1 Guerra Mundial - Mauricio Parada
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Mauricio Parada FORMAGAG DO MUNDO CONTEMPORANEO ORT Tet eg i ielec lc:5 A guerra de 1914 O conflito que se iniciou em 1914 inaugurou o que podemos chamar de “eta das catstrofes” para 0 continente europeu e também para o mundo, Esse imenso enfrentamento militar, mas também eco- némico, ideolégico e cultural, absorveu grande parte dos recursos das sociedades beligerantes e para além delas mobilizou homens e consu- miu recursos em todos os continentes. A guerra foi mundial nao pe- los territérios que tocou, uma vez que os combates se desenvolveram principalmente na Europa ¢ no Oriente Médio, mas pela extensio dos meios materiais que necessitou para se realizar. Foi a primeira guerra da moderna sociedade de consumo ¢, portanto, os recursos necessérios estavam na proporgio e extensio do capitalismo internacionalizado, A guerra, ao mesmo tempo, tornou-se “total” na medida em que grande ntimero de civis foi envolvido no conflito. Muitos conheceram invas6es, ocupagées e tiveram que se deslocar de suas casas pela pro- ximidade dos campos de batalha; alguns experimentaram sistematicos bombardeios aéreos pela primeira vez na histéria e quase todos traba- Iharam direta ou indiretamente para alimentar, vestir, curar e armar os combatentes. Todos estavam mais ou menos perto da frente de guerra e consu- miam informagées, produzidas por uma incipiente rede de comunica- cao internacional, torcendo pela vit6ria de seus aliados ou pela derrota de seus adversirios. A mobilizagio de 1914, enfim, estendera a “cultu- ra de guerra” a0 mundo todo. Em termos quantitativos e humanos, dos 70 milh6es que estive- ram alistados entre 1914 e 1918, cerca de 10 milhdes morreram ¢ 30milhdes foram feridos ¢ néo sabemos com exatidio 0 que isso corres- Ponde em termos de 6rfaos, vitivas ou de familias privadas de filhos ou irmios. Ademais, ignoramos quantos feridos continuaram a viver 2 guerra apés seu término, Por isso tudo, a guerra de 1914 ocupou no imaginitio social a referéncia da “Grande Guerra”, feito de destruigio que nunca seria igualado. Afirmagio que, infelizmente, foi rapidamen- te desmentida”. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes poténcias europeias, com excegio da Espanha, Holanda, Dinamarca, Suécia, No- ruega ¢ Suica, Tropas coloniais vindas da Argélia, Marrocos ou india foram enviadas para lutar fora das suas regides de origem. Em muitos sentidos, portanto, podemos atribuir ao conflito a designacio de Mundial. Por qué? © violento salto da paz. a guerra e 0 envolvimento macigo dos curopeus no conflito que se iniciou em agosto de 1914 demonstra que 4s populagdes e os governos viviam na expectativa de um conflito imi- nente. O nacionalismo exaltado animava manifestagées belicosas que alimentavam as rivalidades entre as poténcias. Russos ¢ franceses se sentiam ameacados pela presenga alema enquanto alemies se acredita- vam cercados por todas as partes por franceses, russos e ingleses,isola- dos dentro da ordem politica europeia apesar da sua alianga com o Im- pério Austro-hingaro e mais tarde com a Turquia Otomana. Uma vez estabelecida essa politica de aliangas, de um lado a Inglaterra, a Franca ea Raissia e do outro a Alemanha, a Austria eo Império Otomano, nio seria dificil compreender como foram se ctistalizando (antes ¢ durante o conflito) imagens caticaturais e recfprocas do inimigo a ser combatido. A intolerancia a partir de uma identidade nacional pensada Como sujeita a uma ameaga, contribuiu em muito para uma opiniio piblica que se preparava, com alguma expectativa, para o con! 22.01, KEEGAN, J. Uma historia do quera. Sto Paul: Cia, dos Letras, 1096, | Cos Guerra d inicio da Riissia se gido, em) em1 ameaga razio império. madas ont uma As Francis associs | —-a 30 Cf FROM ires alhos iver ms no Bicio men Bcias .No- india tos adial. a dos zque imi- que esse dita- pIm- vex fnca sno, res ¢ aser sada iniio 12 Tropas francesas sob as ordens do General Gouraud, com suas metralhadoras, entre as ruinas de uma igreja perto do Marne, 1918, [Disponivel