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y TRIBUNAL DA RELAGAO DO PORTO i Pr1074/15.5P1PRE-D.PL Acordam os juizes, em conferincia, no Trilunal da Relaglo slo Porto anexa, da Portarie Portatia n.* 21002008, de 29 delxou de prever qualquer ert diligéncia processual II-Nilo se descontins qualquer ra decomrido da parte da manht ¢ da parte da tarde de un feito, a-uma sesso, © que uma audiéncia que tenbi dec manhi ou na tarde de outro dia equivalha, para o mes Sriginado retribuigbes diverses pura 9 mesmo tempo d minimo de razoabilidade. II- Deve considerar-se, para os efeitos previstos no n.° 9 d pare a provécgdo jurtdica anexa & Portia n° 13862004, de 10 a: principio que se extrai do disposto no an. 328.%, n.* 2 do Codigo de id ngar-a nove sesso sempre que a diligéncia, iniciada no pe interrompida para almogo.> 2h Assim, 6 dsito despacho recorido violow 1s normas conjugadas do art. 25 n® 1, da Portaria n® 10/2008, de 3 de janeiro, com aredaao du Portaria n° 210/208, de 29 de fevereiro, don? 9 da ‘Tabela de Honortirios para a Proteg%o Juridica anexa 3 de novembro, com as aleragtes resultantes do ar. 2, alinea ‘de 29 ide feverciro, ¢ do art. 328°, n° 2, do Codigo doc, em consequéncia, deferida a ‘oet0 da secretaria que no confimou nilo da mans, soja por mera cautela se aduz, deve ser slagiio normativa formada pelo art. yn® 9 di Tabela de Honoritios stroo\ A Ve TRIBU Protegdo Juridiea-anexa & Port da Nota | desta Tabela op: rpretado s ag respetiva Advogado! ‘que décorra no. period uma determinado dia como dss sessdes autonomas periodos de dias diferentes, pot Constinigao da. Repiblica Portu deste Diploma fundamental, que 0 as consequénicias juridieas.» ido, no a O Ministério Pablieo junto do Tribus Zo, pugnando pelo nio provimento do ree © Ministério Pablico junto desta instineia emitiu douto pars também pelo nfo provimento do recurso, Cothidos os vistos legais, foram o3 autos & conferén: decidir. II = As.questies que importa decidir so, de acordo com as conelusdes da ‘mativacio do recurso, as seguintes saber se, A luz. da legislaco vigente, na fixago dos honordrios devides a defeasor oficioso, deverd ser considerada intervenciio em uma ou duas sessdes a Tersveneto desse defensor mum julgamento que decorre-na mah ¢ tarde do mesmo di, com interrupeo para almnayo, "eas #6 entenda que deveri considerarse inlervengao em apenas ums sessiio, saber se seri matcrialmente inconstitieional tal interpretagdo da lci vigente. por violagto dos artigos $9,*, 1 1, 0), ¢ 208° da Constituiedo da Repiiblica e do principio do Estado de Direito, consignado no artigo 2.° deste diploma. aiesne aaa uu eoretnria referente i nio Steunn pei os honoririos pedidos ¢ respeitantes ao dia 08.3.2016 ‘8 sesso’ de fulgamento iniciou de man ae omnia ftinuiou de tarde e a Secretaria apenas comtabilizou como ae 10, quando-aduz- deverin ter contabilizado como duas sessdes, lids em nsonfncia com a jurisprodéneia plasmada no recente acordiio da RC de 12.10.2016. Requer se atenda & ‘| : 2016 eS reclamagio © se contabilizem os honoriirios conforme pedido ja 2. A secgo de processas esclareceu que a decis¥io fol tomada jentaglio eu que a de acord Ff da DGAJ, DGPS ¢ IGFESP.e que junton, sendo que Gas oat Beesis Gaul ceribane to TRIBUNAL DA RELAGAO DO PORTO >> AC da RP de 02.07.2014, 3. Cumpre apreciar e decidir, ‘A questiio objeto da presente ‘reclamagao reconduz-se a saber qual 9 critério de eileulo dos honordries devidos relativamente ao nimero de sessdes de julgamento