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a eN (© humano), em ditima andlise 0 conhecido se transforma em mais um desconliecido. Além disso, se algo se origina na pique, ou na sociedade, ou na historia, significa que esse algo ¢ ficcional? Os conceitos cientificos sio fiecionais “sé porque sio elaborados por humanos”? O que ndo € ilusio? (Que ideologia nio esté relacionada com modelos eambian- tes de autoridade social? ‘Mesmo sem a énfase denunciatéria das visdes eriti- ‘eas, 0 conceito da matriz humana e explicagio da religido continuou sendo um postulado das cigncias sociais moder- ras, ¢ muitos eruditos de estudos religiosos hoje também geralmente reconhecem o importante papel de fatores s0- ciolégicos ¢ psicologicos na formagio de sua disciplina, A questi, portanto, & menos se as formas religiosas se correlacionam com formas de contexto cultural ehistérico, ‘mais como interpretar isto. Contexto, como veremos, & um termo que pode ser usado de modos diferentes e pronunciado ‘com diferentes inflexdes — cada qual comandando uma dis- ‘posigio de dnimo e um esquema interpretaivo diferentes. ‘Um importante esquema de interpretagio & 0 sociol’- sgico. Além de seu papel de desafiar 0 pensazento religioso, ‘© modelo sociocultural de explicegio da religito — tema do proximo capitulo — se tonou extenso, profundo e podero- So em sua aplicagio, e merece um foro proprio. Nenhuma teoria da religido, e nenhum tratamento de interpretagdes da religio, pode desconsiderar seu abrangente ponto de vista, 8 3 COMO A SOCIEDADE, ASSIM EA RELIGIAO © estudo da religido como fenémeno social foi bem além de Marx ¢ sua critica acusatéria. Ble se tornou um es- {quema vasto, amplamente aceito nas modemas ciéncias so- ciais.' A sociologia e a antropologia da religiao sio funda- ‘mentadas nas afirmagées de que as diferengas entre 0s tipos de religiéo sio explicéveis em termos das diferengas entre 0 tipos de sociedades, e de que os ingredientes da religido slo em tltima andlise os valores projetados ou codificados da sociedade e da cultura, No que vou apresentar aqui como 1 abordagem sociocultural, fica sistematicamente demons- trado que cada aspecto da religito ¢ uma expresso da vida coletiva, Uma vez tirada a religido do dominio do sobrena- tural, no édifieil para um mundo secular concluir que ela é, de cabo a rabo, uma criagio da sociedade humana. "Um peta tla, om in eee ancxige de pss dai Sinctvoeartpa inde WA Lescol) Render comeratre ‘Tigo aarp prone (New at Harpe Ba 979). (ennsclgonta apo seto ee saan focePoe Bee, ‘ol apn (on Pao) Unto gben empire Fanos, fr scoe fige: sil an contemporaries ‘lg es i taran Sve,190), 4 U A teoria social da teligizo, em seu impacto mais pro- fundo, nfo é apenas sobre a mecénica de como a sociedade influencia a religito (por exemplo, até que ponto a classe social afeta a filing a Igrea), mas sobre a propria origem da religio como uma construgdo eligi como uma expressto de valores coletvos, eno como ex- pressio da revelagdo divina. Deuses, cédigos moraisé tingdo entre sagrado e profiad séo-aqui-entendidos como pfodutos e instrumentos da cultura. Este capitulo delinciae ilustra 0 raciocinio pelo qual todas as formas de vida religiosa podem ser vistas como fe- nnémenos socias, Sociedade: a fonte da religito Em 1912, 0 sociélogo francés Emile Durkheim publi- cou 0 que viria a ser a teoria clissica da sociologia da reli- Billo, As formas elementares da vida religiosa? Continua sendo 0 mais conhecido manifesto da posigio sociolégica, ¢ 6 leitura indispensével para todo estudante de religido. Durkheim se defrontou com dois modos de explicar & religiio que ele considerava inadequedos. A primeira opeo era teol6gica, explicando a religito em termos de suas pro- prias categorias sobrenaturais; ea segunda era materialistae racionalista, explicando a religio como uma iusio dos sen- tidos e da imaginagao. A primeira abordagem parecia estar fora dos limites da observacio cientfica, e a segunda pare- "Dum, Em rma load ida