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3 MINHA PROFESSORA INESQUECIVEL A revista Nova Escola me pede um depoimento. Escrever al ‘zumas pgias sobre o meu professor inesqueciel. Concorde, cla- o. Afial, uma proposta supersimpaticae ber esimalants Pensele pense. Lembrei revi, me ev em vrisfases da mi- sha vida estudentl. Sori com algunas rcordagOes, me epantel ‘om outras, Percebi que sablao nome e visulizava a figura de fodas a que me ensinaramn no prée no primatio, No pindsi, it ro afluiam to faclmente. Muitos profesores, de mult mate Fas. Meio enevoados,embacados, se misturando ese mesclando fas crandas de cobrancas, ‘Do Normal (Magisteio) edo curso, s6 alguns. E forcan- do muito a meméria. A escola, decididamente, i no era o exo central da minha vid....Da Faculdade, todos. No com nome © Sobrenome, Suas caractersicas marcantesreeurpiram com nite ez, sem sombras(provavelmente por trem side poucos ea bri- 88, multas) nem sempre acompanhadas deelogios ou saudades. Hoonestamente, sem enfusiasmo, constatando que dexaram pou cas marcas em mim. Também, cles nfo eram meu mundo. Expli- ‘adore de vedes de mundo, Tacanhas ou fragmentadasereaio- iris pas minhas convicyGes da época. E com pouca sutenta- ‘edo na mink prética didria de professora, coordenador, orien- fadora. Estimlanes pro atito, pra polmica ou invengdo de jei- n tos de inferizar suas vidas. Verdade verdadeira, poucos soma- am. Nese periodo,minhas fonts de aprendizagem eram a pole tia, as reunldes, o eato, assesses de cinema europeu, med tr: bulio, os namorado, Tudo muito mais fumegante¢ atigador 40 aque as medrese pretnsiosas aulas ‘Como lege onesquesve?? O professor Roque Spencer Ma: ciel de Barros que me ensinow a fazer estados monogréficos na Faculdade?” Tia Arminda, que desde o pré-primério nunca es- ‘aueceuo dia dor meas anos e me telefonava aepremente pra dar tum bejo, durante décadas??O professor Jor que me enlougue- feu com cquagtes de 2" grau, que nunca consegui entender aque ‘inham, pra que serviam e por que existiam??? Dona Eneida, 8 ue exgiateoremas na ponta da lingua, incompreens- fc calte puberira?? © profesor Benjamin, ue insistia em que se desenhasse — na loust 1 cogueios e jangadas,Arvores frondosase ondas do mat, em lena Sio Paulo desvairada, jurando que era pedagéaico??? A professora de latin (de quem alo lembro mais © nome) exigindo $ antiena do rosarosae-rosam e do quisquaeuod...conasco ringuém pode (la poda, e como!!!) ou 0 professor de desenho |Reomérisoquetendo o so dominado dos compassos raster. flores, com tnta nanguim ecaneta de pen, para recover proble- nas que eu ndo faia'a menor ida do que tratavam, provocan- do a paralisia motora e mental snfutaneamente, ale da sue nas imaculadas busas Grancas do uniforme??? (0 profesor Saraiva, de geografia, por quem nutri uma pai ‘fo avasaladorae definitivae por quem desenhava mapas com- letos cobertos com raspa de lips cloride embebido em slgo- {4io?? Amor que traf na sti sepuinte,susprando plo jovem ailetco meste de clencias??? Alguns senhores completamente ga- 4s, que falavam sobre o nada durante horas, cuspindo (ato sensu) em nossa iritadas faces?” Dona Ary, do admits, {ue tha nome de homem eportava um bigodinho fino, mul es: tranho??? Algumas seahoras fofoqueras, que gueriam saber da vida de alguns artistas de teatro que eu conheria (mas no tanto ‘quanto © que inventava pra seu gaud, espant eprofundo pra- 2.277 O professor Messas (nome mais inadequado...), eas nanie do idioma anglo com prontncia de Tatu, que até hoje mar- {cla sofridamente em meus owidos??? O profesor Severo, cret= te quea estaistica era a Unica medida pea exat elena compre- $0 do universoe que cobrava anos a0 seu lado, mandando tan- fas vezes pra depondéncia quanta julease necesdias, st que ” «ste instrumento basco do conhecimento pedagético fossedomi- ‘nado? (Sem ter sido nenhuma somatoriaem nivel algum..). Do- ‘a Marinha, convita da verdade da orienta educational edas Teturas minucioeas??? 