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FABIO ZAMBITTE IBRAHIM TOs NY 13° edigdo revista, ampliada e atvalizada Cavituto 1 SEGURIDADE SOCIAL EA PREVIDENCIA SOCIAL 1.1, SEGURIDADE SOCIAL foi a expressao adotiida pelo constituinte de 1988, “Seguridade Social” sinénima de “seguranga social’, sendg ultima, inclusive, mais correta, de to, no éraro que a seguranga social acordo com a Lingua Portuguesa, No entan| seja apresentada, tambémj,edmo algo mais préximo a previdéncia soci 1. De toda forma, fobintengao do constituinte originario criar um sistema protetivo atéciatad inexistente@em nosso pats, j4 que 6/Estadorpelo novo conceito, seria responsavel pela ctiagao de umatéta de-proterdo capaz de atender aos anseios © necessidades de todgs'na area’ social Dafa Segutidade Social brasileiraser definida, na Ambitoconstitucional, como 0 coltjunto integrado deasses deViniciativa dos Poderes Publicos e da sociedade destinadas aassegurat os-direitos aSaiide, a previdéncia e assisténcia social (art 194)émput, da CRFB/88). ASeguridatieSociatpode ser conceituada comoa rede protetiva formada pelo Estado e particulares, conPeontribuigdes de todos, incluindo parte dos benefictarios dos direitos, no sentido de estabelecer ages positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral ¢ seus dependentes, providenciando a manutengao de um padrdo minimo de vida. A intervengao estatal, na composigao da Seguridade Social, é obrigatéria, por meio de agao direta ou controle, e deve atender, dentro do financeiramente vidvel, a toda e qualquer demanda referente a0 bem-estar da pessoa humana. A Seguridade Social é objeto d Previdencidrio. Muito embora a previdéncia seja menor que a seguridade, le estudo e de normatizagao do Direito 1 Fanio Zamarrre Lprattin Resumo pe Dinerro PrevipenciARio ? rodavia, como aquela é anterior a esta, o ramo do Direito adota seu nome. Todav a: . . i cial, a utilizagao de designacées diversas, como Direito da Seguridade So também é adequada. 1.1.1. A Saude A satide é direito de todos e dever do Estado (art. 196 da CRFB/88). Independente de contribuigao, qualquer pessoa tem o direito de obter atendimento na rede publica de satide, Pode parecer uma mengao ébvia, mas, até a Constituigao de 1988, . satide ptiblica nao era universal, tendo direito a ela somente aqueles que areassem com seu custeio, o qual, em regra, era acrescido a contribuisdes Previdenciarias (dai vem a classica confusao entre previdéncia social e satide). Neste perfodo, aqueles que nao contribuiam, somente poderiam socorrer-se nas Santas Casas de Misericérdia, que atendiam a qualquer um. A infeliz confusao entre a previdéncia e a satide ainda é presente: Nao se deve confundir estes segméntos da seguidade social. 0 —— Nacional do Seguro Social = INSS'-, responsavel pela previdéncia social brasileira, nado tem qualquer responsabilidade com hospitais, casas 4€ satide e atendimentos\na rea de satideéin geral F A satide ¢ segmento autonomo da Seguridade Socialeom organizacso distinta. Teno escopo mais amplo de todos.os ramos protetivos, j4 que N40 Possui restri¢do a\stia cliefitela protegida -.qtialquer pessoa tem i ele ao atendimento-providenciado pele Estadd —-efainda) hao necessita de comproyatao de contribuigdondé beneficiaria direto: Hoje, mesmo a pessoa que) comproyadainente, possua meios para Patrocinar seu préprio atendimento médito tera a rede piiblica como ops4° valida. Nao ¢ licito aAdministragad Publica negar atendimento médico 4 esta pessoa Com base emi suatiqueza pessoal, . A mudanga fobpatreciiada por profissionais e especialistas na are de satide publica, especialmente sanitaristas, pois nao 6 vidvel garantit