aio, SS Palo, Fs, 199, o Kr cia desconsiderar a religido como algo que essencialmente no era digno de estudo. Mas Durkheim achou que a reli- gio era uma forma de cultura por demais poderosa para ser posta fora do objetivo da cigncia ou desconsiderada. Acima essas opgdes, e contra elas, Durkheim prop6s sua famosa terceira explicagio, Esse modelo era baseado no conccito de sociedade, aque Durkheim concebeu gene criativa de valores coletvos A. «qe fo trazido pela cegonha, nem mera alucinaso, mas ua cexpressfio desse sistema bem real de poder, autoridade e sig- nificado, Para Durkheim, ese era un meio-ermo imparcial desinteressado, ¢ “um novo caminho para a ciéncia do ho- rem. A religito nfo era vista como tendo sido revelada de fora da natureza, nem como um engano no acocinio huma- no a ser atirado na lata de ixo da Histra, mas como um sistema de erenga e comportamento que representava idenis| | Socais. por Durkineim para os \ sists de foreascoletivas que produzem civilia ‘quemas de ciéncia e conbeeimento; de; eclassiicagdes de tempo, espago ¢causalidade, Para / Durkheim, sociedade & 0 abrigo de moral e categorias | conceituas, ideas esentimentos que existem antes daex- petgncia individual. Como crangas, os individvos come | ‘gam a partiipar de uma linguagem que eles mesmos ndo_ | criaram, numa sociedade que Ihe fornece as lentes através | das quais 0 mundo assume forma e significado simbslico. | Cada sociedade ei una entra, eonstrindo Seu pré= | prio mundo habitivel ‘Sociedade’ o termo atribuido po a Observe que 0 nosso uso cologuial das palavras sociedad sactl€ mais testi do qu oso darkheimiano, Os indviduosmodernos endem vera soeeiade como ua especie de pano de fundo neat para a suas atvidaes, mas ara os socilogos 6 ela que cra averdadcianatreza da ida individual © & como um supeorganismo eom vide © dug pers. [Nessa tora, € a sovedade que era nossospapéise identidades. Se vita peSioa pade se tornar uit monse ‘eran, thats independente ovum grandee autopo. | Sends, epg asotdatepemi on | poderesa esas categorias de comportament, Imagens de 2 fine dindvduatdade so cages cols comaaga \\ definignote santos epecadores. sociedade prove os cea | ridsdentro dos quais seus membros representam suas vidas. [Semmens de pape! socal" utr sportado pore familias, Igreis, semelantes, quer mesmo por modelos ancestis~, os indvidus, por assim dz, eaccem por fata de uma vinka Tirso publico, e no poder haver lider earismatio; rem, eos dspuls, eno poder aver suru sm tits no exitem ris, sem hos io existem pais oem ml, A sociedade, desta forms, se torna uma chave-mestra explanatécia para abriro segredo de como se orginow a reli- jy Silo. Seasociedade ri a civilizagaoetodas as suas ciéncias, )) cosmologiase ares, alo & diel imaginer que a sociedad tambEnrerion Os GeUSes. A ciénca e relgiao, embora em- Dreguem tipos contrastantes de linguagem, sfo ambas pa tes da atividade formadora do mundo da vida coletva, Religido, 0 sagrado eo principio totémico. Durkheim encontrou a origem da religio nos lagos queso formads @ ‘com os simbolos sagrados do grupo do préprio individuo. Seu objeto de estudo foi a religio tribal dos aborigines aus- ‘ralianos, representantes, segundo ele, da mais primitiva for- ma de sociedade humana. Ele observou que cada uma das antes, igualmente sagrados, ado a lado, cada qual com sua propria histéria mitica e seus encestrais, Durkheim viu uma expresso primeva do principio segundo o qual cada socie~ dade constréi a religido em torno de seu préprio horizonte. ‘Seguindo a terminologia do final do século XIX, | | Durkheim usou o conceito de fotemismo para explicar a ori- ‘gem desse principio de ligagdo com objetos sagrados. Um / {o1em € umn animal ou planta ancestral com o qual um grupo ‘como um cli acredita estar espiritualmente aparentado. Ele toma-se uma marca ou bandeira da prOpria existencia etra- digdo do grupo. Durkheim observou que cada um dos clis aborigines ndo apenas tinha suas préprias espécies totfmicas ‘como, ainda mais