Este trabajo forma parte de una serie de indagaciones al pensamiento mbya guaraní, principalmente desde un tópico particular a saber la importancia del kochi (tayassu pecarí) para el universo simbólico mbya.
Este trabajo forma parte de una serie de indagaciones al pensamiento mbya guaraní, principalmente desde un tópico particular a saber la importancia del kochi (tayassu pecarí) para el universo simbólico mbya.
Este trabajo forma parte de una serie de indagaciones al pensamiento mbya guaraní, principalmente desde un tópico particular a saber la importancia del kochi (tayassu pecarí) para el universo simbólico mbya.
O conjunto de prticas e crenas relativas ao tratamento da presa,
que costumamos designar tica da caa, remete sobretudo a esse perigo
de inverso das posies respectivas de predador e de presa. Por isso, na Amaznia, a conseqncia do no-cumprimento dessas prticas expressa em termos devendeta: o que se quer evitar, sobretudo, ter que pagar a morte do animal com a prpria vida ou com aquela de um parente. Em certos casos, quando j se instaurou o ciclo da vingana, a agresso pode mesmo sobrepor-se s prescries para o tratamento adequado da presa. O caador miraa, movido pelo desejo de retaliao, pode impedir a regenerao de sua vtima: em vez de deixar o sangue verter sobre o cho da floresta e abandonar a cabea e as tripas do animal, ele o retalha na gua, uma prtica corrente quando se trata de uma anta que se suspeita ser particularmente responsvel por vrias doenas. (Karadimas 1997:407). Aqui, a caa resvala intencionalmente na guerra de vingana, mas a imbricao dos dois fenmenos muito mais generalizada, e ganha enorme produtividade na nosologia indgena. Guerra e doena podem prestar-se a significar diferentes perspectivas sobre um mesmo evento: o que doena para os humanos pode ser guerra para os animais. Aos olhos humanos, temos um ato de feitiaria que conduz a estados mrbidos, mas da perspectiva dos animais, trata-se antes de uma guerra de captura. Assim, os Miraa afirmam que a humanidade est exposta agresso dos espritos de animais, pois estes podem perseguir os descendentes dos humanos para rapt-los e lev-los para baixo da terra onde se encontram suas malocas, transformando-os em sua prpria descendncia [...] (Karadimas 1997:404). Entre os Wari, muitas doenas so tidas como resultado do ataque de um animal que retm consigo a alma da pessoa. Se seu corpo definha diante dos parentes, aos olhos do xam que tenta cur-lo, ele est se transformando e adquirindo as caractersticas do animal agressor (Vilaa 1992; 2002), i.e., est ganhando um novo corpo e novos hbitos, capacidades e afetos, da mesma forma que uma pessoa capturada na guerra deve ser familiarizada por seus raptores. Lagrou, por sua vez, sugere que os Kaxinaw concebem a doena como um processo perigoso e incontrolvel de alterao (1998:45), uma metamorfose na qual o humano estaria sendo predado e familiarizado pela espcie animal agressora. A doena por rapto da alma comporta, em suma, duas ordens de realidade: para os parentes humanos do paciente que o vem definhar, perder a fora e esvair-se , trata-se de uma morte; j para a entidade que roubou a alma, trata-se da transformao de um outro em parente. A doena seria, enfim, a predao familiarizante dos animais.