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INTRODUCAO ‘Apds esgotarse a 2* edigiio deste Manual, a Editora PINI ¢ 0s a receber pedidos do livro, quer de livrarias, quer de leitores, demonstrando o interesse do meio técnico pela sua continuidade. Por outro lade, nos dhtimos anos, surgiram novas tecnologias aplicadas aos equipamentos de terraplenagem e de remogao de rachas. Assim, pareceu-nos ser cabivel preparar a 3" edigio deste Manual revista, ampliada € atualizada Na parte referente 2 terraplenagem, foi introduzido © manitoramento elewOnico de desempenho operacional e dos diversos sistemas das méquinas, a partir de sensores que fornecem, em tempo real, as suas condigbes de funcionamento. Algumas informagoes erlinentes ao assunte so mencionadas em diverse itens do texte, A informatica passou a ser aplicada nos célculos de produtividade, bem como no planejamento e controle das obras. No capitulo que trata da selegdo dos equipamentos é apresentada planilha eletronica que permite, em funcao de diversos dados de campo, calcular a pradugao de equipamento, dimensianamento da equipe, custes ¢ prazos provaweis. F possivel, também, conhecende as caracteristicas pluviais do local, prever a influéncia negativa desse fator climdtico no decorrer da obra, permitindo melhor planejamento, Na 2*parte, que trata da escavagode rocha, sio apresentadas novos conceites relativas A perfuracdo do terreno e aos tipas de equipamentos utilizados, especialmente no que se refere & transmissio hidréulica de esforcos funcionais, aos novos tipos de coroa das bbrocas de perfuracdo, as alturas de bancadas @ ao emprego e vantagens de equipamentas de furo-abaixo. Ao leitor, experiente ou iniciante, este livro permite determinar: 0 plano de fogo com todas suas grandezas; a escolha do explosivo; o métado € acessérios de ini¢iacao © 0 use de retardadares para obter vantagens diversas, no que diz respeito & fragmentagao da rocha ¢ ae aspecto final dos taludes resultantes. O Manual fornece, ainda, ferramentas para a escolha e dimensionamento dos equipamentos necessérios a lodas as etapas de execugao de desmonte, célculo de custo e pregos de venda. Cabe aqui agratiecer as empresas que se prepuseram a prestigiar esta nova edigao, a partir de patrocfnio que a tornou possivel: Construgées © Comercio. Camargo Conéa e Atlas Copco Brasil. Sem essa colaboragio, tal iniciativa nfo seria exeqifvel extremamente itil o apoia tecnico para apresentacao das equipamentas e das tecnologias mais recentes que, cam certeza, enriquecem o comedde deste Manual. Para finalizar, nosso agradecimento a todos que participaram do preparo desta edicio. Osautores ABREVIATURAS Abreviaturas ABNT. AAS.H.O, APL ASTM, DNER. DERSP. PCSAL SAE HRB. Notagiio de Normas Técnicas cof State Highway Officials ican Petroleum Institute ‘American Society for Testing Materials Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Departamento de Estradas de Radagem do Estade de Sio Paulo Power Crane and Shovel Association Saciety of Automotive Engineers Highway Research Board = grau de compactacio de um solo, % = peso especifico solte de um salo = peso especifico de um solo no estado natural = peso especitico do material no corte (ou ¥,) = peso especitico do material compactado = volume de terra medido no estado natural (ou no corte) = volume de terra solta (empolada) = volume de terra compactada = falor de empolamento de um solo ou de conversio de volumes teor de umidade de um solo resisténcia de rolamento Coeficiente de rolamento peso total do equipamenio = Inclinagio da rampa, % = resisténcia de rampa resisiéncia de iméscia velocidade de translage do equipamento = variagao de velocidade = tempo de aceleragae ou desaceleragio = esfor¢o trator disponivel no trem propulsor = somat6ria das resisténcias epostas a6 movimento = peso aderente sobre as todas motrizes 6 Manual Pratico de Escavacie Tepe Seep kp eee eee & © = coeficiente de aderéncia ou de tracio poténeia de um motor no volante = poténcia disponivel no trem propulsor Coeficiente de Rendimento MecSnico da transmissio razaio de desmultiplicagao = namero de rotagdes de um motor no volante: = ndimero dle rotagbes das rodas motrizes '= conjugado ou torque disponfvel nas rodas motrizes = raio da toda motriz = tempo de ciclo = tempo de ciclo minimo = tempo de ciclo efetivo = tempo fix = tempo variivel tempo de parada tempo de ciclo do “pusher” = produgio de um equipamento (ou Q,.) = pradugde maxima de um equipamento. = produce efetiva de um equipamente = cooficiente de rendimento ou fator de eficiéncia = capacidade da cacamba de um equipamento distancia de transporte: = altura de corte ou de aterro (cota vermelha) = Angulo de talude = distancia de “off-set” & esquerda = distincia de “off-set” & direita custo harério de um equipamento = depreciagae hordria de um equipamento = valor inicial de um equipamento = valor residual de um equipamento = coeficiente de reparos mecanicos SUMARIO } parte — TERRAPLENAGEM LO 1 — GENERALIDADES Lt - Nogdes Gerais... 71.1 - Introdugao 3 terraplenagem .. 3.12 -Histdrico .. 4.13 —Terraplenagem manual = 1.4 —Terraplenagem mecanizada .. 515 ~ Coracteristicas da terraplenagem mecanizada .. 91-6 — Operagies basicas da terraplenagem. Ciclo de operacio.. “M12 — Estudo dos Materiais de Superticie 21 — Generalidades ..... ca 3.22 - Terminologia de rochas - TB-3 (ABNT).. 4» 25 - Critério para classificagio dos materiais 3.2.3.1 = Classificacdo do DNER € DER-SP = 24 - Importancia econémica da classificagao .. 1.25 — Empolamente dos solos .. = 2.5 — Reduclo volumétrica dos solos ou compactag’o 6.1 ~ Fundamentos teéricos da compactaco "3 Introducio aos Equipamentos de Terraplenagem: 1.3.2 — Classificagio dos equipamentos 7.3.3 — Generalidades sobre as unidades de tragao Wratores) 1.33.1 — Comparacao enwe tratores de esteiras e de pneus 3.3.3.2 = Campo de aplicagio ..... 1.3.3.3 — Partes constituintes de um wator de esteiras 7.3.3.4 — Partes constituintes de um trator de pneus. 7.5.3.5 —TransmissBes mociinicas e hidrdulicas — Conversores de torque 13.4 DescricSo dos equipamentos 1.3.4.1 - Unidades escavo-empurradoras ... 7.3.4.2 — Unidacles eseavotransportadoras 1.3.4.3 — Unidades escavocarregadoras 13.43.1~ Carregadeiras 1.3.4.4 — Unidades aplainadoras 1.3.4.6 - Unidades compactadoras ... 1.3.4.7 — Unidades escavo-elevadoras (= £4 — Locomocio dos Equipamentos de Terraplenagem 7.4.1 - Mecdnica do movimento das méquinas .. } 42 —Resisténcias opostas ao movimento .. SUMARIO 1.4.3 —Primeira condigio de movimento 1.4.4 ~ Aderéncia 1.4.5 — Segunda condicSo de mow 1.4.6 ~ Gomportamente das méquinas de esteiras e pneus quanto & aderdncia 1.4.7 — Distribuicao de cargas nos equipamentos de pneus.. 1.4.8 = Estudo das forgas motiizes 1.4.8.1 ~ Diagramas tagio x velocid Referincias Bibliogrificas 107 WW nz 122 128 Capiruto 2 = estimativa DE PRODUCAO DOS EQUIRAMENTOS 2.1 - Produtividade dos Equipamentos de Terraplenagem 2.1.1 —Tempos ¢ movimentos elementares. Ciclo. Tempo de ciclo 2.1.2 —Tempos de ciclo minima € efetivo.... 2.1.3 = Produgo de um eqipamenta 2.1.4 — Rendimento da operagao-ou fator de ctickéncia 2.1.5 ~ Formula bésica da producio de um equipamento.. 2.1.6 ~ Aumento da produtividade 2.2 - Estimativa de produgdo dos diversos equipamentos.. 2.2.1 — Unidades eseave-empurradoras 2.2.2 ~ Unidades escavotranspartadioras .. 2.2.2.1 = Temps VariMtls enn 2.2.2.2 —Tempos fixos 2.2.2.3 ~Ciclo do waior empurrador (pusher) 2.2.2.4 ~ Determinagio.do ntimero de “scrapers” empurrados por um “pusher” 2.2.2.5 — Otimizacio da prodlucaio dos “motoscrapers” © do “pusher” 2.2.2.6~Tempos elementares para 0 conjunte trator de esteiras com “scraper” 2.2.2.7 — Fator de reduao de welocidade. 2.2.3 - Unidades escavocarregadoras un 3.1 = Carregadelras de esteiras e pneus 2.2.3.2 ~ Escavadeiras 2.2.3.2.1 ~ Escavadeiras com lanca *drag.line” 2.2.3.2.2 ~ Produgao efetiva das escavadeiras 2.2.3.2.3 ~ Escavadeiras acionadas por comando hidraulico 2.2.3.24 — Produgie das escavadeiras em valas.... 2.2.4—Unidlades transportadoras 2.2.4.1 —Condicio desineronismo . 2.2.4.2 —Tempo de ciclo de transporte... 2.4.3 — Fator de redugaio de velocidade. 2.2.5 Unidades aplainadoras 2.2.6 - Unidades eompactadoras Reieréncias Biblograficas. woe 129 130 130 131 132 133, ‘CAPITULO 3 — SELECAO DOS EQUIPAMENTOS DE TERRAPLENAGEM ll 3.1 = Generalidades .. (8 3.2 — Fatores Naturals... 10 Manual Pratica de Escavagio 1 - Natureza do solo —Topogratia ... — Regime de chuvas 33 - Fatores de Projeto 3.3.1 - Volume a ser movido..... 3.3.2 - Distancia de transporte 3.4 — Fatores Econémicos ..... 35 - Selecao das unidades escavotransportadoras ¢ transportadoras ‘3.6 — Dimensianamento das equipes — Célculo de verificagao do prazo de execugao i 37 - Planejamento da obra ¢ dimensionamento do equipamento Referéncias Bibliogr&ficas cn... 210 212 .. 22d 232 (CapiTULO 4 —_ ExECUCAQ DA TERRAPLENAGEM mm 4.2 — Servicos Preliminares a Execucao da Terraplenagem . 4.2.1 = Instalagao do canteiro de obras .. 4.2.2 -Transporte dos equipamentos 4.2.3 — Construgdo de estradas de servic e obras-de-arte pravisérias . 4.2.4 — Consolidacéo dos terrenos de fundagao dos aterros 233 234 4.2.5 — Lacagio topogrifica 235 4.2.6 = Limpeza da faixa, desmatamento e destocamento 235 4.2.6.1 — Fatores que iniluem nas operagdes de limpeza. 235 4.2.6.2 — Equipamentos empregados na limpeza ..... soe 238 4.2.6.3 = Produgao dos equipamentos empregados na derrubada e empilhamento sve 242 @ 4.3 - Utilizacae dos diversos equipamentos na execucio da terraplenagem. on 246 4.3.1 ~Trator de esteiras com lamina ... 246 4.3.1.1 = Corte em meia-encosta ... 247 4.3.1.2 — Escavacao e transporte a curta distanci 248 4.3.1.3 — Preparo dos cortes e aterros 248 4.3.1.4 —Espalhamento de terra na ponta de alerro 249 4.3.1.5 ~ Escarificagio 249 4.3.1.6 —Emprego do “pusher”. 249 wn 249. 250 wo 250 250 250 250 251 = 252 252 254 ne B55 256 256 256 4.3.1.7 — Emprego na limpeza da faixa ¢ abertura de estradas de servico 4.3.1.8 = Acabamento dos taludes... 4.3.1.9 — Execugao de valetas .. 4.3.1.10 — Escavagao em trincheiras .. 4.3.1.11 =Operagao conjunta de duas maquinas 4.3.1.12 ~Tratores de pneus com lamina... 4.3.2 — Unidades escavotranspartadoras .. 4.3.2.1 — Uniformizagao da frota 4.3.2.2 — Técnicas de carregamento..... 4.3.2.3 -Transporte 4.3.2.4 - Combinacao de ciclos 4.3.2.5 — Descarga 4.3.3 = Unidadles escavocarregadoras .. 4.3.3.1 — Escavadeira com cagamba * hovel” "1 SUMARIO 4.3.3.2 — Escavadeiras cam cagamba “drag-line” ou de arrast0 on. 4.3.3.3 — Escavadeiras com cagamba “clam-shell” ou de mandibulas. 4.3.3.4 — Escavadeira com cagamba revroescavaders , 4.3.3.8 ~ Escavadelras de acionamento hidréulico. 4.3.3.6 ~ Carregadeiras de esteiras 4.3.3.7 ~ Caregadeiras de pneus ... 4.3.4 ~Unidades aplainadoras... 4.3.5 = Unidades compactadoras imi 4.4 - Execugio dos Cortes... = 4.4.1 — Locagio topogritica dos cortes 4.4.2 ~ Controle topogratieo da execugio das cortes 4.4.2.1 — Processes prdticns de controle do angule de talude.. 4.4.3 — Escavagao de materiais de 1 categoria 444 — Empréstimo e “bota-fora” 4.4.5 — Escavagaa de materiais de 2* categoria — Escarificacao — Generalidades . ~Tipos de escarificadores ~ Producie dos escarificadores . : = Uso de diagramas baseados na velocidade sismica ‘determinada em testes de campo . 275 4.8.5.5 = Processos de escaificaGh0 neon i 4.4.5.6 - Producdo estimada dos escarificedores... 4.4.6 — Eseavacao de solos brejosos ¢ turfosos 4.4.7 ~ Classificagao . WEA.S ~ Execugio dos Aterros....... 4.5.1 —Locago topogrética dos aterros . 4.3.2 — Gomtole topogrifico da execugio dos ateros 4.5.3 — Estabilidade dos atorros. Consolidacdo das tundagdes 4.5.3.1 ~ Remocaa da sola de md qualidade e substituicae. por material cle melhores caracterfsticas.. 4.5.3.2 ~ Deslocamento do material instavel 4.5.3.3 — Deslocamente por explasivas 4.5.3.4 — Drenos verticais de are... 48.3.8 — Outros processes... fi 4.6 — Execucdo e Compactacio dos Aterros 4.6.1 = Execugio dos atere0s 4.6.2 = Press estitica @ vibraG30 vere a 4.6.3)= Selego dos equipamentos de compactacao. 4.6.4 — Fatores que influem na corpactagio 4.6.5 ~ Especificagées para compactacao 4.4.6 — Seqiiéncia construtiva ...... 4.6.7 ~ Métodos de controle da compactaga0 4.6.8 — Emprego de crlérios estatsticos para o controle da conpacaito de aterros Referéncias Bibliogrdficas 12 Manwal Prético de Escavagao CapiTULO 5 — OPERAGAG E MANUTENCAO DOS EQUIPAMENTOS DE TERRAPLENAGEM, 5.1 — Generalidades 5.2 — Operagao dos Equipamentos. 5.3 - Manutengao dos equipamentos 5.3.1 — Manutengio mecinica .. 5.3.2 — Manutengao corretiva e manutengdo preventiva 5.3.3 ~ Oficinas de manutenao ... 5.3.4 ~ Almoxarifado e estoque de pegas para Fepsisio 5.3.5 = Manuais técnicos 7 5.4 — Lubrificacao dos Equipamentos. 5.4.1 - Lubrificantes ... 5.4.2 — Caracteristicas dos éleos lubrificantes 5.43-Aditivos 5.4.4 = Classificagae dos leo “Tubrificantes ~ 5.4.4.1 — Classificagdo API (American Petroleum Institute) 5.4.4.2 — Oleos para engrenagens .. 5.4.4.3 = Gleos de multiviscosidade 5.4.4.4 = Classificacdo S.A. (“Society of Automotive Eng Graxas lubrificantes . 5.4.5 ~ Pritica de lubrificagio-dos equipamentos de terraplenagem .... 5.4.5.1 — Instrugées gerais . 5.4.5.2 ~ Plano de lubrificacso 5.4.5.3 ~ Abastecimento de ‘combustivel.. Referancias Bibliogrsficas a a 312 313 313 2318 .. 320 321 74) 322 322 325 326 326 226 327 327 328 329 329 331 332 woe 333, CAPITULO 6 — ESTUDO ECONOMICO DOS EQUIPAMENTOS DE TERRAPLENAGEM 6.1 ~ Estimativa do Custo Hordrio.de um Equipamento .. 6.1.1 ~-Custos de propriedade 6.1.1.1 — Depreciagao ... 6.1.1.2 - Vida dil provavel 6.1.1.3. = Métodos empregados no calculo da depreciagao ....... 6.1.1.4 — A depreciacao nos regimes de economia inflacionaria 6.1.1.5 —Juros do investimento 6.1.2 ~ Custos de operagio 6.1.2.1 ~ Combustiveis .. 6.1.2.2 = Lubrificantes ... 6.1.2.3 = Graxa lubrificante .. 6.1.2.4 — Filtros 6.1.2.5 — Mao-de-obra e leis saciai 6.1.2.6 = Pneus @ parte rodante:.... 6.1.3 = Manutengao mecanics 6.1.4 — Beneficio e despesas indiretas (BDI) 6.1.3 — Custo da hora trabalhada e da hora impredutiva 6.1.6 — Critério para a decisaa da compra ou locagao de um equipamento.. 6.1.7 ~Renovacio de frotas.ou substituicao de equipamentos. 336 336 337 351 352 352 353 354 354 354 355 356 357 360 361 13 SUMARIO Bt 6.2 — Custo Unitdrio dos Servigos de Terraplenagerm ... 6.2.1 ~ Determinagio do custo do momento de transporte para distincias longas (d 21 km), ‘com caminhio basculante (m/km) 6.2.2 ~ Determinagie do custo do momento de transporte para (d.