Pesquisa Escutec e momento da campanha

Por Wagner Cabral da Costa

Tentando dar forma textual à experiência de se comunicar com apenas 140 caracteres...

Postado no twitter na noite de 3ª feira, 27 de julho de 2010

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Boa noite a todos os amigos do twitter, voltando depois da ressaca de comemoração do

aniversário, rsrs

o assunto do momento, na agenda política, é a pesquisa Escutec/Jornal O Estado do MA

sobre as eleições para governador e senador

No site da ESCUTEC pode-se baixar os dados da pesquisa:

http://www.escutec.com.br/noticia.php?idnoticia=81

Essa é a 1a pesquisa devidamente registrada do ano, todas as demais foram para

consumo interno de partidos ou então simples factóides

Como era de se esperar, a divulgação gerou acesa polêmica, com blogueiros

questionando a credibilidade da pesquisa ou apontando manipulações

Por sua vez, a oligarquia Sarney foi "comedida" na manchete, que apontou apenas a
"liderança" de Roseana na disputa para o governo

Assim, a pesquisa Escutec tentaria fotografar o momento inicial da campanha (3

primeiras semanas), com as candidaturas já registradas

Vejamos alguns aspectos da citada pesquisa: foram feitas 1.050 entrevistas em 50

municípios, nas 5 mesorregiões do MA + a Grande São Luiz

a amostra seria representativa dos eleitores, com seleção por cotas proporcionais: de
sexo, faixa etária, grau de instrução e região.

Ora, a primeira questão que se deve fazer é: de fato a seleção correspondeu à

distribuição do eleitorado do MA, com base nos dados do TRE?

Segundo minha analise, a seleção apresenta distorções quanto à distribuição do

eleitorado do MA, vejamos como:

1) duas regiões do estado tem um peso maior do que o verdadeiro: o sul do MA tem
apenas 4,7% do eleitorado, mas tem 7,5% na pesquisa

já o centro tem 14,6% do eleitorado (TRE), mas na pesquisa tem peso de 17,2% dos
entrevistados... juntos Sul e Centro contam com 5,4% a mais
2) obviamente outras regiões ficaram com peso menor do que o real (do TRE): o Oeste
(Imperatriz e Pindaré) caiu de 21,3% para apenas 19,5%

o Leste (Caxias e Parnaíba) caiu de 20,8% para apenas 18,8%, ou seja, 2 pontos
percentuais a menos do que a distribuição real do eleitorado

e o norte caiu de 20,2% para apenas 18,5%... a pergunta inevitável é: essas distorções
comprometem os resultados obtidos? é óbvio que sim

Só lembremos que o Instituto DATAFOLHA foi questionado exatamente porque

aumentou o peso das entrevistas em SP numa pesquisa nacional

Segundo as críticas ao DATAFOLHA o aumento teria sido para favorecer a candidatura

presidencial de José Serra (PSDB) em março passado

Eis a resposta do DATAFOLHA, que não chegou a ser inspecionada de fato:

http://u.nu/6tkyd

Ou seja, distorções na seleção da amostra podem sim comprometer os resultados... A

distorção da Escutec de mais de 5% não teria esse efeito?

3) Um elemento adicional: a Escutec não informou o número de entrevistados em cada

uma das 50 cidades...

São Luis (com 15,5% de eleitores), por exemplo, ficou inserida na região da "Grande
São Luis", junto com S José de Ribamar e Raposa (18,5%)

Mas não sabemos se o número de entrevistados em SLZ correspondeu de fato ao peso

da cidade no conjunto do eleitorado do Maranhão

Aliás, essa informação (não fornecida pela Escutec) pode ser requisitada pelos partidos
com candidaturas próprias ao governo ou ao senado

4) Distorção semelhante verificou-se quanto à faixa etária entrevistados pela Escutec: as

faixas etárias mais velhas tiveram um peso maior

Assim, a faixa dos 36 aos 46 anos (+3,2%) e dos 47 aos 59 anos (+ 1,1%), com
diminuição relativa do peso do eleitorado mais jovem

5) Não podemos deixar de notar que na região Centro (superestimada), Roseana teve
seu melhor desempenho de intenções de voto

também nas faixas etárias mais velhas (superestimadas) a candidata da oligarquia teve
seus melhores desempenhos...

