmente com formagao cientifica ou profissional relacionada ao tema sob andlise, de modo a subsidiar os pareceres dos especielistas Essas reunides, dirigidas de maneira a permitir uma visdo integrada da questo ambiental, permitem obter rapidamente informacdes quanto aos impactos provaveis e possibilitam 0 cotejo e a classificacdo de alternativas. Entretanto, s3o passives de critica em razdo da grande subjetividade envolvida nas opinides € do risco de tendenciosidade desde a avaliacdo até a escolha dos participantes. Em resumo, apresentam: + como vantagens ~ rapidez na identificagao dos impactos mais provaveis e da melhor alter- rativa e a viabilidade de aplicacao mesmo quando as informages sao escassas; € * como desvantagens ~ vulnerabilidade a subjetividades e a tendenciosidades na coordena- 0 e na escolha dos participantes. Na Tabela 14.1, adaptada de um exemplo de Rau e Wooten (Environmental Impact Analysis Hand- book, 1980), ilustr-se a aplicacao do método no qual estao qualificados os impactos sobre os diferentes componentes ambientais. Lt ee yyy I IOs TABELA 14.1 TES a SA a SS (Raw e Wooten, 1980) -Area ambiental Vida selvagem Utilidades pablicas {incluindo escolas) ie Espécies ameacadas x | | Vegetagao | | x | Vegetacdo exotica i 4 | ‘Aragem | x} 4 Caracteristicas do solo x i of Drenagem natural x | | | | ‘Agua subterranea lx] lex] Ruido ; |x] | Pavimentagao Jorep ec deced Recreacio x | | Qualidade do ar { {ex i Comprometimento estético| X | | ‘Areas virgens ; ot ix] Satide e seguranca ix] | Valores econémicos ix x | | Servigos pablicos x com planos regionais | ‘Compatibilidade | L EP Efeito Positive CP Curto Prazo EN Efeito Negativo LP Longo Prazo | EL Efeito Nuto LP. Problemstico 144 Método das Listagens de Controle ee ae | * | * ; oto 4 x | po el ie x } oq ex ea | | | | | 1x | x] | yx | | bx | | x] x] x ' lea | Lot x B Eieito Benéfico R Reversivel Root fos} | | | x | | ea bee | | x | poo | x | | | FA Eleto Adverso | 1 treversivel | A listagens de controle so uma evolugdo natural do método anterior. Especialistas (ad hoc ou no) preparam listagens de fatores (ou componentes) ambientais potencialmente afetaveis pelas acdes propostas. Com o decorrer do tempo, essas listagens tornaram-se disponiveis para um grande nimero de empreendimentos-padrio e facilmente acessiveis pela bibliografia especializada. Em resumo, apresentam: + como vantagens -simplicidade de aplicacao, reduzida exigén Goes: se impacts ambientas cia quanto a dados e informa- 259 fe *+ como desvantagens — néo permitem projecdes e previsbes ou a identificagao de impactos de segunda ordem. As principais variantes do Método das Litagens, em grau crescente de complexidade e detalhamento nas respostas que propiciam, s30 apresentadas a seguir Listagens descritivas As listagens de cardter puramente descrtivo sto bastante utilizadas para orientar a elaboracao das aveliagaes de impacto ambiental, relacionando ages, componentes ambientais e respectivas carscte. tistics que podem ser alteradas. Pode também conter informagées sobre técnicas mais adequadas de medicao ¢ previsio para os indicadores ambientais selecionados, bem como sobre a ponderacao relativa dos impactos. Entretanto, nao permitem 0 cote de altemativas mediante a quantificaczo dos impactos, Apresentamos a seguir exemplos de listagens de controle descritivas empregadas em diferentes es- tudos de avaliago de impactos ambientais. O primeiro deles (Tabela 14.2), elaborado por organismo da ONU e apresentado por Silveira e Mo- ‘cira (1987), € parte da listagem referente a aproveitamento hidrico em uma bacia hidtogréfica topical, Na coluna da esquerda esto relacionadas as ages previstas com a implantaco do aproveltamentos na da Gireta, as caractersticas e condigdes do ambiente fisico e socioecondmico que poderao sofrer altro. com a implantagao do aproveitamento (nas fases de construgio e de operacao). Na segunda Tabela (Tabela 14.3), encontra-se pare de uma variante diferente de uma listagem de Controle. Nela, os impactos potenciais estéo relacionados na primeira coluna, e as respectivasfontes de in. formasio ¢ técnicas de previsio a sere utlizadas para sua avaliagao sto mostradas na Coluna seguinte, Na terceira Tabela (Tabela 14.4), encontra-se outra das formas que pode assumir uma listagem de controle descritiva. Neste caso, na tentativa de estender o uso dalistagem de controle para a ordenacio de aterativas, mesclou-se esse método com o ad hoc. Por meio do grupo ad hoc aribu.se um peso pela omparagao de cada um dos parametrs istaclos nas diferentes alternativas TABELA1 Listagem de Controle — Componentes ambientais potencialmente afetados pelo | deservobimento de una baci ‘idrografica tropical (Silveira e Moreira, 1987), is aetintaee: SERED Revestimento dos canais Lagoa de lrrigacao Canais para irrigagao Piers, molhas, marinas e desembocadouros Barragem de reservat6rios Dinamitacao e sondagem Reservatérios Cortes e aterros Barragem de irrigagao Tneis e estruturas subterraneas Scag apsigumemers ee eas 1. Flora 2, Fauna Arvores ‘Aves terrestres Arbustos, ‘Aves aquaticas Capim Animais terrestres, inclusive répteis, Cultura anfibios ete. Microflora terrestre Zooplancton Fitoplancton Bentos Plantas aquaticas Peixes e crustéceos — CAO OEE SOOT ad Condigdes biolégicas’ ey ll cota) 1, Flora 2. Fauna Espécies raras Insetos Espécies ameacadas Microfauna ) Barreiras Espécies ameagadas Corredores Espécies raras | Barreiras :| Corredores ee Erosio oo Ggractertsticas e condigdes ambientais'e socioecondmi Compactagoe assentamento Estabilidade (dleslizamentos, quedas) Deposicao (sedimentacao e precipitacao) Pressbes (terremotos) Solugao Absorgdo (roca ionica, complexos) Correntes de ar Planejamento dos us0s do solo e da gua- Recarga do lencol frestico manejo Reflorestamento e manejo florestal Aplicagao de fertilizante Estoque de animas selvagens e manejo Reciclagem dos despejos t comolarfo do soloe ve para irigagao ey SAE SS Remogao da floresta junto & linha-dagua Terras secas — expanséo da agricultura Controle da erosio Paisagismo Pastagens ~ marinha d’agua tradicional Lavoura — 4rea tradicional Lavoura — colonizagao tradicional Agroinddstria Lavoura — irrigagao da érea tradicional ‘Aquacultura Lavoura — irrigagao de uma colheita Processamento da madeira Lavoura — irrigacdo de duas plantages, Indéstria madeireira Lavoura — marinha d’@gua (zona submersa) Artefatos Pastagens — terrenos elevados Sondagem de pocos € Temogto dos Muidos Exploragao da floresta Pesca de subsisténcia Eletrificaga0 Escavacao superficial Poco de argila para barragens Arent caléreo para barragens SERIES ES eRe Usos do solo Pasagem Habitat de animais selvagens Preparacio do terreno Reservas decimais ‘Agricultura na marinha d’agua Aveas alagadas Agricultura de ierigag0 Florestas Agricultura de colonizagéo Cerrado ‘Agricultura tradicional Reservas florestais “wavimencmies DOL Capita by = A vo ’ TABHLAI43 Parte de uma listagem de controle descritiva — = | Fatores ambientais (Silveira e Moreira, 1987). , Impactos potenciais/.