em dodmedia.osd.milVIC_View/Stil_ Dotalls.cfm?SDAN=HDSN99022788JPGPath=/Assets! ‘Sll/1999/DoD/HD-SN-99-02278}, Considerando os fatores imediatos que permitiram a eclosio da Guerra, temos que observar que a tensio na regio dos Bileds, desde o inicio do século XX, teve um peso decisive. Na Peninsula Balcanica, a Rassia se colocava como protetora natural das populagées eslavas da re- sido, em especial da Sérvia. O Império Austriaco tinha anexado a Bosnia em 1908 e via o Estado sérvio e o pan-eslavismo russo como uma grave ameaga para a coesio do conjunto multinacional austro-hiingaro, em ravio da atragio da propaganda sérvia sobre as populagées eslavas do império. As tensdes na regio balcanica tornaram-se ainda mais extre- madas com as duas guerras balcanicas de 1912 ¢ 1913, Nessas condigdes oatentado de Sarajevo, em 28 de junho de 1914, foi mais um episédio de uma crise politica que jé se estendia hi alguns anos”, Apés o assassinato do herdeiro do trono austriaco, o Arquiduque Francisco Ferdinando, pelos nacionalistas sérvios, o jogo de aliangas, associada ao timido envolvimento britdnico na crise, fez erer aos ale- 30.01. FROMKIN, . © timo vero europeu. Rio de Janeiro: Objetva, 2005, 6566 mies que a Gri-Bretanha nio interviria em um contflito continental. Assumindo o que deveria ser um risco calculado de uma guerra curta e limitada, destinada a apoiar seu tinico aliado sélido, 0 Império Austria €0, 0 governo alemio deu infcio a uma crise politico-diplomatica que se tornou incontrolivel, Ao final de julho e nos primeiros dias de agosto, a crise interna cional movida pela mecanica das aliancas e dos sentimentos nacionais escapa a qualquer controle diplomético. A eclosio da guerra deveu muito as fraquezas da diplomacia europeia: ela nao péde ser contida nos limites de um evento regional e tornou-se com muita rapide. um conflito generalizado™. Além do Baleas, os pontos de tensio eram miltiplos e extensos. Um dos principais era o estado de beligerancia entre franceses ¢ alemaes, A lembranca da guerra de 1870 e a ideia de revanche francesa conduzi- ram os dois pafses a graves crises diplomaticas antes da guerra, como no caso das disputas pelo controle do Marrocos em 1905 e 1911, Mesmo que resolvidas pacificamente, as crises marroquinas de Tanger e Agadir deixaram claras as rivalidades coloniais entre franceses e alemaes. Com- peticio que igualmente atingia ingleses e alemaes pelo predominio inter- nacional na érea industrial, naval e comercial. As estatisticas do perfodo pré-guerra indicavam o crescimento acelerado da economia alema, espe- ialmente na produgio de ago, que efetivamente ameacava o predominio industrial briténico como a tinica “oficina” do mundo, esse contexto, uma corrida armamentista se instalou e se acelerou rnos anos que antecederam a guerra. Na Franga e na Alemanha, novas leis iltares aumentaram os efetivos de suas forcas armadas e ampliaram a ca- pacidade de mobilizacio de reservistas criando a possibilidade de envolver com rapidez, populagdes gigantescas em caso de uma guerra. Aos poucos essa “paz armada”, envolvendo grandes grupos humanos e enormes re- cursos econdmicos, foi naturalizando a aceitagio de um conflito, como uma fatalidade inevitavel que restauraria 0 equilibrio entre as nagées, 31 C1. MOTA, M. “A Primeira Guerra Mundia’. In: AARAO REIS, D. (1g). © sécuo XX. Rio de Ja neiro: CivilzagSo Brasileira, 2000, ticamente a bandeira na Itélia, @ coeréncia Adel pensas e em 1914 € repeti ¢ maior parte de guerra esquerdaede Imaginar a guerra Com 0 inicio do conflito as populagées receberam a noticia da guerra com 0 que poderfamos denominar de “entusiasmo defensivo": todos acreditavam ter softido uma agressio. Multidées foram as ruas de Londres, Paris, Viena e Berlim hostilizar os adversérios e saudar seus soldados e suas forcas nacionais. ‘Mesmo os socialistas, que nos primeiros dias de agosto ainda se ‘manifestavam contra a guerra, acabaram por se reunir aos grupos poli- ticos que discursavam acerca da necessidade da “defesa nacional”. Pra- ticamente toda a esquerda aderiu ao nacionalismo, deixando para