condig6es adequadas de vida quando somente parcela da populagao te™ atendimento médico, especialmente quando do combate de endemias. Atualmente, a satide tem organizagao totalmente distinta da previdénc! Social. Apés a extingéo do INAMPS, as ages nesta rea passaram a Set ao responsabilidade direta do Ministério da Satide, por meio do Sistema Unic? de Satide - Sus, A satide é garantida mediante politicas sociais ¢ econom redugao do s visando @ e co de doenca e de outros agravos, com o acesso universal Securipape Social £4 PREvIDENCIA SOCIAL Cariruio 1 Igualitario as agdes e aos servicos necessarios para sua promosio, protesao e recuperagao. As condigdes para implantagao de tals ages da sade, além de sua organizagio e do funcionamento, sao objeto de regulamentagio Pela Lei n® 8.080/90. As ages e os servigos de satide sao de extrema relevancia, cabendo ao Poder Publico sua execugio diretamente ou através de terceiros, incluindo pessoas fisicas ou juridicas de direito privado. 0 emprego de particulares na protegio a saride 6 frequente, com o governo reembolsando atendimentos destas entidades ao SUS. As agdes e os servicos Tegionalizada e hierarquizada e cons de acordo com as seguintes diretrize ‘inica em cada esfera de govern; aten' Para as atividades preventivas, sem Pre) Participagao da comunidade. 0 Sistema Unico de Saiide plblicos de saiide integram uma rede tituem um sistema tinico, organizado : descentralizacdo, com direcao dimento integral, com prioridade jufzo dos servigos assistenciais e é financiado\eom recursos do orgamento da Seguridade Social, da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municfpios, além de outras-fontes: © orgamerito “da Seguridade Social destina ao SUS, de acordo:com a recelta estimada, os recursos necessdrios a realizagio de suag finalidades, previstos.ent- Proposta elaberada pela sua diregso nacional, com a participasao dos “érgaos da Previdéncia Social e da Assisténcia Social, tenda.ém vistads metas prioridades estabelecidas na Lel de Diretrives orediments¥ias (art. 31 da,Lét ne €: 080/20)" A Constityigao, com a redaréo,cdada pela Emenda Constitucional n® 29/2000, determina que aUnldo, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municfpios devem aplicansanualimente, em ees.» Servirh™ piiblicos de saiide recursos minimos derivados da aplicagao de percentuais calculados Sobre suas arfeeadacoes tributértas, além de parcela dos valores obtidos a partir de repasses da Uiae edos Estados e dos Fundos de Participagao dle Estados e Munidipios.saspercentuais minimos serdo fixados em let complementar (art. 198, § 2°, da CRFB/88). ‘A lei complementar prevista ser: reavaliada pelo menos a cada cinco anos ¢ cctateleceré: os percentuais de transferéncia; os critérios de Tatelo des cecursos da Unido vinculados 2 sade destinados aos Estados, a0 Distrito Federal e aos Municfpios, e dos Estados destinados a seus Tespectivos Municfpios; as normas de fiscalizacao, avaliagao e controle das despesas com satide nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; e as tormas de cdteulo do montante a ser aplicado pela Unido (art. 198, § 32, da CRFB/88). FAoio Zamarrre Toeatio Resumo pe Dinero Previpenctario 0 tema fol disciplinado pela Lei Complementar n® 141, de 13 de janeiro de 2012, a qual, no art. 5° e seguintes, prevé os percentuais minimos de aplicagaio em servigos de satide. A Constituigdo também evidenciou a possibilidade da assisténcia a satide pela iniciativa privada. A satide nao é exclusividade do Poder Pitblico, podendo as instituigdes privadas participar de forma complementar do Sistema Unico de Satide, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito publico