- | Fontes de inforriagao/. (40°: - Dados necessérios i ‘Técnicas de previsao:' |: _ | sPreia Qualidade do ar/Satide | ae Alterages nas concentracdes de poluentes no ar i Concentragdes atuais ambientais, emissdes atuais ° pela freqiiéncia de ocorréncia e nimero de |e previstas, modelos de dispersio, mapas - pessoas ameacadas. | demograficos =~ Qualidade do ar/Incémodo | a Alteragées na acorréncia de incémodos visuais | Amostragens junto aos cidadkios, processos industriais = (fumaga, névoa) ou odores e ntimero de pessoas | previsiveis, volume de trafego, ~ afetadas. | Alteragdes no tréfego ou outras fontes de ruido e 7 Alteracao dos niveis de ruldo e frequéncia da | em barreiras de som: modelos de propaganda de = acorréncia e ndmero de pessoas incomodadas. | ruidos, nomégrafos,relacionando nivels de trafego, - | barreiras etc. Pesquisas e amostragens junto ~ p | a0s cidadaos ou atual opinigo quanto aos niveis = t | de ruido, = Qualidade da agua | = } Alteragées nos usos permitidos ou tolerados da | Efluentes existentes e previstos, concentracdes - t gua e niimero de pessoas afetadas, por corpo | _atuais ambientes, modelos de qualidade da Sgua. - f de agua relev: > ~ — ae ___ Ordenament 7 7 Dados necessérios | Nenhuma | Projeto | Projeto | Projeto | Projeto Agio | ot [oo oe Qualidade da gua | | | ~ ‘Alcalinidade — PH 5 ; 2 | 3 | 4 1 - Ferro — manganés 5 2 | 4 1 = Dureza total 2 5 3) | 4 1 7 S ———+ | Ecologia i | | 5 ‘Aquatica 13 2} 3 | 4 Jf 4 eS Terrestre peeleeen | {3 fo = Estética | | | | j a - Biota terestre (4 | 5 [ 2 3 | ~ 4, Biota aquatica | | 2 3 eS 4 Estruturas feitas pelo homem eas 3 ~ (continuo) L_ “_Ordenamento das alternativas Dados necessétios FNenhuma | Projeto | Projeto | Projeto | Projeto ee | ASI a of ow ow Economia | | Mescla de atividades econdmicas | 5 1 | 3 4 1 2 Formagao do capital 5 aw , 2 | 3 4 Renda — emprego 5 foro jy 3 | 4 2 Valor das propriedades 5 | 4 | 3 }oo4 Social | | Servicos individuais | 2 1 Servigos comunitarios | 4 = 2 Custo pablico | Construgao espe ee Operagiioe manuten¢Zo eee ee | Embora com as limitagdes que procedimentos desse tipo podem apresentar, essa mescla € freqiien- temente utilizada para ordenacdo expedita de alternativas, sempre apoiadas na hipotese de ser possivel associar-se uma escala de ponderacdo razoavelmente representativa da magnitude/relevancia de cada impacto. As duas tabelas a seguir constituem exemplos mais elaborados, apresentados por Rau & Wooten (1980), visando a essa ordenacio. TABELA 14.5 Listagem de Controle por drea de impacto (Rau e Wooten, 1980). T ns T |_Construgio | Efeito | Efeito | Efeito | Efei _ ___| adverso_| _nulo_|_benéfico | adverso A. Transformagao, da construcéo. Compactagio e decantagao Operasio Efeito | Efelto nulo | benéfico Impacto potencial | { 4 s a b. 7. Superfiie do solo ‘d. Deposicao (sedimentagao, precipitagao) Estabilidade | Esforgos (terremotos) Enchentes Controle de gastos Explosbes e perfuragoes Falha operacional = ‘eontnad (continua) Construcao Operacio Impacto potencial Efeito Efeito Efeito Efeito Efeito | Efeito I _ adverso_| nulo_| benéfico | adverso | _nulo_| benéfico Uso da terra | Espaco aberto Recreacional ro Asi | | =a industrial Recursos de dgua Qualidade Irrigagao Drenagem | Agua do solo b. é d. D. . Qualidade do ar. a. Oxidos (sulfato, carbono, nitrogéni ‘Agua de percolaco Quimico Odores Escolas Policias Protegdo ao fogo | ‘Abastecimento de agua e de energia @__ Sistemas de esgotos #._ Disposigao de lixo Vida Selvagem ‘Arvore ‘Sistemas de transporte a. b. Campos G. a._Automéveis Caminhoes ‘Movimentos Ruido e vibragao On-site Offsite oO yyyy vy Wy) Impacto potencial Efeito feito | Efeito adverso__nulo | benéfico Estrutura comunitdria alelalalels = (listados apropriadamente) | Exemplo de Listagem de Controle para projeto de | desenvolvimento de viinhangas (Rau e Wooten, 1980). ‘Ages de impacto | Agio Efeitos das agdes ela Sistema de Sgua 2 e elolaie Uso do solo vizinho Drenagem de tempestades “Transporte pablico vlolelelelelelalelalel= alolelolalelale[e] ele] alolelalolololelololol = a[ololoflole|#lalolel» “jefelx|-T=[elol =| [=| Oli xielal aio a] a] eo alalel-lelelo ejelx Sociveconémicos Demanda auxiliar elo . x Salide e Seguranca ~Aceitaggo da vizinhanca elel- olojala! + olole ele: (continua) 14 = Avago de inpactos ambientais nh SS a % impacto nao apreciével | Lo (continual Ages de impacto | Efeitos das agdes Elementos Socioeconér 0s | Estéticos | Vista Estrutura hist6rica ‘Amenidades Cardter da vizinhanca 1. Relocagao residencial 2, Relocacao do escrit6rio 3. Demoligao, grading, construgao A. Periodo provisorio. a. Novas utilidades no local . Novos edifcios esidenciais ¢. Novos edificios comerciais 4. Esrutura para estacionamentos \ €. Pargues espacos abertos {.Preservagio histérica 8: Mociticago para sistemas de vias | tecenpa 0 impacto negativo minoritario. © impacto negativo majoritario | + impacto positive minoritario © impacto positivo majoritirio Invroducao a eagenhuria wnbiental , , ‘ } { Listagens comparativas Esse tipo constitu-se numa evolugao das listagens anteriores, mediante @ incorporagzo de critérios de relevancia aos indicadores ambientais caracteristicos do estado ambiental alterdvel pelos impactos. Normalmente essas listagens sao especificas para 0 caso em estudo e no maximo aplicaveis as situagbes- padrao por ele representadas. ‘Arelevancia do impacto € explicitada numericamente (ou por meio de letras) em relagao ao nivel de impacto considerado significativo. Em alguns modelos do método a relevancia leva em conta também a duragao do impacto. Habitualmente, 2 intensidade cresce com 0 ntimero ou a ordem alfabética da letra. ‘Um exemplo de listagem comparativa foi desenvolvido para os Estados Unidos e passou a ter lar- go emprego internacionalmente. O US Forest Service desenvolveu uma listagem associada a critérios de relevancia, composta de fatores ambientais, bem como socioeconémicos, qualidade da agua e habitats da vida selvagem, acompanhados de fatores desejveis ou que sejam padrdo para cada um deles. Essa listagem encontra-se descrita em Silveira e Moreira (1987) Quando o impacto previsto ultrapassa os valores desejaveis estabelecidos, emerge uma situacdo a ser considerada na andlise ambiental, a luz de critérios de relevancia. ‘Como principais caracteristicas desse método podemos destacar: «+ 08 crtérios de relevancia, os fatores ambientais e os padrées estabelecidos dependem das caracteristicas do empreendimento; € + adimensdo temporal é considerada Mediante a aplicagio desse método, € possivel estabelecer a hierarquia dentre as altemativas quan- to 20s impactos que cada uma introduz sobre os diversos componentes (ou elementos) ambientals. Ele nao revela, porém, qual a hierarquia das alternativas no conjunto total dos impactos. ‘ATabela 14.7 resume um exemplo de aplicagao (elaborado por Sassaman, 1981, ¢ por Silveira € Moreira,1987) de uma comparacao de impactos ambientais de trés