6) a pergunta que não quer calar: tais distorções nos setores com melhor desempenho de
Rosengana não seriam forma de "inchar" seus números?
Assim, perguntas ficam no ar, questionando a validade da pesquisa Escutec/Estado do
MA, para além de um simples posicionamento de ser contra

Mas, por outro lado, os dados da pesquisa (que podem ou não ter sido manipulados... a
verificar) apontam elementos importantes da conjuntura

1) Roseana, mesmo com toda a maquina do governo e de propaganda, tem uma

dificuldade estrutural para crescer, pois conta com forte rejeição

uma rejeição que na pesquisa Escutec é da ordem de 30%, e que, em pesquisas do ano
passado, chegava ao patamar de 36%... 1/3 dos votos

numa síntese, pode-se afirmar que pelo menos 1/3 dos eleitores não votaria em Roseana
em hipótese alguma, ela está muito próxima de seu teto

Esse dado tem aparecido em varias pesquisas qualitativas que não chegaram a ser
divulgadas, sendo apenas de consumo interno dos partidos

2) Jackson Lago, com 25,8% na Escutec, tem um patamar inicial próximo de suas
médias históricas nas eleições de 2002 e 2006

em 2002, Jackson saiu desse patamar e alcançou 42,5% no 1o turno, não indo para o 2o
turno por conta de decisão fraudulenta do TRE

já em 2006, Jackson saiu desse patamar e alcançou 34,3% no 1o turno, indo para o 2o
turno com Roseana (47,2%), quando virou e venceu

A pergunta obvia: poderia Jackson Lago repetir em 2010 as trajetórias eleitorais de

2002 e 2006? pergunta de difícil resposta...

Mas existem alguns elementos que colocam em dúvida essa possibilidade: muito
especialmente os índices de rejeição de Jackson (39% na Escutec)

Tais índices de rejeição a Jackson são muito próximos dos índices de rejeição a
Roseana, muito embora tenham motivos diferentes

Jackson paga pelas decisões políticas adotadas em seu breve governo, ao não
corresponder às esperanças depositadas na Frente de Libertação

Assim foi ao provocar a greve do funcionalismo e dos professores (com a Lei do Cão),
ao não sinalizar para um maior dialogo com a sociedade

e ainda ao fazer alianças conservadoras (muitas das quais voltaram-lhe hoje as costas), a
exemplo do apoio a João Castelo em São Luis

o grande desgoverno de CAOStelo na capital é extremamente desfavorável à

candidatura Jackson, como se viu durante a visita recente de Serra

quando professores em greve contra adm. CAOStelo se mobilizaram para protestar

durante a solenidade de recepção a José Serra pelo PDT e PSDB
3) das 3 candidaturas competitivas, Flavio Dino foi o único que apresentou variação
positiva do final de 2009 para cá...

Pois, segundo pesquisa Sensus, Flavio Dino estava com 10% de intenção de votos em
dezembro de 2009 subindo agora para 16,8% na Escutec

Os outros ficaram estagnados na comparação das duas pesquisas: Roseana com 49,8% e
agora com 50,4%; já Jackson, com 24,6% e agora com 25,8%

o jornalista @Itevaldo acaba de lembrar desse fato em seu blog:

http://www.itevaldo.com/?p=4975

Mesmo sendo pesquisas diferentes, o único que apresentou variação positiva para além
da margem de erro das pesquisas foi Flávio Dino

Tal ocorreu mesmo num cenário em que a candidatura de Flavio Dino foi bombardeada
por todos os lados, para que se inviabilizasse