tris a bandeira do internacionalismo proletario. Em poucos paises, como na Itélia, o movimento operdrio conseg manter alguma unidade ¢ coeréncia politica fazendo oposigio a guerra. Ademais,as lutas politicas, as greves e as reivindicagSes foram sus- pensas e governos de unio nacional foram formados, como na Franca em 1914 ¢ na Gra-Bretanha em 1915, Na Alemanha o fenédmeno se repetiu e foi denominado de Burgfrieden (a trégua dos partidos). Na maior parte dos Estados, parlamentos unanimes votaram por créditos de guerra e por leis de mobilizacéo popular contando com os votos da esquerda € tomados por uma comogio indescritivel A dinamica da guerra A Franga ea Alemanha, os dois protagonistas principais em 1914, dispunham de forcas relativamente compariveis po: im mobilizar rapidamente cerca de um milhao de reservistas. A inexisténcia de alis- tamento obrigatério na Gra-Bretanha reduzia em muito © poder de suas forcas terrestres, que dependiam da adesio popular e do seu im- pério colonial. Os russos dispunham de uma superioridade numérica avassaladora frente os outros exércitos europeus. Porém, os limites de sua capacidade industrial, frente a alemaes e austriacos, impediam uma mobilizacio répida e eficiente. Os planos para a guerra previam um conflito de ofensivas muito agudas ¢ com uma duracio muito curta. Esta ilusio prevaleceu nasprimeiras semanas do conflito. Os militares estavam convencidos de que, apesar da imensa progressio do poder de fogo da artilharia e das metralhadoras, a ago ofensiva da infantaria seria decisiva na solucao ripida da guerra. Na fronteira franco-alema a ofensiva francesa foi detida e, em res- posta, o plano alemao denominado Scblieffen, posto em funcionamen- to pelo General Moltke, se revelou muito mais eficiente. Os alemaes esperavam vencer a Franca em seis semanas para, em seguida, se voltar contra a Rtissia. Atravessando a Bélgica, que recusou dat livre passa- gem as tropas alemas ¢ se viu envolvida no conflito mesmo sendo um pafs neutro, os alemaes procuraram evitar as defesas da Linha Maginot ¢ tomar as posigdes francesas com rapidez™, 18 Tropas russas nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial [Disponivel em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/ ‘commons!SiSa/Russian_Troops_NGM-¥31-p379} 92.CF, KEEGAN, J. Op. cp. 70 ul i Enteg nou uma tropas ale de Paris. obrigaram para hum ser cil intranspol lado ocide rio, os doi nas linhas) austriacos agosto de rechagara berg, iniel Oant de frances ofensiva di vereiro adi ocorrido @ soldados a mudou of Oana mado ob executadag tengio dof de guerra a por uma pela saida enviar ts de e das lusio res- jen- fies voltar passa lo um sginot NTH Entre 5 e 12 de setembro, a primeira Batalha do Marne se tor- nou um momento central na guerra, Frente a um avango acelerado das tropas alemis, franceses e britinicos detiveram-nas a menos de 50km de Paris, Comandados pelo General Joffre, 0s aliados anglo-franceses obrigaram as forcas alemas a recuar com urgéncia. Comecou a corrida para oeste, que estendeu a frente de combate até o mar, sem que ne- nhum dos lados conseguisse se impor ¢, fato definitivo, comegaram a ser cavadas as trincheiras, que se revelariam mais tarde praticamente Em novembro de 1914, a movimentagao de tropas no lado ocidental comega a cessar e, incapacitados de derrotar o adversé- rio, os dois exércitos iniciam uma longa guerra de desgaste, sustentado intransponiveis nas linhas de trincheiras, que sera mantida até 1917. Por outro lado, na frente leste os sucessos alemées sio mais de- isivos. Inicialmente os russsos haviam surpreendido os alemaes e austriacos tomando a iniciativa do combate. No entanto, no final de agosto de 1914, os generais Hindenburg Luddendorf conseguiram rechagar a ameaga de uma derrota com a vit6ria da Batalha de Tennen- berg, iniciando a partir dai um lento avanco dentro do territério russo. O ano de 1916 se inscreveu profundamente na meméria coletiva de franceses, ingleses ¢ alemaes. Foi o ano da Batalha de Verdun e da ofensiva do Somme, a primeira foi a mais longa batalha da guerra (fe- vereiro a