< 100-dam) = Com *matoscraper” — m? . dam Referéncias Bibliograficas Capiruto 7 — TeRRAPLENAGEM NAO-CONVENCIONAL Wi 7.1 ~ Equipamentos Escavo-elevadores 7.1.1 ~-Generalidades .. saater: 7.1,2 - Produco dos equipamentos escavo-clevadores 7.1.3 — Escavadeiras rotativas 7.1.4 ~ Experigncia com escavorelevacores Referéncias Bibliograficas ...... ApENICES a nsemesnenrnenn 28 parte - Escavacao pe RocHa CapPituLo 8 — EQUIPAMENTOS DE PERFURACAO IM B.1 —ClassificacSo das Perfuratrizes 8.1.1 ~ Perfuratrizes percussivas 8.1.1.1 - Funcionamento das perfuratrizes percussivas 8.1.1.2 = Sistema de percussio 8.1.1.3 — Dindmniea do sistema de percussao 8.1.1.4 - Sistema de rotagée 8.1.1.5 - Sistema de limpeza 6.1.2 - Perfuratrizes rotativas 8.1.3 — Perfuratrizes percussivo-rotativas 8.1.4 = Perfuratrizes de furo-abaixo (OTH! 8 6.2 ~ Avancos 8.2.1 = Avango pneumtico 8.2.2 ~ Avango de comente 8.2.3 - Avango de parafuso.... 8.2.4 ~ Avangos utilizados .... mi 8.3 — Locomogio das Perfuratrizes 8.3.1 ~ Locomogao manual 8.3.2 - Locomoga tracionada 8.3.3 - Lecomogao prépria mt 6.4 — Associacio de Perfurat 8.4.1 - Periuratrizes many 8.4.2 = *Bencher” 8.4.3 ~ "Wagon-dri 8.4.4 - Perturatrizes sobre trator... ‘Avanco-e Locomarao 14 Manual Pratica de Escavacso Generalidades ll 1.1 — Nocées Gerais 1.1.1 - Introdugao 4 terraplenagem De forma genérica pode-se definir terraplenagem ou movimento de teras como @ conjunto de opera Ges necessdrias & remagio do excesso de terra para lacais ande esta esteja em falta, tendo em vista um determinade projeto a ser implantado. Assim, 2 consirugio de uma estrada de rodagem, ferrevia ou aeroporto, a edificagdo de uma fabrica ou usina hidrelétrica, ou mesme de um conjunto residencial exigem a execucdo de servigos de terraplenagem prévios, regularizando-o terreno natural, em obediéncia ao projeto que se desoja implantar. Pode-se afirmar, portanto, que todas as abras de Engenharia Civil de grande ou pequeno porte exigem trabalhas prévios de movimentagao de terras. Por essa razio a terraplenagem teve © enorme desenvalvimento verificada no século XX. 1.1.2 = Histérico Cabe notar, entretanto, que a realizagao de obras de terra em larga escala nfo € privilégio desta época, pois ha muitos séculos elas vém send executadas pelo homem: Na Antigilidade os egipcias e babilnias realizaram feitos notdveis nesse campo, como, por exemplo, os canais de irrigagao as margens dos rios Nilo e Eulrates. A construgo das pirdimides, embora a sua motivagio no forse econdmica, mas religiosa, ndo deixa de constituir magnifico exemplo de escavagao € transporte de milhares de metros ctibicos de racha. Mais tarde, 08 romanos que, sem davida, foram os grandes engenheiros da Antigiidade realizaram grandes servigas de terra, necessérios 8 construgéo de suas estradas € aquedutes. Esses trabalhos eram executados manualmente ou cam o auxilio de animais que carregavam ou rebocavam instrumentos rudimentares, Esse quadro nie se modificoy até meados de século XIX, pois o instrumento utilizado era, ainda, a chamada “pi-de-cavalo” (“horse-drawn scraper"), constituida de uma cacgamba dotada de limina de corte, a qual, rebocada por tragao animal, escavava ¢ transportava © material. Com © adventa da maquina a vapor surgiram as primeiras tentativas de utilizé-la em equipamentos de terraplenagem, a partir da segunda metade do XIX, sendo que no seu final ja existiam escavadeiras providas de “shovel”, montadas em vagées ¢ usadas na construgie ferrovidria, a © desenvolvimento dos motores a combustio interna, acasionando a redugda do seu tamanho fisico, permitiu novas aplicagdes, No inicia do século XX, Holt-¢ Best langam 9 trator de esteiras, provido-de motor diesel, ao qual, desde logo, foi adaptada a ldmina, iniciando-se, desta maneira, a concepgao e fabricacio dos equipamentos de terraplenagem madernas. Nas décadas de 1920 e 1930, um inovador, R. G. Le Tomeau, criou o primeino “seraper” propelid, rebocado por trator, Em 1936 € introduzido o primeiro “motescraper, isto 6, 0“ denominagio comercial, até hoje conhecida, de “tournapull” craper” autopropelide © que recebeu a A partirdessa data é de todas conhecido o ripide-desenvalvimente dos equipamentos de terraplenagem, apresentande méaquinas cada vez mais eficientes sob 0 aspecto mecinico, de que resultou @ aumento extraardinario de sua produtividade. 1.1.3 — Terraplenagem manual Aié o aparecimenta dos equipamentos mecanizados e mesmo depois, a movimentagio das terras era {eita pelo homem, utilizando ferramentas tradicionais: pa e picareta para 0 Corte, carrocas ou vagonetas OM tra¢do animal para o transporte. Dado 0 seu pequeno rendimento, a terraplenagem manual dependia, sobretudo, da mao-de-obra abun- dante e barata, fator que © desenvolvimento tecnalégico ¢ sacial foi tornande cada ver mais escasso e, por conseqiiéncia, mais oneroso. 22 anus Frito ae Famsto Par ce ter uma idéia, na execuge bragal do: movimento de terra, com produgde de 50 n/n de escavagde, seriam utilizados pelo menos 100 homens. Em comparaco, uma escavadeira, operada apenas por um ho- mem, execula a mesma larefa, o que demonstra Claramente as transformagbes ocasionadas pela mecanizagao. Todavia, nlio pense que a terraplenagem manual conduzitia & exeessiva lentidao dos trabalhos. Desde que a mao-de-obra fosse numerosa, 0s prazos para a movimentacaa de terras em grandes volumes eram se comparades com os atuais Rego Chaves, em seu livro “Terraplenagem Mecanizada’, mostra 0 exemplo de ferrovias construidas nes Estados Unides, com milhdes de metros cabicos escavados © movidos em prazos relativamente cunos, dispondo-se, porém, de mo-de-obra abundante € de baixo custo. Com suficiente organizagan para resolver 0s sérios problemas de recrutamento, administragao, alaja- mento e subsisténcia dos trabalhadores, a terraplenagem manual apresentava rendimento capaz de causar admiragio, ainda nos dias atuais. 1.1.4 ~ Terraplenagem mecanizada Entetanto, o aparecimento dos equipamentos mecanizados, surgidas em conseqiéncia do desenvolvimento secnol6gico (de que resulkava mio-de-obra cada ver mais cara), em razo de sua alta produtividade, tomava ‘competitive o prego do movimento de terras, apesar do clevada custo de aquisicao dessas maquinas. 14 ficou patenteada, através do exemple citado, a natével economia de mio-de-obra introduzida pela secanizacSo, 0 que vinha de encontro 3 escassez cade vez maior do vabalhador bragal. Resumindo, pode-se entender que a mecanizacdo surgiu em conseqiéncia de: scassex e encarecimento da mio-de-obra causados, sobretudo, pela industrializaao; malta eficiéncia mecanica dos equipamentos, traduzindo-se em grande produtividade, a qual -conduzia a precas mais baixos, se comparades com os obtidos manualinente, especialmente ‘em virtude da redugio de mio-de-obra 1.1.5 - Caracteristicas da terraplenagem mecanizada Assim, @ mecanizagao caracteriza-se por: a) requerer grandes investimentos em equipamentas de a 1a custo; b) servicos racionalmente planejades e executadas, o que sé pode ser conseguide através de empresas de alto padrio de eficiéneia; ¢} reduzir substancialmente a mfo-de-obra empregada, mas, por outro lado, provacando a es- pecializa¢3o profissional ¢, conseqiientemente, melhor remunerac3o: @) permitir a movimentagaa de grandes volumes de terra em prazos cures, gracas a eficién de operagae-e, sabretudo, pela grande velocidade no transporte, o que leva a precos unitérios ‘extremamente baixos apesar do custo elevado do equipamento, Para se ter uma idéia da influéncia do aumento da produtividade no custo da terraplenagem, apesar da elevacao subs- tancial ocorrida no valor de aquisigao dos equipamentos, praticamente ndo houve acréscimo nos pregos de movimento de terra, nos Estados Unidos, no periodo de 1930 a 1960 Generalidades 23 1.1.6 — Operacdes basicas da terraplenagem. Ciclo de operacao Examinando-se a execugiio de quaisquer servigos de terraplenagem, pode-se distinguir quatro opera- Ses basicas que ocorrem em seqiiéncia ou, as vezes, com simultaneidade: @ escavagao; = carga do material escavado; m transporte: m descarga e espalhamento. Essas operacdes podem ser feitas pela mesma maquina ou por equipamentos diversos. Exemplificando, um trator de esteiras, provido de lamina, executa sozinho todas as operag6es a indicadas, senda que as trés primeiras com simultancidade. Um canjunte de trator com “scraper” as executa, também, sem auxilio de outro equipamento, sendo que as duas primeiras so simultineas ¢ as dltimas vém em seqiiéncia. Jd as maquinas escavocarregadoras executam as. duas operagées iniciais em seqiéncia ¢ as duas diltimas sao feitas com equipamentos diferentes (caminhdes, vagoes etc.) ‘A escavagao é @ proceso empregada para romper a compacidade do solo em seu estado natural, através do emprego de ferramentas contantes, como a faca da lamina au os dentes da cagamba de uma carregadeira, desagregando-o e tomando possivel © seu manuseio. ‘A carga consiste no enchimento da cagamba, ou no actimulo diante da lamina, do material que j& softeu © processo de desagregag’o, ou seja, que ja {oi escavado € o transporte na movimentagdo da terra do local em que é escavada para onde sera colocada em definitive. Distinguimos © transporte com carga, quando © equipamenta estd carregado, isto é, a cagamba est ocupada em sua totalidade pelo material escavade, de transporte vazio, fase em que a méiquina jé retorna ao local de escavagao sem a carga de terra. A descarga e€ 0 espalhamento constituem a execugio do aterro propriamente dito, Quando as. especificagées determinam a obtengae de certo grau de compactagao no aterro haverd, ainda, a opera- 40 final de adensamento do solo até os indices minimas estabelecides, Hi em certos casos, quando 0 solo a escavar for muito compacto, a necessidade de tratamento prévio, a fim de romper a resisténcia opasta 20 desmonte pelo salo, como no caso da escarificagao. As quatro operagdes baisicas repetem-se através do tempo, constituindo, portanto, um trabalho ciclico © seu Conjunto denomina-se ciclo de operagio. Como veremes, a determinagao do tempo do ciclo de operagio permitiré o estudo da estimativa da produgao de um equipamento de terraplenagem. 24 Manual Prético de Escavagio @§ 1.2 - Estudo dos Materiais de Superficie 1.2.1 — Generalidades Para 0 estudo da terraplenagem sera necessario conhecimento de algumas caracteristicas dos soles que sém grande influéncia no seu comportamento ao ser escavadoe, posteriormente, ao ser novamente adensado. Por outro lado, dada a imensa diversidade de solos existentes nas camadas superficiais, é preciso agrups- los em classificaces préprias da terraplenagem, para permitir a remuneracae dos servicos. Dentre as caract s mais importantes examinaremos a expansio volumétrica, ou empolamento, € ‘© adensamento ou compactagao dos solos, lembrando-se de alguns principios elementares da Mecan ca dos Solos. 1.2.2 — Terminologia de rochas - TB-3 (ABNT) Convém recordar & definir os termos téenicos relativos aos engenharia das obras de terra, conforme a Terminologia Bras! ateriais da crosta terrestre para fins de ra TB-3, De modo geral, os mat is de superficie classificam-se em: a) Rechas ~ materiais constituintes essenciais da crosta terrestre provenientes da solidificagao do magma ou de lavas vulcdnicas ou da consolidacdo de depésitos sedimentares, tendo ou ndo sofrido transformagGes metamérficas. Fsses materiais apresentam elevada resisténcia somente madificdvel por contatos com o ar ou a Agua em casos muito especiais; b) Solos — materiais constituintes especiais da crosta terrestre provenientes da decompasigio in silu das rochas pelos diversos agentes geolégicos, ou pela sedimentacdo nia consolidada dos grdios elementares constituintes das rochas, com adicio eventual de particulas fibrosas de material carbonoso ¢ matéria organica coloidal. Terminologia das rochas Tratando-se de ocorméncias de rachas de dimensOes limitadas, serdo empregados os seguintes termos: a.1) Bloco de rocha — pedaco isolado de rocha com didmetro médio superior a 1 m; 4.2) Matacae ~ pedaco de rocha com didmetro médio superior a 25 cm e inferior a 1m; 2.3) Pedra - pedaco de rocha com didmetro médio compreendido entre 7,6 em e 25 em. Rocha alterada — ¢ a que apresenta, pelo exame macrosc6pico ou micrascépico, indicios de alterac3o de um ou varios de seus elementos mineralégicos constituintes, tendo geralmente diminuidas as carac- seristicas originais de resisténcia, Para efeito da presente terminologia, os solos Classificam-se em: b.1) Pedregulho ~ solos cujas propriedades dominanies sio-devidas A sua parte constitufda pelos gros minerais de didimetros superiores a 4,8 mm e inferiores a 76 mm: 6.2) Areia - sols cujas propriedades dominantes sdo devidas a sua parte constituida pelos mi- nerais de diametros maximos superiores a 0,05 mm e inferiores a 4,8 mm; Generalidades 25 6.3) Silte — solo que apresenta apenas a coesio para formar, quando seco, torrdes facilmente desagregaveis pela pressiio dos dedos; suas propriedades dominantes sio devidas & parte geralmente constituida pelos graos de diimetros maximos superiores a 0,005 mm ¢ inferi= ores a 0,05 mm; b.4) Argila — solo que apresenta caracteristicas marcantes de plasticidade; quando st mente Gmido, molda-se facilmente em diferentes formas; quando seco apresenta coesio bastante para canstituir torrdcs dificilmente desagregaveis por presso dos dedos; suas pro- priedades dominantes sio devidas & parte constituida pelos gras de didimettos méximos res a 0,005 mm; infer b.5) Os solas em que nao se verifiquem nitidamente as predominancias de propriedades anteri- ormente referidas serio designados pelo nome do tipo de solo, cujas propriédades sejam mais acentuadas, seguido de adjetivos correspondentes aos que 0 completam. Por exem- plo: argila arenosa, argjla silto-arenosa, sillo-argilosa etc.; b.6) Solos com matéria orginica = caso um dos tipos anteriores apresente tear apreciivel de matétia organica, ser anotada sua presenca. Exemplo: argila arenosa com matéria organica; b.?) Turfas — solos com grandes porcentagens de particulas filnosas de material carbonoso a0 lado de matéria organica do estado coloidal; das rochas in situ pelos diversos dade e consisténcia ou el, a rocha de origem:; b.8) Alteragio de rocha ~ ¢ o solo proveniente da desagrega agentes geolégicos. Sera descrito pela respectiva textura, plast compacidade, sendo indicados ainda © grau de alteragio &, $2 pos b.9} Solos superficiais ~ a zona abaixo da superficie do terreno natural, igualmente constituida de mistura de areias, argilas e matéria organica exposta & ago dos fatores climédticos e de agentes de origem vegetal ¢ animal, serd designada simplesmente como solo superficial. 