'Nio, no foi nenhum dele... De alguns lembro pea cordiae lidade, disponibilidade, de outsos pela presengsentsiasmada ou "son. Outros me diveriram pei incompeténca burrice de al- ‘nuns, até por serem eapazeseamantes de seu ofc, Repro fe {vos eplaudtivos, afasiatvos, Tragos da fisionomia, contornos do de todo clros,sublinhagéo de uma ou mals carateristca. ‘Com distanclamento ou muito afeto Lembrar como um todo, evocar os sentimeatos que me pro vyocoue ter como pardmetro por décadas, lembro de Dona Lis da, Minha profesora do 3° ano primo. Ela ¢ que é inesquesive Ful sua aiuna no Coléso Batista Brasileiro, em Perdies, bir 10 de Sao Paulo, onde fequentava osemb-internato. 14, mara Thada com os belos bosques, com a magia do flaneiégrefo, com adiversidade apettosa da cantina, como galpdo enorme desina- 40 jogar queimada, com a portinholaescondida na rua lateral por onde se entravaprasauas, com a imponentee bela escadaria 4a Frente, com a biblioteca vast, as imimerassaletas coms pla ‘os, os cllos protestants e seus hina plorifiadores, ev menina Juda, passeava por este mundo durante o dia todo. Pascinadal! ‘a clase mista, menings e meninas impecavelmente unifor- smizados, impos, com todo o imeaso material escolar facimente ‘ncontrdve cegundr para localiar o que a mestra engi.) Ve ‘iam experiéncas pedagopicas marcantes, com Dona Linda, ‘Pra mim, ela ea uma mulher enorme, de tamanho descomu- nal, gordissima, quase uma gigana... Ndo se se era bonita ou fia, para os padrOes da época. Guardo a imagem dum rosto se- vero ede cabelos eastanhosenrlados num coque. Brava, tm sor ris incapaz dum gesto carinhoso ou dum afago especial. Duro- na, mal-humorada, seca, so o§ primelros adjetivos que me ‘Dona Linda enftizava 0 aprendizado da dedo-deduragem. ‘Quando saa da class, escolhia um dos alunos parair go quadro- negro, onde deveria marcar com todas sles, os noms de qual- ‘quer colega que picasse ou se mexesse. E anotar quans vezes {Stes tos stentatrios erm cometidos,contabllzandorsquinhos ‘mais rsquinhos, Registro absoluto da infago,. Exe poder sobre {oda a clase, por minutes que pareciam sicuis, ra conferido 1s a ‘0 sluno como forma de mostrar apreyo ¢consideragSo. Ito, ‘bom extudante merecia controlar a classe, air os amigos ¢ até olocar os desafets em dia.. Afina, autoridade de plantio, no pode ser conterada! Tan, obviamente, a verdadea seu lado ¢ 0 Uhre de faze justia esr efmplice na punicao. Dona Linda nto fra muito versada em sentimentos de culpa. "Ba tamer possuia uma fe inabalivel no process det par a boca. Literalmente, Ouvindo um palavrdo (9 ave pod ‘eeer na epoca e neste espaco???) ou algo considerado por ca Somo no promvnclive, mediatamente se munia de gua ¢st- fio para gue o orador inudesse de dscuso eretiasse tal voc Bulotde seu repetoro e sua boc. Se nlo produzisse 0 efcito Pudge deseado, 4 au era somado algum remédio,lguido ou ‘Bndimente de saborintlervel e a partir dat. ilénco ou za- {Zuoira, Sem meas medidas para o que Ine desagradase. Rapidez Sha alo e certeza das eagdes. Nenhuma divida sobre possives felts colateras.. ‘0 instrumento de trabalho favorito de Dona Linda era um mens lapis vrmelno, tdo-poderoso, que sublinhavs eos, am lave desert, riseava slugbes de problemas de aitmetica, ex ta repetigio insta de equivocos cometidos ta respasia sta er incorporada,..Ver