dezembro de 1916) e a segunda foi o mais sangrento combate ocorrido entre as poténcias beligerantes (com cerca de 1,2 milhao de soldados mortos e feridos). Nos dois casos 0 resultado militar pouco mudou impasse criado na frente ocidental. © ano de 1917 seria decisivo para os destinos da guerra, Procla- mado o bloqueio naval contra a Gra-Bretanha e a Franca, efetivamente executado pela forga de submarinos alemies, tornou-se dificil a manu- tengio do fluxo de mercadorias americanas que abasteciam o esforgo de guerra anglo-francés, Impelido pelo estrangulamento econdmico, por uma forte campanha antigerménica dos meios de comunicacio e pela saida da Russia da guerra, 0 governo americano toma a decisio de enviar tropas a Europa. 6970 ‘Também em 1917, a guerra na frente oriental levou ao esgotamento material da Rissia criando no pais as condigées para o desenvolvimento de uma crise politica que levou a eclosio da primeira revolugio socialista do século XX. Em marco de 1918, com o tratado de Brest-Litovsk, 0 governo revolucionério encerrou o envolvimento na guerra. Apés a saida da Rissia, os alemaes retomaram seus esforgos na frente ocidental. Com a chegada dos reforcos americanos e com a reorganizagio do comando aliado, agora dirigido pelo general frances Foch, os exércitos da frente ocidental conseguiram deter o avango ale- mio. A vit6ria na segunda Batalha do Marne mostrou 0 esgotamento do exército alemao que, a partir dai, comecou a recuat. Em 11 de novembro de 1918, apés a abdicagio do Kaiser Guilher- me II e com seus aliados derrotados, o armisticio que pés fim a guer- ra foi assinado em Rethondes, na Floresta de Compiégne. A Grande Guerra deixou entre 9 ¢ 10 milhées de mortos, o triplo de feridos, cerca de 8 milhdes de enfermos, mutilados, cegos, sem contar aqueles afetados por neuroses que nunca mais puderam retomar uma vida com suas familias e com suas profissdes. A grande guerra do mundo indus- trial matou em escala maciga, Recordar a brutalidade da guerra tornou-se uma necessidade a0 seu fim. Dezenas de memoriais foram construidos e os mortos foram evocados para legitimar os mais diversos projetos politicos. Além di so, nunca antes um evento histérico foi registrado de tantas maneiras diferentes: fotografias, obras de arte, relatos literétios, livros de me- 14 Tropas francesas cruzam rio no ‘seu caminho para Verdun [Disponivel em wikipedia. orghwikl File:River_Crossing_NGM-v31-p33). mérias, cara que tornaal Os pre © final realizou ded ciedade assi Em 11 now entre os pail primero ace depois foi a paz e da nos Apés ¥ derrotadoss| setembro). de Trianon ¢ vres com @] das negociag ordem polis internacional O fator ela falhou em naram o tras pava uma dig de Cuba e Bt tacio Pessoa, com todos @ trou que ag primeiros-m dominarama dla Telia, Lo grupo denom 133 MachILLAN, Asnto nto peialista Bysk, 0 Eoos na com a francés amento arias, cartas, cinejornais, a imprensa difria, mapas ete. Um volume que torna a guerra um monumento & civilizagio que Ihe deu origem. Os problemas da paz O final da Primeira Guerra o retorno a ordem e a paz nfo se realizou de forma simples. A guerra tornou impossivel o retorno 4 so- ciedade assim como foi conhecida antes de 1914, na Europa e fora dela, Em 11 novembro de 1918, foi assinado em Compitgne um armisticio entre os paises da Triplice Entente ¢ a derrota da Alemanha. Apés esse primeiro acordo teve inicio uma longa negociagio. Somente seis meses depois foi assinado o Tratado de Versalhes que definiu os termos da paz e da nova ordem mundial apés a Primeira Guerra Mundial. Apés Versalhes foram assinados tratados com os outros paises derrotados: o de St. Germain com a nova repiiblica da Austria (10 de setembro); 0 tratado de Neully com a Bulgéria (27 de novembro); 0 de Trianon com o Reino de Hungria (4 de junho de 1920) o de Sé- vres com o Império Otomano (10 de agosto de 1920). Pela duracio das negociagdes € possivel perceber as dificuldades em reconstruir a ordem politica europeia e, de certo modo, a propria ordem politica internacional com o fim da Grande Guerra de 1914. © fato mais conhecido sobre