importante, os emblemas daquelas espé- | | cies eram a coisa mais sagrada da sociedade. Uma espécie | ‘era sagrada nfo por causa de suas qualidades intrinsecas— | {que eram freqilentemente bastante humildes © modestas, como as de certos totens-insetos —, mas por causa de sua Fungo simbélica representando a identidade da tribo, Os totens eram tipicamente representados por desenhos abs- tratos em certastébuas oblongas conhecidas como churingas. Esses objetos sagrados (¢ no havia nada mais reve-| renciado na vida tribal) eram vistos por Durkheim como! cconerétizagdes e incorporagées de uma forga que era real e| poderosa porque estava carregada da propria identidade d a |, grupo em si. Ele chamou essa forga de “o principio totémica”. | A intensidade das coisas sagradas deriva da intensidede des- sa identidade coletiva e da santidade de suas tradigbes, Os deuses e ancestrais, afinal, sfo nossos deuses e ances- trais, a fé €“a fé de nossos pais". Assim, para Durkheim, 0s simbolos religiosos e os simbolos sociais sf, em éiltima analise, « mesma coisa. A sacralidade, que Durkheim tomou como uma carac- teristica universal de todos os fenémenos rligiosos, é, nes- s2 interpretaco, um valor atribuido aos objetos pelos gru- | pos. Esse valor pode ser expresso negativamente por meio de tabus e restrigées, ou positivamente por meio de requisi- tos de purificagao para os ritos solenes de comunho com 0 | | sagrado. Mas & 2 sociedade que tora as coisas sagradas ou. | | profanas,e cada sociedade tradicional tem seus objetos, pes- \| soas, lugares ou datas sagradas. Para Durkheim, as teorias racionalistas que sustentam que a religifo se origina em uma ‘entativa pré-ciemtifica de explicar o mundo da natureza no poderiam dar conta da absoluta centratidade dessas institui- (es, ie, do forte carter das distingdes sagrado-profano ) objetos ¢ observncias tornados sagrados. Mesmo as socie- idades seculares dio enfogue sagrado a prinefpios como igual | dade, liberdade e democracia, incorporando essas idéias em consttuigdes, leis e slmbolos visuais reverenciados. esta forma a sociologia expla a existéncia dé mil- tilos sistemas de coisas sagradas, e Durkheim chegow 8 sua practarizngio-de-religil um sistema de crengas © prea relativas a coisas sagradas, Gade moral aqueles que a elas adevert.— A funcio religisa da sociedade. Os durkheimianos atvibuiram sociedade os poderes tradicionalmenteatribut- dos A divindade, De fato, cles tinham um respeit pelo po- tr da sociedade que er, de certo modo, andlogo ao respei- to dos crentes pel religiéo e Deus. Como um deus eriador, a sociedade molda o mundo e suas insttuigies sagradas, ive fixando tempos e lugares santificados. Qual legis- Iadora e guardia’ da moral, a sociedade organiza a ordem comportamental das coisas e pues violacées. A socieda- Ge domo Deus, coloca-se acme lém de todes os inv ‘duos, em poder, enormidade, autoridade e, &s vezes, grandio- sidade, Bla consagra lideres e destr6i inimigos. Requer s2-/ crifcio, dedicagio e subordinacio de seus membros, mas & ~~ 6 / também a fonte do poder e do entusiasmo. Tudo o que sabe- \ mos sobre obrigagio, lealdade, respeito e comportament | nic aperido emi, a9 simbolos relzisos simplesmente espelha aquelas relates ‘G25 Coto um deus, a sociedade nos de espera receber 4e volta. O comportamentoreligioso, na ealidade, com. \ portaments social. ‘Uma sociedade é um sistema de ordem, cujo oposto & o cao? Mantr exe orem Strnad sas see |ortantes fungdes. £ por isso qus, até certo pono, tememos [ams evapo da ecm ms do ue tamon ete _ [es Freatenemeu cumprines sbsevatas lage | porguentonosarrseamocs nino fs Norn ene {i fe carne na sexta-feira, nfo cumprir com certos ritos em ‘elaciio 20s mortos, ndo jejuar no Yom Kipur’*, seria opor-se 2 sistema ancestral das coisas, desafiar o universo, ¢ & por {sso que as mudangas propostas na pritica da religiéo mui- tas vezes provocam tamanho horror. O simples fato de dar Sustentéculo & maneira tradicional de fazer as coisas confere ‘radigio em si o peso da santidade, xn mantic on Re Odea oh SO nod ream. ste ‘wil Et aan son tana Sep 3s yar ge dann aes Ses ste ce ) Ente gs ec an re ai ‘ee nnn sin ls rutonfne tpn gigumna use ee um igarao jejum de 25 horas de duo. (NLT) : Aplicagdes do esquema sociolégico ‘A perspectiva sociologica cria um cireulo dentro do {qual todos 0s fendmenos religiosos podem ser vistose inter- pretados. Vimos como até o conceito de sacralidade &enten- Gido dentro daquele esquema, Iremos agora examinar me- thor como 0s dois principais aspectos da religio, represen- tages ou crencas e observancia ritual, so ambos explicd- ‘yeis em termos de funcdo social, Mitologias ¢ deuses. Cada tribo tem sua propria ver- sio dé nistor “Mas explica @ histéria e as origens dio Seu préprio mundo; Moises nao & a figura-chave nas his- {@fi88 chinesas. Jesus ndo é a figura-chave nas histérias hinds. Maomé nfo ¢ a figura-chave nas histéras budisas, (© Novo Testamento nfo comera com uma genealogia do deus Krishna, As mitologias Xint6 japonesas no rcitam a frigem do reino da Babiléni, As sociedsdes agricolas nfo estio interessadas no primeiro bifalo — e as sociedades cagadoras no estio interessedas na primeira batata-doce ‘A mitologa ¢ freqZentemente gencalogia; tem que ver com linhagens,worigem de insttuigbes especifiéas da Cultura e os tempos dos “ROS808"anvestraig ‘As mitologias remontam aos grandes eventos que fun- aram a nossa sociedade —o primeiro uso do milho, a cons- trugdo da primeira canoa, a introdugio do cachimbo sagra- do ou dos santos mandamentos, os ensinamentos dos nossos ‘grandes sdbios. Os mitos da criagdo mostram como surgit! > nosso mundo, nossas Ilhas Japonesas, nossas Montanhas Zan, nosso Dia do Shabat, nossa Terra Santa. Sociologica- mente interpretado,o passado ¢ sempre representado de um modo que justifiea as presenfesinsinieies. da sociedade. (Oimundo que os sobrenaturais eriaram reflete o mundo das a ‘pessoas cujo mito eles habitam. Entre os aborigines austra- anos, cada tribo tem uma historia que reconta as coisas es- pecificas que seus ancestras fizeram quando vigjavam pela paisagem — um territério que corresponde ao mesmo temn- po Area contemporénea exata do grupo e aos tempos ‘oniticos do passado mitico, Nesse contexto, os seres super-humanos so explicé- veis em termas sociolégicos. Os modemos costumam pen- sar Deus como um principio supremo e universal, mas na ‘ligito tradicional os deuses recebiam suas imagens de ca- tegorias sociais. Eles sio ancestrais, patriaras, fundadores © patronos de comunidades especificas. Sio governantes e ‘monareas, mestres ¢ matronas de bosques, montanhas € ani ‘mais. Sio pais, mées, filhos e filhas. As pessoas se relacio- ‘nam com eles por meio de formas de interago social — dando ¢ recebendo, oferecendo e suplicando, retribuindo sratidio e demonstrando humildade. Os deuses, segundo essa visio, extraem sua natureza e dominios da cultura. Seja qual for o fundamento da vide, ali a divindade € projetada. Onde quer que um mundo social esteja situado © enfrente os limites do seu préprio poder, os =a Para Durkheim, a fungi mais importante do tempo 2 situal er emovarasfutdagBes da sociedade em si, regene-—_ (sara dé suas crengasEle observou que cada tibo aborigine tinha suas préprias ceriménias anuais em home- nagem is suas espécies totémicas. Para os participantes, aque- Jas cerim@nies visavam ostensivamente a aumentar a fertilic dade das espécies (com as quais 0 grupo acreditava ter pa- rentesco), para que mais almas pudessem ser goradas para a ‘ribo. Mas, para o socidlogo Durkheim, a verdadeira fungao_ do rito era recrir a identidade do” grupo, uma Taehtidade que 86 podia ser xpr€SS por meio de sua objtivizagdo em simbolos aiosfeligiosos concretos. Novamiente se opondo” ‘visio racionalista de que os riuais nfo correspondiam a nada real, ele sustentava que o rite na verdade tina uma Fung real, pos de fatorenovavaaautoconsiéncia da aibe eS compromisso com sciis simbalos. Como os participantes emai Tetivados; ribo era renovada: Como diz Durkheim, 0 individuo. “mergulfiado de novo na fonte da qual deriva sua vidi c, conseqientemente, éreenergizado.