ou convenio, tendo preferéncia as entidades filantropicas € as sem fins lucrativos. Todavia, é vedada a destinagéo de recursos piblicos para au: ou subvengoes as instituigées privadas com fins lucrativos. Ainda que 0 Estado venha a efetuar pagamentos pelos servicos prestados a populagao, ndo poderd auxiliar empreendimentos econémicos na area da satide com recursos ptiblicos (art. 199 da CRFB/88). AConstitui¢ao nao veda a criagdo de‘empreendimentos voltados ao lucro na satide, Apenas veda 0 aporte dé recursos piiblitos, salvo, evidentemente, @ quitasaio de servigos prestados ao SUS}\Sem embargo, apesar de até Possivel a atividade luctativa na satideprestou vedada a participagao direta ou indireta de empresas ou capitais estfangeiros navassisténcia a sauide nO Pais, salvo excégdes previstas'em lef A Constituicao também prévé que a lei déve disjior sobre as condi © os requisitos que facilitém a remogdo de orgaos, por objetivos a_protecéo a familia, a maternidade, a infancia, vadolescéncia.é a velhice; oamparo as criangas € adolescentes carente’; a promo da intégragao'ao, mercado de trabalho; a habilitacao e a reabilitagao de pessoas:portaddras de deficiéncia e a Promogao de sua integravao a\vida comunitaria; e a garantia de 1 (um) salario minimo de-beneficlo mensal a pessoa portadora de deficiéncia e ao idoso que comproyent nao'possuirmeios de prover a prépria manutengao ou de té-laprovida por'sua familia (art. 2 da Lei n® 8.742/93). 0 beneficioomehsah\de um saldrio-minimo somente sera pago ao hecessitado, que, para efeitos legais, é o idoso (maior de 65 anos) ou 0 deficiente, incapaz de prover a sua manutengdo e cuja renda mensal familiar per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salario minimo (art. 20, § 3%, da Lei n® 8.742/93). 0 conceito de “necessitado” foi considerado constitucional pelo STF (ADInn® 1.232-DF). Todavia, 0 ST] ja decidiu que o limite de 1/4 do saldrio- -minimo nao é absoluto, pois: deve ser considerado, como um limite minimo, um quantum objetivamente considerado insufici subsisténcia do portador de deficiéncia e do idoso, 0 que Stounipape Social £ 4 PREVIDENCIA SOCIAL _Gaerno nao impede que o julgador faga uso de outros fatores que tenham 0 condao de comprovar a condi¢o de miserabilidade do autor (AGRESP 523.864/SP, Rel. Min. Felix Fischer). De fato, ainda que o legislador frequentemente se utilize de parametros objetivos para a fixagao de direitos, a restri¢ao financeira pode e deve ser Ponderada com caracteristicas do caso concreto, sob pena de se condenar © necessitado A morte. Ainda que a extensao de beneficio somente possa ser feita por lei, ndo deve o intérprete omitir-se & realidade social. da continua polémica sobre a matéria, a propria Sem embargo, em raza Corte Constitucional acena com alguma mudanga em sua compreensao, admitindo a validade dos requisitos legais de miserabilidade, mas sem limitar este conceito somente Aquelas condisoes. Assim decidiu o Min. Gilmar Mendes, ao negar liminar na Reclamacia.yn® 4374-6/PE, em razdo de concessio do BPC A pessoa que nao atendia aos requisitos da LOAS. Como expés em seu decisério, “nao se-declara a inconstitucionalidade do art. 20, § 3°, da Lei n® 8,742/93, mas apenas se reconhece a possibilidade de que esse parametro objetivo seja conjugado, no caso, concreto, com outros fatores indicativos do-estado de penuiria'do cidaddo. Em alguns'casos, procede- -se 4 interprdtacao sistematica da leglslagao superventente\que estabelece critérios mais eldstieos para a Concessdo de outFos berieficiog assistenciai Adicionalmenté, cutfpre lembrarque ox BFasil, mals recentemente, aprovou,jpdr meio do Decreto Legislativo st” 186/08, 0 texto