ou outa, el elogava, mas sem muita clo- ‘Guenae, Terorico!l! Paseads antos anos, ainda sn calatios ‘Soma lembranga dest lips inclemente. Capaz de apontar para ‘Rercleon na hora do recrelo, o dobro de Hig de cas, fear sori- ‘Shana escola até termina todo ¢outasallerativs hides 8 {imulantes pra qualquer evianca ‘ ervorosa enuslasta da compreensto do desvio através da repetic sucesiva, propusha —~ ndo brandamente — que St &5- {fevesse 100 vzcs, sem aspase obviamente sem carbono (exist. fa gpoea??) juramentos como: “Nunca mais falaret quando ‘nfo Tor pegumtado”, "Nunca mais assopratel a esposta para 0 Gategas Nunca mas flare um palavrao” e ouas vasiagdes fo plnero, As palavas certamente nao seriam esas. Mas 0 es- Fito, sim, Soldaredade e expoataneidade nfo faiam parte da no- [lode clanga que habitava nos compendios pedagoyicos da mes: fea Matto menos, quando se forma, a noeao do mune. ‘Sus lemas: Puniodo semprell Repetigdo de qualquer infor. ragio até sabe-ta decor em heitagdes,dvidas ou paradasin- {ictivas de aguma incerteza. Considerago ara com os metho- fes alunos e expectaiva de puxa-saquismo da parte dees. Risa. {as 96 fora da case, Iso, na epoca em que se dizia que escola fra ison e franca... Seguramente, no com ela. 6 Eu adorava 0 Colésio Batista Brasileiro. Sai de la quando termineio primis e volte, alguns anos depois (por total live- blo) para conch o Normal. Qual no foo mew espanto quan flo numa manha dei de cara im dos crtedores, com uma m- ther pequena, nem magra nem gorda, que me cumprimentou sor- ‘dente. Nip nba ila de quem fosse, Era Dona Linda dest {da do tamanho-do-medo.. Foi al que compreend o que sgh fica a proporeio afetiva para 8 eranga: as cosas, as pessoas, 0 Tagore, t2m 0 tamanko da sua importnciae significado interno fC nunca sua dimensio real, concteta, exata ‘Nao lembro, por mals que me esforce, das informagdes ex colares que rece de Dona Linda (eeu era das melhores unas dda arma.) Mas lembeo de imediato que, com el, vv iidez, {tdureza, a cobranca permanente. Eo miedo!!! Que toda a ale fra da minha idade, do expago encantado do Colegio, 0 ea v- ‘ido for, no rere, sunquinha em sala de aula. Que a sot Ta dos jogos no bosgi, no patio, se contrapunha 8 fila perma hente da clase: pra entrar, pra saudar quem quer que Fosse, D the dizer bom-din, pra responder as arhigOes, pra sar. At Dra Jao banheiro, sb com autorizagao especial sua. Estado de cont renia de arta permanente, no melhor esto do exrcito ‘Dona Linda me dixon a marca da despota-ndo-esclarecida, Daguela que tem ¢dctém o pode, pelo poder? Nio como demons- ‘taco de exprincia, de elareza, de evar a clase a cfetivar ume proposta. Nada diss, A sua autordade como demonsraeo pet- fanente de forge ede controle, mesmo quando estivessedstante ‘da sala, dos alunos. Un nic citrio uma Gnicaregra de ogo: ‘Raul quem manda su eno importa se com ou sem razBo, nfo importa por que ou pra que... Vale mas meu berro, do que uma disease, Vale mais me lapis vermelho do que outro Jeto de fesolver um problema, mesmo que a conta escja cet. TE, memina judi, tive © meu primeio coatato com aon presengae com a onseénca através de Dona Lind... Foi iff Dvpastor fentar me explicar estes aributos dvinos de outa f thea tivea vivénciaconcrta, real, do poder da punido: juste tv injusta iso follmente relevant. PunigSo como demonsra- flo de poker, de controle & lstncia, de falta de pudor ao col nr os alunos como alcagoetes ou denunciantes de alg Lo tr ‘el (em geta, claro, uma bobagem (ia..) para o qual todo © eulpo eta procedete (mesmo que ela soubesse queer intriga, {eevlode-contar ov Vingancazinha entre eianea..) ‘Quando comece! dar