alternativas de exploragao florestal, Na primeira coluna estao os componentes ambientais fisicos e socioeconémicos considerados. Na segunda, 0s pardmettos correspondentes caracterizadores dos respectivos estados ambientais. Na tercera, 05 valo~ res do limiar (ou nivel) de relevancia. Nas trés colunas seguintes esta a caracterizagao dos impactos de ‘cada altemativa sobre cada um dos componentes ambientais considerados. No exemplo, os graus de intensidade considerados foram: ‘A~nenhum efeito E—efeito muito grave B - pouco efeito 1 —menor impacto C-efeito significative 2— impacto significativo D— efeito grave 3 —maior impacto Listagens em questionario ‘esse tipo de listagem, procura-se contornar uma falha dos métodos anteriores, que consideram os impactos de um projeto isoladamente, sem levar em conta suas interdependéncias. Vérias perguntas s80 elaboradas visando contornar a desvantagem da listagem puramente descritiva. ‘A listagem 6 subdividida em categorias genéricas (ecossistema terrestre, vetores de doencas ¢ Ou- tras), para as quals sfo organizados questionarios acompanhados de instrugBes para seu preenchimento, bem como de classificacao do impacto resultante das aces neles descritas. (Os quadtos 14.6 ¢ 14,7 a seguir sio exemplos de listagens de questionaros citados em bibliografia corrente. Ambos foram vertidos e adaplados por Silveira e Moreira (1987). © primeiro é de 1981 fol elaborado pela US Agency for International Development para aplicagao em projetos de aproveitamento rural em paises em desenvolvimento, O segundo, também de 1981, foi elaborado por Clark e seus cola- boradores para a Gra-Bretanha, (o1pyauaq, Ya (oO Ets CCIE GPEt ited o ee domed aed | | obSejndod eu wis DOE oEN 240 BIN DHOL | eESNpa! op tose s90]€ 9 sopean = opdodsu eis elo on | 9¢ oN De € srenpeisa sooipeg | | : wis | o0z orn j 0 oN “ $¢ S-sefmuo> ap Grown een | 30000002) oN | 0000001) us 0000001 | eIp/saUueUsiA | | ‘ousaaut ap souodsy oN | 200009 | oN 2D 0000s tans 0005 | sowawedurese ap o1winNY : squysyewiue wis 2 0000¢ OPN 2 00005 ORNS 2) 00005 yemue [aan ‘sapeplun ap owewisaui04 wis, 300s oRN, DOr oN, 200 %OL eMy | jeIsAIOY OSia1as Op epuewAg OeN 3.000 01 ORN, 20056 oN | 30006 oyeme (BAIN, ‘opeaud so1as ou sesaidury oN Ls Le oN | be ua Josno o8zes) ef us or ob wuts a oY € stenpeisy sozmnauig Ser” oedema = ‘ovdemgea | 0, ogdeing a —— a — opeduyy | opeduy Loveday | opeduy, opeduyy eroupaayas ede eunguau oede ewnquau ~oese eumyuau 2p sou soxowgied eeaeuany Z eaewayy beaewany (861 ‘DsIaL0W 2 v1:2A)15) so1z0dun sop sopop 2 assasomt | 2p Sana :soupis9‘sojuauenj2 woo 2ssatayuy 2p soyurT, | ZvLVIaaVL| suaBenjas sreunuy 42 op apepijend> ‘ogSunxa ap sepeSeowe sarsadsy ovSeas2ay {sossnoay) suaSenjas sreunuy o8aiduiy e1oUeDg 42 op apepirends sojuawiayy Inurvdugio i engenturiec ambiennsd 268 QUADRO 14.6 4 |Partes de um questiondrio(Lstagem de Controle) para paises em desenvolvimento. “aaa eeeaees oa a) Qualquer dos ecossistemas listados a seguir pode ser classificado como significativo ou tinico pela natureza de seu tamanho, abundancia ou tipo? * floresta * savana * campo * deserto b) Estdo esses ecossistemas: tegrados moderadamente? egrados? * gravemente integrados? sim, Sim, Sim, sim, sim Sim, Sim, Nao_____Desconhecido Nao_____Desconhecido Nao_____Desconhecido Nao. Desconhecido Nao, Desconhecido Nao, Desconhecido Nao, Desconhecido ) Observa-se a tendéncia de alterago desses ecossisternas por corte, queimada etc. para uso agricola, industrial ou urbano? Sim, 4d) A populagio local usa esses ecossistemas para extracéo de: «+ plantas comestiveis? + plantas medicinais? + madeira? + Fibra? * pele? * animais comestiveis? sim, sim sim ‘Stee Sim, Sim, €) O projeto vai provocar nesses ecossistemas limpeza ou alteracao de: + Greas médias? * Greas externas? Sim, Sim, Nao, Desconhecido Nao, Desconhecido Nao. Desconhecido Nao. Desconhecido Nao. Desconhecido Nao. Desconhecido Nao. Desconhecido Nao. Desconhecido Nao. Desconhecido 1) O projeto depende desses ecossistemas para a extragao de matérias-primas (madeira, fibras)t sim, Nao. Desconhecido 8) O projeto prevé a reducdo do uso desses produtos dos ecossistemas ou sua substituigdo por outros materiais? h) O projeto causaré aumento no crescimento da populagao da area, esses ecossistemas? sim, Néo___ Capital = Avaliagd de impactos amblensais Desconhecido Desconhecido provocando tensBes sobre -ND.HA.MA.LA.O.LB.MB.HB. (Silveira e Moreira, 1987) (consis | 269 (continua) Vetores de doengas | a) Existem na area problemas de doengas transmitidas por espécies de vetores, tais como a \ mosquitos, pulgas, caraccis? 5 Sim___ N&o____ Desconhecido - b) Esto esses vetores em: - * habitats aquaticos? Sim___ Nao, Desconhecido = + habitats florestais? Sim___ Nao____Desconhecido > + terras agricolas? Sim___ Nao, Desconhecido - « habitats degredados? Sim____Nio, Desconhecido OS + assentamentos humanos? Sim___ N3o____Desconhecido - ©) O projeto resultaré em: - * aumento dos habitats de vetores? Sim___ Nao____ Desconhecido _ * decréscimo dos habitats de vetores? Sim_____Néo. Desconhecido a * oportunidade de controle de vetores?. © Sim____ Nao____Desconhecido a d) Sera a forca de trabalho uma possivel fonte de doencas ainda desconhecidas na area do > Projeto? Sim, Nao____Desconhecido > e) Sera o aumento da acessibilidade e do comércio com a area do projeto uma possivel fonte i de doengas ainda desconhecidas na area? . \ Sim___ Nao____Desconhecido ~ 1) O projeto daré oportunidade para o controle de vetores por meio da melhoria dos padrées. ~ de vida a Sim___ Nao____Desconhecido - IMPACTO SOBRE VETORES DE DOENCAS.. ws ND..HA..MA..LA..O..LB..MB..HB. ” LEGENDA. am nao determinvel O — pouco ou insignificante - muito adverso LB pouco beneficio | ~ medianamente adverso MB_ beneficio médio j > pouco adverso HB_ muito beneficio | - QUADRO 14.7 _ Listagem de Controle em forma de questionério para a Gré-Bretanka (Silveira e Moreira, 1987). Poluicio da égua a) Os efluentes,tratados ou nao, tém efeito significativo sobre a flora e a fauna das guas dos rios, canais, lagos, estudrios e do mar? b) Os efluentes serdo levados até as 4guas superficiais pelas aguas subterraneas? ©) Existem trechos do rio, a jusante, onde os efluentes possam causar alteragdes na fauna e na flora? d) Haverd efeitos sinérgicos significativos, tanto entre os poluentes e 0 corpo receptor quanto entre os poluentes entre si? e) Haverd efeitos progressivos significativos, tanto entre os poluentes e 0 corpo receptor quanto entre os poluentes entre si? A descarga de efluentes elevard os niveis de poluicao local? Variagdes nas vaz6es (sazonais) causardo aumento significative na concentragao de po- luentes? fh) Variagées no gradiente de salinidade e/ou mais correntes do estuério levardo a aumentos nas concentracées de poluentes ou problemas de dispersio? i) Apesca sera afetada pelo lancamento de efluentes? 