da Convengao sobre os Direitos das Pessoascom Deficiéneiaede seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova lore, en'30 de mar¢o de2007. Pela citada convengio, 0s Estados-Partes reconhecem,odlireitondas pessoas com deficiéncia a um Padrao adequado dé vida para si gpara suas familias, inclusive alimentagao, Vestudrio ¢ moradia@adequddtos, bem como a melhoria constante de suas condigdes de vida, e deverdo tomar as providéncias necessdrias para Salvaguardar e promover a realizagao deste direlto sem discriminagao baseada na deficiéncia (art. 28)- A idade de 65 anos, em substituigo aos 67 anos anteriormente Previstos, foi fixada pelo Estatuto do Idoso, aprovado pela Lei n? 10.741, de 1° de outubro de 2003. Melhor seria a lei manter a idade, mas ampliar 8S possibilidades de obtengéo do mesmo, em especial 0 conceito de Necessitado. Fanto Zamorrve Lynanin Resumo pe Dinerro PReviDeNciARio A prestagao Pecuniaria assistencial tradicional é conhecida como Beneficio de Prestagao Continuada, instituida pela Lei n® 8.742, de 07 de dezembro de 1993, conhecida como Lei Organica da Assisténcia Social ~ LOAS. Tecnicamente, nao se trata de beneficio previdencidrio, embora sua Concessao ¢ administragao sejam feitas pelo proprio INSS. 0 referido beneficio é intransferfvel, nao gerando direito a pensao por morte aos herdeiros ou sucessores, e sim extinguindo-se com a morte do segurado. Todavia, 0 valor nao recebido em vida pelo beneficidrio sera Pago aos herdeiros (art. 23 do Regulamento do Beneficio de Prestagao Continuada - RBPC, aprovado pelo Decreto n° 6.214/07). 0 beneficio assistencial, na previsdo original do RBPC, nao poderia ser acumulado com qualquer beneficio da Previdéncia Social ou de qualquer outro regime previdenciario, salvo o da assisténcia médica (art. 5° do RBPC). Pelo Decreto n® 6.564/08, dando nova redagao ao art. 5° do RBPC, © impedimento permaneceu, conta ressalva adigional do recebimento de Pensao especial de natureza\indenizatériaCPosteriormente, com a nova redacdo dada pelo Decreto n2 7.617/11, as possibilidades de cumulagio sao aumentadas, cot a inclusdo’da hipétese de remufiéragao advinda de contrato de aprendizagem. nd caso'da pessoa comm deficiéncia. (De acordo com a LOAS, entende-sé como familia, parafins.dé fixagao da renda per capita, 0 requerente, a cénjuge ou_companheiro, 08 Pais e, na ausénci de um delespa’madrasta ou 0 paurastopos infiaos solteiros, os filhos € enteadns solteiros'e os menotes tutéladosdesde@ue vivam sob 0 mesmo teto (art. 20, § 1°, Lei n?@.742/93). Ou seja, notarséquo,o atribiito priticipal da deficiéncia é 0 encargo mais elevadovna realizacioda vida)plena em sociedade, o que impée uma Proposta bem siperior a existente, Na sequéncia, houve a publicagao da Lei n? 12.435, de‘06 deulho de 2011, adequando a Lei n® 8.742/93 as novas disposi¢des sobre a matéria, Na nova redagao da LOAS, pessoa com deficiéncia é aquela que tem impedimentos de longo prazo [minimo de dois anos] de natureza fisica, intelectual ou sensorial, os quais, em interagdo_ com diversas barreiras, podem obstruir sua participagao plena e efetiva na Sociedade com as demais pessoas. Ou seja, ha clara intengdo de adequar a legislagao interna A Convengao de Nova lorque, o que é acertado, embora desnecessério, pois com o Decreto Legislativo n° 186/08, a previsio da LOAS ja havia sido tacitamente derrogada. Considero a melhor evolugao do tema, com a Lei n® 12.435/11, a parte que trata do célculo da renda familiar, pois nao se faz mais a remissio 2 8 SeGuRIDADE SOCIAL EA PREVIDENCIA SOCIAL aon Lei n® 8,213/91, fonte de eternas divergéncias, mas sim ao novo conceito Préprio ao BPC. Como estipula o art. 