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oa [Anonta pp Casto Gontrs nasceu em Itaperuna, Estado wert y do Rio de Janeiro, em 1948, bacharel ¢ licenciada em ye 1 Histéria (UFF), sendo mestra e doutora em Ciéncia Poli- KR tica pelo IUPERJ. Foi professora da Pontificia Universi < { * dade Cat6lica do Rio de Janeiro e atualmente Iecfona no yoo Dipataneis de Hints do OFF, negendo wxven 2 — ANGELA DE CASTRO GOME! & equipe de pesquisadores do Centro de Pesquisas ¢ De- ‘cumentagio de Histéria Contemporfnea do Brasil (CPDOC) i da FGV. E autora de livros e diversos artigos. i = | Sa A INVENCAO DO t — Burguesia e Trabalho: Politica ¢ Legislagéo Social no Brasil, 1917-1937, Rio, Campus, 1979. T RABALI | ISMO i — Regionatismo ¢ Centralizagdo Politica: Partidos e Constituinte nos anos 30, Rio, Nova Fronteira, 1980. (como coordenadora ¢ co-autora) — Estado Novo: Ideologia e Poder, Rio, Zahar, 1982. | (em co-antoria) } — “Confronto © Compromisso no Processo de Constitu- io (1930-1935)", in HGCB, Tomo III, vol. DIFEL, 1981, i Dedon de Cutsogagho nn Publlepfo (CIP) Tater | cimara Deelera do Livro, SP, Bash oni "A inynpls do trapinsna Angela Mavi de Cesta Gomes. vyerie,"Ealfore Revista esas do a soy es.snsd1s Bllgeati, Pardo Teabatste Destro 2. Sooalimo « Brat 1, Tivlo, 11, se EBDsigt Sataei SH IUPER) mueeneucs TT Fests do Rode reo logo iteméico: 1, Beal : Trabalbismo + Cifnels pottes 320.5310981 . abethata Beare 324-281, ” Sto Pesto : "Mle jen Torito. Onveratne oy veanien Capitulo 1V A légica do “Quem tem oficio, tem beneficio” & 1. Estado Novo em primeiro movimento E. julho de 1954, 0 Brasil ganhava uma nova Constituigdo, uma nova lei de sindicalizaggo e um novo ministro do Trabalho, Industria e Comércio. A Constituigio, através de sou artigo 120, consagrava a pluralidade © a autonomia sindicais. No enlanto, o Decreto-rer ; editado alguns dias antes da votago Tal do ave a intencional- mente a pluralidade muito dific iam Mo- —taes Filho 1952—pp,226.36)_A amenon Magalhées, 0 ministro do ‘Trabalho, considerava_a ‘tganizacsa_sindical_sancionada_pela Cons- titwigao um equivoco ¢ & nova lei de sindicalizagio um instrumento “Poiics adequado ao momento politico, Nao estava sozinho em suas ‘estrigdes as normas constituefonais. O préprio presidente eleito pela Astembléia Consttuinte, Getdlio Vargas, nfo escondeu seu desagredo ‘mesmo em seu discurso de posse, Q estabelecimento da pluralidade ¢ da autonomnia sindicais-ora uma’ vitOrla dos fortes interesses da Tgreja, aliada sem duivida a0 Betronate; Por outro lado, constituia um golpe tanto para as core ronles_que resistiam dentro do movimento operirio ¢ que desejavam 8 unidade sindical, quanto para a orientagio oficial do Ministério~ ‘do Trabalho; “partidariatambem da -unidad nas_sob_tutcla estatal,, A situasio politica do pais havia mudado muito desde 1951, ¢ ume. estas alteragdes fora a perda de forga politica do_grupa_teneniisa, (Glelilmente muito inttwente no govere_e_também ne politic tras balhista. (© episédio da eleipio © atuagio de boa parte dos repre- Senlamtes classistas dos empregados na Constituinte nao deitow ta vides quanto ao interesse dos tenentes nesta érea politica, Em 1954, 189 side, Ah cont... 193U Prccl dw es : Tk como a Constituigio votada_demonstrava, 0 eq) Ifbrio_de forgas jé era out scotha de Agamenon Magalhdes para_a pasta do Trabalho foi neste contexto-furdamental. Politico pernambuco, conhecia de Songa data as questées trabalhistas e transitaya nos titimos anos na mais alta cUpula dos setores governamentais (Pandolfi, 1984, cap. 1). Segundo alguns de seus mais intimos colaboradores, veio para ‘© Ministério fazer politica, comegando por delegar a outros todo tipo de encargo administrativo. * Esta disposig&o comegou a se tornar pa tente por ocasido das eleigdes de outubro de 1934 para a Cimara Federal ¢ para as Assembléias Constituintes Estaduais, que deram 0 novo ministro a possibilidade de “fazer” a bancada dos repre- sentantes classistas, em especial aquela dos empregados. Agamenon, ainda segundo seus auxiliares, foi muito objetivo. Convocou Waldir Niemeyer para se encarregar dos assuntos sindicais e trabalhistas de sua pasta e com ele criow todos os “sindicatos de carimbo” que se tornaram necessirios. Tais sindicatos nfio tinham existéncia real, mas possufam delegados-eleitores e escolhiam deputados classistas. Era exatamente este 0 objetivo dé Agamenon. Por outro lado, contorme os Anais ra dos Deputados de 1934 registram e a experiéncia de Hilcar Leite ilustra, Agamenon foi um ministro_que_veio para “apertar_as_parajusos”. Mesmo antes + de ‘abril de 1935,.quando.foi aprovada a Lei de Seguranga Nacional, ® houive_muita-intervengdo-nos.sindicatos_que reivindicavam ou_orga- _nizavam greves.