1.2.3 - Critério para classificagado dos materiais Os materiais existentes ma crosta terrestre © que sdo escavados, transportados e compactados durante a execugdo da terraplenagem apresentam-se sob os mais diversos aspectos, quer quanto & sua natureza, consisténcia, constituigao, quer quanto ao processo de formacio. s, tendo em vista a terraplenagem, constata-se que nenhum vistas anterior. Na tentativa de classificacdio dos mater auxilio pode ser obtide através das classificacdes geolégica ou da Mecdnica dos Solos, mente, pois estas os estudam sob ponto de vista diferente, © principal critério que intervém na classificacso dos materiais de superficie, no que conceme a esca- vacio, € a maior ou menor dificuldade ou resisténcia que oferecem ao desmonte, seja efe manual ou mecanizado, A classificagao geoldgica ndo se aplica neste caso, pois nao hé correspondéncia enire ela e a dificuldade ao desmonte. Sabe-se que uma rocha, bem caracterizada geologicamente, pode se apresentar em diferentes graus de compacidace, tendo em conta seu estado de alleracio, provocado por diversos agentes naturais {intemperismo}, reduzindo as suas caracteristicas originais de resisténcia mecanica 26 Manual Pratica de Eseavagao Assen uma rocha classificada sob o ponto de vista geolégico poderd apresentar diferentes resistencias a= desmonte, segundo o grau de alteragio que jé sofreu. Ainda que conserve bem nitida a estrutura da sacho-mater, a sua resisténcia mecdnica poderé ser bastante reduzida, devido & alteraco sofrida pelos sess elementos mineralégicos constituintes. Feranto, sob o ponto de vista da terraplenagem, a rocha classificada numa tinica categoria gealégica pade- = spresentar diferentes graus de compacidade ¢ sofreria © desmonte com maior ou menor diliculdade: & meme observagao pode ser feita com relagao as classificagdes da Mecanica dos Solos, pois um solo seu estado natural (V,) ¢ conseqiientemente, com a massa especifica solta (y,) correspondente a0 ‘=sterial solte, obviamente menor de que a massa especifica natural (y,) Assim temos: Y, < Y,y pois, V,> Var Choms-se fator de empolamento @, & relacao o=teel mes. 7, = ©, pela definicao de massa especifica e, ¥, = 5= ot mn Generalidades 33 Dp e Viz or ga pelo volume medido no corte €, portante, com a massa Como a terraplenagem, em geral, é inse o volume a seu estado natural, ou seja, no corte (VJ. especifica natural, convém, sempre, fel Vere Vs Chama-se porcentagem de empolamento (f) a relagao: 1 fm) =| 21/4 ove[ foe Os solos naturais apresentam expanstes volumétricas diferentes, gerando diversos valores de @, ¢ . De mode geral, quanto maior as porcentagens de finos (argila e silte), maior sera essa expansdo. Ao contrario, os solos arenosos, com pequenas porcentagens de finos, sofrem pequeno empolamente (Ver Tabelal. Tabela 1.1 Solos argilosos [ort Terra comam seca (solos argilo-siliosos com areial 2 [0,80 Terra comum amiga 25 [0.80 Solo arenose seco 12. 0,89 Exempto: 1) Um caminhao basculante, que transporta material solto, tem capacidade de 5 m?. A que volume correspondera no corte, esse volume solte, sabendo-se que @, = 0,80? Ve=o Vs 0,80 x 5 = 4 m? (no corte), 2) Acagamba de uma escavadeira tem 1 jarda cabica de capacidade rasa, medida no corte. Qual a sua capacidade em volume solto, sabendo-se que f = 32%? ole ) 20 34 Manual Pratico de Escavagao a 0,76 132 076m? m°(solto) 1.2.6 - Reducdo volumétrica dos solos ou compactagio ‘Os solos soltos, se trabalhados com equipamentos espectais (roles compactadores}, sofrem elevada Gminuicao de volume, au compactagao, causada pela aproximagao dos graos, devida & reducdo do wolume de vazios. Podemos definir a massa especifica compactada ogy, Pela relagio Yomp=Yoy = teremos, em geral, Mesa > Yr, pois Veomp a, Pera m constante, teremos: = yn = Vs = Temp Veame th. View My eee. Ve Ve Veonp = 1° 2M, Veomp = Px Va Va = OM, Em sazio da diversidade dos solos e das diferentes energias de compactacdo empregadas, € bastante Sci estimarse a 10laGIO Veomp ? Vey Tedavia, para a terra comum (solo argilo-siltaso, com areia) pode-se admitir uma redugdo volumétrica Ge 5% a 15%, em relacao ao volume no estado natural. Essa relacio 6 importante quando a terraplenagem for paga em volume medido no aterro como, por exemplo, no caso dé barragens de terra. Exemplo: Determinar qual o volume de terra medido no corte a ser escavado para a execugio de 1 m? de uma barragem de terra, supondo-se uma reducio volumétrica de 10%. Generalidades 35 ‘Qual o volume solto que deverd ser transportado na execucao, supondo-se p, = 0.80% ®» Logo, para a execugao de 1m) no aterra sera necessdrio transportar 1,39 m? de mater fos caminhdes, € que corresponde a 1,11 m no corte. | salto, medido 1.2.6.1 = Fundamentos teéricos da compactagaio Os solos, para que possam ser utilizados nos aterros das obras de terraplenagem, devem preencher certos requisites, ou seja, certas propriedades que melhoram © seu comportamento técnico, transfor mando-os em verdadeiro material de construgao. Esse objetivo € atingido de maneira rapida e econd- mica através das operagées de compactagao. Essas propriedades visam principalmente: ® aumento da resisténcia de ruptura dos solos, sob a acao de cargas externas; m reducdo de possiveis variagbes volumétricas, quer pela ado de cargas, quer pela acao da dgua que, eventualmente, percole pela sua massa; mt impermeabilizagao dos solos, pela redugae do cocficiente de permeabilidade, resultante do menor volume de vazios. Pela equacio de Coulomb t = ¢ + 6, 1g @, sabemos que a resisténcia A ruptura por cisalhamento de um solo depende da coesao & do atrito interno, sendo que estes, por sua vez, dependem da teor de umidade e do volume de vazios. Através da Mecanica dos Solos sabemos que a parcela referente 3 coesio é resultante, no caso das argilas, de forgas internas de natureza elétrica, geradas entre as particulas, de modo que a sua aproxi €40, conseqléncia da compactagao, ou seja, de um menor volume de vazios, tende a aumenté-la, Por outro lado, diminui com o aumento do tear de umidade que, por sua vez, pela maior presenca de Agua nos intersticios, tende a diminuir as forgas de natureza elétrica. Jd o aumento do atrito intemo dependerd do atrito gerado entre as particulas e do scu entrosamento, de forma que é facil entender que a aproximagio dos griios ¢ @ seu melhor arranjo sio resultantes de um baixo volume de vazios e de um teor de umidade adequado, que nao cause o distanciamento entre elas. 36 Manual Pritico de Escavagio As variagées de volume possiveis, isto é, expansdes ou contragées, dependem diretamente do teor de umidade inicial. Se executarmos 0 aterro com material muito Gimido, haverd mais tarde a possibilicade de grande perda de gua por evaporagio, favorecendo a contragdo que se manifesta através de trincas, fissuras etc. JS 20 contrario, com solo muito seco, haverd grande probabi te inchamento. idade de absorgao de Agua e 0 conseqtien- A impermeabilizago do solo do aterro, dependendo do seu Coeficiente de permeabilidade, diminui indiretamente com o volume de vazios, isto 6, quanto maior a reducao deste, menor a permeabilidade. A vista do exposto, denomina-se compactagao de um solo aos processes manuais ou mecSnicos que visem principalmente 3 redugio do volume de vazios. Resulta daf o aumento da resisténcia 4 ruptura pela elevacao do atrito intemo entre as particulas e a nuigiio das variagées de volume, através do melhor entrosamento entre elas. Em resumo, através da compactacao de um solo, obtém-se: a) maior aproximagao ¢ entrosamento das particulas, ocasionande aumento da coesio e do atrito interno ¢, em conseqliéncia, da resisténcia ao cisalhamento; b) através do aumento desta Gitima, iré se obter a maior capacidade de suporte; } com a redugdo do volume de vazios, a capacidade de absorgdo de gua e a possibilidade de haver percalacao diminuem substancialmente, tornando o solo mais estavel. (Com estas considerages fica patente que dois fatores sao fundamentais na compactagao: & oteor de umidade do sol = @ energia empregada na aproximaco dos gros e que se denomina energia de compaciagio. ‘Qengenheiro americano Practor, em 1933, foi o primeiro a estabelecer a correlagao entre os parametros que influem decisivamente na redugao de volume de vazins, ou seja, no aumento da massa especitica, Proctor verificou que na mistura de terra com maiores quantidades de dgua, quando compactada, a ssssa especifica aparente aumentava, porque a 4gua, de certa forma, funcionava como lubrificante, aproximando as particulas, permitindo. melhor entrosamento e, por fim, ocasionando a redugao do. wolume de vazins. Nom certo ponto, atingia-se a massa especifica maxima a partir da qual, ainda que se adicionasse mais Squ2, 0 volume de vazios aumentava, A.cxplicagdo desse fato reside em que as quantidades adicionais de dgua, ap6s o ponto citado, em vez Se ‘acilitarem a aproximagao das gros, fazem com que estes se afastem, aumentando novamente 0 wolume de vazios ¢ causando 0 decréscimo das massas especificas correspondentes. Generalidades 37 Curva de compactagio Assim, a um determinado teor de umidade, denominado “umidade étima”, corresponderd uma massa. especifica maxima. =f th A curva, obtida come descrito, ¢ a chamada curva de compactagao ou curva de Proctor Ycy (Figura 1.2), ‘Cada solo possui sua propria curva de compactacao, que € caracteristica do material. Para o seu tragado ‘€ conveniente determinar pelo menos cinco pontas, de maneira que dois deles se encontrem no ramo seco (parte esquerda da curva), um préximo da densidade maxima c os restantes no ramo timido. Adota-se, na pritica, a massa especifica aparente seca em relagdo ao teor de umidade expresso em porcentagem, obtendo-se: te Oo Yauco = Te TOQ Yoaco = Massa especifica aparente seca Yh, = Massa especifica da amostra timida h = teor de umidade Curva de saturacao Representa a massa especifica do solo quando saturado, ou seja, quando todes os vazios foram preen- chidos pela agua e todo 0 ar, expulso. Esta curva se mantém a uma distncia constante da curva de Proctor ne seu ramo imide. Yoco = ITs. (massa especifica aparente seca) 3 ~ “Y= (massa especifica absoluta dos gros) hs h = teor de umidade Myscx = Massa seca da amosira do solo ¥, = volume total da amastra do solo V4. = volume das particulas sélidas 2 curva de saturagao sera expressa por: het 8 38 Manual Pratico de Escavacao ta C.8.R apos saturacae Inchamento Inchemante Massa especifica (egerm) Curva de compactagéo hy hy Ba Da bh, Year de umidade h (25) Figera 1.2 - Curvas de compactacio Resisténcia do solo e curva de estabilidade © curva de estabilidade de um solo consiste na resisténcia por ele oferccida & penetragde de barra metilica, de peso e drea da secgie transversal padronizados, quando submetido a certa carga vertical, © cujo aspecto ¢ indicado na Figura 1.2, a0 variarse 0 tear de umidade. A = capacidade de suporte do solo, sab aco de certa pressdo vertical. st8ncia representara, pois, Aperentemente, considerando-se a curva de compactagao e a de estabilidade, seria convenien compactar o solo com a teor de umidade hy < ho, pois t ia r, bastante elevada, o qve € conveniente sob 0 aspecto da capacidade de suporte do solo (Figura 1.2}. Todavia, fica também claro que haveré um grande volume de vazios, pois a massa especifica apenas 28ingird o valor 7,. Generalidades 39 Na época de chuva, a gua, quase o saturando, iria penetrar nos vazios do sale, aumentando o teor de umidade para h,, mas a resistencia & penetragio decresceria a um valor F, muito baixo, ¢ 0 solo perde- tia a sua capacidade de suporte. Se, porém, compactarmos © solo com a umidade hy, proxima da étima, nao atingiremos um valor de resistencia muito alto e, ainda que haja condigées para a saturacao do solo, aleancando-se 0 teor da umidade h,, no haverd queda sensivel da resisténcia e a solo ainda tera razodvel capacidade de suporte. Conclui-se, portanta, que o solo compactado a umidade étima e com a massa especifica aparente seca maxima (volume de vazios minime) apresenta estabilidade aprecidvel, ainda que sob con saluragdo, 0 que nio acontece nos outros casos. Par isso, é necessairio compactar os aterros na umidade Stima, a fim de manté-los estéveis na estacaia chuvosa. Como principio fundamental os solos devem ser compactados de maneira a se conseguir a massa espe- cifica aparente maxima obtida com a umidade 6tima, que nao thes confere maior resisténcia, mas sim maior estabilidade, sob qualquer condigdo climét ido-se © Comportamento dos valores de CBR (California Bearing Ratio) de um solo, ao wariar- mos 0 teor de umidade, verifica-se que esse compartamento vai depender se houve ou ndo saturagao prévia do corpo de prova. A curva do CBR moldado (sem saturagao) acompanha de certa forma a curva de estabilidade, pois 0 CBR 6 um processo particular de medida da resistencia do solo. Todavia, a curva corespondente do CBR apés a saturago (imersio em agua durante quatro dias), apresenta uma caracteristica muito semelhante & curva das umidades, isto 6, passa por um maxima bem pronunciado enquanto varia o tear da umidade, decrescendo em seguida. A explicacao desse fato reside na ocorréncia de forte inchamento (expansio volumétrica) para os teares de umidade baixos ¢ a diminuic3o pronunciada da expansia ao atingir a umidade étima e que se mantém relativamente constante para teores elevados de umidade. ‘Outra constatagao importante a ser feita é que na umidade étima o valor do CBR (saturado) atinge o seu maximo, 0 que garante a estabilidade do solo, ainda que sob condi¢ao de saturacao. Além disso, verifica-se que se um solo € muito expansivo, com grande potencial de inchamento, & preferivel compacté-lo ligeiramente acima do teor élimo de umidade, porque nessa faixa a expansio é menor € aproximadamente constante. Energia de compactagio Analisemos, agora, a influéncia da energia de compactagao nas curvas de Proctor. De modo geral, aumentando-se © esforgo empregado na compactagao obteremos uma familia de cur- vas semelhantes, porém, haverd © progressive aumento da massa especifica aparente seca e a diminui- Ga do teor dtimo de umidade, o que significa 0 deslocamento das curvas para a esquerda do grafico (Figura 1.3). ‘A curva de Proctor Normal (PN) corresponde a um ensaio em que uma amostra é compactada dentro de um cilindro, em trés camadas consecutivas, pela queda de um soquete de 2,5 kg, da altura de 0,30 m, com 25 golpes por camada 40° Manual Pratico de Escavaeao. t ‘Curva de Proctor Modificado (PM I col | ‘Curey de Proctor Normal {PND i | hee Ba PM ha PE hy PN Figura 1.3 — Influéncia da energia de compactagao- A curva de Proctor Modificado (PM) corresponde a um ensaio andlogo a0 anterior, aumentando-se, entretanto, o esforco de compactagao pelos acréscimos do peso do soquete (4,5 kg), da altura da queda 0.45 m) e com 25 golpes em cada uma das cinco camadas consecutivas. Podemos também estabelecer um esforgo de compactagao intermediario que corresponde a queda do soquete de 5 kg, da altura de 0,30 m, com 35 golpes por camada. izada no Proctor Modificado cormesponde a cerca de 4,5 vezes a do A energia de compactacao ut Proctor Normal. Entretanto, a massa especifica aparente cresce em proporgao muito exigua, quando se utiliza @ Ensaio Modificado. Para as argilas, @ valor da massa especifica aparente seca, através ensaio do Proctor Normal, oscila em tomo de 90% do valor obtido, para a mesma amostra, com o Ensaio Modificado. Para as misturas silto-argilosas e silto-arenosas essa relacSo permanece em tomo de 92 a 95%, respectivamente. Quanto aos materiais granulares, hd uma aproximagao entre os dois valores, chegando o Proctor Nor- mal a atingir até 97% do valor ebtido para 0 Ensaio Madificado, Agila [87 291% Argilas e/ site 92 a 94% Silte-arenoso [95% Granular 196 a 979% ‘Obs: Resultaddas tides em 43 tipos de soles Generalidades 41 % tegin®) Solos arenosos [A1-A2 HRB) 2100] Solo sikto-argiloso WA-AS HRB 1800] <” 4600] Solo argilosa (AS-A7 HRB) o% 1a 25% hit Figura 1.4 Influéncia do tipo de sole na campactagio Tipo do sola Além dos parametros jd citados, hd a considerar a variagiio das curvas de Proctor, tendo em vista os ‘ersos tipos de solo Variando-se a granulometria, pademos constatar que os materiais predominantemente arenosas (solos Ale A2 na classificagiio HRB) conduzem a curvas de Proctor de maior massa espectfica aparente e menor teor de umidade, Ao contririo, os solos precominantemente argilosos (A6 € A7), quando ensaiados, levam a valores mais baixos do que no. caso anterior, mas a umidade stima é bastante clevada. 