20, § 12, da LOAS, na redacao atual, a familia é composta pelo requerente, 0 cOnjuge ou compankeiro, os pais e, na auséncia de um deles, a madrasta ou. 0 padrasto, os irmaos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob 0 mesmo teto. Embora a previsdo seja mu Ro art. 16, a remissdo ao RGPS gerava con mesmo ajudando no sustento da familia, ndo era iar, pelo fato de ser excluido do mais adequada. ito similar ao que ja dizia a Lei n?8.213/91, fusdes, como o exemplo do filho maior de 21 anos que, computado na quantificagao da renda fa rol de dependentes do RGPS. Hoje, a disciplina é A Lei n® 12.470/11 mudou novamente a recente regra criada para 0 beneficio agsistencial da LOAS. Na regra criada pela Lei n? 12.435/11, haveria a necessidade de existir incapacidade, a qual teria de ultrapassar dois anos, para ser qualificada como de longo prazo: A Lei n? 12. 470/11 mantéin essa restrigdo temporal, mas) nao fala mais em incapacidade, mas sim em impedimento, o.que permite uma aplicagao mais abrangente, até pelo fato de incapacidade ser termo.mals adequado a aptidao para o trabalho, 0 que nag(faria sentido para eriangas: por exemploc Hoje, entag,'lei ainda prevédtie,para fins do BPC, considera-se pessoa com deficiéncia aqueladue tem impedimentos, deilongo prazo de natureza fisica, mental, inteléetualiow sensorial, os quais, enrinteragao.com diversas barreiras, pgefem obstruir sua partisibacdo, plena,e eletivacta sociedade em igualddade de condig&es cont as denials, pesBoas, mas deixando claro ue se trata de impedimento (ecn&d necessarigaente de incapacidade) e ue os efeitos devert perdutat, por m0 minimo, dois anos. ‘AdicionaliSente, a nova lebexpress@ due a remuneraao da pessoa com deficiéncia na condigaode aprendiz nao sera considerada para fins do calculo da renda familiar. Era comitim, em diversas situagbes, que um menor aprendiz, em razao de sus bolea, excluisse 0 diretto ao beneficio assistencial de algum familiar hajavistanelevagao darenda per-capita. Isso hojenomais existe. Indo além, a lei prevé que a contratagao de pessoa com deficiéncia como aprendiz Nao acarreta a suspensao do beneficio de prestagio continuada, limitado a dois anos ¢ recebimento concomitante da remuneragao ¢ do beneficio. Ou portador de deficiéncia for contratado como aprendiz, ainda assim permanecera o beneficio, mas limitado a dois anos. Caso a pessoa portadora de deficiéncia, beneficidria do beneficio assistencial, venha a exercer atividade remunerada, perder a prestagao, Se)a, se o pro Fanio Zamarrre [prarim Resumo pr Dinero PrevipenciArio ainda que na condigéo de MEI. Caso retorne a situagdo original, podera requeré-lo novamente. Interessante notar que, caso o evento que tenha provocado a perda do beneficio assistencial tenha se exaurido (perda de emprego, por exemplo), Poder o segurado reativar seu beneficio sem pericia, de imediato, desde que dentro do prazo de dois anos da concessao, pois, ultrapassado esse prazo, 6 necessaria nova avalia¢ao para qualquer beneficiario. Apesar do beneficio de prestagdio continuada ser 0 beneficio assistencial Por exceléncia, outros existem na lei. Sdo os beneficios eventuais, isto 6, 0S auxilios funeral ¢ natalidade, que eram beneficios previdencidrios, mas agora vinculados a assisténcia social. Também sao limitados as familias cujas rendas mensais per capita sejam inferiores a 1/4 (um quarto) do saldrio-minimo. 