* Sem memibros crenes, a sociedade se evapora; sem adoradores, os deuses desapareceriam. “A sociedade” — escreveu Durkheim — “36 6 capaz de revtalizar o sentimento que tem de si mesma reunindo-se em assembléia”* ‘Todas as religides e soviedades tém ritos de renovagdo Periédicos que relembram os importantes valores do grupo renovam o &nimo daqueles valores. Mas, qualquer que Soja © contetido dos diferentes ritos, 0 proprio ato de participar ume fra eens did fio tp. 3. de iden. 20. dos ritos & um ato de renovagio da cidadania no grupo. Ir jgreja é um exemplo Sbvio, embora nao trivial ‘Um sito ou festival permite que um grupo vivencie a simesmo de uma forma ideal, Cada Sociedade tem ocasides importantes nas quais# coivunidade demonstra sua melhor patureza e consolida seus lagos grupais. Iso pode ser feito através de observncias como festivais elaborados, trocas de presentes, visitas a parentes ou locais ancestras, drama- | tizacbes religiosas compartlhadas, demonstragBes piblicas } ‘oumodos especias de trajar-se. Os tempos de festa expdem | | 0 grupo os valores-chave da cominidade; tas como a boa | / Natal, o espirito de reconclisgao no Yom Kip ate riesino a dureza ea beleza masculinas na iniciagfo dos aguereiros Masti O ritual também pode prover um espago no qual 0s » indviuos enasomaemos opis soci scr cvivenciam ‘um senso de igualdade. Os festivais e servigos podem ter / cae sft, como tambn as perepsnagtes. Otomo n= Stride fo usado par dese ess sages memen- {ore garn em qc individu semana, ies um ous design” Agi independentenente da hes | foun um novo companheiismo écongusade, una ova ( agen de lia Gren Ons pss eet wom capo” socedade petuna nove vero de simesma, transcendendo as distingSes raciais, politicas, eco- | Semienou de ger. Miles de mugumane meres) tayio« Mec veniam sundae "Oem dain cna Te a ee © ritual permite que um grupo e seus individuos de- sempenhem e vivenciem papéis que compensam ou com- plementam o status social de rotina, ndo apenas no sentido {de comportamentos idealizados, mas no sentido de momen- tos de licenciosidade ¢ atividades antiestruturais. No tito, por assim dizer, pode-se vestir a fantasia, mas também ‘remové-la completamente. Diversos momentos do calendé- rio anual dio a cada sociedade uma oportunidade de expres- sar seriamente difereites aspectos de si mesma — ora s6brios, impos e contritos; ora carnavalescos e animados; or jubilosos; ora solenes. Desse modo, a sociedad consitéi ritos. € festivais para dar a vida social sua gama completa de expressio a Os grandes festvais anus so importantes exibigdes de valores sociis. Para grupos cujo modo de vida &baseado narivalidede com tos vzinas, os festvasfeqlentement osclam entre ritos de vitéra e de lato. Na sociedade do les- te asitico, orientada para a coletividade, o Festival de Ano [Novo focalize a familia ¢ of ancestris.1é as culturas do sues asitico, baseadas na polaridade de monasicismo € Inicidade,tém festivais anus estatégicos, reencenando a relago ideal entre ambos. As socedades mondnquicas tra- dicionaisrealizam uma produgdo anual sobre aregeneraga0 do prestigio da instiuio da monarquia. As sociedades so- cialistastém fesivais que eelebram seus ideais protetirios sobre o valor do trabalho; as sociedades de meditagio, em cases especiis, intensifieam sua meditasao; as setasse- cretas © exclusivas tm rtos anus seeretose exclusives Quaisquer que sejam as relages mais importantes em uma sociedade, clas serio expostas nos principais festivals ps dios. Assim, © mundo de uma sociedade & conti ii. crado, Sem to nem cerimoni, as Sociedade no conse- veeymunicar e mantro vigor e sacraldade de sas pris fundgdes (Os tos de passagen? —aquelasocasies qu cele tram i Wtsgdct na vida — so meios de relaciona m- dancas ifidividuais a0 dominio geral da comuniidade. s ‘mo as sociedades seculares dispem desse