alas para cians, busqueivrios ca. sminhos, Quis momentos dvertidos, alesres,chelos de surpresas. {Quis momentos organizados rigidos. Quis que vivessem, expe- rimentassem, seniem postosras e importancas. Qui fr um Felaclonamento aberto, poroso, set respetada, NBo sabia como, daro.. Mas no fundinho, infu quendo seria — jamais — pe- Tas vias talbos epontes de Don Linda. Com ea aprendi, clara mente, como ndo queria ser. Nem remotameate. Pra nem a= fo, Niuea. Fol meu modelo, meu paradigma. Atengtot!! Cuida- oil! Ola o lho, a cane, o berto de Dona Linda, Quando es- ‘orregava, sabia porque. Avéa pele veagia. A garganta diminula ‘intensidade do grito. Funcionou. TE como é bom, gestoso, encontrar nas madrugadas da vida, 1 hoje adultos que foram meus alunos quando pequenos, me ‘olhando com ofhospscando como eraneas, baita sorrso abert, ‘baci apertado e eomovidoeceta cumplicidade no ar eme di evem: “Oi, Fannyzinoa, E al? Tudo bem???” Suspir alii Contentons. Aprendi mesmo!!! Consepui nao ser Dona Linda, ‘Amém!! P.S, — Mantive apenas a espinha dorsal do artigo escrito pra re- vista Nova Escola, que era bem, bem mais curt... * 6 LIMITES OU LIMITAGOES Em varias décadas de trabalho educacional, deu pra obse~ var que uma questo que se coloca de modo enfitico nas preocu pagdes professors familiares — quando se vive um perodo de Fecessdo econbmica — € ado limite Quase que derivadas do su- {loco finanesro, politic, da falta de perspeciva ehorizontes, viet =e com forga!l! — as suis procuras da repressio. ‘Se encarao limite como algo dado peo adulto em relaso Aacranga. Como so javerso no fose verdadero. Da mesma ma- ‘ei que o cresedo pronuncia um solenee sonore ndo — talvez até no convencido..e, por iso, nfo tho convincente enquanto largumento/razao/motio para a ecasa — mas impeditivo ou pa- ‘allsnte da ago, pele frga da vor, pela ameaga vlada ou expli- ‘ua do ofhar ou dos gestos, pela delagracdo que — qualquer pro- ‘nunciamento na linha do *Teje peso" — detona em alguém. ‘do mesnio modo, acranga pode fazer uma declaracdo chorami- gona, berradora, chantagisa, baer os pés ou trancar a porta, fa- Fande a seu modo ou até usando o mesmo monosslabo no. Amne- ‘por ameaca, ruc. 36 que isto nto €trabalhar com o limite, Pura medigdo de forga, para ver quem pode mals, quem aguenta mais, quem de- te prmcro.. Mera queda-de-brago num momento de irtao, 4e testo, de cansazo, de raiva, de impoténia, ~ Parece que se iz maisondo para acrianra (eu jovem ou adul- to) como declarasdo de autridade que nfo quer mais ser posta em discuss ou em divida. No, e fim de conversa Est claro: aqui quem manda sou eu, e ponto final. Quando tabalhar com limite sera ajudar a pessoa encontrar o seu lugar, que é uo, to diferente de ouvir "Cada um no seu lager.” Demarcar limites no devera serum ato de represso, de castigo, de puniio, pro- ferido num fom de voz autortri, de modo arbtrrio e sem per- mitir— ao limitado ~odieitodetéplia, de contraproposta. Po- eraser muito mais amplo, mas sighifieativo, mals compreend- dda go mals bonito e verdadero. Com todos e desde sempre. £ dbvio quelimites existe. Aqueescolocados como garan- tia de nfo invasto, de manuteneao da privacidad, do silencio, de ca sozinho, dum periodo sem inerrapes parairabalhar/pa. 1 produsir/pensar/desenhar/para escutar misica. Nao importa ‘due. Adulloseerianas,protessorese alunos ou qualquer ita elago de pessoas, os colocam como solctagzo compreens ‘a dum tempo e dum espaco que aio pode ser invadido, adentra- do, Interrompido ou rompido... Poraue esencais para o exere- 0 da condigdo humana ‘Como exisem os limites de organizagio social, também co- nhecidos como