-Intervencfo,na_época, significava em grafde parte ii >. policial e destruigio virtual _das sedes dos sifdicatos-com es. Legalmente isto nfo poderia istas que escapavam a0 controle do Ministério denunciavam na Camara as arbitrariedades policiais. ® © perfodo era portanto de radicalizacio ideolgica e de cres- cente mobilza pao ae WATS coMeGANT a AFICU a “wais-intensa uma Tinha de Tente popular, promovendo campanhas contra a guerra e buscando a unificagdo daquela parte do movimento sindical que ainda se encontrava sob orientagio de liderangas de ssquerda, Neste clima foi organizado.o Congresso_pela Paz no Teatro (CJofo Caetano, que terminou em desordens e tiroteio devido 8 inter .—Néiigab_policial. Tentou-se também formar, com o apoio de comi iratsquistas,-uma-Confederagso-Sindical Brasileira, que con iu reunir alguns sindicatos, mas foi predominantemente_um mi mento de agitagto politica ¢ nfo uma organizacio federativa de | sindicatos. A Confederagio empenhot-se™em disoutir’ questSes poli- ! ticas como erdade do pais. Sua ‘ftuagho_teve um sentido que pode ser aproximado_da_proposta_da— Alianga Nacional Libertadora (ANL), criada em margo de 1935. Neste ano, 6 perfil do movimento sindical mais nitidoDe-um: i lado, existia sindicalismo_atrelado ao Ministério do Trabalho, compost” BOF ehtidades em parte reais ¢ em parte ficticias, ¢ de outrohavia-sindicatos-q smo tendo o reconhecimento_oficial, peimaneciam sob—o-controtete—tisteranyas de esquerda. Evidente- “mente, havia associagoes indefinidas e outras onde ‘0 confronto era aberto, mas elas estavam fadadas a ser absorvidas por um ou outro grupo Paralelamente a esta sit mmentava a repressio_vinda-do Ministério do Trabalho em articulacdo com a Policia Especial de Fi- linta- Miller. A ANL, colocando nas ruai ica da es- “querda e mobilizando efetivamente a populagio — mesmo que nio predominantemente de trabalhadores — agucava a questo da ameaga comunista, Os concorridos comicios e os choques violentos com os militantes da Agio Integralista Brasileira (AIB), também vigosa neste momento;~indicavam 0 grail de Fadieali#agao-e-mobilizagao politicas a que se chegara. “tot dé Seguranga-Nacional ¢ 0 fracasso.da.ANL (fechada em - julho“de-1935) , seguidos do epis6dio_da liquidagdo-do_levante co- nheeido_como Intentona Comunista embro de 1935),tornaram a represséo implactvel €a-manutengio-de qualquer tipo de resis- ‘Wéncia_impossivel. A despeito da inexistén de um levantaménto “mais rigoroso, ha dados e noticias que indicam que entre 1935 ¢ 1937 um grande nGmero de sindicatos foi submetido a intervengio, ocor tendo o afastamiéhto e a liquidagio de suas liderangas independentes © caimerds, 1978, pp. 2585). E preciso_assinalar que neste perfodo © pais viveu sob estado de sitio/estado-de_guérra, tendo sido criado sin THibunal’ de Seguranga Nacional. t ~~“ Emcresum, inaugurou-se a partir de 1935 um novo quadro na vida politica brasileira e, em especial, na dinfmica das relagSes | Estado/classe trabalhadora. Se em 1920 a questao social foi definida ome uma questo policial — e os anarquistas foram apontados common. ...— © “inimigo objetivo” — em T935~éli-itia ser delinida como uma a ional, © 0 mesmo.tipo=de-discurso-acust- Fir Uma Tova categoria; os comunistas. E evi- de Agamenon Magalhies no Ministério do i Trabalho vinculava-se a um projeto politico que viseva a0 mesmo tempo criar ¢ solucionar o problema da seguranga nacional. O enca- Ww~” om et ne Ae, (VE sancionar e fiscalizar © cum, ko 4 £ Ags mental, Este projeto nfo fol, prtanto, uma decoréneia_imediate 4 e bel & minhamento do golpe de 1957 foi cuidadoso ¢ demandou tempo e habilidade para a eliminaglo ou neutralizagio de indecisos adver- sirios. Nesta estratégia, 0 redimensionamento da ameaca comunista teve um papel essencial, e a seu reboque foi arrastada qualquer velei- dade de movimento sindical independente ou mesmo rivindicat6rio, © exemplo mais bem acabado é 0 Plano Cohen, apresentado pelas Forgas Armadas como um plano de sublevagdo comunista iminente que ameacava a ordem politica nacional. Apesar de vavios parlamen- tates terem exigido provas que confirmassem tal conspiragio, seus questionamentos permaneceram sem resposta, esmagados pelo argu- mento que alegava estarem as Forgas Armadas fora de qualquer sus- peigdo (Araijo, 1984, p. 2). lhiies-pata-a-pasts-do-Trahalho teve A escolha de Agame portato uni amplo sentido. A partir de entio néo mais haveria com- igo entre propostas concorrentes, nem lutas nos sindicatos ou nas Tuas. A reptessio 20 comunismo tornaria invidvel qualquer tipo de agio independiente surgida-do-interior- da-classe-trabathadora—Um longo siléncio teve inicio em 19 : e_perdt- Co Tando_praticamente até 1942— f | Poi este espaco de tempo que permitiu a emissio de uma outra