3) Serdo os demais usos da agua, como a canoagem, esqui aquatico e vela, afetados pelo langamento de efluentes? k) Haveré odores que causardo, provavelmente, incomodos & populagio? D Quais as comunidades ou espécies de animais que provavelmente serdo afetadas por alte- ragGes na flora aquatica e na fauna? \ 1m) Existe alguma comunidade vegetal dependente da agua dos corpos receptores que prova- velmente serdo afetados pelas descargas de efluentes? n)Alguma horticultura ou lavoura usa gua dos corpos receptores para irrigaco? eo Listagens ponderais Constituem uma evolugao consolidada das listagens de controle comparativas com ponderacao. O modelo que melhor representa o método € conhecido como método de Battelle, descrito adiante. © método € baseado na listagem de parmetros ambientais. A importincia relativa de cada um dos parémetros em relacéo 8 soma dos impactos do projeto é dada pela atribuigao de pesos. Tanto a distribuigdo de pesos entre os pardmetros quanto o desenvolvimento das funcdes e valores dos indices de qualidade ambiental associados ao estado de cada pardimetro so obtidos com auxilio de uma equipe multidisciplinar. O método de avaliagao ambiental de Battelle (Columbus Lab. ~ US Bureau of Reclamation), inicial- mente formulado para a utilizagdo em aproveitamentos de recursos hidricos, é exemplo tipico de listagem ponderal e possui as seguintes caracteristicas principais: * € abrangente e seletivo ao mesmo tempo; * bastante objetivo para a comparacdo de alternativas; ‘+ no permite a interacdo dos impactos; + permite previséo de magnitude pelo emprego de escala normalizada de valores; e + nao distingue a distribuigao temporal Esse modelo é constituido por 78 parémetros representativos de componentes ambientais (18 ecolé- gicos, 17 estéticos, 24 fisico-qulmicos e 19 sociais). A cada um deles esta associado um peso previamente definido que estabelece sua importancia relativa em face dos demais na constituigdo dos impactos. A cada parimetro corresponde um indice de qualidade ambiental normalizado numa escala que varia entre 0 € 1, estabelecidos caso a caso por equipe multidisciplinar ou adotados a partir de casos similares relatados anteriormente. © somatério dos produtos dos indices de qualidade pelos pesos dos respectivos pardmetros constitui 0 valor relativo do impacto calculado para cada alternativa, ‘A Tabela 14.8 e 0s quadros 14.8 a 14.10 apresentam, respectivamente, a rela¢o dos pardmetros do rmétodo Battelle (Munn, 1975) e trés exemplos de possiveis curvas representativas de indices de qualidade ambiental utilizadas no método de Battelle, traduzidas e apresentadas por Silveira e Moreira (1987). __ | TABELA 14.8 Classificagdo ambiental de Battelle para desenvolvimento de projetos de recursos de gua (Munn, 1975). Ecologia isico/quimico ‘© Espécies terrestres e populacdes (14) | © Qualidade da agua Herbivoros (14) Perda da bacia hidrolégica (20) Colheitas (14) Demanda bioquimica de oxigénio (25) \Vegetacao natural (14) | Oxigenio dissolvido (31) Espécies pestilentas (14) | Coliformes fecais (18) Passaros (14) Carbono inorganico (22) Nitrogénio inorganico (25) + Espécies Aquaticas e Populagbes Fosfato inorganico (28) Pesca comercial (14) Pesticidas (16) Vegetacio natural (14) PH (18) Espécies pestilentas (14) Variagao dos cursos de agua (28) Pesca esportiva (14) ‘Temperatura (28) ‘Ave aquatica (14) Total de sélidos dssolvidos (25) Substancias toxicas (14) * Habitats terrestres e comunidades | Turbidez (20) {indice de cadeia alimentar (12) Uso da terra (12) * Qualidade do ar Monéxido de carbono (5) Hidrocarbonetos (5) Oxidos de nitrogénio (10) Material particulado (12) Espécies raras e ameacadas (12) Diversidade de espécies (14) + Habitats aquéticos e comunidades Indice de cadeia alimentar (12) j ‘Oxidantes fotoquimicos (5) Espécies raras e ameacadas (12) | ‘Oxidos sulfiiricos (10) Caracteristicas do tio (12) Outros (5) Diversidade de espécies (14) + Poluicio da terra Uso da terra (14) Erosdo do solo (14) | © Poluigao Sonora Rutdo (4) Teonial ee) < + Tera Educagao/Ciéncia Material geol6gico superficial (6) | Arqueologia (13) ~ Relevo e caracteristicas topograficas (16) | Ecologia (13) o Largura e alinhamento (10) Geologia (11) ~ Hidrologia (11) ~ + ar 2 Odor e visual (3) + Historia Sons (2) \ ‘Arquitetura e estilos (11) ad I Eventos (11) = + Agua | Individuos (11) S ‘Aparéncia da agua (10) | Religides e culturas (11) = Interface terra/agua (16) Regides remotas (11) Odor e material flutuante (6) ~ Area superficial da agua (10) = Culturas - Costa florestada (10) | Indigenas (14) S | Outros grupos étnicos (7) . * Biota | Grupos religiosos (7) Animais domésticos (5) | ~ ‘Animais selvagens (5) | # Atmostera ~ Diversidade de tipos de vegetacao (9) | Pavor (11) S Variedade entre tipos vegetais (5) | Isolamento/solidao (11) = | Mistério (4) + Objetos feitos pelo homem | Reencontro com a natureza (11) ~ Objetos feitos pelo homem (10) | + Padrdo de Vida = + Composigo | (Oportunidades de emprego (13) . Efeito composto (15) | Moradia (13) = Composigo peculiar (15) [L Interagdes sociais (11) & * Naimeros entre parénteses s40 pesos relativos y __| QuabRo ~ | Exemplo de curva representativa de a | indice de qualidade ambiental (Munn, 1975) = ; ~ Exemplo I: = Para o parametro turbidez 7 do subgrupo qualidade de ‘agua, temos o indice de qualidade ~ ambiental (0 a 1), em fungao 7 da medida de turbidez em ~ unidades de turbidimetro 3 ~ Jackson. A técnica, a unidade e gy 02 2 0 equipamento escolhidos sio 3 ~ * See contole S90 MC ~ : Indice de Qualidade Ambiental QUADRO 14.9 ‘Exemplo de curva representativa de indice | de qualidade ambiental (Munn, 1975) Exemplo I: No ceste norte-americano, a populagao 6tima de herbivoros domésticos ou selvagens 6 a populagao capaz de consumir em torno de 50% a 60% da produgio vegetal liquida. Quando esse valor 6 excedido, ha risco de desestabilizacao por excesso de pastoreio; quando o niimero nao é atingido, o potencial pleno da pastagem nao é atingido. © parémetro pastagens do subgrupo Ecologia foi adotado na medida da sua capacidade de alimentar herbfvoros e, com base 0 nisso, foi estabelecido o indice de qualidade Herbivoros (| ambiental do grafico a seguir: Indice de Qualidade Ambiental QUADRO 14.10 Exemplo de curva representativa de indice de qualidade ambiental (Munn, 1975). Exemplo III: parametro oxigénio dissolvido do subgrupo qualidade de égua é um descritor cléssico dde qualidade ambiental. Convém lembrar que os padrées geralmente aceitos para preservacio da flora e fauna exigem uma concentracio minima de oxigénio dissolvido na agua de 5 mg/L. 19) 08. INDICE DEQUALIDADE 9 6 "AMBIENTAL M os. 02 Fags & COXIGENIO DISsOLWIDO De maneira geral, os métodos que adotam pesos como medida de avaliagao dos impactos ambientais sdo passiveis de criticas, tais como as formuladas por Silveira e Moreira (1987): « parte signiticativa das informagées se perde com a transformago em niimeros; + 05 pesos so dados aos atributos ambientais e, portanto, a seus impactos, sem garantia de {que tals pesos representario a realidade futura; , , d ‘ + a distribuigao do impacto sobre diferentes segmentos da populagio nao ¢ identificada; e + possiveis arranjos ou medidas atenuadoras de impacto no sao evidenciados. Como vantagens do método Battelle podem ser citadas sua grande abrangéncia, a possibilidade de previsdes de magnitude relativa e a objetividade na comparagio de alternativas. 