tipo deTito. Sem P rupo,o status social permaneceindeiido Rios das trent de entada navidad, casumentoe more Suan, t ndduo em nase consliaas rages com o Fup, Siruma ede dead. As noes liderangs anit pre {igo legitimacdo por meio de inauguragdespiblias ‘Aves tempo, o due ura caltura pode cansidear como tim momento sigetieativ demudanga, otras podem gno-_ ‘ar completamente, O primi animal abaido por um jo ‘empodeserritualmente elébrado em una cata enquan-( foemoutao qi pode erpstocm dsaqueéo momen) Gon gue cl aguieo diet de vot Por fim, as obserncias religiosesfreqientemente eqolvem comprtamienios relacionados com a pureza’ ‘Alguns grupos tm regras de prea atamente definidas pata preserva a filiag¥, mantendoa identidade social religio- Tat a re re comenincyircrirecs “ena gee an ‘Dou, Presa perigo (S00 Pano, Pespectiva, 1976); algun dos teas sb deseo. fre Oe teenage sir pip cn cae vec ir arsine i ee B sa livre de compromisso — por exemplo, as leis da alimen- tagio do Kasher ou as regras sobre a abstinéncia de bebida podem simbolizar o desligamento dos membros das normas sociais circundantes, ‘Tipos de sociedade: tipos de religitio ___O importante ¢ influent trabalho do soci6logo ale- mio Max Weber (1864-1920) inaygurou oestudo sistemét 0 decom tipos deperspectivas elgiosas se correlacionam com pos de valores soci! Segundo ea V0, ali to absorve e depois refleté a orientagto éicacideolOgica~ frees ase socal: confuionst os an io, preentavror eis de oadisune Buses dismo primitivo, o ponto de vista de monges mendicantes: e smo, ode uma minora cultural, Na medida em que o ristaniiio oI, suas dias sobre o que sgnifcava ser cristio refletiram os inteesses de tipos muito diferentes d classes sociais-O” cistanismo padia assim ser do outro mundo, deste mundo, ou uma combinagio de ambos, de- pendendo de como sua vida econdmica e social eidendo de vida econdmica © sola estvesse— 2 Conceitos como os de salvagio, compensagio fut v, pecado, ou mesmo Humildide religiosa, sfo naturais a ders classes soca e no aoutras — entre as mais con ‘das distingoes ‘feitas por Weber esto aquelas entre as reli- sides dos nfo-privilegindos (donde a necessidade do salva. 198 (mca) Da ss ” ‘¢lo) € as dos privilegiadas (que nio precisam de salvagio porque jé esto “saciados”). Considere alguns exemplos representativos dos mo- dos como tipos de religio refletem tipos de sociedade. Religiéo e formas histéricas de organizagio social Una tipologia distingue amplamente diferentes tipos de cul- turashistéricas, por exemplo (1) em pequena escala ou tribal; (2) cidade-estado monérquica tradicional e (3) grande e al- tamente diferenciada ‘No primeiro tipo, a vida religiosa, como a vida econs- ‘mica, esté normalmente dispersa por meio do sistema social, ao invés de ser uma instituigdo distinta, separada. Os simbo- los religiosos e seus ritos refletem a dependéncia econdmi- cca direta da vida animal ou vegetal, e também revelam a sacralidade dos antepassados, do parentesco edo status so- cial em geral [No segundo tipo, representado em antigos reinados e cidades-estados, forma-se uma organizacio religiosa alta- ‘mente especializada, com uma classe dstinta de sacerdotes. Especialistas religiosos constituem uma hierarquia paralela, {i centralizagio e prestigio do poder politico na autoridade de um rei, eas esidéncias de deuses padrociros paralelas as residéncias de reis. Os atos religiosos tipicos nesse tipo de sociedade so a adoracio ¢ o servigo aos deuses — mais ‘uma vez andlogos ao relacionamento catre siditos ¢ rei Ossacrificio aos deuses, refletindo a subserviéncia da proprie- dade individual ao dominio superior, também é um aspecto. Um tereeiro tipo de sociedade é o de grande escala, religiosamente ndo-centralizado. Esse tipo pode ser visto em ‘muitas cidades-nagBes, mas também através da hist6ria, onde *s Be aver qu cat soja sufseniemente mora para qu at subcomunidades se tomer oveiulo mais vital de saga G expresso relipiasn As onganizasbesreligoas slo sl tubgrupos