3 solos silto-arenesos ¢ silta-argilosos permanecem numa zona intermedisria. Esse comportamento diverse, abservado entre os varios tipos de solos, j vem Indicar, de antemao, que 08 processos e equipamentos utilizados na sua compactag3o serao também bastante diversos. l@® 1.3 - Introducdo aos Equipamentos de Terraplenagem Para executar a movi dos empreiteiros, iacdo de terras existem os mais diversas tipos de equipamentos a disposicae Assim, sera necessdrio, inicialmente, tomar conhecimento das maquinas existentes, e das suas caracte- isticas principais, para classificd-las e, em seguida, estudar a sua aplicagdo pratica nes servicos de terraplenagem. 1.3.1 — Classificagao e terminologia de maquinas rodovidrias — P-TB-51 A Norma Brasileira da ABNT — P-TB-51 refere-se & classificagao e terminologia das méquinas rodovis- rias, em vigor desde 1968, ¢ substituinde a antiga P-NB-103/62. Compreende as Parles | I relativas aos Equipamentos e Maquinas para Terraplenagem (I) € Equipamentos e Maquinas para Compactagao {ID). 1.3.2 — Classificagio dos equipamentos Para efeito do estude dos equipamentos de terraplenagem, adotaremos a classificagae proposta por Rego Chaves em seu livro “Terraplenagem Mecanizada” (referencia bibliografica n° 16). 42 Manual Pratico de Escavacao 1) Unidades de tagao (tratores) 2) Unidades escavo-empurradoras 3) Unidades escavotransportadoras 4) Unidades escavocarregadoras 5) Unidades aplainadoras 6) Unidades de transporte 7) Unidades compactadoras 8) Unidades escavo-elevadoras 1.3.3 — Generalidades sobre as unidades de trago (tratores) A unidade de tragdo (trator é a maquina basica da terraplenagem, pois todos os equipamentos A nossa disposigao, para executé-la, sao tratores devidamente modificados ou adaptados a realizar as operacées basicas da terraplenagem. Chama.se trator a uma unidade aut6noma que executa a tragio ou empurra outras maquinas e pode receber diversos implementos destinados a diferentes tarefas, Essa unidade bisica pade ser montada sobre esteiras e pneumiticos recebendo as denominagées gené- ricas de trator de esteiras ou trator de rodas (ou de pneus), respectivamente. Essas maquinas possuem certas caracteristicas comuns que devem ser definidas: a) esforgo trator: & a forga que o trator possui na barra de trago (no caso de esteiras) ou nas rodas motrizes no caso de tratores de rodas) para executar as fungdes de rebocar ou de empurrar outros equipamentos ou implementos; b)_velocidade: € a velocidade de deslocamento da maquina que depende, sobretudo, do dispo- sitivo de montagem, sobre esteiras ou sobre rodas; <)_aderéncia: é a maior ou menor capacidade de trator de deslocar-se sobre os diversos terrenos ‘ou superficies revestidas, sem haver o patinamento da esteira (ou des pneus) sobre 0 solo (ou revestimento) que © suparta; d) flutuagao: ¢ a caracteristica que permite ao trator deslocar-se sobre terrenos de baixa capacidade de suparte, sem o afundamento excessivo da esteira, ou dos pneus, na superficie que o susté e a qualidade que deve possuir © trator, proveniente de uma boa distribu nasa e de um centro de gravidade a pequena altura do chao, dando-lhe boas condigbes de equilibrio, sob as mais variadas condicées de trabalho. A esteira do trator é constituida par placas de aco rigidas, de varios tipos e tamanhos, ligadas umas as outras, de maneira que haja articulagao entre elas, permitindo sua adaptagao ou acamodagao as irregu- laridades do terreno. Generalidades 43 Essas placas possuem na superficie em Contato com 6 terreno uma saliéncia chamada garra, que nele penetra, aumentando a aderéncia entre a esteira € a superficie de suporte. De acorde com o tamanho dessas garras haverd maior ou menor aderéncia entre as superficies, mas com maior dificuldade de manobra da maquina. A largura da esteira é bastante varidvel, dependendo do tipo, porte e utilizagao da maquina, © uso de esteiras largas permite a diminuigao da pressio exercida sobre o terreno e o deslocamento da maquina sobre solos de baixa capacidade de suporte, melhorando as caracteristicas de flutuagao. De modo geral, as esteiras exercem presses sobre © terreno portante da ordem de 0,5 a 0,8 kp/em? aproximadamente, igual a pressio exercida por um homem em pé, sobre o chao. ‘Os equipamentos de rodas, ao contrério, transmitem ao terreno presses de contato da ordem de 3 a 6 kgicm?, ada esteira implica aumento da pressio de contato, de maneira que nos terrenos fracos haveré a tendéncia ao afundamento. Nos terrenos de maior suporte, a maior pressio exerce certo adensamento sobre o solo, resultando maior resisténcia ao cisalhamento, como jd vimos, especialmente nos solos argilosos. Entretanto, nos solos nio-coesivos (areias, silte-arenosos etc.) isso-n’io cone e, a0 contrdtie, procura-se aumentar a 4rea de contato evitande © patinamento pela falta de aderéncia. 1.3.3.1 — Comparacao entre tratores de esteiras e de pneus Relativamente as caracteristicas | citadas, podemos afirmar que os tratores de esteiras apresentam ele- vado esforgo trator, conjugado com boa aderéncia sobre a terreno, © que Ihes permite rebocar ou empurrar grandes cargas sem haver o perigo de patinamento, mesmo com rampas de forte declividadk Além disso, gracas as baixas pressées de contato entre esteira ¢ terreno, eles podem deslocar-se sobre solos de baixa capacidade de suporte, devide 4 boa caracteristica de flutuaglo que possuem, permitin- do @ trabalho em locais que nenhum outro vefculo poderia faze-lo. Entretanto, a maior desvantagem do trator de esteiras é quanto & sua baixa velocidade, atingindo no maximo 10 km/h, @ que impede, por razdes econdmicas, a sua utilizacao em longas distancias. Jd 0 trator de rodas tem como principal caracterfstica a velocidade de deslocamento que pode atingir, em certos casos, de 60 a 70 km/h, o que favorece © seu use em distncias longas constitui a sua maior vantagem pela redugia do tempo de ciclo e, em conseqiiéncia, pelo aumento de produgao. Em outros aspectos, todavia, 0 trator de redas apresenta desvantagem em relacao ao de esteiras. A aderéncia entre os pneus ¢ 0s diferentes tipos de solos e revestimentos sdio sempre mais baixas do que no caso de esteiras, de maneira que surge a tendéncia ao patinamento, especialmente nos solos argilo- sos Umidos e nos arenosos, quando muito secos. Em conseqiiéncia, 0 esforgo trator disponivel no trem propulsor fica limitado pela aderéncia, restringin- do as aplicagées do trator de rodas. Além disso, como a pressio de contato entre o pneu & a superficie é elevada, resulta a tendéncia ao afundamento nos terrenos fracos, ocasionando até 0 encalhe da maquina, iudo provindo da flutuagio deficiente do trator de redas, o que implica também limitacao de suas aplicagées nas condigées citadas. 44 Manval Pratico de Escavaco Quanto ao balanceamento, os projetistas das maquinas, quer de esteiras, quer de pneus, procuram uma distribuigéo racional de massa, reduzindo, tanto quanto possivel, a altura do seu centro de gravidade, para diminuir 0 momento de tombamento, sob as mais adversas condicdes de carga e de rampa. Caracteristicas das unidades de tragao E Tratar de csteiras Trator de rodas -esforge trator elevado | elevado, limitada pela aderéncia aderéncia boa [_safrivel Tatuneao boa [regular ama _balanceamento E bom, [bom velocidade | baixa (< 10 km/h} alta (< 70 kin) 1.3.3.2 — Campo de aplicagao Os tratores de esteiras e de rodas tém os seus campos de aplicago bem distintos em razdo de suas caracteristicas diferentes. Os trabalhos que requerem esforcos tratores elevados, com rampas de grande declividade, resultante da topografia acidentada, ou quando executados em terrenos de baixa capacidade de suporte, no impor tando 0 fator velocidade, constituem o campo de aplicagao ideal para os tratores de esteiras, Quando a topografia é favordvel, isto é, as declividades das rampas nao so fortes ¢ as condicbes de suporte © aderéncia do solo sd0 boas, as maquinas de pneus sao insuperiveis, porquanto podemas utilizar a sua maior vantagem que € a velocidade elevada, significando, em dltima andlise, maior pradugao. Contudo, ultimamente, os fabricantes € projétistas de equipamentos tém introduzido certas modifica~ ges na parte mecanica, que resultam na melhoria do desempenho dos tratores de pneus quanto a aderéncia e flutuagao. Assim, podemes citar a utilizagaio de tracdo nas quatro rodas, aumento da potén- cia dos motores, diferenciais ravantes, pneuméticos revestidos com esteiras ou correntes metélicas, fatores esses que tm contribuide para sanar as deficiéncias das maquinas de pneus, no tocante & ade~ réncia ¢ flutuagae, permilinde, inclusive, a execugde de trabalhos anteriormente considerados como apropriados aos tratores de esteiras. 1.3.3.3 = Partes constituintes de um trator de esteiras Cabina do operador de trator com transmissio “Power-Shift” 1) Alavanca de servotransmissao: permite a mudanga de marchas sem a interrupgdio de torque, avante ou a ré; 2) Alavaneas de diregio: sendo acionada: lualmente interrompem o fluxo de torque respectiva- mente as esteiras esquerda e direita, permitindo o giro da méquina. 3) Acelerador manual: aumenta a admissio de combustivel e 0 ntimero de rotagdes do motor e, por tanto, a velocidade da maquina, Fica travado na posicao escolhida, mantendo a mesma aceleracao do motor. Generalidades 45 4) Desacelerador: diminui a velocidade de motor sem alterar a posigio do acelerador. 5} Centrole das posigées da Lamina. 6) Controle das posigGes ¢ da forga do escarificador, 7) Alavanca de seguranca: trava a transmissdo quando a maquina fica esta Figura 1.5 - Detalhe da cabina do trator Figura 1.6 Esquema de trator de esteiras 45 Manual Prético de Escavacio 1) Motor diesel: fornece a poténcia necessaria para a maquina vencer as resisténcias opostas 20 movie mento ¢, ainda, para rebocar ou empurrar as cargas. 2) Embreagem principal: é 0 dispositive de discos miltiplos que pade unir ou separar momentanea- mente 0 eixo do virabrequim ao da transmissao (3), permitindo que as engrenagens da caixa de cambio sejam acopladas, de acordo com as varias marchas dispaniveis e, também, a interruprao do fornecimento de torque a parte restante da transmissao. 3) Eixo de transmissio: liga a embreagem principal & caixa de cambio. 4) Caixa de cambio de velocidades: compde-se de dois cixos com vérias engrenagens que podem ser acopladas aos pares, permitindo diferentes combinagoes de forca e velocidade, conforme o coman do manual de uma alavanca, pelo operador. 5) Coroa e pinhaa: engrenagens que permitem a transmissao do torque através de dois eixos que formam um dngulo de 90°. 6) Embreagens de direcao: sio duas embreagens de discos miltiples que possibilitam a interrupcao momentanea da lransmissao do torque, simultanea ou separadamente, as engrenagens de comando final ¢, conseqlientemente, as rodas motrizes ¢ as esteiras, 7) Comando final: pares de engrenagens de reducae de velocidade de rotagao dos eixos, com 0 conse- qilente aumento do esforco trator transmitide as rodas motrizes. Além disso, permitem o rebaixa- mento da altura do eixo motriz (9) conectado as rodas motoras, em relagae ao solo, & meia altura da 8) Ver parte referente a esteira. 9) Ver parte referente a esteira. 10) Freigs: so disposi permi ‘as de frenagem aplicadas externamente ao tambor das embreagens de direcao, ndo a imobilizagao simultanea ou independente das esteiras. 11) Ver parte referente & esteira. 12) Ver parte referente a esteira, 13) Esteira ou parte rodante Generalidades 47 Figura 1.9 — Detathe da esteira 48 Manual Pritica de Escavacbo A parte rodante é constituida pela esteira propriamente dita, pelas rodas de guia e motriz, roletes eriores e superiores, “chassis” da esteira, mola tensora, elos, pinos, buchas ¢ sapatas. “Chassis” da esteira: elemento estrutural que recebe 0 peso proprio da superestrutura do trator € 6 transmite aos roletes inferiores. Roda motri: mente ditas. roda dentada que transmite © torque, proveniente da transmissio, as esteiras propria- Roda de guia; roda lisa cuja func3o 6 alinhar e dar a tensio adequada 2s esteiras, pois 0 se pode se deslocar em relagio ao “chassis” da esteira. io-se sobre a Roletes inferiores: blocos de seccao circular que giram em torno do parte superior dos elos ou “links”. u eiXO, apoian Rolete superior: tem, apenas, a fungao de suportar o peso proprio da parte superior da esteir g Elos ou “links”: pecas individuais, justapostas duas a duas, ligadas por pinos articulados, de maneira que dois elos conseculives $36 articulados, movimentando-se livremente um em relagdo a6 outro. Sapatas; placas individuais, parafusadas a dois elos, cuja fungo ¢ ¢ solo. Cada sapata poss sobre a terreno, istribuir 0 peso do trator sabre o uma saliéncia, chamada garra (103, que aumenta a aderéncia das esteiras 8) Mola-tensora: mola helicoidal que trabalha sob tensio e tem como funcio absorver os choques (iragSio ou Compressio) soiridos pela esteira, pelo afastamento ou aproximagao da reda de guia em relacao 3 roda motriz, 9) Parafuso de repulagem da mola tensora: dispositive que permite variar a tensao aplicada a esteira, aumentando-a ou diminuindo-a, conforme 6 sentido de sua rotag3o. Nas maquinas de fabricacaa. recente, a regulagem da tensao na esteira é obtida com auxilio de pistdo acionado hidraulicamente. 10) Garra. 11)Pino: elemento de secao circular e forma cilfndrica que é introduzido entre dois elas cansecutivos articulados, permitinds 0 seu mavimento relative. 12) Bucha de aco temperado: de elevada dureza que envolve 0 pino, de modo que o desgaste se produz sabre sua superficie, ao entrar em contato com os dentes da roda motriz. Novas tendéncias no projeto dos tratores de esteiras Os tratores de esteiras mais recentes apresentam, em relagdo avs mais an modificagées de projeto e fabricagio. 