145 Método da Superposigéio de Cartas O Método da Superposicao de Cartas trata da confeccaio de cartas temiticas relativas aos fatores ambientais potencialmente afetados pelas alternativas, tais como embasamento geolégico, tipo de solo, declividades, cobertura vegetal, paisagem e outros. As informagGes resultantes da superposi¢ao so sinte- tizadas segundo conceitos de fragilidade (dando origem as cartas de restricdo) ou de potencial de uso (na forma de cartas de aptido). Esse método é bastante utilizado, quase sempre na escolha do melhor tragado de projetos lineares, como rodovias, dutos e linhas de transmissdo, sendo também recomendado na elaboracao de diagnésticos ambientais. ‘Com a notével ampliagao de perspectivas crescentemente oferecidas pela computagao gréfica pelas técnicas de sensoriamento associadas a sistemas de informacdes geogréficas digitalizadas, esse método vem sendo valorizado com intensidade proporcional. Atualmente, tornou-se vidvel a produgao de cartas de restricao de aptidao permanentemente atualizadas. Por meio de um sistema de pontuacao obtido do cruzamento automaticoe informatizado dos valores de estado atribuidos aos fatores ambientais, identificam-se varios niveis ou categorias de restrico ou de aptidao. Esse método ja tem sido usado entre rds dessa forma em estudos de impactos e particularmente na proteco aos mananciais da Regido Metro- politana de Sao Paulo. 14.6 Método das Redes de Interagiio As redes de interagio surgiram da necessidade de identificar os impactos indiretos ou de ordem inferior, destacando-os dos impactos primarios ou ditetos. impactos primétios ou diretos sao geralmente causados pelos ‘insumos’ dos projetos (obras e equi- pamentos, por exemplo), enquanto os impactos indiretos s30 causados pelos ‘resultados’ do projeto (redi- recionamento, mudanca de intensidade e de natureza do trfego, por exernplo) Os impactos diretos so de mais facil avaliago e medi¢ao. Os impactos indiretos podem, por ve- es, ser mais significativos do que os primérios, embora sua avaliacao seja mais dificil, por se tratarem de impactos induzidos e dependentes de uma previsio nem sempre lastreada em técnicas confiéveis mais recentes e por abrangerem ntimero maior de variveis. Nao obstante as restricées apontadas, a distin¢do pode ser importante, pois, pela identificacao da cadeia causa-condi¢o-efeito, é posstvel encontrar formas mais apropriadas de minimizar impactos adver. 505. As redes permitem retornar, a partir de um impacto, até 0 conjunto de opgées que contribuem para sua magnitude direta e indiretamente. AAs vantagens desse método, além das jé citadas, provém da identificacdo do conjunto de agoes que contribuem para a magnitude de um impacto, facilitando, assim, a previséo dos mecanismos de controle ambiental que deverao ser implementados para atuar preferencialmente sobre as causas potenciais de sua deterioracao. Devido & maneira como sto construidas, as redes de interagéo tém normalmente uma limitagao: s6 abrangem os impactos negativos. 14.7 _ Método das Matrices de Interagéo Esses métodos so uma evolucéo das listagens de controle, podendo ser considerados listagens de controle bidimensionais. Dispondo em coluna e linha os fatores ambientais e as aces decorrentes de um projeto(essas ultimas, respectivamente, em suas fases de implantagao e de operacao), & possivel relacionar 6s impactos de cada ago nas quadriculas resultantes do cruzamento das colunas com as linhas, preser- vando as relacdes de causa e efeito. Percorrendo as ilas das matrizes correspondentes a cada uma das ages, & possivel detectar as que sao potencialmente responsaveis pelo maior ntimero de impactos, Utilizando indicadores que quantificam ‘ou qualificam esses impactos, € possivel configurar o potencial de impacto de cada ago, de modo ttl para fixar medidas mitigadoras de impactos adversos ou amplificadoras de impactos benéficos, ‘As dificuldades de fixar critérios de relevancia e de ponderacio dos indicadores ambientais, para tomé-los comensurdveis e passtveis de valorizacao globalizada, fazem as matrizes serem tao vulneraveis € sujeitas a riscos quanto os métodos anteriores. Uma das matrizes mais utilizadas foi concebida pelo US Geological Survey e é conhecida como Matriz de Leopold. Do cruzamento de 88 componentes (ou fatores) ambientais € 100 ages potencialmen- te alteradoras do ambiente resultam 8 600 quadriculas. Em cada uma dessas quadriculas so indicados algarismos que variam entre 1 € 10, correspondendo, respectivamente, & magnitude e & importancia do impacto. Ao numero 1 corresponde a condigéo de menor magnitude (minimo da alteracdo ambiental potencial) e de menor importancia (minima significancia da acao sobre o componente ambiental consi- derado). Ao ntimero 10 correspondem os valores maximos desses atributos. O sinal + ou - na frente dos intimeros indica se o impacto é, respectivamente, benéfico ou adverso, Como em métodos anteriores, na fixacdo desses valores est presente o risco da subjetividade. Para esse método cabem muitas das observacées feitas anteriormente a outros métodos, como, por exemplo: ‘+ ageneralidade da abrangéncia buscada limita a aplicabilidade caso a caso; deve-se ter esse, tanto quanto outros métodos, como uma referénci * freqiientemente, mesmo pré-relacionando as ages que esto mais presentes no projeto, ‘chega-se a uma matriz com quantidade elevada de quadriculas preenchidas, de dificil inter. pretacdo e visualizagao dos impactos, sendo necessaria uma nova sele¢o para eliminar os menos significativos; e * o enfoque sobre o qual a matriz foi gerada volta-se para projetos com impactos, estenden- do-se por territ6rios de amplas extensdes; dai sua inespecificidade para caso de projetos urbanos. Uma inspecdo das listagens da matriz de Leopold, segundo Canter (1977), justifica essa observacao. Na Tabela 14,9 € no Quadro 14.11 sao mostrados, respectivamente, as 88 ages € 0s 100 fato- res ambientais que integram a versio original, em inglés, da matriz de Leopold, apresentada por Canter (19771, e uma ilustragao esquemética do modo de atribuir pesos e computar os impactos sobre cada fator ambiental e sobre a totalidade do ambiente. Agdes e Fatores Ambiencais Matric de Leopold (Canter, 1977). Ages Des Categoria igao Introdugio de fauna especifica Controle biol6gico Modificagéo do habitat |. Alteragao da superficie da terra . Alteragao da dgua suibertanea Alteragao da drenagem A. Modificagio a do regime ig. Controle do rio ‘e modificagdo do fluxo hh. Canalizagéo i, Irigaggo_ j. Modificagao do tempo k, Queimadas |. Superficie do terreno ‘ou pavimento im. Ruido e vibragzo 8. Transformagdo a. Urbanizagdo dosoloe