proposta de identidade e organizagio para a classe trabalhadora, A - Proposta ej, estruturada nos Cfreulos Operérios Catélicos, |... Gentou com o respaldo de Waldemar Faleio, sucessor de Agamenon ,Se6, partir d€ 1937, tas a0 conseguiu sensibilizar os trabalhadores. Profurdamente assistencialista, 9_proposta circulista vineulou-se a um politico de intenso combate a0_comunismo. e de-grande sim SBatia por um Estado autoritétio, Com estas caracteristicas matcantes, torncirse i ional comegaram a soprar em outra direglo, Foi justamente no bojo desta nova situagfo politica, que anun- \ siava a necessidade de reorientagio nos rumos do Estado Novo, que No projeto "trabalhista” passou a ser efetivamente difundido e imple Md também ngo foi ume invengio simultanea & orientagao politica de sa “leis que requlamentavara 0 initeado-de trabalho; O” proj dhista” foi cronologicamente 4 gfosterior a estes dois acontecimentos politicos, mas manteve com eles Tasos de intelegibitidade muito fortes. © que se deseja neste capitulo é, antes de examinar a constru- s#o do projeto “trabalhisca”, compreender a Iégica que domino sua 192 ida quando 6s ventos da politica internacional e na, {o_uepressivo-de-combate-ao-comunismo. Por outro lado, % elaboragio © o contexto politico em que ela teve lugar. E 0 que se fard nos Gois-itens-subseqiientes——____ \ “I 2. “If friends make gifts, gifts make friends” De forma gersl, a bibliografia que trata do tema das relagdeg Estado/classe trabalhadora no Brasil consagra uma interpretagio para © pacto que vinculou estes dois atores a partir do Estado Novo. Esta interpretagdo funda-se na idéia central de que o Estado do pés30 désencadeou uma politica social de produgao€implemenmyao de _Teis-quenregulavani-o-mercid6-de-trabalho de~-poder,- conseguiu-aadesio-das~massasirabalhadoras. O pacto social assim montado traduzia'se em um acordo que trocava os be- neficios da legislacdo social por obediéneia politica, uma vez que s6 os trabalhadores legalmente sindicalizados podiam ter acesso aos di Feltos do trabalho, sindnimo da condigo de cidadania em um regime itico autoritério ‘cémis.0: brasileiro -—Tal vatiosinio tem nele embutidos dois significativos. O Estado do pés-30, por meio de sua politica social do trabalho, é ccaracterizado como um produtor de beneficios materisis, de bens de valor nitidamente utilitérios. Por outro lado, a classe trabalhadora, a0 trocar legislagdo social por obeditncia politica, estaria realizando um cilculo de custos e beneficios cuja légica é predominantemente smatétial€ individual. O trabalhador almejava estes novos direitos ~e por isso concordou em aderir politicamente ao regime, isto €, a seu \, modelo de sindicalismo corporativista tutelado ¢ a todos os seus des- dobramentos. Sendo cooptada pelo Estado, a classe trabalhadora perdeu sua autonomia, o que resultou numa condigfo de submissio politica, de auséncia de impulsio prépria, Sem afastar in_towem_a_ presenca_desta_légica material _na_construgio “do_pacto_social_entrn_— “Estado © classe trabalhadora no p6s-30, & necessério relativizar a orga explicativa desta interpretagdo, Para tanto, € dll comeyar Te -geitio algumas observagSes. sobre © processo histérico que viemos acompanhando. | Durante toda a Primeira Reptiblica é inquestiondyel_que a classe o aiarquista — qué postilatant @ maior presenga e patticipagao dos {cabalhadores no cendrio social e polttico do pafs, passaram pela for- wwlagdo de demandas que significayam a intervengio do Estado bre o mercado de trabalho. As resisténcias 2 tal inovagio vieram 195 sh trabalhadora lutow_arc ela_conquista—da-regulamentagio ee foe Trabalho no Brasil. Todos os projetos politicos — mesmo prs nn gehe | [es A de miltiplas frentes, em especial do_patroni a / \assumir custos considérados_abusi interven do {{Esiado_em_essuntos_que_nio_the_diziam_respeito. O préprio Con- \lgesso niio foi um agente institucional inclinado a esta nova legislagiio, 4h despeito de votar algumas leis nos anos 20. Foi s6 no pés-30, quando poder decisbrio ‘deslocou-se do Legislative para_o Executive co fol Fortemente pressionado pelas novas autoridedes do Mi- /ristio~do~Trabalhowe-tambens “Por fvaE Tiderangas”empresarais, » [que um surto de regulamentacdo teve efetividade. “——H importante-observar 0 momento deste esforco legislativo. Ele. se deu concentradamente durante 0 ministério Salgado Filho, conti nuando com menor intensidade durante o“ministéiio Agemenon Ma- galhies. Ou seja, ele ocorreu no periodo que vai de 1952 a 1937, antes do Estado Novo e coincidindo, em larga medida, com um pe- rfodo em que classe_trabalhadora_reagia_2-propostasindi- calistagovernamental consubstanciads na lei de 1931, Recuperando a este espaco de tempo anteriormente analisado, 0 que fica claro é