105 ¢ convencionais, algumas 1 - Roda motriz elevada Os modelos mais recentes, desde os tratores de pequeno porte até os mais pesados, tém apresentado a roda motriz elevada em relacao ao plano médio da esteira. Esta fica apoiada na parte superior pela roda motriz, que substitui o rolete superior. Assim, a funcao da roda motriz serd apenas impulsionar a estei As vanlagens apresentadas por essa modificacao sao vérias, entre elas: Generalidades 49 a) com as rodas motrizes separadas do “chassis” da esteira ¢ dos roletes, os comands finais ¢ as embreagens laterais de diregae ficam aliviados de todas as cargas verticais de impacto, bem como todas as cargas & choques provenientes da lamina e da barra de traci 6) as cargas fletoras existentes no “chassis” da esteira que produziam desalinhamento do eixo motriz e das engrenagens do comand final foram eliminadas; ©) 08 retentores do comando final siio mais protegidos por ficarem mais distantes dos elementos abrasives constituidos pela terra, areia ete.: d) sob 0 aspecto da manutengao meeanica do trator, a grande vantagem esté na possibilidade de alcangar-se 0 comando final sem necessidade de abrir a esteira. 2 ~ Suspensio flutuante ¢ independente dos roletes Os roletes, em grupos de quatro, slo fixades ao “chassis” da esteira independentemente e padem os em torno de pinos fixos. Cada grupo principal tem, por sua vez, dois roletes da esteira, os quais também oscilam em toro de pinos fixos, As rodas-guia dianteira e traseira sio ligadas aos grupos principais © se clevam junto com eles quando encontram obstéculos. Esse sistema permite que as sapatas se amoldem as irregularidades do terreno pela sua aco de fluluacio, reduzindo os impactas nos raletes, pinos e “chassis” da esteira. Assit 05 roletes € as sapatas esto quase sempre em contato com © terreno, melharando a aderéncia © a tragdo da maquina ¢ tornando mais suave o seu movimento. 3 1 Roda motriz 2 —Rodas de guia 3 Roletes flatuantes Figura 1.10 3 - Servotransmissio © conjunte do conversor de torque e das engrenagens planetdrias, que constituem a servotransmissao, € colacado na parte posterior do trator, tornando facil 0 acesso e a sua remogao sem haver necessidade de desmontar parte da transmissio, como acontecia nos modelos antigos. 50 Manual Pratica de Escavacao rl 4 - Modificages das esteiras As esteiras das maquinas mais recentes apresentam modificagées relevantes a fim de aumentar sua durabilidade, em face do desgaste que safrem no uso normal. a) Roletes de lub agdo permanente © cixo dos roletes fica imerso em dleo lubrificante permanente, encerrado numa cémara vedada, © que sumenta sua vida dtil pela redugdo do desgaste normal por abrasio. 5) Pinos da esteira com lubrificacdo permanente Os pinos da esteira sdo envolvides pelas buchas, protegides por uma pelicula de dleo lubrificante, prove- siente de um reservatério situado no préprio pino, 0 que, também, reduz o desgaste entre essas pecas. ©) Roda mowiz segmentada 4 roda motriz no € inteiriga como nos modelos antigos, sencio os dentes colocados em segmentos ricos @ parafusados a ela. Podem ser removides e substitufdos com facilidade no campo, sem desmontar a esteira ea roda moatriz. &) Buchas rotativas Nos tratores antigos o centato permanente entre as buchas @ os dentes da roda motriz produzia, com o <0 continuado, desgaste localizado das duas pecas. Fra necessério, apés certo nimero de horas de eperacao, 0 giro das buchas para melhor distribuir o desgaste na superficie de contato. problema foi resolvido pela introducao das buchas rotativas. Com 0 mavimento de rotagio, 0 desgaste provacado distribui-se uniformemente ao longo de sua superiicie, Essa modificagao evita o das buchas e reduz o desgaste dos dentes da roda motriz. 5 — Sistema de direcao hidrostatica Este sistema de diregao hidrostatica envia a poténcia para ambas as esteiras, sem que haja interrup¢ao para a que se move internamente numa curva. sxesse cas0, a esteira interna tem velocidade mais baixa que a externa, gracas a um sistema de engrena- gens planetarias, movidas por um motor hidrostatico, que ahsorve o diferencial de velacidades, sem que se produza o arrastamento. Os raios das curvas resultantes so reduzidos, 0 que facilita a operacao em locais de pouco espaco. ‘Come as esteiras podem mover-se em sentidos contrarios simultaneamente (contra-rotagao), 0 trator pode girar sobre si mesmo. 1.3.3.4 - Partes constituintes de um trator de pneus As fungdes desempenhadas pelo motor, embreagem, caixa de cimbio, comand mente andlogas as jd descritas para © trator de esteiras. final etc. sAo absoluta- Entretanto, surge junto 4 coroa e porque permite a rotag3o dos sem inhao (5) um sistema de engrenagens chamado de “diferencial” (6), ‘ixos motrizes em velocidades diferentes. Esse mecanismo é imprescind/vel no trator de pneus, dada a velocidade elevada que esse eqripamento pode atingir. Assim, nas curvas de pequeno raio, as velocidades das rodas interna e externa serao diver- s2s ea diferenca de rotagdes absorvida justamente pelo mecanismo do diferencial. Generalidades 51 b 1 = Motor diese! 2 — Embieagem 3 — Junta univoesal = Caixa de cambio 5 = Coroa € pinhSor 6 — Diferonciat 7 = Comanda final 8 — Reda motriz 9) — Rodas dianteiras de 10 — Volante © sistema de direcie Figura 1.11 ~ Esquema de trator de pneus de dais cixos Outro sistema que diverge totalmente do adotado nos tratores de esteiras € a diregao da maquina. Esta dada pelas duas rodas dianteiras (9), devidamente acionadas pelo volante ¢ parafuso sem-fim acoplado a0 respective eixe (10). Esta descricao corresponde aos tratores de pneus de reduzido tamanho ¢ poténcia, e que si0 usados Para rebocar outro equipamento de pequene porte como, por exemplo, 05 roles de compactacio. Ha, porém, tratores de pneus, utilizados em maquinas mais pesadas, que so bastante diferentes dos jé descritos A seguir apresentamos o esquema de um trator de pneus de duas rodas motrizes (um eixo) e que serve de rebocador a um “scraper”, s6 podendo ser utilizado acoplado a ele. {= Monor diesel 2 = Engrenagens para mudanga die alaharmento do elxo mule 2 — Conversor de tongue (Ver 133.55 4 Fhko com jumta universal 5 ~ Cana de wansmissto Figura 1.12 —Esquema de trator de pneus de um eixo 52 Manual Pratico de Escavacao- Figura 1.13 = Rebocador de pneus de um cixo 1.3.3.5 — Transmissées mecanicas e hidraulicas — Conversores de torque A transmissio de torque, produzido no eixo do virabrequim de um motor, as rodas motrizes de um equipamento pode ser feita por dois sistemas diferentes: transmissdia mecanica e transmissie hidréulica. De modo geral, uma transmissio mecdnica se caracteriza pela existéncia de elementos rigidos méveis ‘eixos e engrenagens} que se acoplam de maneira a transmitir 6 conjugado do motor aos elementos que provocam @ movimento da maquina (esteiras ou pneumiticos) Para variar a velocidade do equipamento & necessirio, em certo momento, mudar duas engrenagens que esti em contato por outras duas que possuam uma razao de “desmultiplicagao” diferente, ou seja, 2 relacdo entre 0 numero de dentes deve ser alterada. A fim de permitir 0 acoplamento das duas novas engrenagens escalhidas & necessdério. que nao haja movimento relativo entre ambas nesse instante, isto €, a transmissao do conjugade devera ser interrom- pida teremos a mudanga de velocidade sem carga. Suse transmissdes hidraulieas, gragas ao mecanismo denominado “conversor de torque”, que no possui sculo mecanico entre o eixe motiz e 0 eixo movide, mas apenas um acoplamento fluido, a mudanga d= marcha e de velocidade pedera ser feita sem que haja interrupgao no fluxe de torque desde o motor 2 roda motriz. Dav a denominagao transmissio “power-shift", que significa a mudanca de marcha ccutada com carga, ou melhor, com transmisso ininterrupta da poténcia, 2a bom entendimento do que consiste uma transmissio hidrdulica, também denominada “acoplamento =sdo", vejamos, resumidamente, a descricao sucinta de um “conversor de torque”. Generalidades 53 1 = Bomba 2~ Turbine 3 = Bstatores 4 = Eixo matriz 5 = Bixo de tranemissio 6 — Careaga 7 ~ Pallwetas da bomba © da awbina Figura 1.14 — Esquema de conversor de torque Os conversores de torque passucm alguns elementos essenciais e que participam de todos os modelos fabricados, a saber: 1) Bomba: componente do conversor que esta acoplado ao eixo do motor, recebendo 0 conjugade moiriz ou torque. 2) Turbina: parte do conversor que recebe © torque, através do acoplamento fluido, transmitinda-o aos elementos propulsores do equipamento. 9) Estatares: clementes dispostos no percurso do éleo entre a bomba e a turbina e cuja finalidade reorientar o fluxo de particulas de dlea que sai da turbina para que incida sobre as palhetas de bomba, obtendo-se, dessa forma, a multiplicacao de torque. “} Palhetas: ps ou |iminas colecadas nas superficies internas da bomba e da turbina, em forma de calice, cuja fungao é impelir o fluido viscoso (6lea) cantido na carcaga para atingir as palhetas de forma idéntica, existentes na superficie da turbina. O sistema € montado dentro de uma carcaga cheia com fluide viscoso, ou seja, leo de baixa viscosidade. © funcionamento do conversor de torque se inicia com a rotagtio da bomba ligada a0 conjugada motriz, deslocando 0 dleo no mesmo sentido da sua rotagdo. As palhetas da bomba impulsionam as Particulas (gotas) do fluido, do centro para a periferia da carcaca, ¢ fornecem a estas, pelo efeito da fora centrifuga, certa quantidade de movimento. A curvatura da carcaga vai direcionar 0 dleo para o lado em que se encontra a turbina e suas palhetas, que nada mais sio do que imagem especular da bomba. 54° Manual Pratico de Escavagio Alcancando a turbina e as palhetas, a particula transmite 8 turbina a quantidade de movimento de que pertadora, fazendo com que ela se mova no mesmo sentide. Haverd, assim, a transmissio de energia, sob forma de movimento de rotagio, de um elemento motor bomba) para um elemento acionade (turlaina) sem que haja nenhum vinculo mecanico entre elas, existinds, na verdade, um acaplamento {luido. Apds chocar-se com as palhetas da turbina, ela retora ae centro da carcaga, ainda com quantidade de energia relativamente alta, Nao havendo a ulilizacao dessa energia, ela se dissiparia sob forma de calor e a transmissao hidraulica teria baixo rendimento, Essa energia, porém, sob a forma de quantidade de movimento, pode ser seaproveitada, redirecionando-a as palhelas da bomba no mesmo sentido de sua rotagdo, através dos estatores colocados no trajeto percorrido pelas particulas no retorne da turbina & bomba. Esse inerementa de energia que as palhetas da bomba recebem sama-se & energia produzida no conju- gado motriz, resultando a multiplicagéo do torque. E essa recuperacao da energia que ocasiona 9 aumento da multiplicagao do torque produzido pelo conversor, somando-se ao torque fornecida pelo eixo motriz. © mecanisme que permite © aumento do torque, pela transferéncia e transformagéia da energia cinética das particulas (gotas) em forca para mover as palhetas da bomba, é denominada “conversor de torque”. Ao iniciarse 0 mevimento da maquina, a energia, devolvida pela turbina (parada ou com pequena rotacae) através das particulas de dleo, é grande ¢ reorientada pelos estatores 4 bomba, o que produz uma grande multiplicag3o de torque. Esse movimento é chamade “fluxo de multiplicagao”, situagao em que hé o maximo de torque e minima de velocidade. A medida que a turbina comega a girar (e a m4quina a deslocar-se}, esse fluxo de mult agao vai se reduzindo e, com © aumento da rotagao da turbina, um novo tipo de fluxo se origina, denominado “fluxo de acoplamento”. Quando a velocidade da turbina aproximar-se (ou até igualar-se) & da bemba, teremos um flux de acoplamento maximo @ um minimo fluxo de multiplicagao de torque (ou até anularse). torque na saida do conversor 20 40 60 80. 100 Sade rolagio da turbina Figura 1.15 Generalidades 55 D Entre essas situagdes extremas encontramos simultaneamente todas as combinacdes possiveis entre os fluxos de multiplicacdo de torque e os de acoplamento, variando o primeiro desde um alto valor inicial até 6 minimo, praticamente igual ao valor do torque fornecido pelo motor. O fluxo de acoplamento varia desde um valor minimo inicial até um maximo final, o que permite 0 uso de conversor de torque como elemento de acoplamento e multiplicagie de torque. Em resumo, as vantagens do conversor de torque nas aplicagdes em equipamentos so: i aumento do torque: & acoplamento fluido entre o motor ¢ a transmissao (sem vinculo mecanico); si climinagdo da embreagem; adequagao do canjugado motor ac conjugado resistente, permitindo a variagao continua entre seus valores maximo e minimo; ® eliminagao dos choques na transmissio. Estas transmissGes no sda automaticas, j4 que requerem a intervenco do operador para a mudanga de marcha, embora nao haja embreagem a ser acionada. Acessétias do “conversor de torque” a) Trava = “lock-up clutch” Em certas aplicagdes do conversor de torque hi necessidade de travar 0 conjunto, isto é, que a veloci dace da bomba e da turbina sejam iguais, transformando-se numa transmissao direta. Isto se consegue através de um disco de embreagem ligado a turbina do conversor e de um pistio ligado- 4 bomba. Quando a turbina atinge a velocidade da bomba, a pressio do dleo fax com que © pistio. fique ligado ao disco, Q conversor vai girar como um conjunto Gnico, com a velocidade do motor. Fsse dispositive 6 encontrado na transmissio de alguns tipos de “motoserapers”. b) Divisor de torque Dispositive auxiliar que permite a transmissio hidrdulica de parte da poténcia no conversor e outra Parte mecanicamente, entre o yolante do motor © 0 eixo de saida. 1380 permite dispor-se simultanea- mente de transmissio mecinica ou hidrdulica no mesmo conversor. © modelo de conversor de torque, apticado em “motoscraper” da linha Caterpillar, oferece trés opgaes de velacidade: 18) reduzida com aplicagae do conversor de torque (primeira e segunda marchas); 24) do motor ~ transmissio direta (terceira a oitava marchas); 39) acelerada ou sabremarcha (“overdrive”), com velocidades no eixo motriz de safda maior do que a velocidade de entrada do motor. 