dent de una cura maior. Quando es isl tabblos dexaram de serum eno, eles se omar na dese cuts dnt de una cultura, uma comunidades tamente defini, manga coe por mo de wm pra ideologies tained ig. De sum me, iso dveria se tansormar oo pottip doesnot sinalente una seit de pessoas renidas por su visto bri deo do amo prio Romano. O model hier oe centalzado da cidae-esao reaparea, 0 eran auando a eristndae cai asi parte dest da govern imperial romano, Amorada contigs sec. lanes moderas ‘ole cnfertavimente a peleregio de rapes rlgosos sete Esses tipos mostram apenas um espectro de possiveis | relacionamentos entre a religiio e a sociedade. Num dos | extremos, a religido nfo é uma entidade independente; no | | meio, esté associada a reinados fortes e centralizados, e seu. _ | Comportamento reflete padres de autoridade hierérquica; | | o outro extremo, a rligido se torna uma subsociedade au. ‘t8noma dentro de uma cultura, postulando seu préprio siste- | !ma de valores rligiosos e filiagao, Insttuctonalizagio e inovacdo, Outta distingao socio- 16gica reconhece duas tendéncias opostas na religifo, cor espondendo a duas atividades opostas de formaco social. A primeira ¢ a consolidacdo da autopreservagio institucio- nal €a segunda é 0 movimento na diregdo da inovagao e do desafio as instituigdes sociais existentes. A religiio pode ter fungdes opostas em relagio a ordem sociale, freqlentemen- 16 ee te, esses duas fases de atividade podem ser encontradas den ‘ro da mesma tradigao religiosa. ‘A institucionalizaglo da religido ¢ a legitimaglo de categorias buroeriticas e hierdrquicas, que funcionam para proteger a autoridade rligiosa da subversio e fazer cumprit (5s Gédigos comportamentais Isso, em parte, porque a reli- ‘pifo é colocada numa posigdo defensiva em relagdo 20 resto da sociedade. Quanto mais hi para proteger, mais ha para defender, Mas a institucionalizagio ¢ também uma funglo de tamanho ¢ eficiéncia. Quanto maior a religio, mais es- trutura ¢ canais de autoridade sero necessarios. Contrastando-se a iss0 estfo os movimentos religio~ 0s formados por eausa da insatisfagdo com os valores insti- tucionais vigentes ¢ que se desligam para formar novas comunidades tipicamente inspiradas por lideranga carisma- tica, As seitas ou novos movimentos religiosos correspon- dem & necessidade de novos lagos sociais em culturas em {que a vida foi particularmente interrompida (como no de- sentraizamento causado pela transigdo da aldeia para a vida urbana) ou por causa de dissidéncia intelectual ostensiva em relagao a ideologias dominantes ou valores socias. As novas religides sio 0 modo de a sociedade criar comunidades baseadas em valores similares. Boa parte do apelo das mi- Ihares de seitas encontradas por todo o mundo esti em sua ‘capacidade de prover is pessoas familias alternativaseraizes em meio a0 caos ¢ a imobilidade urbanos. Religido versus sociedade ou “o Mundo”. Os movi- _mentos religiosos que se opSem & sociedad, ou mesmo “ao mandi”; eniglobam uma grande variedade de tipos. ‘Nos tempos biblicos, originou-se um movimento no «qual profetas desafiaram observancias de culto rotineiras em n some de una picdad mais elevada. Os proftas eram mani- festagdes da eapacidade da relgio de cvticr rligio, cclturais dominantes; oua classes intelectuais mais altas para as quais significados mais elevados tomam o lugar dos valo- ‘Quando, em Sua visio, o culto oficial se tomou demasiada- res banais da sociedade em geral. Em ambos os casos, 0 que mente interesseio pouco religion, eles flaram conta a | —_serocura na alleratia fot, um outo mundo no qual corrupsio estabeleida. Quando éafae no fas rival * Rivadei identiade do inivduo pode ser encontada obscureceu a énfase na ética e na justica, eles vituperaram Omundo é tipicamente projetado em um outro espago, como contra a falsidade das préticas sagradas socialmente aprova- © céu, um periodo vindouro de lei divina, ou outro status das. Posteriormente, Maomé e os reformadores protestantes i espiritual, como 