que 4 a que se recusava a ‘0 Estado, desde 1933/34, com a carteira de trabalho e as exigéncias J, ¥/" para a participagio na representagio classista da Assembléia Nacional CX; Constituinte, atrelou incondicionalmente o gozo dos beneficios sociais atte sed gm /P-b = ps Ys | bem previu e, a parti Magalhies. sta 1égica material, essencial para a construgo de um pacto social, na realidade s6 comesou 2 produzir os significativos resuliados a cla imputedos no_p6s-40..A.SaFIF G5 GT COmBINGTse conra ispicr™ ‘inblin_do_dincurio_trabalisn_que_asignifioende = “pales ‘Operaria” construida_ao_longo da. Primeira-Reptiblice,-apresentava-os Peneticios tocais nib 1a_conquista.ou_uma-reparagaioymas pectiva, o Estado no er spenas-come-produtor-de-bens- ma- terials, mas como produtor de um discurso que tomava clementos- chaves da auto-imagem dos trabalhadores ¢ articulava demandas, va- ‘ores © tradigSes desta classe, redime O_COMIEXtO, Avctusse tabalhadora, por conseguinie, sé “obedecia” se- por obe- diéneia politica ficar entendido o reconhecimento de interesses ¢ a necessidade de retribuico, Nao havia, neste sentido, mera submissio e perda de identidade. Havia pacto, isto é, yma troce orientada por tama I6giea que combinava- oF ganhios materials com_o3_ganhos sin” potions da reciprocitade, rence que ere esta sequnda dimensto que funcionava como instrumento integrador de todo 0 pact. , pbs em prética © ministro Agamenon ~~" 4a condigio d&trabalhador sindicalizado. $6 “quem tem oficio” — 3 a . quem é trabalhador com catteira assinada e membro de um sindicato lo egal —"Tem_beneyicia™—— a Teagao das lideranca: dentes na época, uma vez reco- /anhecendo e Impossibilidade de desprezar os benelicios sociais ¢ ma: Stter associnges ests. fo entra_nos sindicatos leg alos. Desta forma, por exemplo, eta fundamental lutar nas Juntas de Con- ciliago ¢ Julgamento © na Constituinte pela extensio e pelo cum- ptimento dos novos direitos do trabalho, Mas era também funda- mental continuat resistindo & proposta corporativa tanto na Consti- tuinte, como nos sindicatos © nas ruas. Ou seja, se os beneficios “ produzidos pelo Bstado sob a forma de leis estavam tendo aplicagio | seletivos”, uma vez que a condigao de sindicalizedo era essencial para at} seu usuftuto, Entretanto, neste Tomei \6gica 80 Tot ch ‘Posggeourso de poder suficiente pare afasiar as reayées. O uso da Te- ;Pressiio a0 movimento sindical foi ento uma arma fundamental, como 194 } estavam sendo 'reconhecidos pela classe trabalhadora, ela nfo dei- xava de resistir politicamente, Ine E inegével que a l6gica material olsoniana (Olson, 1970) de ei stos ¢ benefici va_ai_em_vigéncia. Os beneficios_ da legislacio. social_eram-efetivamente transformados em “incentivos Sendo esta a proposta deste estado para interpretar o-pacto entre Estado e classe trabalhadora no Brasil, cabe explicitar melhor © que se entende por esta Iégica simbélica de reciprocidade, Para tanto, dois textos antropoldgicos, utilizados livremente, sio bisicos: o cl sico trabalho de Marcel Mauss, Ensaio sobre a dédiva (1974), © 0-¢ niio menos cléssico artigo de Marshall Sablins que retoma as refle- xGes de Mauss, “On the sociology of primitive exchange” (1965 O ponto fundamental a ser observado & que ambos 0s textos se constréem em torno da reflexo sobre os tipos de conextes que exis tom ontro os fluxos materiais da troca econdmiea © modelo de re lagGes sociais vigente em uma sociedade primitiva, ou seja, uma sociedade onde as relagGes sociais ¢ econdmicas nfo foram transfor- madas pela existéncia do Estado (Sahlins, 1965, p. 141). Evidente- mente, trabalhar com esta idéia pata pensar as telagdes entre Estado ¢ classe trabalhadora no Brasil tem muito de metaférico, mas 0 que aqui se propde & que a natureza do pacto social acordado entre estes dois atores segue de perto o tipo de I6gica que preside a conexdo 2 ‘que nos referimos. © primeiro aspecto que se quer assinalar € que as relagdes de troca econémica podem ¢ devem ser pensadas como mecanismos que se vinculam simbolicamente a um certo modelo de relagdes sociais e, no caso, também politicas. dado jé conhecido e ressaltado € 0 da existtncia de relagdes materiais utilitdrias entre Estado e classe trabalhadora, sob a forma da produgao e do gozo dos benelfcios sociais. A questio ¢ entender © tipo de telagio social que se constr6i em conexio com esta relagdo de troca econémica, Dito de outra forma, a I6gica simbélica que preside e dé sentido a tais fluxos materiais e que esté presente na ideologia do trabalhismo brasileiro. ‘A primeira grande indicagio ¢ a da “ideologia da outorga”. Isto 6, 08 beneficios sociais teriam sido aprescntados & classe trabalfiadora no pés-40 como um presente outorgado pelo Estado. A classe traba- Thadora, mesmo