0 auxilio natalidade era beneficio previdenciario concedido a segurada gestante ou ao segurado pelo parto de sua esposa ou companheira nao Segurada, em prestagao tnica, desde que estes possuissem remuneragao inferior a determinado patamar. Ja o auxilio-funeral era pago ao executor dos préstimos fiinebres,eni cota tinica, desde que o interessado possuisse remuneragao inferior-a determinado patamar (arts.140 e 141 da Lei n® 8.213/91, ambos revogados pela Lei n? 9.528/97). Disp6e a LOAS que competeaos Estados destinarrecursos financeiros aos Municipios, a. titulo de’ participaga6’ no_custeio do’ pagamento dos auxilios natalidade\@ funeral, mediante\critérios estabelecidos pelos Conselhos-Estaduats de Assist@ncia $odial (art. 13,,[)da Lei n® 8.742/93). 1.1.3. A Previdéncia So¢ial Existem:\dois Regimes Basicos (publicos) ae > RGPS (art: 201, CRFB/88) A> RPPS (art.40, CRFB/88) errs ©” Regimes Complementares pectal Or 6 + Privados (art. 202, CREB /88) a > Aberto (EAPC) ¢ + Fechado (EFPC) - trabalhadores privados e pitblicos 1.1.3.2, Regimes Previdenciarios 0 sistema previdenciario brasileiro é dotado de dois Regimes Basicos (Regime Geral de Previdéncia Social e Regimes Préprios de Previdéncia de Servidores Publicos ¢ Militares) e de dois Regimes Complementares de Previdéncia (aberto ou fechado, no RGPS, e unicamente fechado, nos RPPS). 14 Stoumpane SociaL £.A PREVIDENCIA SOCIAL Canfruto 0 Regime Geral é 0 mais amplo, responsavel pela protecdo da grande massa de trabalhadores brasileiros. £ organizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS -, autarquia vinculada ao Ministério da Previdéncia Social. Os Regimes Préprios de Previdéncia sio os mantidos pela Unio, pelos Estados e por boa parte dos Municfpios em favor de seus servidores Piiblicos e militares. Nesses entes federativos, os servidores ocupantes de cargos piiblicos efetivos nao sao vinculados ao RGPS, mas sim a regime Préprio de previdéncia ~ RPPS, desde que existentes. Somente com rela¢o a esses regimes proprios é que Estados e Municipios poderdo legislar. J4 a competéncia legislativa quanto ao RGPS é exclusiva da Unido. Diversos ime proprio de previdéncia e, por Municipios brasileiros ndo possuem regi isso, seus servidores sao obrigatoriamente vinculados ao RGPS. A organizagaio dos Regimes Proprios de Previdéncia deve seguir as regras Rerais da Lei n® 9,717/98, com as alteragGes da Medida Provisoria n° 2187- 13/01 e da Lei n® 10.887/04, enquanto 0 funcionamento do regime Previdenciario dos militares segueasdiretrizes dadiei n® 6.880/80, com as alterages da Lei n® 10,416/02 e Medida (Provisoria n® 2.215-10/01. O fundamento constitudional dos regimes proprios de servidores esté no art. 40 da Constitiigo, enquanto6 Wos militares é preyisto no.art. 142, X, da Constituigao. Em verdade, nent eria\correto falar em're} Ilitares, pois, estes simplesmente, sogitem, a\fnatiyidade remunerada, Custeada integralmente pelo Tesotro, sem perder condicao de militar, As especificidades desta categoria dificiimente permitirao a criago de um regime securitatio,atiarialmente viavel, pois a aposentacao é frequentementeprecoce, seja pelas rigorosas exigéncias fisicas ou, mesmo, Por critérios de hfSrarqu®>quands, por exemplo, um oficial general é Compulsoriamente aposentatlo em razao de ter sido preterido na promosao gimeprevidenciario dos Por oficial mais moderno. © Regime Complementar possui cardter facultative e natureza Privada,’ sendo regulado em lei complementar. Cabe a0 Estado, no caso @ Uniao, somente a fiscalizagdo e regulamentagao de seu funcionamento. Nao ha obrigatoriedade em sta filiagdo; 6 ops individual do benefictirio. Contudo, a adesio a este regime ndo exclui a obrigatoriedade de contribuir 0 RGPS ou regime proprio, no caso de servidor. svidores pabicos, vinculados a rogimes 5 De acordo com a EC nv 41/03, 0 regime -complementar dos ser Ling a PrOprios do prondencia, sora do natreza publica (at. 40, § 15,8 CREWS) 15 Fabio