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DECLARAÇÃO POLÍTICA
Encerramento de Escolas com 20 alunos ou menos
O assunto que quero abordar hoje nesta Assembleia é a Resolução do Conselho
de Ministros do passado dia 1 de Junho que define os critérios de reordenamento da rede escolar. Esta resolução do Conselho de Ministros, no âmbito da definição da estratégia global para a melhoria das condições de aprendizagem das nossas crianças e jovens, define que, em articulação com as Câmaras Municipais, seja programado o encerramento, até final do ano lectivo de 2010/2011, dos estabelecimentos públicos do 1º Ciclo do Ensino Básico que funcionem com 20 alunos ou menos. Trata-se de uma medida que visa o combate ao insucesso escolar, à exclusão social e ao abandono escolar. Trata-se, portanto, de uma medida de exclusiva preocupação pedagógica. Considerando que esta medida baliza o encerramento de escolas do primeiro ciclo com 20 alunos ou menos percebe-se, facilmente, que a mesma terá efeitos práticos de maior incidência no Interior do país e naturalmente também no concelho da Covilhã. Esta é uma resolução corajosa, difícil e inevitável em função da diminuição da natalidade e, por contraponto, do aumento do envelhecimento populacional e desertificação do interior do país. Ninguém gosta de assistir ao encerramento de uma Escola. É sempre um momento triste e doloroso. Por isso, entendo que esse momento, a ter que acontecer, não deve acontecer de forma cega e sem uma negociação aprofundada Grupo Parlamentar do Partido Socialista
com a Câmara Municipal, a respectiva Junta de Freguesia, os executivos
escolares, os pais e a comunidade em geral. Pela informação de que disponho julgo que essa negociação tem existido com a DREC. Neste sentido, entendo que tudo deve ser feito sempre em prol dos superiores interesses das crianças e dos jovens e não porque esta ou aquela medida política é mais ou menos popular. Relembro que as políticas de combate ao insucesso escolar, à exclusão social e ao abandono escolar, têm ao longo dos anos, nomeadamente desde a implantação da República em Portugal, estado permanentemente na agenda politica da educação. A prova disso é o Decreto Lei – nº35/1988 de 4 de Fevereiro que, no seu articulado, refere o seguinte: “Sempre que uma escola deixar de ter frequência superior a dez alunos, será o funcionamento da mesma suspenso, salvo casos excepcionais, a fundamentar em despacho do director escolar.” Ora de 1988 até 2005, ano em que o Engº José Sócrates assumiu as funções de Primeiro-Ministro, passaram-se 17 anos, sem que nada fosse feito. É uma política que se encontra definida há pelo menos 20 anos. Se pensarmos no bem maior que é o da criança ou jovem, é evidente que não encontraremos justificação para manter espaços escolares em funcionamento precário, com menos de 10 alunos, onde falecem as condições mínimas de socialização e de "massa crítica" para uma aprendizagem em grupo. Dito isto, também acrescentarei que o encerramento não deve ser feito "às cegas" e por mera discricionariedade administrativa. Cada caso tem de ser analisado nos seus contornos, e méritos próprios, para que sejam criadas efectivas - e reconhecidas - condições de melhoria "visível" do enquadramento escolar, comunitário e pedagógico dos alunos atingidos. As crianças não são abstracções estatísticas. Cada criança, cada família, merece uma atenção, uma explicação, que torne evidente que a mudança se fará para melhor. Trata-se portanto de acabar definitivamente com a discriminação destas crianças. Grupo Parlamentar do Partido Socialista
Neste sentido, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista está ao lado do
Governo na implementação desta medida de coragem mas está também ao lado das crianças e jovens do nosso concelho fazendo, por isso, um apelo à intensificação do diálogo entre todas as partes intervenientes para que o resultado final seja o registo de uma mudança para melhor.