56 Manual Pratice de Escavacdo ©) Retardador (“Retarder”) Dispositive de frenagem hidrdulica usado em rampas deseendentes longas para poupar o sistema de freios normal das rodas da maquina. Consiste num Conjunto de palhetas (rotor) fixadas ao eixo da turbina, colocada em uma carcaca fechada que possui outro conjunto de palhetas em volta do eixe motriz. Retardador Nivot do 6loo Nivel de éleo | (2 CNS) | eee. 3—} 4 = Palhetas (fotos 5 — Pathetas da carcaga 6 — Entrada e saida do dleo Figura 1.16 — Detalhes do retardador Por comando do operador abre-se uma valvula que permite o enchimento da camara com éleo. O sotor, através de suas palhetas, impulsiona o leo que encontra resisténcia nas palhetas de carcaca, snitando a velocidade do equipamento nas descidas. Assim, a energia mecanica sera transformada em calor, durante a frenagem, havendo necessidade de o -o circular num dissipador de calor. © retardador ndo conseguird deter a maquina em movimento, apenas limitard a velocidade de descida Ge equipamento a uma velocidade compativel com a seguranga. Transmissdo com mudanca de marcha em carga ou com transmissdo plena de poténcia (“Pawer-Shift Transmission”) = importante a instalagdo de um conversor de torque em certos equipamentos de terraplenagem pelas sentagens que apresentam na operacdo. Por outro lado, esse conversor limitaria as aplicacées da ma- quina. no caso de necessidade de varias combinagées de forca e velocidade, como ocorre: nos equipa- sentos de transporte, “motoscrapers” ou caminhées, que encontram as mais variadas condicoes de sepa laclives ou declives) e resistencia de rolamento muito varidveis em funcao dos solos existentes. Assim, seré necessério acoplar-se ae conversor um sistema de engrenagens que permita diversas combi- nagSes de forca e velocidade, isto é, que haja varias marchas com diferentes razoes de desmultiplicagio & Esposicao do operador. Mts esse sistema de mudanga de marcha devera permitir que as trocas de velocidade (e de forca) seem feitas sem que haja a interrupcao do fluxo de torque as rodas motrizes, isto €, efetuadas sem seeromper o fluxe de poténcia transmitide, pois do contririo eliminaria as vantagens introduzidas com a utilizagdo do conversor de torque, Esse tipo de transmisso ¢ denominado “Power-Shitt” (P-S.}, 0 que significa que as mudangas de cambio So feitas com transmissio integral da poténcia e se utiliza do sistema de transmissio planetéria. Generalidades 57 Nao esta dentro do escopo deste trabalho a descrigao de uma transmissio PS, dada a complexidade sistema, mas ser possivel explicar sucintamente os principios mec&nicos que a regem. AS partes Constituintes da transmissao planetaria sdo: 1)_Engrenagem sol (1): esti acoplada rigidamente a0 eixo motriz e aciona as duas engrenagens planetiérias (2). 2) Engrenagens planetérias: giram livremente sobre os seus eixos.¢ esto em contato com a face interna da engrenagem anelar (3), movimentando-a. 3}. Engrenagem anelar: gira num senticlo ou noutro, acionada pelas planetérias. Este movimento pode ser detido através da aplicagao da embreagem (6). 4) : entrada do fluxo de poténcia, Engrenagem acionadora Engrenagem acionadora extema — movimentos interna, ~ movimentos er sentidos canirarieg ho mesmo sentido Figura 117 5 = Engrenagem sol Engrenagens planet = Engrenagem Figura 1.18 Transmissie planctéria 58 Manual Pratico de Escavacho > Suporte das planetérias: as engrenagens planetarias sio 30, dependendo do movimento das planetarias. ixadas a uma base ou suporte que giraré ou © Embreagem de acionamento: através de sistema hidraulico, as embreagens poderio ser acionadas retendo ou nao o movimento da engrenagem anelar. Fixe movido: saida do fluxo de poténcia. Samos 0 que ocorre com o sistema de planetirias, conforme a embreagem seja ou nao aplicada, para === © movimento da engrenagem anelar (Ver Figuras 1.19 ¢ 1.20). > Aembreagem nao € aplicada — Supondo que o eixo de entrada da poténcia gire no sentido indicado na figura, as engrenagens planetérias serdo acionadas ¢ vao girar em sentido aposte. Como estado renadas com a engrenagem anelar, esta sera impulsionada ne mesmo sentido do giro das plane- Sara, mas contririo ao eixo motriz, Observa-se que o suporte das planetadrias permanecera imével, im como o eixe de saida, Conclui-se, portanto, que se a embreagem nao for acionada a poténci 20 se transmite 30 eixo movido e apenas a engrenagem anelar gira liveemente. engrenagem anelarparada Fra 1:19 ‘ombreagom aplicada J orbspon nein > € (0 = exo de saida parado ¥ ”\\ embceagam nile aptcassart es 120 Generalidades 59 2) Aembreagem é aplicada— Neste caso, cessa o movimento da engrenagem anelar. O movimento do efxo de entrada transmite-se As engrenagens sol ¢ planctérias. As engrenagens planetdrias, girando sobre a Parte interna da anelar (@ o suporte das planetirias a elas ligado}, adquirem o movimento de rotagao no mesmo sentido do eixo motriz, havendo entio a transmissio da potincia do eixo motriz ao mo: lo. Pel exposto, verifica-se que embora 0 eixo motriz esteja em ambos os casos transmitindo a poténcia que as engrenagens sol ¢ planetarias estejam em rotacdo permanente, a aplicacio ou nao da embrea- gem de acionamento permitiré ou nao a transmissdo da poténcia aa ex movido. Como ja dito, esse fato ¢ que dé origem & denominacao de "Power-Shift” a esse tipo de transmissia ou, ainda, transmissio sem interrupgao da poténcia na mudanga de marcha. Fica, também, eliminada a embreagem principal existente nas tansmissdes mecdnicas convencionais Servotransmissao Num equipamento de terraplenagem em que serd necessdrio 0 movimento avante e a ré, bem como diversas combinacSes de forca e velocidade (marchas), varios conjuntos de engrenagens planetarias so usados juntamente com © conversor de torque, formando o que se denomina de servotransmissao. a a a | Marchas Embreagens | acionadas 1 marcha avante (v> * marcha avante (Vb marcha 2 16 (R 2 marcha & 6 (R) ‘neutra ipante-morto) Figura 1.21 Na configuracao esquemtica de uma servotransmissdo mostrada na figura, temos quatro conjuntos de planetarias ligadas de modo a produzir duas marchas avante e duas.3 ré, bastande para tal o acionamento de duas embreagens simultaneamente, das quatro existentes. Transmissio automatica As transmissées que mudam a relaco de desmuhtiplicagao {pela traca de engrenagens acopladas) sem agao do operador e transmitindo plena poténcia sio denominadas ‘automaticas”” Amudanga automatica efewia-se por pressao hidrdulica ou através de sinais elétrices que so proporcionais a velocidade da maquina ¢ modulada pela posi¢ao do acelerador manual Assim, estando-se em certa velocidade ¢ acelerando-se a maquina, a transmissdo seleciona automatica- mente uma marcha de maior velocidade (e menos forca), como, par exemplo, se passa da terceita para a quarta marcha, sem interferéncia clo operador. 60 Manual Pratico de Escavagso 1 = Motor diesel 2 — Conversar dhe ton 3 — Caixa de 4 Coroa © pinhso 5 = Comando final 6 = Alavanca de mudanca des marchas 7 Junta universal 6 7 ‘Figura 1.22 - Disposi¢ae da servotransmisso em trator A redugao de marchas, no sentido contrario, também se faz de forma autor menos velocidade. tica com mais forca & Acionamento hidrastatico Mi 108 equipamentos de terraplenagem que operam em baixa velocidade de deslocamento sao provi- de acionamento hidrostético, eliminando as transmissGes usuais, especialmente em escavadeiras eicraulicas. A poténcia do motor é transmitida por um divisor de transmissdo que fornece torque para as Seiras ¢ para o sistema hidrdulico, através de circuitos independentes para acionamento de outros Secanismos e para 0 préprio deslocamento da maquina. © acionamento das esteiras é independente para cada uma delas e é feito através de dois cixos de ‘ensmissio e duas bombas ligadas a dois motores hidrdulicos, Variando-se a velocidade de ratacao, s=mos velocidades varidveis continuas na parte rodante, com o maximo de 10 km/h em marcha a vante eu 2 Fé Os pares do conjunto motar-bomba funcionam como transmissao. & velocidade de deslocamento sofre variagao infinita, sendo aplicada por seletor de velocidade manual. A pesicSe central da alavanca corresponde ao neutro. (ponto-morto}. Movende a alavanca para a posicio = ante, a maquina se desloca para a frente, aumentando-se a velocidade de deslocamento & medi 2 que ela se distancia do panto neutro. O movimento & ré ¢ obtide pela aplicagie do seletor no sentido inverso. Come nos outros tipos de transmissiio automatica, com aumento au diminuig&o da resisténcia ao movi- mento e da carga, a velocidade cresce ou decresce, mantendo a poténcia préxima do maximo, dando quipamento a maior velocidade compativel com a carga: 20 Pers a frenagem basta colocar o seletor no neutro, mantendo a maquina parada mesmo em rampas Sescendentes. Ha freios de estacionamento acionados automaticamente quando o motor é d igacio cu ligado. As mudangas de ditecdo e as curvas sdo feitas com a aplicagao de velocidades diferentes as =seiras pela acao maior ou menor dos pedais (ou alavancas} de direcao, podendo-se ainda inverter sectido do seu movimento para obteremt-se curvas de pequeno raio ou até o giro sobre si propr Generalidades 61 vante 4 neutro, od a 1 = Motor 2— Embreagem 3 — Divisor de transmnissio Bomba hidra Exo de transmiseio. 6 — Transmissior eseyierds 7 —Transmigsio direita 8 — Comande final 9 Roda motiz| rgnenagens planetsriasy Figura 1.23 — Transmisso Hidrostética 1.3.4 — Descrigéo dos equipamentos 1.3.4.1 — Unidades escavo-empurradoras O trator de esteiras ou de pneus, que é a maquina basica da terraplenagem, pode receber a adaptagao de um implemento que o transforma numa unidade capaz de escavar e empurrar a terra, chamando-se, por isso, unidade escavo-empurradora. Esse implemento é denominado lamina e o equipamento passa a chamar-se trator de Limina.ou “bulldozer. Figura 1.24 - Lamina e seus componentes ‘A lamina tem sua segao transversal curva para facilitar a operag3o de desmonte & na parte inferior recche a ferramenta de corte, constituida de peca coriante, denominada faca da ldmina, nela paraiusada. Nas extre- midades, temos duas peas menores que so os cantos da |Amina. As facas e-os cantos sdo facil mente remo- viveis para substituigio, quando desgastados pela abrasio resultante da operagio de corte, ou quando so- frem fraturas pelo choque com obstéculos diversos: blocos de recha, matacées, rests de concreto ete. 62 Manual Pratic de Escavagda —_ As liminas so suportadas por bragos laterais, fixados no “chassis” da esteira, um de cada lado. © acionamente da Kimina, ou seja, a sua movimentacdo no sentido vertical, era feito, nos modelos antigos, por um sistema de guincho, polias e cabos de ago. Nos modelos modems esse acionamento foi modificade para 0 tipo hidréulico, que apresenta diversas vantagens em relagao ao anterior. 1 = Cabiae do operadoe 2 Conake de diva 3 — Motor hidrsulico da direcno hidrastitica dlferenciat 4 — Tansmissier planetiria 5 — Comando final 6 = Conjunto de frcios 7 Motor 5 ~ Radiadow 9 = Converse de torque Figura 1.25 ~ Lamina com acionamento hidrsulico © acionamento hidréulico € feite por dois pistes de duplo efeite que sustentam a Limina e so movides pela pressio fornecida por uma bomba hidrsulica de alta pressao. Uma das principais vantagens consiste no fate de que os dois pistes podem exercer um empuxe (E) sobre 0 soto, forgando a lémina ou, especialmente, a faca sobre a superficie a ser cortada, facilitando a operagio. - disso, nos materiais mais compactas e, portanto, mais diffceis de serem escavados, 0 empuxo aumenta bastante a eficiéncia da operagio de corte, resultando em aumento de produgaa. 4 Lamina reta ou fixa 6 perpendicular ao eixo longitudinal do trator (Figura 1.26) ¢ ndo pode ser angulada. m 66 permite a escavagio ¢ 0 transporte para a frente. Assim, no caso de transporte lateral, sto necessdrias duas operagéies (1) ¢ (2) Figura 1.26 = Sistema de controle hidraulico de limina ¢ escarificador Para evitar esse inconveniente foram criadas as laminas anguldveis ou “angledozer*, que podem formar Angulos diferentes de 90° com o eixo principal longitudinal do trator. 5102019 es0¢¢4.097— Figura 1.28 ~“Angledozer” A principal vantagem da lamina “angledozer” esté no fato de o trator, ao se deslocar, leva a terra lateralmente, o que facilita a escavagao ¢ 0 seu transporte, especialmente no caso de corte em meia- encosta, formando-se uma leira continua paralela a direcdo seguida pelo trator. Em alguns equipamen- tos modernos a angulagem é feita através de dois pistées hidrdulicos de duplo eteito, 64 Manual Pratico de Escavagao Lira, Figura 1.29 — Lamina angulivel Além dessa angulagem, algumas ldminas podem ser in- cfinadas lateralmente em relacio a um eixo vertical do Stor, e denominam-se laminas “tilt-dozer” ou inclinaveis. © movimento de inclinacdo & conseguide por intermédio ge dois pistes hidrdulicos, colocados lateralmente, ou al xs de parafusos adaptados nos bracos laterais que perm sem o seu alongamento ou retragdo feitos manualmente. =. ainda, um tipo de lamina especial, “tip-dozer” (tom- Eemento), que pode variar o seu Angule de ataque em selacio A superficie do solo, facilitando a escavagio em Senos compactos. Poe Gitimo, convém mencionar as iminas especiais paca Figura 1.31 - Lamina para “pusher” ==purrar os “scrapers”, duranie a operagio de carga Séo as chamadas placas para “pusher*, vulgarmente d sominadas laminas “prato”, bastante reforcadas para r Sst aos esforgos e aos choques provenientes do conta com 0 para-choque do “seraper”. 4 Caterpillar Brasil, em seu “Manual de Produgao”, era 0s principais tipos de [mina apresentados em sei produtos, mostrando as caracteristicas ¢ as vantagens « cada uma, bem como 0 campo de aplicagaa. As conside- saz5es.a seguir dio informacées para a escolha da lamina mais adequada ao trabalho que se tem em vista. Lamina “U" (Universal) Figura Lamina “U” (Universal) ~ Tem a forma aproximada de “U" aberto, sendo apropriada para a movimenta- Bo de grandes cargas a grandes distincias. A relaco da poténcia disponivel do trator e a largura da Gina (HP/m), que é baixa neste modelo, impedem a penetracao profunda da faca em materiais resisten- ses 00 corte: Ela se aplica melhor aos solos de baixa a média resisténcia ao corte e, pela sua forma, evita as perdas laterais que ocorrem com outros tipes elagdo entre a poténcia e o volume solto de material que transporta (HP/m? solto), nde sendo muito da, indica que esta lamina deve ser usada com materiais mais leves. pada com cilindros para 0 “tombamento” “tip-dozer” é utilizada nos tratores mais pesados da linha pillar, isto é, da D7 ao B11, 6 que melhora a sua capacidade de escavar em profundidade, Generalidades 65 Lamina “S” —E a lamina reta (“straight blade”), muito versatil, com dimensées menores do que a lamina “U", Pede ser usada em materiais resistentes por possuir elevada relagao HP/m, obtendo-se maiores penetragées e maiores cargas. A relacao HP/m! solta permite o seu emprego em materiais de peso especifico clevado. Um pistio hidriulico produz 0 “tombamento”, como na lamina “U", o que também facilita a escava- Gao. E utilizada em toda linha de tratores, de pequeno até os de grande porte (CAT D3 a D11) Como possui largura reduzida, equipada com a placa para “pusher”, pode ser empregada na carga dos “motoscrapers”. Lamina “A” - £ a lamina angulavel que pode ser utilizada na posigao normal (90° com o eixo) ou angulada até 25° para cada lado. € apropriada para a escavagdo em meia-encosta, abertura de estradas de servico e de valetas, reaterro etc. Na linha Caterpillar é implement usado nos modelos desde © D4 até o D8. Lamina “C” — F a lamina amortecedora (“cushion blade”), usada em tratores de grande porte para o empuxo de “motoscrapers”, sendo reforcada por um bloco (ou placa) que suporta os impactos da operagao de empurrar ("push"). Possui largura reduzida, o que evita o contato de suas exiremidades com 08 pneus traseiros do “scraper”, ocasionando Cortes ou @ perdia total dos mesmos, sendo usada nos tratores pesados utilizados para essa operacao (CAT D9). ‘Outros implementos podem ser adaptados ao trator de esteiras, como, por exemplo, o escarificador ou “ripper”, montado na sua parte tras Figura 1.33.