antes de demandar, teria sido atendida por uma autoridade benevolente, cuja imagem mais recorrente € a da auto- ridade paternal, Em familia, especialmente entre pais e filhos, 0 puro negécio econdmico — segundo o modelo de mercado — néo. deve ter vigéncie, sob pena de prejudicar as relagdes sociais — afetivas © pessoais — em lugar de auxilié-las. Contudo, em familia, 05 fluxos tmateriais néo devem nem podem deixar de existir. Sé que sua I6gica € outra, materialmente obscurecida pelo lado social dominante, o que pode ser traduzido no fato de os bens serem apresentados como ge- nnerosamente doados. Seguindo de perto Sahlins (1965), pode-se dizer que o termo que designa as relagSes econémicas que vigoram entre parentes € 2 reciprocidade, Reciprocidade formalmente definida como “gener zada”, na medida em que os bens so concedidos “voluntariamente”, sem que precisem set “humildemente solicitados”, e supondo “retor- nos" aliviados da preméncia do tempo ¢ da quantidade ou qu da retribuigéo. A contra-obrigagao fica minimizada em sua estritamente econdmica, jé que o fluxo material pode permanecer por longo tempo, ¢ até indefinidamente, em favor de uma s6 das partes. A doagio nao cessa por auséncia de retorno materiale, justamente por iss0, ela reforga o lado social da reciprocidade. Quem recebe 0 que nao solicitou © nao pode retribuir materialmente, fica ‘continua- mente obrigado em face de quem dé. © desequilfbrio econdmico é assim a chave da generosidade, da reciprocidade generalizada, E a generosidade €, para Sahlins, a pro- vavel base econdmica das relagSes hierdérquicas ¢ politicas numa so- ciedade ptimitiva, Fundada num ato positivo de moralidade, a genero- sidade assegura todo um fluxo de bens materiais de cima para baixo, ‘onotando néo apenas uma relagio de status, mas produzindo uma obrigagio de lealdade na comunidade. As conexdes entre troca eco- némica © hierarquia fazem com que a reciprocidade possa ser enten- 196 ida como um mecanismo gerador de relagdes sociais cristalizadas. ‘As regras de reciprocidade tecidas em uma sociedade podem ser a rigem de grupos, de partides, enfim, podem ter a qualidade de pro- duzir fronteiras de reconhecimento social e politico.® Estas regras de ocidade sustentam, a um s6 tempo, um célculo material util tério e um esquema de representagGes que gatantem as relagdes s0- ciais que em tomo delas se constréem. A questio, como lembrou Sahlins em outro texto (1979), ndo é de prioridade, mas de quali- dade, isto 6,-do significado destas relagées.sociais, ‘A I6gica da reciprocidade generalizada, da dadiva de Marcel Mauss, pode ser pensada como um mecanismo criador de hierarquias sociais, ou seja, criador de novas lideranges porque criador de seus seguidores ¢ da Jealdade que une estes dois termos. © processo de ascensdo politica ¢ social de-uma lideranga e da identidade social do grupo de seus seguidores 6, desta forma, marcado por uma “caleu- lada generosidade”, A sociedade onde tal proceso tem vigéneia é caracterizada pelo desequilforio econdmico ¢ necessita de fluxos ma- tetiais uniditecionais, Nesta sociedade, fundada em regras extensas de reciprocidade, quanto maior for o gap de tiqueza, maior devera ser a assisténcia do rico para com o pobre, do chefe para com seus seguidores. £ por esta mectnica que um certo grat de sociabilidade € mantido e a lealdade dos de baixo assegurada, E desta forma, por tanto, que se produz a paz social e € vencido o caos hobbesiano do estado de guerra de todos contra todos. Nao é fortuito que Sablins cite Hobbes ¢ sua quarta lei da natureza: a gratidéo depende sempre da graga que a antecede, Vale lembrar, contudo, que € a gratidao | e nao a grasa que dé forca, sentido e futuro ao contrato social assim firmado. Antes de examinélo, porém, vale a pena contextualizar 0 momento de sua emergéncia. 5, Estado Novo em sogundo movimento [2 ) ““tnente politicos, jt-que-o periodo do pés-42 reine uma série de fatos muito significativos para a reorieflayao do_regime. fmicialmenté o” destaque fica coma_conjuntura internacional, pois a partir de janeiro de 1942 a possibilidade-de-uma politica egi “distanic do Brasil em_relagia aos_principais_paises envolvidos na Sé Tgunda_Guerra foi redefinida, Desde 0 ano anterior, particularmente i no deourso de seus meses finais, haviam aumentado as presses ame- 197 o % A | | feanas unto 20 governo brasileiro, As cartas da barganha politica suavam na mesa. Elas consistiam, por parte dos Estados Unidos, no qieresse pelo Nordeste brasileiro como local para a instalagac, de bases militares estratégicas,-e-por-parte-do-Brasi, “na-obtengio de Volta Reauulgritis—visande—a—instalagio~do~projeto-siderirgico de Volta Redonda ¢ 0 reequipamento do. — Sinal Verde para as negociagses que consagrariam