a paz estabelecida apés 1918 é que ela falhou em prevenir outra guerra. Representantes de 27 paises assi- naram o tratado principal, 17 eram pafses ndo europeus. O Brasil ocu- pava uma das pontas da mesa em forma de “U”, ao lado das delegages de Cuba e Bélgica, e teve como representantes Pandis Calégeras, Epi- tacio Pessoa, Olyntho de Magalhaes e Raul Fernandes. A assembleia, com todos os membros, reuniu-se apenas oito vezes, 0 que demons- trou que a tomada de decisdes foi extremamente concentrada. Os primeiros-ministros da Inglaterra e Franca e o presidente americano dominaram as negociagées, Secundados por representantes do Japao ¢ da Italia, Lloyd George, Clemenceau e Woodrow Wilson formavam 0 grupo denominado de os “principais aliados ¢ seus associados”™. ‘38 MacMILLAN, ML Op. et, p. 276. sini ani in unnshgiii shinai VA A TMNINAAB AN72 15 David Lloyd George, primeiro-ministro britanico (1916-1922) que dominou a cena politica britanica no final da Primeira Guerra Mundial [Disponivel em ja.m.wikipedia.org! WiKI%ES%B3%O5%ES%B2%ATKES%EQNASNG E3'683%AB:David_Lloyd_ George_cph.3¢33019}, Deis princfpios conduziram a montagem dos textos apresentados as nagoes derrotadas, em especial o Tratado de Versalhes: o problema dla seguranca europeia e 0 tema da autodeterminagéo dos povos e das nacionalidades. ‘A criagio de uma ordem politica europeia segura era a principal reivindicagio francesa. Sobre todas as questdes, interessava 4 Franca que nio se repetisse, pela terceira vez, uma invasdo alema em seu ter- rit6rio, Coma pressfo francesa, 0 tratado com a Alemanha tomou um formato explicitamente punitivo. O objetivo francés era a seguranca da Europa, que se confundia com a seguranca da prépria Franca. Assim sendo, seria necessrio neutralizar a Alemanha. Este foi 0 pro- pésito da imposigio de cléusulas com pesadas reparagées econémicas, com determinagées acerca da perda de territérios e de anulagio da forca militar da Alemanha. ‘Ao mesmo tempo, uma das principais caracteristicas da paz foi 0 estabelecimento da validade dos principios de autodeterminagdo das nacionalidades. Esse principio, em certos casos, apenas reconhecia fa tos jf estabelecidos. Polonia e Tchecosloviquia tinham governos pré- prios mesmo antes da conferéncia de paz se reunir, e uma monarquia e do Montenegro. Alguns dos Estados criados a partir da desagregacio do antigo Império Habs- eslava j4 se construira em torno da Sé1 aetitieidiadl Fak. niall allel alll,burgo sobreviveram pela maior parte do século XX e pareciam repre- sentar entidades nacionais viaveis™. O principio da autodeterminagio permitiu, também, enfrentar 0 problema das fronteiras através do mecanismo do plebiscito. Para algu- ‘mas dreas, com forte concentracio de minorias nacionais, foram realiza- dos plebiscitos para garantir direitos a essas populagdes no interior dos novos Estados, No entanto, o principio das nacionalidades e a pritica dos plebiscitos nem sempre produziram solugées equilibradas. Mais de um tergo da populacéo da nova Tehecosloviquia consistia de poloneses, hiingaros, alemaes, russos ¢ rutenos; a ampliagio da Roménia levou para dentro de sua fronteira mais de um milho de hiingaros, 750 mil alemies € o mesmo ntimero de judeus. Ou seja, certas solugdes politicas produ- zidas pelos tratados rompiam com o préprio principio da autodetermi- nagio e foi sentida em algumas éreas como uma injustica. Fora da Europa a questio mais ébvia estava relacionada com 0 destino das colénias alemas e dos territérios do Império Otomano. Antigos métodos de partilha colonial foram usados. Ingleses e fran- ceses receberam “mandatos” ou direito de tutela sobre as areas no europeias dos paises derrotados para administré-las até que estivessem “preparadas para se autogovernarem”. A Liga das Nagées © choque coma guerra levou os governos a pensarem com serie- dade na necessidade de reconstruir o sistema internacional. Durante © conflito essa ideia era periférica e discutida com muita parciménia. Em maio de 1915 foi fundada em Londres uma Sociedade da Liga das Nagées. Entidades similares surgiram em paises neutros