elevadas, nomeadamente quando 0 julamento do mesmo processo se inicia da parte da manhf, interrompe-se para almogo ¢ continua da parte da tarde: deverd ser cconsidémada tuna sess%0 ou duas sessBes, conforme os periodos da manhi e tarde, atenta 1 interrapgao para almogo? (Ora, sho duas as posicbes jurisprudenciais a respeito: He a que defende estarmos perantc uma sessio a considerar para efeitos de contabilizaglio de honoririos, porquanto atentos os avangos ¢ reirocessos das portarias que procederam & revisto da “regulameniagiio do sistema de acesso ao Direito”, fazendo 0 cotejo das mesmas, conclui-se que o legislador revo gou a nota | interpretative ou explicativa da portaria 1386/2004, pelo que quis afastar a interpretaglo de que, decorrendo a audiéncia durante todo 0 dia, com interrupeo para almogo, deveriam ser contabilizadas duas sessbes, uma de manhi e outra de tarde. A portaria 654/10, de 11.08 que revé a regulamentagio. em cumprimento do art. 34° da portaria 10/2008, com a redaglo que lhe foi conferida pela Portaria 210/2008, de 29.02 e procede a republicayao a poraria 10/2008, mantém a mencionada redagao do n°l do art. 25° e a revogagdo do ant 36°, mas nada dispie a respeito do art. 2° da portaria 210/208, que assim permanece em vigor. 2) @ gue defende estarmos perante duas sessOes a considerar para efeitos de Contabilizagfo de honoririos, porquanto atentos 08 avangos € retrocessos das portarias que procederam a revisio da “regulamentario do sistema de acesso a0 Direito”, fazendo 0 cotejo das mesmas, conclui-se que a revogapfo daquela nota | da poriaria em. nada. fa respeito, pois a sua previsio nfo visava qualquer interpretagdo sobre a pelo. que chega-se & conclusio das duas sessiies pois “para os efeitos previstos ‘hopordrios para a protéccao juridiea, anexa & Portaria n° ih TRIBUNAL DA RELAGAO DO PORTO ay que para especificns situngSes, continua a distinguir 0 perfodo da minha o periodo da tarde do mesmo dia, como sucede com o seu art. 5° n° 1 ou com o 0° 10 da ‘sua Tabela anexa; ¢, ~, Em quinto lugar, porque, perante 0 vazio legal criado ¢ uma vez que nao fot revogado on® 9 da referidaTabela anexa, a manutengo do eritério da internupeto da auidi@nela, nos termos em que 0 art. 328°, n° 2 do C. Proceso Penal a admite, ¢ a ‘oligo que se nos afigura mais mzpdvel e capaz de obstar aos inconvenientes ecorrenies das desigualdades apontadas, tanto mais que a Constituigdo da Repiiblica Portugues qualifica 0 parrocinio forense— onde se inclui o acesso ao direito ¢ 208 tribunals por via, além do mais, da protecgdio juridica, de que 0 apoio judicidrio € modalidade ~ de clementé essencial a administragdo da justica, 0 que s0 sera aleangavel com a prestag3o de’ servigos de qualidade que, naturalmente, pressupdem a jus adequaca remuneragio.” ‘Ora, ambas as posigdes: so uniinimes em considerar que atualmente esta em vigor a portaria n? 1386/2004, com as alterardes implementadas pela portaria 210/208, de 29.02, a qual alterou a portaria 10/2008, de 03.01 ¢ republicada pela portaria 654/2010, de 11,08. Sem necessidade de andlise de cada um dos diplomas legais normas revogatorias, assim o consideramos também. Destarte,, nos termos’ do art. 25%n°l da portaria 10/2008 “ Os valores das compensapSes devidas aos profissionais forenses pela inserigio em Iotes de processos ares ce anes (05 estabelecidos na portaria 1386/2004, de 11” Ep alterag6es fol & revopapdo da nota 1 daquela portaria 1386/2004, nos 5 ( antes da‘ revogagto) * considera-se