o linha shomto Brasil-Estados Unidos foi dado no discurso de 31 de dezeraing dle 1941, no qual o presidente Vargas falava da importincia de ny Hdariedede continental. Contudo, foi em janeiro de 1942, mais espe- icamente com a realizagio da’ Confertncia do Rio de Jencise (de divin eed? MEH) que a situagio ficou efetivamente definide, Oc Ultimos esforgos dos representantes diplométicos do Eixo foram afer fades, « ainda no dia 28 de janeiro foi realizeda uma reuniie on Petrépolis — do presidente com seus ministros — em que se decicia 0 rompimento de relagées diplométicas com a ATG z —Gerig (Woura, T980)- Nao se tratava ainda de uma deslszagso de fevertiro de 1942 0 plano de operacces preparado pelo Exército americano prevendo a ccupagio do Nordeste brasileze esa Pronto, e em maryo a permissio para o desembarque foi con. cedida. O Brasil estava, desta forma, definindo sua posieao interme, clonal 0. que entretanto nfo iria equacionar o clima polities interne, rmergulhado em tenses que combinavam questées diverses. Assion SF Senfrontos entre os setores germansfilos e 08 pré-aliades apenas se multiplicaram, ganhando novos contornos. Foi dentro deste pardmetro maior — ou seja, do alinhamento Brasil Estados Unidos — que ocorreu uma série de alteragdes nm alte cipula da administragao federal, Estes episédios, que tiveram a de mreto de uma crise politica, ilustram bem as divergéncias que do. minavam 0 préprio governo © © novo tom assumido pela politica Rasional « partir de entio. Convém assinalar desde jd que s¢ 0 que Faama claramente & superficie ¢ uma disputa entre elementos ré. Eixo © pré-aliados, tas opgées nao implicavam qualquer envolvieneto aberto com uma posigao pré ou contra a sustentagio do Estado News: Além do mais, no se deve assimilar 0 fato de ser pré-allado com Juma postura antiautoritéria, A primeira mudanga que importa assinelar neste quadro 6 chefia do Ministétio do Trabalho, Indtstria da © Comércio, Desde junho dre Marcondes Fi e aos postulados do Estado Novo, consagrados ne Carte Constitu- mento da. aiiagko Ministerial Az dgnificativa para uma aky, | iho. Esta nomeago seria significativa para uma al- >, teragio de rumos na politica do ministério, principalmente se feita A uma comparagio entre o novo titular ¢ seu antecessor, Waldemar 4 Faledo havia sido encarregado de “adaptar” 0 ministério orkentag \ cional de 1937. E justamente desta forma que ele, no Stecurea) de tana do. cage, caraterze sux suapio camo miso, deta cando trés iniciativas fundamentais: * a ago no campo da sindi al zagio, que significou a produgio de"uma nova Tel de carder Be raliver(a-de“1959) ea Raaprapeo Gas, organizaptes sindicals_a este prinefpio_corporativista bésico; 0 coroamento de nossa politica t aad lista com a instituigéo da Justica do Tral alho; ¢ 0 desenvolvi- ¢ “mento da atuagKo_Rinisterial_e_area previdenciarins — Waldemar Faledo havia sido constituinte em 1953/34 ¢ depu- tado em 1935/37, ligado ao movimento da Liga Eleitoral Catdlica, Sua experiéncie politica ¢ parlamentar demonstrou tanto sua vin Jago com os assuntos trabalhistas quanto sua estreita relagfo com a orientagao da Igreja Catélica. Pode-se dizer que a0 lado do rier da Educagéo © Satide, Gustavo Capanema, Waldemar Falco foi o grande baluarte a politica estadonovista,” Sua exoneragio em meados de 1941 € algo nebulosa, jé que fica claro que ela ‘nao ocorreu sem certos atropelos. O minisito ge retirou voluntariamente, | | ido que era esta a forma como Vargas fozia as substituigdes aur jgnv inernetey Nip ta Vor coon pads Ocha de seus colaboradores, Ele apenas suger difculdades pare o curso de um projeto, nomeava o renunciante para um novo posto e, com certa freqiéneia, aguardava um tempo até tomar a decisio ate 5 pessoa que ocupari definitivamente o cargo. A interinidade de Dulphe Pinhelzo Machado no Ministério do Trabalho poderia ter assim a di- mensfo de ui tempo para pensar, enguanto os acontecimentos na cena doméstica ¢ internacional melhor se delineavam. ‘A escolha de Marcondes Filho © sua posse_em 29 de_dezembro— de i941 tm 2 importincia de uma decisio politica de largo alcance. Marcondes era um bem sucedido advogado paulista especializado em 5 destaqué. Seu tradicional escri- direito_comercial — falencias como, a 1Grio era conhecido ¢ fregiientado pela nata do empresariado de Sao Paulo, ao que se acrescentava sua amizade com_o_jornalista Assi Chateaubriand, proprietirio da cadeia dos_Didtios Associados, N& se tratava, portanto, de um homem que tivesse a politica do tra. balho como seu métier. 