0 nirvana ou o “Deus interior” contiriuaram nesse mesmo espiito critic, Tanto o eristianismo como 0 budismo comecaram ‘como religibes de libertagio dos poderes “deste mundo”. ‘A primeira transicio procurada é pars um “reino de Deus” que se aproxima — concebido em termos quer celestiais, {quer terrenos —, continuando assim os conceitos judaicos de justificagdo futura e realizago messinica, ¢ estabele- ccendo tum protstipo para todas as seitas inspiradas biblica- ‘mente, seitas do tipo adventista que continuaram a servir is nevessidades de populagSes socialmente ndo-integradas ou rentalismo¥ umn fenémeno reigioso mundial que nio € dificil de interpretar sociologicamente, Ele surge tipicamente onde o ritmo da modernidade ameaga se tornar opressivo. A solugdo aparece na forma de um retorno 20 absolutismo da escritura e das leis divinas. Contra 0 caos da seeularizagao, ele opGe a rocha da certeza, da inerrancia e da autoridade sobrenaturais. Contra a ambigiidade da mo- ) ralidade secular, ele langa os inequivocos significados dos { fandamentos religiosos. Enquanto os ovidentais no-funda~ populagaes desprivlegiadas. A perversio da atual socieda- ‘mentalistas costumam pensar nesses movimentos como for de, onde a vida esti sujeita& indignidade, &, nesses grupos, mas ingénuas de crenca, a amplamente disseminada presen- justaposta& santidade e justificagio de uma futura socieds- sa desses movimentos nas culturas modemnas que enfentam de, na qual sera conferida a dignidade. Os pobres e social- | secularidade mostra ao sociélogo que o absolutismo dou- mente oprimidos serio, paradoxalmente, 0s receptores da | initio & na reatidade concomitante a estratégia social de Tiqueza da nova ordem de Deus. “Bem-aventurados 0s per- | um grupo. Os fundamentalistas mugulmanos,judeus, hindus seguidos por causa da justiga”, diz Novo Testamento,“por- ccbucistas acreditam todos em absolutes diferente, mas todos ‘que deles é 0 reino dos céus” (Mt 5,10). O cristianismo em eles tem a fango sociocultural similar de crar limites do particular tem um forte elemento redentor em seu nicleo, ppassado incontrolivel promiscuidade do comportamento e mais do que o judaismo ou istamismo. “Meu reino”, anun- ppensamento modernos, cia Jesus, “no é deste mundo” (Jo 18,36). As religites de salvagio tém muitas variantes. ‘No caso do budismo, a insatisfagdo com 0 mundo to- Religides de redengio apelam as classes sociais marginali- ‘mou iuma forma ideolégica, e nao politica. O problema da | zadas ou oprimidas por sistemas de poder social valores sociedade no era.a corrupeao de governos, mas ainadequa- *® » yy Shea ‘gd0 dos valores ¢ identidades sociais comuns. Aqui o pro- blema da sociedade se tornou um problema de sentido, ¢ a solugio foram 0s ensinamentos de Buda, que mostraram 0 ‘caminho para recriar a existéncia individual por meio de um ‘modo radical e meditativo de rentincia, Essa diseiplina espi- ritual era, com efeito, uma maneira de reverter a socializa- ‘0 do individuo e sua roda de desejos irrealizaveis, sua ca- deia de nascimento-sexo-renascimento, de infindével carma ccarregado de desejo. O budismo primitive criou uma ordem. cde monges votados ao desapego de todos os vinculos com a existfncia social comum, a fim de buscar um estado de paz ¢ iluminagio. Os ensinamentos budistas falam de “quebrar «8 viga mestra” da casa da ignorincia e de procurar uma vida de liberdade e pureza com uma alternativa, a comunidade ‘mondstica. Todas as posses deviam ser sbandonadas, exceto ‘um manto amarelo, uma navalba de barbear e uma vasilha para esmolas, simbolos em si do estado de despojamento. Um dos atrativos do budismo primitivo erao fato de ele ofe- recer a libertago dos papéis de familia e casta ‘Uma forma posterior ¢ mais popular de budismo — até os dias de hoje a maior denominacio do budismo jepo- nés — desenvolveu a elaborada concepgio de uma “Terra Pura’ & qual “o mais baixo entre os baixos, o pior dos peca

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