Zasuurrre Ieanina Resumo pe Dinetro PrevipeNciARio Podera uma mesma pessoa ser vinculada ao RGPS e a algum Regime Proprio de Previdéncia? Certamente que sim. Basta que exerga mais de uma atividade, vinculante aos dois regimes. Por exemplo, servidor efetivo federal e professor de universidade privada é vinculado a dois regimes distintos, devendo contribuir em ambos, Entao, seria possivel a aposentagao por ambos os regimes? A resposta também 6 positiva. Atualmente, a acumulagao de aposentadorias de regimes distintos é possivel. Assim, por exemplo, um médico que acumule licitamente dois cargos piiblicos, no ambito federal e estadual, e ainda tenha uma clinica particular poderé adquirir trés aposentadorias: da Unido, do Estado e do RGPS. Na verdade, o ideal seria a unificagao dos regimes basicos da previdéncia brasileira, preservadas as caracteristicas de algumas categorias, com carreiras tipicas de Estado, pondo-se fim a miscelanea de regimes existentes na nossa atualidade previdenciaria. Para se ter ideia do absurdo, um médico que acumulé Ticitamentedois cargos piiblicos, na Unido e no Estado, e ainda tena Sua clinicacparticular, estaré vinculado a trés regimes basicos, sendo’d regime préprio da Unido, do Estado ao qual estiver vinculado ¢.46-RGPS; sem-falar na possibilidadede ainda ingressar na previdéncia complementar: 1.1.3.3. Regimes Préprios de Previdéitcia dé Serviddres Publicos 0 escopo-desta\obra atingeqtasaem sua totalidade o RGPS, até pele) seu papel preponderante-na sistematie# protetiva brasileira e a tendéncia natural de absoryer os-demais® Todavia, sdo necessdrias algumas consideragdes-sébre.os regimes préprios, de modo a assinalarmos sua existéncia ¢ suas ¢aracteristica® basicas Como visto, .o8°Regiines Préprios de Previdéncia de Servidores PGblicos ~ RPPS ~ seguem as diretrizes da Lei n® 9.717/98, pois cabe @ Unido estipular as normas gerais sobre o assunto. No citado diploma legal, ha previsdo do atendimento de alguns preceitos elementares, como a vinculagao exclusiva das contribuigdes ao pagamento dos benefic (art. 18, IID € a cobertura exclusiva a servidores titulares de cargo efetivo (art. 12, V), cabendo aos demais a vinculagao obrigatéria ao RGPS. Também prevé a lei o registro individualizado das contribuigdes do! servidores, com a identificacao completa deste, o montante de sua contribuigao e do ente federativo patrocinador de tal regime. Inclusive, a contribuigao deste s 16 SeGuripaDe SOCIAL EA PREVIDENCIA SOCIAL Carino 1 no podera ser superior ao dobro da contribuicao do servidor. Se, por exemplo, um servidor estadual contribui com R$ 500,00 ao RPPS, o Estado somente poderd contribuir com, no maximo, R$ 1.000,00. Veja que esta limitagao nao tem vinculagao alguma com a regra da paridade do regime complementar (ver rt. 40, § 15 c/c art. 202, § 3%, ambos da Constitui¢ao). Da mesma forma prevé a lei que o servidor ptiblico titular de cargo efetivo da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios ou © militar dos Estados e do Distrito Federal, filiado a regime préprio de Previdéncia social, quando cedido a érgio ou entidade de outro ente da Federagaio, com ou sem 6nus para 0 cessionario, permanecer4 vinculado a0 regime de origem. Isto 6, caso um auditor fiscal federal seja cedido para ocupar o cargo de Secretario de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, continuaré o servidor vinculado ao RPPS da Unido (art. 1%-A da Lei n® 9.717/98, inserido pela MP n® 2.187-13/01). Mesmo que o servidor cedido venha ayreceber algum adicional, nao havera vinculacao ao RPPS do ente cessionario ou ae, RGPS. Neste iiltimo, somente existe vinculo no caso dedcupante de cargoem comissao