199 Ligado & politica paulista perropista durante os anos 20, fora membro do Centro Paulista ao lado de homens como Menotti Del Picchia, Roberto Moreira e outros. Desde a Revolugio de 30 afasta- rase da atuagio politica, dedicando-s de 1941 foi reconduzido “sobretudo uma foxte_garsin o de Sio Paulo. Ami soal_de Roberto Simonseii,~ ~enta presidente da FIESP, Marcondes assegurava 20 empresariado tum facil acesso 20 Ministério do Trabalho, que era também da In- dhistria e Comércio. Sua gestio se inaugurou exatamente no momento em que a direcio da FIESP consagrava o entendimento entre a grande © @ pequena.e média empresas, através da dobradinha Simonsen (pre- sidente) ¢ Morvan Dias_Figueireda_(vice-presidemte) . Aliés, © pe- riodo que vai de 1945 a 1945 atesta o excslente relacionamento que se estabeleceu entre 0 governo e os interessos empresariais do pais (Leopold, 1984, pp. 59-62) A presenga de Marcondes Filho na cena politica dos anos 40 ao se resumiu & sua entrada para o Ministétio do Trabalho, pois em 17 de julho de 1942 ele assumiria interinamente — para ser efetivado somente em abril de 1943 — 0 cargo de ministro da Jus- tiga, O acémulo das duas pastas (Trabalho e Justica), ao mesmo tempo que dava um conteddo politico maior & administragio das questées trabalhistas, langou Marcondes como um personagem cen- teal na condugio do processo politico nacional, uma vez que 6 exa- tamente este © papel do ministto da Justiga, ® © fato de a pasta da Justiga ter sido exercida em interinidade durante cerca de um ano € mais uma vez indicative do estilo’ politico de Vargas. De qualquer forma, a escolha e 0 desempenho de Mar- condes foram sancionados por sua nomeagio em 1945 e permanéncia até 1945. Somente em margo deste ano, quando 0 quadto de pres- s605 estava configurado, o$ partidos praticamente instalados as candidatures presidenciais articuladas, Vargas solicitou a Agamenon Magalhies que abandonasse 0 cargo de interventor em Pernambuco para assumit 0 Ministétio da Justiga, Marcondes deveria concentrar-se na problemitica efetiva do trabalho, enquanto Agamenon viria liderar a condugiio do processo de elaboracio da legislagao partidéria e elei- toral para 2 proxima redemocratizagio, Nao vale a pena adiantat comentitios, importando io momento avaliar a significacéo das \ansformagées administrativas ocorridas ainda em 1942, Um aspecto que precisa ser ressaltado 6 0 do contexto de ten- ses que envolveu as substituigdes efetivadas. Seu pano de fundo foi 200 { | | sem divida a entrada do Brasil na Segunda Guerra c, mais ainda, 0 infeio do alinhamento Brasil-Estados Unidos, rompendo a politica de, equilibrio eqitidistante até entio adotada por nosso pals na cena internacional. As disputas entre germanéfilos ¢ partidérios do inte- gralismo versus libetais pré-aliados surgiram de forma mais clara ao Jongo dos anos de 1941 ¢ 1942. Mas estas divisdes permitem vis- lumbrar apenas a ponta de um iceberg que comesava a se deslocar para o centro das questées politicas nacionais. Neste sentido, tais confrontos foram um primeito antincio. Anéncio do inevitével retorno & cona politica nacional de procedimentos mais mobilizadores que, ou ndo poderiam mais ser evitados como haviam sido antes, ou te- riam mesmo que passat a ser promovidos. Antincio também da ne- cessidade de se enfrentar a questéo da democracia liberal e mesmo do comunismo em outros termos, uma vez que Estados Unidos e Rassia eram nossos aliados na luta contea 0 nazifascismo. Antncio, ‘enfim, de que tempos novos haveriam de chegar c que cabid aos que estavam no poder se preparar o melhor possivel para eles. Entretanto, tal conjuntura néo deve necessariamente ser enten- dida como « do inicio do declinio do Estado- Novo. A mudanga que comesou a se operar a partir de 1942 nao € sindnimo literal de en- fraquecimento ¢ menos ainda de derrota politica, A patticipagio do Brasil na Segunda Guerra aponta mais para um rearranjo relativo de forgas do que para a derrocada dos que estavam no poder. A. imagem que se procurava firmar era a de um pais unido em torno do objetivo de sua propria construcao como nagdo forte. Assim, sua presenga 20 lado de outras poténeias no cendrio internacional s6 podia colaborar para seu engrandecimento, Além do mais, 0 inimigo externo convidava a sacrificios e & superago de impasses agora con- siderados secundérios politicamente. Do ponto de vista da economia, 0 esforgo de-guerra era_uma inequfvoca emulapio a baralhirdorde7¢ ‘ senvolvimento. f y. = como-um_marco_suativa exe \/S © ano de 1942 mente pela ambigiidade politica que passou a dominar o clima dof, Estadg_Novo. Esta ambigiidade esta sendo entendida aqui-como'o ~esforgo de abrir mao de um regime autorititio, sem abrir mio das 47%) | posigdes de poder entiéo detidas por seus mentores. Para tanto, crag s reciso garantir a conducdo do processo de “‘saida” do préprio auto- ritersmo, Neste sentido, tornavase fundamental a enpacidade destas”\ “% elites de_gerar Wdéias_novas sobre sia contintidade_politica em uma \ Tordem democritica. E, sobretudo, tornavase crucial-o cuidado na Ne execugHO de politicas capazes de proceder A transicao. 