contratos, rears, normas, es etc. Os esabe ose de conhecimento geral ou dos Intressados em partic ‘Acscola que tem um horario para se entrar e outro pata sar, um Inicio e um final do ano leva; a sess4o de cinema, 0 avo, as Tojas tem um hocério para abriem as suas poras ¢ outro para as abaixarem; oda xo do més onde determinado pagamento deve Ser feito (alugut,imposto care, ete.) Pode-se aasar, may al ddancase... Estatutos de assocagbes esindicatos, normas do ed Fieio ou do hotel, eitas de concurs, todos com sus reras, pro ‘vada, endossadas, pelos quenees se nserver e por caja rupt ra de qualguer clausula ~ pode-s ser cobrado, Como se pode {entar convoear nova assembléae repoporereformular alguns ‘0 fodos tens, por anacronismo, desimportinea, bobeira prs, jntromissio em atitudes que nfo les cizem respi et. Ese altar ‘novos, para serem discuides,aprovados, acts ¢ cumpridos por {dos até que... B asim ad infinitum. Ou nto. ‘Com exisiem os limites nas vria situagSes cotiianas, As veaes lars, definidos, sem ziguezagues. E ambiguos, reticentes, ‘ovardes ou culposos em outrasantas, Por que no torni-los {idos constantemente? Por gus nao alferlon quando se 0s pet be bobo, ineficientes, complicados? Por que nio ser um pacto 0 ‘onde cous (alunos/professores/dietors-tilhos/pais/av6s, et.) «olocam o que asia, oqueexiger, 0 que cedetn? Porque nfo se conversa e nfo se eclarece os pontos de srito, a8 queses Vv {ais 0s porgués de cada pedido (mesmo que parera superficial, Doboce, neurdtico, eBoista para os outros). Por que nfo discutie, propor, formular¢eselarecer para que nto se cob sobre 0 que ‘no To combinado ou se reclame sobre o que nunca fo! dito? Ou se chore ese sntalesado sobre algo que nunca fo pronunciada, Falado, vebalzado? Se se entra em acordo sobre o horério da jantar, 0 peviodo se ia tants coisas mais, em termos de co-xistoncla, por que no se pactua também sobre outrasstuacds vitalmenteesencals ‘ou simplesmente necesérias? Porque ndo se etabelecem a8 Ye- tetas de convivencia mitua,respeitando as necessidados de cada lim ede todos, enquanto perdurat a proximidade? Que cada um ddmarque seus limites, independentemente daidade/TuneS0 80: {ial/posigdo no grupo. Dieitosedevers no papel, contornos de- finidos. Modificagdesealteragbesrepensadas, revists,rescalo- radas — sempre que preciso — conform o procurade prum c&- digo de coavivenca, onde cada um possa sere crescer conforme Suasnecesidadesepereebendo as dos outros. Estar aberto& is: Ponibildade, sem ceder ao que he €impresindivel, No seria tio Imelhor, fo mals justo? Com todos e dee sempre, Ese trabala tg pouco com outaspossblidades de respos- ta. Por quenio se dizer o tales, o tanto faz, 0 eu ndo sel, 0 Sim, ‘fara o que vocéquiser ou prefertr?... Nao apenas como Tormas 4a crianga (ou jovem ou adalto) perceberem olimite, asus east- dade, #auséncia de pardmetros, a eonradigdes em cima de ju- amentos terns de oatem, as ambigiidades em relaco As reso Judes adultes, a incerteza Sobre a justeza, a validade, a impor ‘nea dese ot daguele comportamento/ato/atividade to rad calmeate colocado como fundamental ov desecesari até pou 0 tempo atas. ‘Por que também nio colocar para quem revindiea (sea 0 que for) que resolvasozino? Se quer dizer sim ou 820, sve de. bate na divida do talvez, se faz muxoxos porave hesita num tan to far, ou seencostado na parede dga alte assumiamente: "EU, ‘lo si." Por que ndo encerar a propria vontade e saber resolver Sozinho o que gosta/pretende/quer/deseja/sejoga de cabeca/Val Tundo/nao aha to Fundamental assim sabe do que se tra {a/tem dvidas sobre o quanto quer conhece 50 de fato/ec. Ou artr para o papo ~ breve ot longuissimo — para compreender relhor a stuapo e,entéo, poder escolhere resolves Nas relagdes uals ene adulto-crianga ou ene poderoso- submis, se procura mais preparar para out @ NAO e respon: der o SIM. Como se isto fone atestado de vtsria, de formato dle carter ou de preparago para a vida. Claro, hi momentos — tinimeros —onde a raga ¢ esta escatase 0 NAO ¢ fica claro ‘que € para camprireliar/sem protlar ou adiar. O que — con forme o caso ea cicunstineia — ado é nenhum demérito, Se se ‘sume um eompromisso — seja qual for ~ € par sr feito no prazo prevsto, no horario marcado, no lugar combinado, pelo revo acetado, et. Sao situapbes onde o SIM deriva do compro fis frmado, aco pels dois ou mais) laos, com normas ae- {aes E todos vivemos iso em termos de trabalho, cursos, are- {as doméstcas,emprestimo de ivro na bbloteca,acetos banc- tos: regrasacitas,B nesta linha, a escola, fami, as istiti- (es em eral, trabalbam bem, ‘Seora, por qve ndo se prepara também para responder 0 NAO? Por due no se aprendearecusa aquilo que nfo interes Sa, no motiva, ko encanta, 9 da minima vontade de concte- tizar? Por que nfo se aprende a diferencia a falsn poles (180 ‘strane, do depastante, to cuss...) do querer verdadero??? (Gsteja este querer no nivel afevo, politico, de trabalho, de era po. ete) Por que nfo se aprende ase negara algo ou alguém que PP pelo menos nagiele momento — nto desperta maior emoeSo ‘ov queréncia?? Por que nao se aprende a recusar um convite pa- ‘ru partcipar dum grupo de gente cata, metida ov que no tem fnada aver com o momento de vida Vvido?? Por que nose apren- dea nao seeltar um aseno para ir 20 cinema ou a um passeio, {ga de sr simpatica e falsamenteafavel com todo © mundo? or que nto se aprende a nepat a partcpagio num srupo de a batho, num semingrio ou qualquer equivalent, sem matoressen- timentos de calpa, se epercebe que val ser uma repetio de ov tras propostas no gener, que ndo parece ser esimulant, ngule- tante ou minimamente aerescentador?? Por que nio se aprende {frecusar um trabalho por ser mal remunerado e, ais, por que Talo se dscut isso logo de cara?? Por que ndo tabalhar com 0 NAO como algo que esclarece sobre o mundo, os valores, 08 ci térios, as opgtes, a priordades de cada um naquele instante de ta vid? Por que no se analisa 0s NAOS, as ecusas, com omes- to vigor eclarect com que se detém nos SINS, nas airmagbes, 2 nas aceitages?? Com todas e desde sempre. TE como ¢ também importante saber lidar com o TALVEZ! ‘Saber proelar a resale até timo momento, pereebendo — fend gara, a gana, oimpulso vita... Por qu achar que tu- {do & um compromisso definitivoe cla tesposta deve ser imed famente agendada e deforma imutivel? Ha situaySes de maior ‘volvimento (em qualquer nivel eepund os valores de cada um) ‘iq ocompromisso ¢ marcado,anotado, frisado e cumprido. Porgue te quis, ou Se topau, desde oinfeio. Mas hi tanta, que ‘ao exigem ua resposa meat cu definkva... Dependem ato Ge vontade na ltima hora ou tt hora em que fal acontcimento ‘ai soceder. Por gue no saber dizer TALVEZ, vatnos ver, vem “Eber Te confi no diana vespera E saber, ent refleir perccber 0 aus prferefazer/ realizar /vex/eomer/eompart Thar/ste. em cada situagao. Nao seria uma preparaglo meth taisverdaders, mas honest, mais respetosa para com as pris quereneas em rlagio tants aividades/programas/mo- Ienton/ete. desta vida, que no exigem uma resposa antecipa~ Gat? Preparat para o aver, para o prazer, para o tempo livre, para o esta junto ou s0zinho, no teria caminhos tao mals abe. {or mutantese motives, sn se solictase a resposta defn ‘va para‘o que meramente crcunstanciaI?? Com (odos ¢ desde cmpre. Pov que no