b. Sitios industria ¢ ediffcios construgao . Aeroportos d. Pontes e viadutos Estradas e wilhas Vias férreas Teleféricos 3. Linhas de transmissdo, oleodutos e corredores i. Barteiras incluindo cercas Dragagem e estreitamento de canal k. Reversio de canais 1. Canais, im, Barragens e reservatérios, 1. Ancoradouros, portos, ‘marinas e terminals maritimos Estruturas marinas Estruturas de recreac3o Explosoes e perfuracdes Itens ambientais Categoria ‘A. Caractersticas fisico-quimicas 1. Terra 2. Agua 3. Atmosfera 4, Processos 8B. Condigaes biolbgicas 1. Flora Descrigao - Recursos minerals Construcdo material Solos Formato da terra Campos de forga e radiagao de fundo Caractersticas fisicas singulares a. Superticie bb. Oceano .Subterraneo 4. Qualidade e, Temperatura f.Recarga 1g Neve, gelo e congelamento a. Qualidade (gases, particulas) bb, Clima (micro e macro} c. Temperatura a. Enchente b. Erosto . Deposigao(sedimen- tacio, preciptasio} Solugao 4. Adsorgo, (roca iénicab . Compactagio e deposicso f.Estabilidacle (desabamentos e afundamentos) 8. Fadiga h, Movimentagao de massas de ar a, Arvores b, Arbustos: . Grama d, Campos (contin ae | oni) _ ‘Acbes | Hens ambientais Categoria Descrigao | Categoria Descrigao - 7 e Contes e aterros | @. Microflora ~ | f. Plantas aquaticas . Thneis eestruturas | 8. Espécies ameacadas subterraneas | Seeeemaeeatemneet + C. Extragao a. Exploséese perfuragses | bs, Barteiras derecuisos —_b, Escavacdodasupericie i. Contedores c teewaciositeriea | a.Faum a Firs eretorta | 4. Dragagem e remogio | b. Animais teresteslincluindo de fuides | repels) . Dragagem | . Peixes e moluscos f. Desmatamento e madeireiras 6, Bénton 9. Insetos g. Pesca e caga comercial f. Microfauna D. Processamento a. Exploragao agricola 8. Espécies ameacadas b. Fazendas e pastos | h. Barreiras ©. Currais | i. Corredores 4. Fabrica de laticinios IC. Fatores culturais e. Geracio de energia | 1. Usodosolo a, Selva e reas virgens f. Processamento mineral | b. Terras alagadas § Indistria metalrgica | . Florestas h, Indstria quimica 4. Pastagem ik Indira text e. Agricultura j. Automéveise aeronaves | f. Residencial k. Refinamento de petréleo | & Comercial 1. Alimento h Indstria m. i. Minas e pedteiras Madeireiras | 1. Papel 2.Recreagio a. Caga (©. Armazenamento de produtos | b. Pesca c. Navegagio E. Alteragao 2. Plataformasecontrole de | d. Nado do solo eroszo | €. Passeios e acampamentos b. Vedagdo de minase controle | f. Piqueniques de desperdicio &. Resorts c. Reabilitagao de faixas 3. Estética a. Vistas panorémicas de mineragao 4. Paisagismo b. Propriedades da selva . Propriedades das reas virgens 4. Projeto paisagistico e. Caracteristcasfisicas singulares fe. Dragagem de portos f.. Aterramento de pantanos fe drenagem (cont Oe Categoria Descricéo F Renovaczo Refiorestamento 1 Parques € reseras de recursos, ! g. Monuments b, Manuteng3o da vida bh, Ecossistemas raros selvagem esingulares . Recarga subterranea i. Sitios histéricos ou i arqueoligicos e objetos 4. Fertlizagao j. Aspecto desagradivel G. Mudangas a. Reciclagem 4. CulturalSocial a, Modelos culturais de Tatego (estilo de vida) b. Via férrea | b. Sadde e seguranca c. Automével c. Emprego d. Caminhdes 4. Densidade populacional «. Barcos 'D. Disposiivos a. Estruturas f. Aeronaves | eatividades —_—b. Rede de Transport 1. Trdfego de ios ecanais | <. Rede de Agéncias h. Navegagao de Lazer | d. Desperdicio i. Teafego | . Corredores j. Teefécicos | ke. Comunicagio TE Relagoes '. Salinizagso \ 1. Oleodutos | ecolégicas ib, Eutoizago H. Reposigo a. Depésito de lixo no oceano | «. Doengas causadas por insetos do desperdicio —b. Aterto | 4. Cadeiasalimentares e tratamento | a. Disposigao de residuos | e. Salinizagao de materiais | anificials b. Armazenamento subterraneo f. Outros | . Depésito de lixo i d. Vazamento de pogo de = _ _ petrdleo F Outros . Pocos subterraneos —————-—— f. Efluentes de agua de | refrigeracéo | & Efluentes domésticos, | incluindo irigagao | h, Descarga de efluentes i esabilizacdo e oxdacto de | lagoas i j. Tanques sépticos, comerciais. | e domésticos | k. Emissio de gases de chaminé ‘conned Capi Ho gaan abet 79 (coins) oe a _. ens ambientais > Categoria Descrigio Categoria Descrigdo - | Tratamento a, ‘Fertiizagso a - quimico '. Degelo quimico | - de estradas . . Estabilizagdo : > quimica do solo | 4. Controle de ervas daninhas . Controle de insetos = J. Acidentes a. Explosbes _ Derraramentos | vazamentos | ~ «. Falhas operacionais | - _| 5 i = QUADRO 14.11 e | Matri de Leopold — Quadro esquemdtico do cémputo do impacto | sobre wm componente ambiental e sobre a totalidade do ambiente | (Canter, 1977) m,, — peso atribuido & magnitude Yo impacto, variando entre 1 10, com sinal + = se benéfico e ~ se adverso, correspondente & aco j sobre o componente i; = +; — peso atribuido a relevancia do impacto, variando entre 1 e 10, correspondente ~ ago j sobre o componente i. A Amatriz dos computos que podem ser feitos é a seguinte: ~ ‘COMPONENTES AMBIENTASS AGOES DO EMPREENDIMENTO () ns i m7 100 a ry > z fa Z,lm,- 4) = | lm 4) I i Ee = valor relative do impacto | i t da agio sobre oambiente | - | ‘a _ J (m, «1r) = valor eativo do impacto do empreendimento i 7 sobre 0 componente ambiental i o i i flor relativo do impacto do empreendimento (ou de uma de a 1 ‘suas alternativas) sobre a totalidade do ambiente } - Uncen - - 8). tomatoe mbit ~ 148 Método dos Modelos de Simulagio ‘Os Modelos de Simulacdo sio modelos matematicos com a finalidade de representar, o mais prOxi- imo possivel da realidade, a estrutura o funcionamento dos sistemas ambientais, explorando as relagbes centre seus fatotes fisicos, biol6gicos e socioeconémicos. Eles sd0 estruturados com base na definicao de objetivos, escolha de varidveis e estabelecimento de suas inter-relagdes, discussdo e interpretaco dos resultados. ‘Uma vez feitas as simulagdes para as varias alternativas, fica-se conhecendo o estado ambiental antes e depois da implantac3o de cada uma das altemnativas, por meio das varidveis (ou indicadores am- bientais) que caracterizam cada componente ambiental. Para a comparagao e a ordenacao das alterativas pode ser necessario utilizar algum dos modelos de ponderacdo vistos anteriormente. ‘As principais desvantagens do emprego de modelos de simulagao sao: + dificuldade de encontrar dados em disponibilidade ou de obter com a presteza e 2 repre- sentatividade necessérias os dados requeridos para 0 desenvolvimento e a calibragao do modelo; + freqiente necessidade de empregar relacdes simplificadas entre as variaveis intervenientes, seja por razdes de complexidade dos fendmenos representados, seja por insuficiéncia de seu conhecimento ou por limitagdes computacionais; « dificuldade de incorporar fatores, tais como os estéticos, sociais e outros; e + possibilidade de induzir 0 processo de decisio. ‘Apesar dessas restricées, os modelos de simulagao so extremamente verséteis na comparacao de altemativas, permitem projecdes temporais, promovern