Episódios como a intervenção do PT nacional em favor de Roseana e depois a greve de

fome de Manoel da Conceição, Dutra e Terezinha

Mesmo perdendo a sigla PT (e seu tempo de rádio/TV), a candidatura de Flavio Dino se

consolidou e cresceu em meio às adversidades

Como fator positivo desse crescimento há a consolidação do perfil do candidato, que

ainda é desconhecido de boa parte dos eleitores

Além de contar com um baixo índice de rejeição, da ordem de 11% (Escutec), sendo
tarefa prioritária de campanha a popularização de seu nome

Assim, para concluir essa breve análise, o cenário atual (antes da campanha em rádio e
TV) aponta para uma eleição em dois turnos

Em que a novidade reside na candidatura de Flavio Dino, que demonstra nesse

momento um potencial de crescimento que pode levá-lo ao 2o turno

Enquanto as outras candidaturas competitivas enfrentam sérias dificuldades...

Mas um dado fundamental é que na pesquisa ESPONTÂNEA 38% dos eleitores não
sabem ainda responder quem é seu candidato a governador

Representando um amplo universo de eleitores cuja opinião e voto estão ainda em

processo de formação e definição... estão em disputa

Ademais, a máquina política de clientelismo, abuso de poder econômico e compra de

votos ainda está afiando suas garras...

Mas, como toda analise de conjuntura, esta é uma avaliação do atual momento... pois
ainda muitas peças se movimentarão no tabuleiro político
A campanha está apenas começando... a propaganda eleitoral em rádio e tv só começa
em 17 de agosto... campanhas ainda vão ser (re)feitas

e, principalmente, não tenho pretensão alguma de futurólogo... sou um historiador do

"tempo presente", fazendo um exercício de análise, rsrs

Vamos esperar agora por novos desdobramentos da campanha, e já se anuncia a

publicação de nova pesquisa pelo Jornal Pequeno no domingo

Vamos confrontar seus resultados com a pesquisa Escutec/Estado do MA, bem como
analisar também sua metodologia e amostragem

Amanhã (ou hoje mais tarde) a nova pesquisa deve ser registrada no TSE / TRE, para
poder ser publicada no domingo, conforme a lei eleitoral

Para ver as pesquisas registradas, basta acessar aqui: http://u.nu/7qqyd

Para fazer download da pesquisa Escutec: http://u.nu/9sqyd

ADENDO (em 28/07)

Pesquisa IPOP / Jornal Pequeno

INSTITUTO PIAUIENSE DE OPINIÃO PÚBLICA LTDA. – AMOSTRAGEM
PROTOCOLO: 271732010 - 26/07/2010 14:46

Registrada no TRE a Pesquisa IPOP / Jornal Pequeno em 40 municípios, com 1300

entrevistados e para todos os cargos

Para ver as pesquisas registradas, basta acessar aqui: http://u.nu/7qqyd

Ou http://www.tse.gov.br/sadAdmPesqEleConsulta/pesquisa.jsp?tribunal=TSE

Os 40 municípios pesquisados por mesorregião homogênea do IBGE serão:

Mesorregião CENTRO Maranhense 7: (Bacabal, Barra do Corda, Grajaú, Pedreiras,

Presidente Dutra, São Mateus do Maranhão, Tuntum).

Mesorregião NORTE Maranhense 9: (São Luís, São José de Ribamar, Pinheiro, Paço do
Lumiar, Itapecuru Mirim, Barreirinhas, Viana, Tutóia, Vargem Grande).

Mesorregião SUL Maranhense 5: (Balsas, Estreito, Carolina, Porto Franco, Riachão).

Mesorregião LESTE Maranhense 8: (Caxias, Timon, Codó, Chapadinha, Coroatá,

Coelho Neto, Urbano Santos, Araioses).

Mesorregião OESTE Maranhense 11: (Imperatriz, Açailândia, Santa Inês, Santa Luzia,
Buriticupu, Lago da Pedra, Zé Doca, Bom Jardim, Turiaçu, Amarante do Maranhão,
Vitorino Freire).