=Trator com Limina e escarificador 66 Manual Pritico de Escavacso Consta de um ou mais dentes reforcados, providos de pontas cortantes, uttlizacas para romper os solos muito compactos, inclusive os de 24 categoria, para depois serem transportados por uma [Gmina comum. Disp6e da acdo de pisides hidrdulicos que forcam os dentes sobre o solo, aumentando a eficiéncia co implemento. Figura 1.34 — Escarifieador com acionamento hidraulico Poténcia no volante: 123 kW 169 HP, Cspaciciade Esmina angulivel A STD" 318m Langura da Liming: 4,17 m altura: 1,03 m “Pi diversas opedes de: Limi dispontveis Dimenssies > da estoira 1,88 my guera do wator 26am da maquina X19 m mento da esteita 0. soles 2.61. yentor da azar Basico. 566m ® garra 65 em 13 sobee 0 sole 0.383 m sso sabre 0 solo 0.6 kpfcm? Fgura 1.35 — Trator de limina D6 R - Série 1 — CAT Generalidades 67 Poténeia no vol Capacidade lamina angubis Ve 231 kw 310 HP. 1A arm argura do enna’ 4,94 ala: 1,17 m Hi diversas opgies de Léminas dispontvers 3 — Langa do wae eam 7 Anes da mara 346m 9 Comprimento da catia soto 321m Compimeno dotuorbisee 499m 1 Ale oe are oko dem Figura 1.36 ~Trator de limina D&T - CAT 1.3.4.2 — Unidades escavotransportadoras ‘As unidades escavotransportadoras so as que escavam, carregam e transportam materiais de consistén- ias médias. Sao representadas por dois tipos basicos: rebocado e “scraper* automotriz ou “motoscraper”. a) “Scraper” rebocado £ uma cacamba montada sobre dols elxos com pneumistices, normalmente tracionados por trator de esteiras. As operagées por ele executadas so: wm escavagio; j@ carga; transporte descarga Qs comands de acionamento so executados por pistes hidriulicos e acionados por bomba hidraulica A escavagao ¢ feita através da Kimina de corte (9), que entra em contato com 0 terreno pelo abaixamen- to da cagamba do “scraper” a0 mesmo tempo em que @ avental (7) é levantado. A carga se faz pelo arrastamento do “scraper” ¢ da lamina, a qual penetra no solo, empurrando-o para o interior do “scraper”, GR Manual Pritica de teavacss. Engate Pescoga Bracos laterals de suspensio Pistio hidiraulico de controle da cagamba Articulagio Anieuisgse dos bragoe de suspense Avental ~ monimentos dé abertura ¢ techamento Fjewor - movimentos de cjecde € retonno Limina de carte - Pistdo hidrdul acionament Figen 1.37 - “Scraper” rebocado por trator de esteiras ‘Desante o carregamento o esforco de tracio é consumido para vencer resistencias opastas ao movimen- == sis como cisalhar (cortar) a camada de solo e empurré-la para dentro da cagamba e cuja intensidade gesenderi da sua maior ou menor compacidade. Siem dessas resist@ncias hd ainda os atritos gerados pelo solo em contate com as paredes laterais e o Seedo da cacamba, externa e internamente. ‘Essesesforcos resistentes podem ser estimados de 10 a 20 vezes a resisténcia de rolamento normalmente " aieecida pelo solo (ver 1.4.1) er fim, a prépria terra que esta sendo escavada, ao penetrar na cagamba, precisa deslocar-se e empur- == © material que jf se acha dentro dela, acrescendo maiores resisténcias durante 0 carregamento do scraper” (ver Figura 1.39). ‘Gempletada a carga da cagamba, esta é levantada por pistées hidrdulicos, ao mesmo tempo em que o genta! se fecha, iniciande-se a fase do transporte. Ege 1.38 = Fixo articulado do “scraper” Generalidades 69 b Para a descarga, a cagamba & novamente abaixada sem, contudo, entrar em contato com 0 solo, ao mesmo tempo-em que-o ejetor (8) 6 acionado, deslocanda-se para a frente e ajudando a saida do material, H, coma variante nos “scrapers” de pequeno porte, a descarga pela basculagem da cagamba para a frente, expelindo o material. © giro do equipamento se faz através do eix dianteiro que 6 rigido, mas arliculade em sua parte central junto ao pescoco (2) b) “Scraper” automotriz ou “motoseraper” £.um “scraper” com um dnice eixe que se apdia sobre um rebacador de um ou dais eixos, através do pescoca, Figura 1.39 - “Motoscraper” cam “pusher” A razao dessa montagem reside no ganho de aderéncia que as rodas matrizes do trator passam a ter, em ‘conseqiléncia do aumento do peso que incide sobre elas (peso aderente). Além disso, assegura grande independéncia de movimentas entre os dais componentes do “scraper”, permitinde a execugio de curvas e manobras com facilidade. © raio de giro é de cerca de 11 me o Angulo entre os eixos dos componentes pode atingir 90°. © acionamento dos movimentos do “motoscraper" é feito por intermédio de pistes hidréulicos que permitem os movimentos de abaixar ¢ levantar o “scraper” € o giro do rebocador em relacaio a este. 70 Manual Pratico de Escavagse aictoncraper 621 G Bontncia no volante: 242 kw 330 HP Dimensies Kaescidade coranda: 15 mv 1 Largura tral 347m en 23.950 ky 6 ~ Altura isbxiona 371m ie ceed va 3190 ke B= Altura lve do sola 0:55 m Sececidade 1" marcha: 5 kaw 12 Dierancia entre rodos 7,72. Geccidade 2 marcha: 31,5 kwh 13 Comprimento total 12,02'm eer 1.40 —“Motoseraper” com rebocador de um cixo “As partes que constituem a cacamba so exalamente iguais as do “scraper” rebocado, bem como os =ovimentos do avental e do ejetor. © péra-choque traseiro destina-se a receber a Lamina do trator “pusher”, que aux se cartegamento, a fim de se conseguir uma boa carga, num tempo bastante curto, ‘9 “motoscraper” Umea caracteristica interessante do “motoscraper”, bem come de “scraper” rebacado, é a possibilidade @ se obter um aprecidvel adensamento do material gragas ao uso do avental e do ejetor. ager 1.41 — Carga do “scraper” © ejetor, no inicio da carga, se encontra na posicdo avangada préxima do avental. Ele se move para =. 3 medida que o volume de terra carregada aumenta, fazendo com que a terra seja comprimida contra a sua parede, aumentando a sua densidade de 15 a 25% a mais do que se fosse simplesmente Ieecada sobre a cacamba por uma carregadeira, & Figura 1.38 mostra 0 “motoscraper” convencional com ck 25 “scraper” propriamente dito. eixos, um relative ao rebocadar e autro, Exe tipo apresenta a vantagem de possuit uma distribuicio de cargas, melhorando o seu desempenho quento & aderéncia enve as rodas matrizes € o solo, Com maior concentragao de cargas nas rodas sotrizes diminui a derrapagem na operacdo de carregamento do “scraper” ‘Qutra vantagem é a maior facilidade de giro entre © rebocador ¢ 0 “scraper”, © que permite Angules de =e 90". Entretanto, por passuir apenas dois eixos, apresenta menor balanceamento, podendo ocorrer, == curvas fechadas feitas em alta velocidade, 0 tombamento do “scraper”. Generalidades 71 Db Figura 1.42 ~ Comandos da cabina do “motoscraper” Convém assinalar que esses tipos canvencionais de “metascraper” nao dispensam um trator de esteiras que os auxilie no momento da carregamento ~ denominads “pusher” ou empurrador —, pois, caso contrario, o “motoscraper” nae consegue autocarregar-se num tempo razodvel ¢ sofrerd o patinamenta das redas ¢ até mesmo a paralisagao do motor por falta de torque suficiente, devido as grandes resistén- cias opostas pelo corte da terra ¢ atritos gerados entre as partes do equipamento e @ solo, Para sanar essa deficiéncia das méquinas convencionais, 5 fabricantes tém procurade criar outros tipos denominados “autocarregaveis”, que, sob condigdes favoréveis, podem dispensar o “pusher” durante @ carregamento. Figura 1.43.-“Motoscraper” com motor traseiro © tragio nas quatro radas, em operacdio Um dos modelas, autocarregavel (Figura 1.43), €o “matoscraper” que possui 6 eixo traseiro (do “scraper") também provide de forca motriz, fornecida por um motor colocado na sua parte posterior, chamando- se, por isso, “twin-motoscraper”, ou seja, com motores geminados que funcionam em conjunto. 72 Manual Pratics de Escavacao Figura 1.44 - “Matoseraper” com motor traseiro com tracko nas quatro rodas Joma-se patente que, com quatro rodas motrizes, © problema de falta de aderéncia fica parcialmente corrigido e, em condicées favoraveis, consegue-se 0 aulocarregamento. ura solugdo tentada € 0 “scraper” com elevador (“elevating scraper") (Figura 1.45). Sa parte dianteira da cagamba coleca-se um elevador inelinade com palhetas, acionado por motor sietrico ou por sistema hidréulico independente. As palhetas arrastam a material escavado pela lamina, stevando-o a parte superior da cagamba e vencendo a resisténcia oferecida pela propria terra que j4 se =scontra dentro do “scraper”. Figura 1.45 — nm solos de pouca compacidade, esse equipamento consegue a carga em tempo razodvel, sem 0 au o do “pusher”, +5 alguns modelos que podem inverter o movimento do clevader no momento da descarga, auxiliando > esvaziamento da cagamba Ultimamente surgiu a combinag3o denominada “push-pull” (empurra e puxa), na qual dois motoscrapers” de motor traseiro se ajudam mutuamente na operagao de carga, sem intervengao de qualquer outra maquina. Generalidades 73 Figura 1.46 - Engate automstico © sistema consiste na colocacao de um gancho no para-choque traseiro do “scraper”, que se acopla com uma alea mével no trator, permitinde o engate © o desengate das duas maquinas, através de manobras comandadas pelos seus operadores. Assim, enquanto a maquina da frente se carrega, é auxiliada pela outra que funciona como “pusher”, fornecendo © esforgo trator adicional necessério; ¢, posteriormente, o “motoscraper” j4 carregado rebo- €a © outra ne momento do carregamento © arranjo “push-pull* (empurra & puxa) permite que dois “motoscrapers” se ajudem para um carrega- mento total sem a intervengdo de qualquer outra maquina. © arranjo € composto de uma placa amortecedora de empuxo e de uma alga na frente do trator, um gancho no bloco traseiro alongado do “scraper” e Componentes reforcacos no "chassis" do trator © no pescoco. 1.3.4.3 = Unidades escavocarregadoras Sao as que escavam e carregam © material sobre um outro equipamento que o transporta até o local da descarga, de mode que o ciclo complete da terraplenagem, campreendendo as quatro operagées basi cas, € executado por duas maquinas distintas. As maquinas assim denominadas sao representadas pelas carregadeiras escavadeiras que, embora de construgao bastante diversa, executam as mesmas operaces de escavagio e carga. 1,.3.4.3.1 — Carregadeiras Sao também denominadas pas-carregadeiras e podem ser montadas sobre esteiras ou rodas com pneu- Na terraplenagem normalmente u na parte dianteira da unidade. izamese as carregadeiras com cagamba frontal (2), isto 6, instalada Sobre um trator de esteiras convencional, apenas ligeiramente madificado, si0 adaptados dois bragos laterais de levantamento da cacamba (1), acionados por dois pistées de clevagio de duplo efeito (3), alimentados por uma bomba hidrdulica de alta pressiic que, por sua vez, é acionada por uma tomada de forga do motor. 74 Manual Prdtico de Escavacao ura até © topo de axcerto 235 m 5 = altura até topo da chaminé 2am eabine 4m aniculagio O40. So pars Wis elew mix el " 180 24 Fegura 1.47 — Carregadoira de esteiras 924 G Versio-padrio pacidade da eaamba cormada 17a24 mt altura até 0 topo da cabine 32a 0 321m 322 m 0.68 m ra at6 a cagamba com elevacao maxima stara otal -da caomba hevortadhs = alcance ma elevacio mixima © descarga & 45° = othura no. carregamenia profanaidade de eseavag nim externa do pneu Sngula te giro na arc Figura 1.48 Carregadeira de radas Generalidades 75 (@) para escavar Figura 1.49 - Posicoes da cagamba A cagamba € articulada em relagdo aos bracos e pode ocupar diversas posi¢des, comandada por dois pistées de acionamento da cacamba, Ela pode ficar na posigio de escavacao (Figura 1.48 (a) ou de carga (b)), ou em qualquer situago intermedi sendo que no corte o ajuste da posig’o é feito automaticamente, voltando ao Angulo normal de escavacdo. Assim, também na posicao de descarga, a cacamba € retida, independentemente da vontade do operador, numa posicSo preestabelecida. Isto significa maior comodidade para 6 operador, j4 que simplifica 0 comando da maquina, resultando em maior produtividade. A altura maxima atingida pela cacamba, na posig&io de carga mais alta, ¢ cerca de 3,00 m, deixanda, assim, bastante espago entre ela € 6 topo da cacamba da unidade de transporte. ‘Quanto ae carregamento das unidades de transporte, as carregadeiras & que se deslocam, movimentan- do-se entre o talude de terra ¢ @ vefculo, sendo que num ciclo completo de carga haverd dois movimen- tos @ frente e dois a ré (Figura 1,50). ane camegadeira Figura 1.50 —Ciclo de operacio das carregadeiras 76 Manual Pratico de Escavagio = Sécil perceber que a movimentacdo das carregadeiras ¢ intensa em seu trabalho, além das freqiientes -secangas de direcdo. Isto obriga a utilizacdo de sapatas das esteieas ligeiramente modificadas em rela- “@Se 4s usadas nos tratores de laminas. Pe facilitar as manobras, evitando-se o desgaste excessivo da parte rodante, as garras das sapatas sio eSminadas havendo apenas algumas saliéncias de pequena altura, para garantir um minimo de aderén- CELE ‘Fema 1.51 ~ Sapata para carregadelras TIO “As carregadeiras de esteiras, por conseguirem praticamente girar sobre si préprias sem maiores dificul- Gedes, so indicadas para operagées em locais de dimensdes limitadas. fram langadas, no mereado de equipamentos, carregadeiras de esteiras com o motor na parte poste- Ser da maquina, como jé ocorria nas carregadeiras de pneus (Figura 1.47). Exes carregadeiras apresentam algumas vantagens, entre elas: = melhor balanceamento, pois o peso do motor serve de contrapeso 4 cagamba carregada que provoca consideravel momento de tombamento; & melhor visibilidace do operador para o controle da cagamba. Essex equipamentos possuem ainda transmissio hidrostatica, que melhora as condiges de aceleragio e =senobra da maquina diminuindo o tempo de ciclo basic de carga ¢ originando maior produc. As carregadeiras montadas sobre pneus apresentam certas vantagens ¢ deficiéncias de aperacdo, se comparadas as de esteiras. ‘Como vantagem nota-se a velocidade de deslocamento da maquina, o que resulta em grande mobilida- = bem como a possibilidade de 0 equipamento se deslocar a grandes distincias pelas suas préprias, Seecas, eliminando o custo elevado e as dificuldades inerentes ao transporte em carretas, exigido pelas ssquinas de esteiras. or outro lado, a tracao sobre pneus revela-se deficiente, especialmente na fase da escavacio, pois, em eonseqiiéneia dos elevados esforgos a serem vencidos pelas rodas motrizes, hd o risco permanente do seu patinamento. além disso, os terrenos fracas, de baixa capacidade de suporte, ou seu umedecimento excessive, device % chuvas, causam ainda maiores problemas chegando mesmo a impedir o trabalho das maquinas de jpeeus, Nesse sentido, as maquinas de esteiras so muito menos afetadas que as de pneus. Por essa razo 0s fabricantes de equipamentos tém procurado introduzir modificagées de projeto e de componentes mecfnicos para contornar ou eliminar essas dificuldades Generalidades 77 Figura 1.52 ~ Carregade' de pneus articulada Uma carregadeira de pneus modernos tem as seguintes caracteristicas que objetivam a sua melhor utilizagdo, quando as condi¢des vigentes sfia desfavordveis: raga nas quatre rodas, com dois eixos motrizes € dois diferenciais, melhorando substancial- mente as condigGes de operacdo quanto & falta de tragdo (patinamento); direcdo articulada, pela montagem de um eixo dianteiro rigide, mas pivotante em relagio A superestrutura da m&quina, 0 que diminui substancialmente 0 raio de giro, permitindo mano- bras mais faiceis em locais de dimensdes reduzidas; peso priiprio elevado, aumentando o peso aderente sobre as rodas motrizes e melhorando, portanto, a traca moter colocado sobre a eixo traseiro, com © mesmo efeito citado no item anterior e, ainda, equilibrande a maquina e fazendo contiapeso & cagamba carregada, melhorando as suas condigées de balanceamento. 