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A CIRANDA EM MARICOTA

A cidade de Abreu e Lima j se chamou Maricota, em referncia a uma


negociante que estabelecera-se s margens da estrada velha que ligava as
vilas de Santos Come e Damio em Igarassu Vila de Olinda, onde hoje a
atual Av. Capito Jos Primo com a BR 101, no centro da cidade. Por muito
tempo, as notcias que se registravam deste distrito de Paulista eram
apenas de acidentes automobilsticos, que quase sempre faziam suas
vtimas, na maioria das vezes por derrapagens.

Mas, pesquisando nas pginas dos noticirios descobri que Abreu e Lima
tambm era conhecida por sua cultura local: A ciranda. O jornalista Joel
Pontes trouxe uma referncia ciranda de Maricota no Dirio de
Pernambuco, em 17 de setembro de 1960, em que os estudantes de msica
e seus professores universitrios encontraram esta dana coletiva, bem
diferente do frevo conhecido.

Segundo as palavras do colunista: Msica de rtmo vivo e a dana quase


nenhuma. A dana consistia num semi-crculo com uns 25 metros de raio,
que envolvia a todos presentes, dos maiores ao menores de mos dadas
que se mexiam como se fossem um s corpo. Alguns at cantavam, mas a
maioria ficava meio srio enquanto o cantador, o Baracho, de ganz na mo
e sorriso largo no rosto entoava a cano:

No porto tem uma barcaa


Carrega lotao pesada
Na proa tem uma donzela
Eu chamo ela Imaculada.

As rodas de ciranda iam alm da meia noite, at o padre Jaime Diniz


acompanhava e escrevia sobre ela, enquanto as mulheres mais idosas
assentavam-se no lado de fora em seus tamboretes, vendendo rolete de
cana, coco verde, p de moleque, laranja cravo e amendoim luz amarelas
das lmpadas de lcool. Assim se passava uma noite no distrito de
Maricota, cercada de stios, ainda pouco povoada.

Flvio Alves
Pesquisador.
Fonte: Dirio de Pernambuco, 17

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