haver lugar a nova sesso jam interrompidos, exceto se tal interrupgo ocorrer no ¢ posigdo tomada pelo legisiador 20 longo dos isto é 0 texto, a letra da lei) © 0 TRIBUNAL DA RELAGAO DO PORTO XS mesma era’ uma noth fiterpretativa do critério’ do legislador. para efeitos de contabilizagio de “nova sessio", como ali dizia: era o critério da interrupgao de almogo, énilo apenas o de afastar a contabilizago das interrupgdes mas man ¢ nas tardes, tudo nO suposto de que o legislador soube exprimir com corre;Jo 0 seul pensamento (argumento gramatical); ~ e, ¢ 08 elementos sistemiticos nil nos ajudarilo a deslindar a questi, vejamos ‘9s elementos histSrievs © teleoldgicos, Estes diltimos e concementes ao fim visado pelo: Jegislador ao clabornr aquela nota 1 apenas tem como razAo de ser tratar-se de uma not. cexplicativa do que se entendin pot “nova sessilo”.E, —c nisto vai o argumento historico= 6 legislador no revogar aquela nota explicativa apenas poder ser porque entendeu j& nillo dar apoio a tal tese © afastar aguela noia explicativa e sentida de interpretiaso, tudo de acordo com 0 que se é no preambulo da portaria 210/2008 e que revogou tal nota 1: * pemmite-se, com 0 acordo que origina as alterap8es agora sprovadas, conciliar tés fatores: ...a sustentabjfidade financeira do sistema de acesso a0 direito ¢ a introduglio de igor finaneeira screseido...°( sublinhado nosso). Com cfeito, desde 2004 com entrada ‘em vigor daquela portaria que se eantabilizavam os honorétios de acordo com aquela nota 1, conjugada com o ponto 9 da tabela de honoririos. Assim sendo, ¢ 0 legislador 20 revogar a nota | apenas poderd ter como fim afustar equela interpretapio que até ali vigorava, ‘Por conseguinte, destes argumentos gramaticais © légicos ((clealbgicos © ‘Kistéricos) concluimos que dever-se-é considerar uma sessio pura cfeitos de ‘coninbilizapdio de honordrios, quando a audiéncia tem inicio de manhi e se prolongs, no _mesmo dia, parais tarde com interrupedo part almogo, tudo porque: ‘em primeiro lugar, atentos os fistores hermenéuticos (elementos de 0s, conclui-se que a nota 1 da portaria 1386/04 teve como F entendia por “Toy i Cee critério da interrupe3a le nfo ‘afastar da contabilizacto as interrupeoes da manha ou @ quando a audiéncia tem lugar Tdad TRIBUNAL DA RELAGAO DO PORTO « Actesce que, se ¢ verdade que a porturia, 1386/04 contém normas que ‘continuam # distinguir 0 periodo da mani ¢ da tarde ( por ex. 0 azt. 5°, n'l ovo ponto 10 da tabela anexs), eontudo fi-lo-paru situages especificas ¢ que nada tém a ver com a problemitica que nos ocupa, porquanto tém a sia finalidade ¢ razlio de sex ours Componentes que justificam o seu regime, nomealamente respeitem as situaodes de escala do urgéncia, pelo que nilo podetio ser suscetiveis de uma interpretagfio extensivs (vig, sobre o tema da interpretagdo das normas, Batista Machado, in “{ntrodugiio do Direito © ao Discusso Legitimador”,1987, p. 185). 4- Decisiio: Nos termos e pelos fimdamentos expostos, a contabilizagdo de uma. sessio por dia, para efeitos de atribuigg0 da compensagio devida pelos honorérios ao defensor naguele dia 08032016, ito. viola qualquer norma tcgal, pelo que, consideram-se corretamente contabilizados pela secgio os hanoririos do ilustre defensor.e LV —Cumpre decidir. A qhestlio suscitada pelo recomrente (saber se, & luz da legistagio vigente, ns ‘fixasio dos honoririos devidos a defensor oficioso, deveré ser considerada intervengo ‘em uma ou dias sesoies a intervengio desse