4 201 a Neste caso especitico, um dos grandes attifices do processo politico a ser examinado ¢ 0 ministro Marcondes Filho. Sua atuagio, Particularmente no Ministério dd~Trabalho, & esclarecedota do que se acabou de sugerir, O discurso de posse de Alexandre Marcondes Filho no Minis- tério do Trabalho em dezembro de 1941 pode ser resumido como lume caracterizagio da imponderabilidade do momento politico que se vivia. * Por isso mesmo ministro afastou a palavra yrograma" de seu pronunciamento, 0 que nao impedi que desde o inicio se delineassem objetivos nitidos para a sua administrago, De uma forma geral, pode-se detectar tnés ies frentes_de_invettida politica “do < minis, toate volladus. pais © con 0 da organizacio do trabalho, Em primeiro Igor, uma maciga atuagdo na Urea de lIVUIgagEO € pro- Paganda que envolveria direta e profundamente a propria pessoa do ministro. Em segundo lugar, um conjunto de medidas dirigidas es- ¢) pecilicanronte © questio da sindicalizagio. E em terceito ly ar, a at ficulagto destas duas frentes com ‘Mmontagem de uma estratégia ‘po- Inica nlifdamente continu ia cuja base_devie_ser-p_organizagi sine ieattorporatvisia e suis ins gia devia ter como matriz o discurso Jninisterial Porém, vale registrar que este conjunto de iniciatives no es- gotou a administragio Marcondes Filho. Uma série de outras medi, das, vinculadas a poltticas que jf vinham tendo cutso dentro do sah nistério, continuou « ser desenvolvida, Sade, alimentagdo, habien So, educacio, todos estes tGpicos integravam o elonco deascueer Tesolusbes_ministetiaisearliculavamae—comseus-projetos prio ios, Aqui, contudo, © tépico privilegiedo serd o da quesiso da Crsanizagio dos trabalhadores, pois é justamente em toro da Rion, fagem ¢ da execupio desta iniclativa politica que se Tevels-o con teido mais significative da orientagio do ministério Marcondes também da orientapto politica do préprio Estado Novo neste sea segundo ato. N gpbe, ums forma sintéica podese dizer gue o principal objetivo visadc 12-0. ssiteltamento-dos-lagos-enize Eada e movimento oD mento ope- Ziblo, via tepresentagao_sindical_Esta ligagio mais Torte comporievs, Entretanto, dimens6es contradit6rias. De um lado, almejava-se um maior controle do ministério sobre o movimento ‘sindical, mas de outro, necessitava-se que este movimento fosse significativamente Fepresentativo no meio do operatiado. Ou seja, ido as © mero controle, mas a adesio ¢ a mobilizagio, 9 que s6 6 possivel 202 | através de procedimentos mais participativos e capazes de gerar certa | presentatividade real, — Be epee de dificuldades © de riscos presentes em a) sci | nhamento polio ¢ Gbva ¢ loglamente nlo podia passa daspeee: | bids a seus formuladores, Q-equilfrio_snue-a-manutenefo de con trole © 2 transformagio do movimento sindical em um imtérlocutor, =| politico era no minim srisada ¢ em parte imprevsivel, Se oma mento pottico nacional aponnva para vm. poset. de_emersencla de stres cage Vez ais independenes ¢, dvesficados, ©. prépi Estado entrava no jogo como um estimulador/controlador desse pi cesso, Também para 0 movimento operdrio e sin situagio era ¥ io e sindi para o comple%a, ff que sua exclusia-do-cenaiio-# a, JA que sua exeiesin ee dréwing eapetalmente ap6s 1935 sefiido, uma aparigao de novo tipo, os E espeifeamente com esta preocupagdo que se deve obsevar 2 din&mica da politica do ministério Marcondes. 2s et G8 0 oh né-Ja, © exatamente porque cla envolve um cui a i litico voltado para a classe trabalhadora, Pfau nena pis barerar sopenio queo Pod Nowe tenet 5 a propagenda do rezims, Eelece: qual a atuesa da nove oxen Q Ga que & Tugurou em 1957 ¢ qual © papel de sev grande Ehale, Cully Yar, tomouse pmiesda taale devum nove éeaioZ ntal;_o Departamento de_Imprensa-e-Propaganda—(DIP). ‘4 fer" poree a iadneras intvas do DIP, dingo nvilment por 4 | Lorivel Fons, est publario da revie Clue Palin. Cains | como a rvs afi do regime enegue &responsbiind de um intelectual — Almit de Andrade —, cla devei ter ¢ tee, aml sucesso de edicio © divulgacio, Comecou a circular em marg ir 945, com a queda do sua tiragem em outubro de 1945, > Fe Utd bsede Nowe: ol potent, contemporine da a it os para o debate ¢ o es- nistragio Marcondes, abrindo grandes espa: oda ‘ alareeaneato das relagSes entre Estado Novo e questo social. Desta construgio maior, alids, derivatia a preocupagio prioritdrie do novo ministro: as relagSes entre Estado e classe trabalhadora, "NOTAS | iriam significa 4A ‘3, Nao hé para o Rio de Janeiro nenhum estudo especifico que trate do 203

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