a comunicagao interdisciplinar e incorporam as relagdes de varidveis, algumas vezes de extrema complexidade, 149 Método da Andlise Benefcio-Custo ‘A Anélise Beneficio-Custo é um método de avaliacao de projetos de largo emprego ha cerca de meio século. Surgido inicialmente como uma resposta as necessidades do esforgo de guerra, mostrou-se posteriormente um auxiliar bastante util no processo de reorganizagao e dinamizacdo da economia mun- dial. Desde entéo ver sendo continuamente utilizado na avaliagao e otimizagao de projetos em varios selores, devendo-se destacar sua ampla utilizagao no campo dos aproveitamentos hidricos por tratar-se de um dos segmentos do ambiente. Fundamentalmente, a Andlise Beneficio-Custo propde-se a computar os custos ¢ 0s beneficios de um projeto ou de suas alternativas, visando comparé-os e ordené-los por meio da relagao Beneficio-Custo ou do Beneficio Liquido (diferenga entre os beneficios e 05 custos) que Ihes correspondem. A pratica con- sagrou a segunda das variantes como a mais adequada nas avaliagbes para as quais 0s aspectos ambientais so importantes. Para a comparagdo das alternativas com base no Beneficio Liquido (BL), deve-se calcular para cada uma delas o valor da expresso abaixo, dando-se preferéncia aquelas a que correspondam os maiores valores. 5 8-0) oT 144 vP(BL = Nesse operador: + 5, 60 somat6rio no perfodo de 0 a T unidades de tempo (por exemplo 0 ano} corresponden- te ao horizonte de andlise adotado; # Bre Csi0.0s valores computados para os beneficios e os custos correspondentes & alterna- tiva em anslise, previstos para a data t : _ Gap Fo deg ie 21 oe «1/1 +r):60 fator de atualizacao a ser aplicado ao BL da data ¢,(B:- C:, para transformé-lo _ no seu valor presente (ou valor atual & data 0) corm uma taxa de desconto 1; € + vPéo valor presente da alternativa em analise. imples, em principio, a aplicacio da Andlise Beneficio-Custo apresenta entretanto varias dificul- - dades, nem sempre superaveis. Em resumo, essas dificuldades prendem-se a avaliagao, sob um mesmo ~ padrao de medida (monetario), dos bens e servigos ambientais gerados (beneficios ambientais) e dos bens - «e servigos utilizados ou comprometidos pelo projeto (custos ambientais) 5 Uma breve discussio dessas dificuldades j4 foi apresentada no Capitulo 12, seco 12.2. Mais -_ detalhes estao além do escopo da presente abordagem do problema. S40, porém, varias as publicagdes - recentes que tratam delas em detalhe, mostrando maneiras de superd-las e de dar atendimento a tendén- cia jé referida de ampliar a aplicag3o da Andlise Beneficio-Custo na avaliacao econémico-ambiental de - projetos. Uma das publicacées de referéncia que pode ser consultada é editada pelo Banco Mundial (Mu- _ nasinghe, 1993). = 4 ae ee as 14.10 Método da Andlise Multiobjetivo - Um dos pontos cruciais da chamada Andlise Multiobjetivo é justamente a definigdo dos objetivos a = serem considerados em uma determinada situago decis6ria. Nesse sentido, a literatura é bastante contro- in versa quanto as definicdes. Alguns autores da drea de gestdo de recursos hidricos, por exemplo, costumam diferenciar objetivos de propésitos. Objetivos seriam reservados para aspectos relativos 4 maximizagao ~ de eficiéncia econémica, minimizagao de impactos ambientais, maximizagio do bem-estar social etc. - Propésitos estariam ligados a, por exemplo, geragao de energia elétrica, irigacdo, abastecimento domés- - tico, lazer ete. Ou seja, um determinado objetivo paderia ser alcancado pela execucéo de uma obra com - propésitos miltiplos ‘Outros autores preferem deixar o analista absolutamente a vontade, afirmando que em um pro- - blema de planejamento e gerenciamento de recursos hidricos existem tantos objetivos quantas forem as, - medidas quantitativas disponiveis para definir 0 progresso a ser alcancado em varias direg&es nas quais se - deseja alteragdo. Dessa maneira, a geracao hidrelétrica seria em si mesma um objetivo, que poderia ser x quantificado por meio, por exemplo, da poténcia a ser instalada em um dado aproveitamento hidréulico ~ em MW. Esse conceito pode ser expandido para o aproveitamento de outros recursos naturais, ou seja, os objetivos retratam a percep¢ao dos decisores dos aspectos mais relevantes a considerar em uma situagao 7 deciséria. ~ Em geral, um problera multiobjetivo pode ser estruturado na forma de uma hierarquia. Define-se eS meta como sendo uma intencao ou um objetivo muito genérico que pode ser atendido por objetivos mais = especificos que so quantificados por atributos (Figura 14.1). Objetivos refletem as aspiracdes do decisor (ou decisores) em relacdo ao atendimento de uma determinada meta. Um determinado objetivo pode ser a alcangado pela sua maximizacao ou minimizagao. Atributos permitem avaliar como um determinado ob- ~ jetivo est sendo alcancado. Desse mode, atributos podem ser entendidos como um aspecto mensurével ~ de julgamento pelo qual uma variével de decisto pode ser caracterizada, Essa caracteriza¢ao pode assumir eS a forma cardinal, quando é possivel estabelecer-se uma escala numérica de comparacao (por exemplo, . reais, metros, g/l etc.), e ordinal, no caso em que é possivel somente a ordenacao, sem a possibilidade de estabelecer-se uma comparac3o numérica. Por exemplo, 0 grau de protecio contra cheias pode ser men- m surado como alto, médio, baixo e insuficiente sem gradagao entre eles. ~ 28) Inereucte &engenharia | FIGURA 141 Estrutura hierdrquica do processo decisério. onemo | ca | objtvot | obo! | — —— J { } j Subobjetivo 1 | Subobjetivo i Subobjtivo j Subobjetivok } Subobjetivol | Subobjetivom ie — —t — co | q aaituto [abot romans | avo | anes atom | ‘Apresentamos um exemplo de estrutura hierérquica para tratamento multiobjetivo da operacao de um reservatério na Figura 14.2. Neste caso, a meta genérica de melhoria da qualidade de vida dos usuarios do reservat6rio seré atendida por meio de quatro objetivos distintos: maximizacao do beneficio liquido, maximizacao da seguranca da populaco a jusante, maximizagao do uso recreacional do reservat6rio € maximizagao da confiabilidade da operacéo. | | FIGURA 14.2 Estrutura hierdrquica da | operagdo de um reservatério com miltiplos © objetivos (Braga, 1979). i | ee ' Moving . : viii dow ii waco | daeuana vg doe | Maing beneficio Ii de popula te recreacio paar e populacéoajusat do reservatério da operagao dabargen Ty — pooner 7 seneicio / tot cx wale Desiod subjetva reservation) cna iat) A af ) / tacvaeiopaaesensinas | 783 Capinale = Em trés dos quatro objetivos foi possivel a identificagao de medidas cardinais (R$, metros e por- centagem), enquanto 0 objetivo relativo & seguranca da populacdo a jusante da barragem utilizou uma medida ordinal dada por uma escala subjetiva que varia entre 0 e 5. Nessa escala subjetiva 0 valor zero significa nenhum impacto (vazao efluente menor que a capacidade do canal a jusante da barragem), e 0 valor 5 significa cheia de grande porte, perda agricola total, danos consideraveis em reas ecologicamente sensiveis, infra-estrutura comercial e de transportes seriamente impactada, alta probabilidade de perda de vidas humanas e imprensa dando ampla cobertura a0 evento. Os valores 1, 2, 3.