se trebalha, no se forma a pessoa, sabendo tam bém dizeto EU NAO SEI?? Por que no se dtm ajudando a Siteenciaro que & um limite pr6prio — uma dificuldade, uma ‘nabiidede espectfiea — mas que pode ser enfrentado/stpera- lo/encaradovete 3 neceshidade de ultrapassilo for tea, ver- ddadir, imperost,desafiate..ow também entregar para quem Stiba faz lo, resolv To, pols lo hé por que ser oniscente nesta Vide. Por que no dizer ranquilamente que jgnor algo, que hit ‘outro melhor nteparado para ocupar aquela funso, que fulano ‘ontiee melhor aguele tema? Por que no admit o dexpreparo or for Incomodatvo e cuticante, tentar se intelrar mais © me {hor sobre o ssunto? Ese nfo for nada visceral ou fundamental Syeeundo os valores de eada um — simplesmente ter claro que Taleo que no sabe... Qual € o problema? Quem & que pode ser Diderot ts wésperas dovano 20007 E pra que? por que nao dewvendar — com a pessoa —o.que nfo 6 ine. feitnla ou incapacidade sua, mas poucaviveneianadrea ou uma ‘reparagao presoncetuosa o isufclenteem regio a oa? Pes~ {ober que limiador fo ter absorvide a idea de que ndotnha vor 8 para cantar, que no tia ouvido para tocar ou gragae encanto para dancar. Que seus pasts imidos em relagao geosralia Geriam ser menos hesitants se The tivesem ensinado a consular Glieito um Atlas ou a camiaharatentamente peas ruas duma cl. dade. Que perceber alguns limites proprios€ multo, muito die. rente deter sido limitado, ‘Que o EU NAO SEI é, antes de cudo, una postura, uma es cotha clara (o que no significa definitva) de assutos ov formas de realizar /eriar/coneretizar que — no momento eem fuga de toda uma forma de eescimento e de compreensdo prépria — & fazem nfo se nteressr por aquela questo... Poderd saber — ot continua jgnorando, ou se introdusir no assunto, ov mergulhat pravaler — conforme seu interesse, sua teimosia sua necessida- Aereal ou de pura demonstrardo de capacidade, sua curiosidade ‘esperta, the fizerem escoher. Com todos e desde sempre. ‘Como existe a possibiidade teal dese ouvir ut EU NAO POSSO ou um EU NAO CONSIGO. Afinaly limites fsleos, oF ‘eincos, nem sempre so imagindrios, somatizados ov bistércos, HS quem tenha problemas de coordenagdo motora, de diminut ‘so de folego, cfieuldade para selocomover, quem escte pouco ‘Oucnxergo mal, quem sat as manifeaghes laras de que o corpo ‘std envelhecendo ej no tem 0s mesmo refiexose velocidad. ‘Algumas das diieuldades limitanvs podem se enfrentada, subs: tiuldas,superadas..Outras, em tanto, Ou com muito empe- io ¢esfrgo. Talvez nto sea 0 momento da pessoa querer se portar como herd, santo ou mani. Tem 0 direto de declerar EU NAO POSSO, ndo sou onipotenc.. Talvez se dedique — em periodo integral e em regime de dedcapdo exclusiva c obsssva (Gerd bom esaudvel para ela??) — a tentar superar esta sua lim tagdo, Teri de decidir o que pretende, como pretend, até onde poder chepar realmente, 0 quanto isco he imports viseralmen fe... No conseguir fazer uma dita para emagrecer ou desist de ddangar balé so medidas diferentes para quests to dierentss. E respeitar — no outro — ritmo, osofrimento, a impoténci, aguardar o momento no qual poder se jogar de cabeva para re. Solver @ questdo ou para conseguir viver — da melhor manera possivel — com ela, €um jeito de também saber tabalhat com limite. E vale para todos. Desde sempre. E por que alo trabalhar com 0 TANTO FAZ,..? Por que ro permitirachar que nem tudo neste mundo & importantér= imo, ¢exigeuinarespostadefinida e dessiva.. Claro, ajuda 8 pessoa — de qualquer idade — a se dar conta porque ea act a ‘tando ou negando de forma peremptria 0

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