defensor num julgemento que decorre na ‘manh8 ¢ tarde do mesmo dia, com interrup¢4o para almogo) foi objeto de dus deliberagSes contraditériss de Tribuntis da Relagio: a do acérdfo da Relagio de Goimibra de 12 de outubro de 2016, proc n.? 107/13.8TND-B.Ci, relatado por Heitor Gsério (que segue a tese invocada pelo recorrente),¢ a do acérdio desta RelaySo de 2 de julho de 2014, proc. 2° 47/03.SDAVRPI-A, relatndo por José Piedade (que segue @ to despacho recorrdo), A argumentayio de um e outro desses dorecurso e no douto despacho recorrida. 1 da tabela anexa d Portaria n° avia sido revogada pela Portaria n.° (02008, de 29 de fevereiro. arevogagito da rofetida nota, nllo deixiris de Vigorar apenas a regra te que se considera vexistincln de dias sessses quando 0 ato ou diligéncia & interompido parm almogo. ‘Tambérn delxaria de vigorar a regra de que se considera a existBncia de duas sessdes ‘quando 0 ato ov diligénein-¢ interrompide de um din para outro, ¢ independentemente fo nimeoro ue interrupedes (soluglio minifestamente irrazodvel), F - sorescentarnos nbs também a rogra de que niio se considera a existéncia de duas sessGes quando o ato ou lligaiteia € interrompido n mesmo perfodo da manhd ou de tarde (o que tambérn mio sserd razodvel). Assim, a revogagio da referida nota 1 nfo nos conduz, pot si sb, a uma solugo tun{voca quanto A real intengo do legislador, Estamos, na verdade, perante um vizio Togislativo, porante uma lacuna, © douto despacho recorrido considera, no entanto, que haverd que recorres, no ‘que ge refere a wudiénein de julgnmento em processo penal, 20 disposto, no artigo 328. do Cédigo de Processo Penal, de onde decorrerd que se consideram tantas sessbes de julgamento quantos os dins em que este possa decorrer. Ou seja, que 86 se consideram que dilo origem anova sesso as interrupses de julgamento de urn dia para o outro. No entinto, nio vislumbramos que dess¢ artigo 328." do Cédigo de Processo Penal decorra’tal consequéncin, Na yerdade, ¢ como bem se afirma no referido acérdiio da Relapdio de Coimbra, tal artigo nto distingue entre interrupgies no mesmo dia, ou de tum dia para o outro, O seu n.* 2 estatuf: «Sea audiéacia nfo puder ser coneluida no dia ‘emn que se tiver iniciado, ¢ interompida. para continuar no dia (il imediatamente ‘postcrion», Mas também estatui: «Sho ailmisstveis, na mesma audiéncia, as interrupyOes -estritamente necessérias, em especial para alimentagdo c repouso dos participantes» (ou Seja, também se consideram interrupgbes as que ocorrem no mesmo dia). ‘Porlanto, 0 recurso ao artigo 328,° do Cédigo de Processo Penal niio nos permite “suptira Jacuna em questio, De acordo com o artigo 10.%, n° 3, do. Cédigo Civil, as lacunas deverto ser ‘integracins com a norm que 0 proprio intérprete criaria, se houvesse de legislar dentro yrecorrente, na esteira do referido acérddo da Relagio de justifica que se considere estarmos perante TRIBUNAL DARELAGAO DO PORTO, 9° hidd ‘Deve, pois, ser concedido provimento so recurso, ‘Nao hi lugar a tributagiio, Vi—Pelo exposto, acordam os juizes do ‘Tribunal da Rélagio do Porto em bonceder provimento ao recurso, deferminanda a substitui¢la do douto despacho Fecorrido por outro, que determine que, na fixagio dos honoririos que Ihe so devidos, considere a i Tecorrente em duas sessdes de julgamento quando este foi interrompido para almoco. Notifique Port, 10/5/2047 (processado em computador e revisto pelo signatirio) ve

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