€ 4 indicam impactos que variam gradativamente entre os valores acima descritos. Dessa maneira, uma meta bastante ampla, como a melhoria da qualidade de vida dos usuarios de um reservatério, pode ser decomposta e convenientemente tratada por quatro objetivos quantificaveis de rmaneiras distintas. Nesse processo de definigo dos objetivos para quantificagao da meta deve-se tomar © cuidado de evitar a dupla contagem, ou seja, cada objetivo deve ser uma medida individual da meta considerada. Keeney e Raiffa (1976) exemplificam de modo extensivo as maneiras de decompor metas para diferentes problemas decisérios. Dominéncia O tradicional conceito de otimizacao, no qual se busca o maximo ou o minimo de uma fungao ob- jetivo, encontra uma dificuldade importante na Andlise Multiobjetivo. Simplesmente nao existe um tinico ‘6timo’ em um problema com miiltiplos objetivos. Existe sim um conjunto de ‘étimos’ que satisfazem de formas diferentes os diferentes objetivos envolvidos na anélise. Surge nesse caso 0 conceito de dtimo no sentido de Pareto, apresentado a seguir em um exemplo ilustrativo. Considere 0 caso da operacdo de um reservat6rio, onde se deseja ao mesmo tempo minimizar o ris- co de inundagao a jusante e maximizar a geragao hidrelétrica. Esse 0 caso tipico da maioria dos reserva- t6rios do parque gerador hidrelétrico da regi3o sudeste do Brasil. Quantificando-se o objetivo de controle de cheias em termos do periodo de retorno da cheia evitada eo objetivo da geracao de energia hidrelétrica ‘em terms da energia média produzida ao longo de um ano em MWh, € possivel a determinagao de um conjunto de politicas operacionais que atendem de modo diferenciado aos dois objetivos. Na Figura 14.3 esto mostrados possiveis resultados de diferentes politicas operacionais em termos dos dois objetivos considerados. As solucées indicadas pelo simbolo ‘o' tém uma caracteristica comum, gual seja, a de serem inferiores aquelas indicadas pelo simbolo ‘sx’ . Vale dizer que as solugées ‘22’ sio melhores que as solugdes ‘o’ em ambos os abjetivas. Assim, podemos dizer que as solucées 'Yx’ sd domi- nantes ou ndo-inferiores e constituem 0 conjunto Pareto timo ou © conjunto das solucdes nao-inferiores. _[FIGURA14.3 | Solugdes dominantes e dominadas na operagao ‘raga multiobjetivo (MWh) de um reservat6rio, eae ‘Ao contrério das solugdes dominadas ou inferiores (‘0’), nas quais pode haver melhoria em ambos «0s objetivos ao mesmo tempo, no conjunto Pareto timo s6 é posstvel uma melhora em relago a um obje- tivo com uma piora em relacdo a outro objetivo. Ou seja, 0 Conjunto nao-inferior é o maximo que se pode conseguir em um problema com miitiplos objetivos conflitantes. Fica evidenciado, desse modo, que nao existe um Gnico étimo. Na melhor situac3o & necessério ceder em relacao a um objetivo para se conseguir algo em traca em relacdo a outro objetivo. Esse € 0 conceito de compromisso (trade-off) que norteia as decisdes em problemas dessa natureza. Técnicas de Andlise Multiobjetivo Dependendo de como sao utilizadas as preferéncias do decisor e da natureza do problema, as téc- ricas de Anélise Multiobjetivo podem ser divididas da seguinte maneira (Cohon e Marks, 1975): 2) Técnicas que geram o conjunto das solugdes ndo dominadas: Essas técnicas consideram um vetor de fungdes objetivo e, mediante tal vetor, geram 0 conjunto das solucdes nao domina- das, No s4o consideradas no processo as preferéncias do decisor, trabalhando-se somente com as restrigdes fisicas do problema b) Técnicas que utilizam uma articulacao antecipada das preferéncias: Para obter a ordenagao das solucdes nao dominadas, as técnicas deste grupo solicitam, anteriormente a resolucdo do problema, a opinio do decisor a respeito das trocas possiveis entre objetos e dos seus valores felativos. As varidveis de decisio utilizadas podem ser continuas ou diseretas, em fun¢ao do tipo de problema, Algumas técnicas so aplicadas somente a problemas continuos ou discre- tos, enquanto outras podem ser usadas em ambas as situacdes, €) Técnicas que utilizam uma articulacao progressiva das preferéncias: A caracteristica desse grupo de técnicas é de que, assim que uma solucdo é alcangada, se pergunta ao decisor se onnivel atingido de atendimento dos objetivos é satisfat6rio e, em caso negativo, 0 problema modificado é resolvido novamenta 1411 Selegtio da metodologia ‘A definigdo da metodologia a ser empregada para a avaliagao dos impactos ambientas € tarefa specifica de cada caso que se apresenta e deve partir da comparagao entre os métodos de aplica¢ao cor- rentes, Esses métodos, como jé vimos, utilizam técnicas diversas para a qualificago e quantiicagao desses impactos, bem como pata 0 cotejo de alternativas de projeto. ‘A analise de cada um dos métodos anteriormente apresentados evidencia os diferentes graus de subjetividade envolvidos na sua aplicagdo e as possiveis diffculdades de quantificagdo para cada caso espectfico. (0 didlogo entre 0 profissional com formacao ambiental e versado nessas metodologias ¢ 0 espe- cializado nas técnicas envolvidas no desenvolvimento do empreendimento (tanto na construcao como na operacao) ainda é o melhor caminho para a selegao dos métodos a serem utilizados na avaliagao do impacto ambiental. ‘ATTabela 14.10, apresentada por Munn (1975), resume uma comparacao entre os métodos de Leo- pold, de Battelle e da Sobreposigo de Cartas, em face de uma extensa e ainda atval lista de importantes atributos. A excecao das apreciacdes feitas para o ultimo dos métodos, em parte tornadas obsoletas pelos avangos dos sistemas digitais de informacao geogréfica associados ao sensoriamento remoto, todas as de- ‘mais continuam validas, apesar do tempo decortido, TABELA 14.10 Comparagdo entre os métodos de Leopold, de Battelle | eda Sobrepasicdo de Cartas (Munn, 1975). Sobreposicio de cartas Identificagao Medio 7 Previsto Baixo —_—«|-Alto - Capacidade | Interpretacio Baixo-médio ‘Alto |_Comunicagao | Baixo Alto Baixo-médi | Procedimentos |. paixg =. Médio | Baixo-médio de inspeszo | } i | - ‘Alternativas 7 Capacidade’de agdes complexas | Altemativas findanentais | Altemativas incrementais incrementais e incrementais © Capacidade de avaliagao de riscos |: Ngo. Nios ~Capacidade de deflagrar extremos | Baixo Baixo “ Replicabilidade dos resultados “Baixo. Baixo-médio. “Peneiramento’ 1 | Incremental das alternativas | eremental |e fundamental r Nivel de Estimativa beecgie i i Sion detalhamento | detalhada Teenie eek | sim documentagio | Capital Rape aE : computador alto’ | | Tempo Mapabaixo; | Altg ee || computador alto necessétios | Forca de trabalho qualificada Computacional | Baixo | Mapa baixo; Médio | | computador alto Conhecimento | Médio “| Medio Médio 286 tale eigen abi

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