e mesmo na Franca e Alemanha. Nos Estados Unidos a ideia se tornou popular e, em maio de 1916, os partidos Republicano e Democrata defendiam publicamente a plataforma de um novo sistema internacional que ser- visse como agente de garantia para a paz. Em janeiro de 1918, Woo- 34 bi, p. 180,a 74 drow Wilson defendia a ideia de uma associagio de na do seu plano de pa ‘Nessas condigdes, quando a conferéncia de Patis teve inicio, a dis- cussio sobre a Liga das Nagoes foi rapidamente posta em pauta ¢ en- caminhada. Sob a presidéncia de Wilson, os trabalhos se desenrolaram com muita rapidez. Onze dias depois da primeira reuniio um comité propés aos membros da conferéncia uma convengio para a criagio da Liga. A proposta foi aprovada em sessio plenéria da conferéncia em 28 '$ como parte de abril de 1919, apés algumas emendas, e permanecew praticamente inalterada até a dissolucio da Liga em 1946. Nas reunides do comité da Liga duas posic6es se destacavam. Os representantes franceses queriam um érgao que agisse como um Esta- e poder militar com capacidade de intervir onde houvesse disputas entre os membros da Liga. Por outro lado, americanos e ingleses discordavam desse mo- delo e preferiam um érgio que mantivesse seus soldados longe das dis- putas politicas do continente europeu. Ao fim dos debates a proposta francesa foi derrotada ¢ estavam tracadas as principais normas para © funcionamento da Liga: uma assembleia-geral para todos os mem- bros (entre eles o Brasil), uma secretaria geral e um conselho executivo composto por delegados da Gri-Bretanha, Franca, Estados Unidos, do supranacional, com um sistema de justiga pr6pr 16 Thomas Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos da América, 1919 [Disponivel em wikipedia. orgiwikiFile:Thomas_ Woodrow_Wilson, Harris. %26 Ewing bw_photo_ portrait, 1919), Trélia e Japaoy O conselho s¢ vérsias que pa militar prope fronteiras ime O pact outros projest a criagio da @ primeira reund com o fim dal A deson As reper tanto quantal paises europed mias fora doe e da india reg igio © all para os inglese cos. Com agg enorme demay tino-americasy os Estados Us Entre 194 ‘Triplice Enteg fazendeiros 23 to vertiginosg do comércio § a Gri-Bretanl © 0s Estados inverteu essed Os Estadl ra e colocom €Italia e Japio, além de seis paises eleitos pela assembleia a cada ano. O conselho se ocuparia de problemas politicos e arbitraria as contro- vérsias que poderiam ameagar a paz. no mundo. A Liga alo teria forca militar propria e todos os membros se comprometiam a respeitar as fronteiras internacionais estabelecidas. O pacto politico que criow a Liga permitiu o desenvolvimento de ‘outros projetos internacionais importantes; o mais bem-sucedido foi a ctiagio da Organizagio Internacional do Trabalho, A OTT fez sua primeira reuniio antes do final de 1919 e continuou existindo mesmo com o fim da Liga. Adesordem econémica As repercussdes econémicas da guerra foram muito diferentes tanto quanto foi o envolvimento de paises € regides no conflito. Os paises europeus foram severamente afetados, enquanto muitas econo- mias fora do continente prosperaram. As recentes indistrias do Japao da india receberam enorme incremento, Forneceram roupas, botas, munigio ¢ alimentos para as tropas russas através de Vladivostok ¢ para os ingleses que lutavam na Mesopotamia e no Egito contra os tur cos. Com a queda da producio agricola europeia passou a existir uma enorme demanda por alimentos que foram fornecidos pelos pafses la- tino-americanos, pela Austrilia e pela Nova Zelindia. Mas, sobretudo, 0s Estados Unidos prosperaram. Entre 1914 e 1916, anos da neutralidade americana, os aliados da ‘Triplice Entente se tornaram os principais clientes dos industriais e fazendeiros americanos. Os gastos dos aliados alimentou o crescimen- to vertiginoso da economia americana, Em pouco tempo, o cenirio do comércio mundial passou por mudangas dristicas. Antes de 1914, a Gri-Bretanha, a Franca e a Alemanha eram exportadoras de capital ¢ os Estados Unidos eram um dos principais importadores. A guerra inverteu esse quadro. (Os Estados Unidos