1.3.4.3.2 ~ Escavadeiras Sao maquinas de escavacdo bastante antigas que surgiram em meado do século XIX, ainda mavidas a vapor, nos Estados Unides. Com o aparecimento do motor diesel, elas se tornaram mais compactas, mais potentes e com maior mobilidade, passando a desempenhar um papel primordial nas grandes escavagées como, por exem- plo, a abertura do canal do Panam. Aescavadeira, também chamada pé-mecanica, é um equipamento que trabalha parado, isto 6, a sua estrutura portante se destina apenas a Ihe permitir o deslocamento sem, contudo, participar do ciclo de trabalho, 78 Manual Pratico de Escavacae- Assim, cla poders ser mantada sobre: Bm oesteiras; = pneumiaticos; = wilhos. Ses trabalhos normais de terraplenagem geralmente se emprega a montagem sobre esteiras, razdo pela =a! somente estas sero aqui focalizadas. ‘Pedemos distinguir duas partes bem de idas nas escavadeiras: infra-estrutura e superestrutura ' infra-estrutura compoe-se de um “chassis”, apoiado sobre as esteiras, que suporta a superestrutura =svel em torno de um eixo vertical. © mecanismo que permite o giro de 360° consta de um circulo ou “coroa de giro”, dentado exterior ou “eecriormente, sobre 0 qual corre uma engrenagem acionadora do tipe “pinhao", ligada por uma trans- j=SSio ao eixo motriz. & seperestrutura, ou plataforma da maquina, esta soldada 4 roda de giro, de modo que, pela retagio do givhio, haverd a rotagéo da coroa de giro e, conseqiientemente, de toda superestrutura a ela ligada. coroa de giro Fors 1.53 — Dispositive de giro L= frei permite a diminuigao da velocidade de rotacio da plataforma e a sua imobilizagao. 4 infra-estrutura compée-se das esteiras que sdo bastante semelhantes As j4 descritas no caso do trator. as para melhorar a flutuacio e 0 equilibrio da maquina, a largura das sapatas € maior, além de lisas, sem garras. jocamento do equipamento é obtido através das esteiras acionadas por um sistema de transmissio a0 eixo motriz. Todavia, em 1720 do porte da maquina e do scu balanceamento- deficiente, a welocidade de translagao € muito baixa, atingindo cerca de 1,5 kmv/h. Assim, o deslacamento das =, entretanto, 6 serd possivel pela anilise dos fatores que influem na locomogio das maquinas, t come as forgas resistentes, as forgas que as impulsionam, as condicdes de aderéncia etc. 0 de dv a —~ = 0-—» velocidade uniforme e maxima 2)& -IR=my= 2 &-ZR=my=0 dt Sv <9 desaceleragio 3) E.-ER= o )E--ER=my< a Na hipatese 1; y= x > Otemos a aceleracao da méquina com aumento da velocidade. dy Na hipdtese 2: y = 0a velocidade seré constante (movimento uniforme) ¢ atingird o valor maximo dt (Viyaa) © temas: E-ER=0 E=ER concluindo-se que o movimento unifarme acorre quando os esforcos resistentes igualam as forgas mo- trizes, isto 6, 0 conjugado motar é igual ao conjugado resistente (C, = C,), Na hipétese 3 as forgas resistentes superam as forgas motrizes e teremos a desaceleragao da maquina (ou frenagem). 1.4.2 — Resisténcias opostas ao movimento As resisténcias opastas ao movimento de um veiculo podem ser classificadas a) resisténcia de rolamento; b)_tesisténcia de rampaz ©) resisténcia de inéreia; d) resisténcia do ar. 100 Manual Prétice de Escavacio 2) Resisténcia de rolamento- A maneira mais facil de se definir a resisténcia de rolamento é considerd-la como a forea horizontal = inima que deverd ser aplicada ao equipamento para iniciar o movimento sobre uma superficie plana, horizontal, continua e indefarmavel. ssas forcas resistentes provém do atrito interno geraco nos mancais ou rolamentos dos eixos, nos dentes Gas engrenagens das tansmissoes. Se caso de veiculos hd a considerar, ainda, o atrito gerado na superficie de contate entre o pneumatico = oterreno, devido a deformagao das paredes laterais causada pela flexibilidade da borracha. Exes esforgos so proporcionais 4 pressdo exercida sobre o solo numa direcdo normal & superficie de contato, isto é, ao peso total de vefculo, ou seja, 0 peso proprio somado ao peso da carga (P). Sstudos experimentais levaram a conclusio de que a forca horizontal minima, suficiente para iniciar © movi Sento de uma méquina de lerraplenagem, provida de pnéus, pode ser estimada em 2% do peso total P- ‘Contudo, a hipstese feita inicialmente de que a superficie do terreno é indeformavel no se realiza na exstica, De modo geral, os equipamentos trabalham sobre terra solta ou solos de baixa capacidade de Suporte, de maneira que o pneumitico, devido a pressio de contato, deforma o terreno, aumentando a superficie de contato, produzindo a penetracao de parte do pneu, até que se estabeleca o equilibrio sore a pressdo existente e a capacidade de suporte do terreno. =, assim, 0 fendmeno do afundamento, de que resulta maior atrito lateral e a necessidade de o pneu- =stico vencer constantemente uma rampa ascendente. ges 1.82 - Afundamento dos pneus ‘So significa que a maquina dever despender maior forga tratora para vencer essa resisténcia adicio- sal. que se denomina resisténcia de afundamento. Experimentalmente se determinou que o afunda- ==nto € responsavel por grande parte da resisténcia ao movimento, avaliando-se que atinja 0,6% do- peso total P. para cada centimetro de afundamento. Assim podemos exprimir a resisténcia de rolamento R, por: R, 02 P40,006.P.a ou RO = 20(kg@). P+ BKC Pa endo: & = resisténcia de rolamento (kg); Generalidades 101 Dp P = peso total do equipamenio (ti; a = afundamento (cm). A formula anterior pode ser modificada e teremos: R, = (0,02 + 0,006 a) P=K.P ou = (20+6.a)PeK.P onde: K = 0,02 + 0,006 . a define 0 chamado coeficiente de rolamento, que dependera principalmente da grandeza do afundamento. © coeficiente de rolamento apresenta diferentes valores, conforme o afundamento seja de maior ou menor grandeza. Dessa forma, conclui-se que 0s lerrenos soltos, ou muito imidos, e os que apresentam baixas capacidades de suporte, 330 08 mais sujeitos ao afundamento ¢, conseqiientemente, possuem coeficientes de rolamento elevados. © quadro a seguir resume 9s coeficientes de rolamento para varios tipas de terrenos. Tabela 1.4 Superiicie do terreno ‘Afundamento a (em) | Coeficiente de rolamento (ky/t) i j (maquinas de preus) Revestimento em asfalto ou concreto 20 Terra seca @ firme 30 Terra seca, salia 40 ~ 60 Terra seca, arada - 180 “Aterros sem compactagao 80 Aria salta ¢ seca = [133 7 100 Terra muito Umida € mole [23.3 7 160 Terra argilosa muito Grniela 126.6 Teo Cabe, ainda, observar que os valores especificados sao aproximados e validos, tdo-somente, para vefcu- los de abra que desenvolvem velocidades de translacao relativamente baixas. Na realidad, as resisténcias de rolamento referentes a veiculos que trafegam em pistas so dependentes da pressio dos pnous ¢ da velocidade. A seguir, apresentamos uma expressio proposta por Andreau, experimentalmente para a resisténcia de ralamento de um veteulo, trafegando sobre um pavimento. 1 a K=20-—as + 3994-105 p= p= na qual P= pressio dos pneus em kg/cm? V = velocidade do vefculo em km/h; K = coeficiente de rolamento em kg/t. 102 Manual Pratico de Eseavacio: a Figura 1.83 ‘Qutro fator que influi no valor da resisténcia de ralamento sao as irregularidades do terreno. era superar um obstéculo do terreno de altura h, um vefculo com peso P sobre a roda motriz, de raio « deverd desenvolver um esforge trator E, para vencer 0 referida obsticulo. ‘Demonstra-se que: h c-e ft e haze So significa que para F e P constantes, usando-se raios de rodas maiores, poderemos superar obstéculos e alturas maiores, 4, portamto, vantagem do emprego nas maquinas de terraplenagem de pneumaticos gigantes de gran- de raio, visto que durante toda a vida do equipamento as irregularidades do terreno oferecerio menor sssisténcia de rolamente, com economia na operagio. Isto justifica o seu emprego nas referidas maqui- sas, ainda que o seu custo de aquisic%o seja bastante elevado. ‘Restaria considerar 9 efeite da presse interna dos pneus na resisténcia de ralamento, © afundamente do pneumatico ne terreno dependerd, sobretudo, da pressae de contate atuante entre 2s duas superficies. Devido a elasticidade da borracha, o pneumstico se deforma em cantato com a tereng, até que se =sabeleca 6 equilibrio entre a pressdo exercida pelas todas ¢ a capacidade de carga do terrena, Figura 1.84 Generalidades 103 rt Sendo P a carga sobre uma roda e 5, a drea da superficie de contato entre o pneumatico e 0 solo, 2 pressdio de contato sera Experimentalmente, verificou-se que a press3o de contato esta ligada 4 pressde interna (calibragem) do pneu, sendo ligeiramente maior que esta, devido 2 rigidez das bandas laterais. PP, sendo: P.= pressiio de contato; P, = pressSo interna; P, = pressio ficticia devido & rigidez do pneu Qutra constatagao importante, j4 mencionada no estude dos compactadores de pneus, 6 que a pressio de contato & pouco influenciada pelo aumento da carga P, crescendo apenas ligeiramente com 0 incre- mento substancial desta Gltima. Chamando-se de C a capacidade de suporte de um solo, trés Pex Po=C Pic No primeiro caso 6 pneu se deforma até atingir o equilibrio entre os esforcos atuantes, nao ocor Se, P< P, Figura 1.85 rendo © afundamento. No terceiro caso haveré a ruptura do solo, acasionando o afundamento do. pneu, até que pelo aumento da nova superficie de contato (S'.) seja restabelecido o equilibrio entre ©5 esforgos atuantes. Dai se conclai que © afundamento do pneu est ligado & pressiio de contato e a capacidade de suporte do solo. Quando esta é baixa © afundamento dependeré em sua maior parte da pressio interna dos pneus. Obviamente haverd interesse na utilizac3o de pneus de baixa presse (30 a 40 libras/polegada?)* que irao gerar baixas press6es de contato, as quais, por sua vez, produzirio afundamentos menores, reduzindo substancialmente a resisténcia de rolamento. 2,102.8 kgen™ 104 Manual Pratico de Escavago As consideragées anteriores sio validas para as mAquinas de pneus. Nos equipamentos dotados de esteiras, a resisténcia de rolamento deve ser tratada de forma diversa. Em primeiro lugar consiata-se que, em igualdade de condicdes de terreno, 0s coeficientes de rolamento para esteiras silo menores do que para os pneus, em razio das melhores condicdes de flutuacado apre- sentadas pelas primeiras. Além disso, os valores assumidos pela resisténcia de relamento, no caso de trator de esteiras, sdo prati- camente despreziveis em relagao acs esforgos tratores disponiveis na barra de tragao. Pera exemplificar, supondo-se um trator de esteiras com peso total de 14 t, wafegando sobre um terreno com coeficiente de rolamento elevado (K = 60 ky), a resistencia de rolamento seria de 60 x 14 = 840 kg. Sxaminando-se no diagrama tracdo x velocidade respectivo, verifica-se que 0 esforgo trator maximo é @ cerca de 37.000 kg na primeira marcha, donde se conclui que o efeito da resisténcia de rolamento pode ser considerado desprezivel nas maquinas de esteiras, além disso, na determinagao pratica dos esforgos tratores disponiveis na barra de tragdo de um trator de sseiras, de acordo com as normas da Universidade de Nebraska, ja vem deduzido © efeito das resistén- cas de rolamento, para uma pista-padrio com K = 55 kpyt. Por essas razbes, nos problemas praticos é licito, como aproximagao, nao se considerar a resisténcia de solamento para os tratores de esteiras. 1) Resisténcla de rampa Fema 1.86 ‘Quando uma maquina sobe a rampa de Angulo & com a horizontal temos: R= P. sen a Pa pequenas inclinagdes de rampa podemos ter sen & & tg a, cometendo-se erro desprezivel para sclinacées menores do que 20%. Rom Petga = Pegi Generalidades 105 any temos: R= £10. oi © duplo sinal deve ser interpretado segundo a maquina sobe ou desce da rampa. Em aclive, o sinal da resisiéncia de rampa serd positive. Em declive tera forca ativa denaminada assisténcia de rampa al negativo, significance uma ©) Resisténcia de inéreta A resisténcia de inéreia surge toda vez que 0 veiculo sofre uma variagao de velocidade (A,), num certo intervalo de tempo (t). R= Av ' Adotando-se: Pemt av em knvh tems B= 9.8m teremos: + pos, t 28,3-P t © duplo sinal deve ser interpretado como positive quando Av =V, =V;, sendo V, > V, {aceleracio). Serd negativo quando V, <¥, (desaceleragao). d) Resisténcia do ar A resistncia oferecida pelo ar dada pela expresso: na qual & coeficiente de forma, sensivelmente constante entre 0 € 150 keh; 5 = drea da seccao normal a direcao do movimento (m?); V = velocidade de deslocamento (krv/h) 106 Manual Pratico de Eseavacso Valores de K’: weiculos (dependendo da forma}: 0,02 — 0,07; méquinas de obra: 0,07. Como os veiculos de obra tém velocidade maxima da ordem de 60 knv/h, verifica-se que a resisténcia do 2 serd, de modo geral, desprezivel em face das esforgas watores disponiveis no eixo motriz. Assim, num weiculo de obra, com $ = 7,5 m? deslocando-se & velocidade de 60 kmh, a resisténcia do ar seria apenas: 287.7560" R, 13 a6" A soma de todas as resisténcias (ER) que afetam um veiculo, em qualquer momento, serd expressa por. ER= KP £10-P 1+ 28,3-P AY nes unidades j4 mencionadas. 1.4.3 - Primeira condicae de movimento Para que o movimento da méq a seja possivel, a condigho necessdria serd: E,22R (14 condigao de movimento) sendo: = = esforco trator na roda mot =R = somatéria das resisténcias. Seo vefculo estiver parado, para iniciarse o movimento devemos ter: E,>2R Se o veiculo estiver em movimento, a condigio gura 0 deslocamento com © movimento uniforme. Come exemplo de aplicagao das férmulas acima, calculemos qual seria o esiorge trator minimo que a ser descnvolvido pela maquina para manter o movimento uniferme, sendo: peso total da maquina: P= 50; compa ascendente: = 15%; aceleragiio: Ay = 0 (mov. uniforme); Generalidades 107

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