assumiram um novo papel no mundo pés-gue rae colocou em questio todos aqueles que entendiam que a volta 476 “normalidade” seria uma restauragio dos padrées do mercado inter nacional de 1913. © conflito mundial produziu um dano profundo na ordem inter- na da economia europeia. A produtividade tinha declinado, uma vez que trabalhadores rurais e urbanos foram deslocados para servir nas forgas armadas, ¢ tinha alcancado patamares inferiores aos do infcio da guerraem quase todos os Estados europeus. Com isso, se tornow frequente a imagem do soldado que ao retornar para casa, apés anos de servico militar, no encontrava, no mercado de trabalho, emprego para sustentar sua familia. Ao mesmo tempo, classes médias acostumadas a acumular ¢ viver de investimentos viram a inflaggo dos anos de guerra corroer muito de sua riqueza. A resposta imediata dos novos governos e regimes surgidos apés 4 guerra tornaram 0 mercado internacional ainda mais problemético. As novas nagdes procuraram proteger suas economias, aumentando tatifas de importacio e instituindo controles mais severos para a en- trada de produtos. Mesmo paises com economias mais sélidas apela- vam para 0 protecionismo e viam, através da escalada inflaciondia, a erosio de suas moedas, A Alemanha, cuja recuperagio eraa chave para a retomada da normalidade econémica da Europa Central, foi, pelos termos do Tratado de Versalhes, impedida de reconstruir sua economia € entrou em colapso no inicio dos anos de 1920. Essas dificuldades fo- ram gradualmente superadas com a ajuda do investimento americano, ‘mas isso implicava a perigosa dependéncia da continuacio ilimitada da prosperidade americana. Democracia e nacionalidade A propaganda aliada antes da vitéria e a retérica dos tratados de paz indicavam que teria ocorrido um grande triunfo do principio de- mocritico. Afinal, quatro grandes impérios do Ancien Regime tinham sido derrotados ¢ com eles suas politicas antidemoeriticas. De fato, muitas instituigdes da antiga aristocracia europeia haviam entrado em colapso ¢ desaparecido. Muitos viam nessas condigdes a possibilidade (jl nova ter consti Eur exp: repre indivi Einter- inter- a vex ir nas inicio tornou os de so para jadas a guerra apés itico. sando an apela- iria, a para i, pelos jomia 3s fo- icano, ida da s de io de- finham fato, joem ilidade Heme de realizacao das promessas do progresso continuo e a base de uma nova politica baseada no respeito aos principios de soberania e autode- terminagio dos povos. Nesse cenfrio, novos Estados, na sua maioria republicanos, com constituigdes democraticas ¢ com parlamentos, tinham aparecido na Europa Central. Para muitos, parecia que tinha ocorrido uma grande expansio da democracia e da pratica politica encarnada nas instituigdes representativas e nas estruturas juridicas de sustentagio dos direitos individuais e coletivos. Enfim, a modernidade tinha se realizado. No entanto, a democracia operava em um mundo com muitos inimigos, antigos e novos. Pouco tempo apés os acordos de paz, mui- tos europeus se arrependeram de ter abandonado seus antigos arranjos politicos. Tehecos e eslovacos concordaram em partilhar um novo e demoeratico pais, a Tehecoslovéquia. No entanto, os alemaes dos su- detos ndo estavam to convictos e muitos deles preferiam lembrar com saudade do Império Habsburgo. Ao mesmo tempo, a Gri-Bretanha passava por uma séria crise politica que levaria & criagio do Estado Livre Irlandés. Crise que levou a critica a democracia para dentro do modelo mais acabado de Estado democratico do Ocidente. Com isso, nao somente entre os Estados derrotados havia uma insatisfagio com o “democritico” mundo pés-guerra, Logo ficaria evi- dente que as fundagdes otimistas dos acordos de paz seriam mais fré- geis do que pareciam, Nas décadas seguintes uma grande parte dos paf- ses europeus ¢ muitos fora do continente abandonaram os principios liberais da paz de 1919 e 1920. Langados em um contexto econémico de crise, com desemprego e pobreza, as novas democracias nao teriam um futuro facil diante de si. 7
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