exclusiva, © que nao é 0 caso. Jé no caso de_extingdo do RPPS) oscentes federativos assumirao integralmente.afesponsabilidadepélo pagamento dos heneficios.concedidos durante a gua vigéncia, bem conto daqueles benéficios cujos requisitos necessarios A sua conééssao {dram implementadds anteriormeate a extingdo previdéncia social. Nos démais,¢as05,,ha vinculagao ntagem reciproca-do tempo de contribuigao, © qual sera averbado no.RGPS, Inclusive para efeitos de caréncia. Coma Emenda Cotistitucional n® 41/03, a Gonstituicao deixa de expressar @ possibilidade de Estados, Distrito Federal e Municfpios institufrem para@e modo mais claro, externar a necessidade da istema previdene do regime proprio de automaticd-ao RGPS, com a co} 10 social) imposigao da mesnia) emprol da manutengao do si A redagao esta adequada a previsio do art. 40, caput, da Constituigao, que Prevé a obrigagao de regime previdenciario contributivo para os servidores. ‘9 também passa a externar a impossibilidade de Estados, inferior A cobrada pela Unido a seus estes entes somente poderao % sobre aremuneragao DF © Municipios institufrem aliquota i Servidores, que é atualmente 11%. Assim, demandar contribuigao de percentual minimo de 11 de seus servidores. // 17 FAsio Zamorrre Lynanin Resumo pe Dinetro PRevipeNCIARIO A Lei n® 10.87/04 estabelece as principais diretrizes deste custeio, inclusive instituindo a contribuigao do servidor inativo em Ambito federal. Da mesma forma, a citada norma prevé as regras de cAlculo do beneficio do servidor, que passa a ser feito pela média das remuneragoes de julho de 1994 em diante. 1.1.3.4. Sistema de Inclusdo Previdenciaria Muito embora o principal escopo da Emenda Constitucional n® 41/03 tenha sido os Regimes Préprios de Previdéncia dos Servidores, 0 Regime Geral sofreu alguma alteragdo. Convém observar que as principais mudangas no RGPS tém sido feitas no Ambito infraconstitucional, por meio de alteragées na legislagao previdenciaria. A citada Emenda, posteriormente alterada pela Emenda Constitucional n° 47/05, passou a prever que a “lei dispord sobre sistema especial de incluso previdenciaria para atender atfabalhadores de baixa renda e aqueles sem renda prépria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no Ambito de sua residéncia, desde que pertenicentes a familias de baixa renda, garantindo-Ihes acess. beneficios de-valor igual a um salério-minimo” Ha algum tempo, a inclusdo\previdenciaria tem:sidlo debatida no meio académico, buscando-se, formas de incentiyo que venham a efetivar os mandamentos legajs) £m verdade, toda pessoa qué venha a exercer alguma atividade remunerada de natureza Iieita estara automaticamente filiada a0 RGPS, salve'sé participante, nesta condig’io, dé RPPS) 1 Todavia, a pratica tem°Sidg,algo_distante,da norma legal. A maioria dos trabalhadores. atiténomos, legalmente definidos como segurados contribuintes individuais, nao contribuem, em flagrante desrespeito aos Preceitos legais.e0 que%® pion -gerando uma sobrecarga gigantesca na assisténcia social,.pois serao excluidos da Previdéncia Social e poderao ‘somente obter beneficios assistenciais, na condigdo de necessitados. A questao da inclusao previdencidria 6 extremamente séria, apesar da melhoria provocada pela Lei n° 10.66/03, que determina a retengao da contribuigéo devida pelo contribuinte individual pela prépria empresa que © remunera, a exemplo do que ja ocorre com empregados e avulsos. Todavia, aqueles que laboram por conta propria somente para pessoas fisicas continuam & margem do sistema. Apesar de a reforma constitucional expressar somente 0 trabalhador de baixa renda, a meta deve ser a inclusio de todos. Naturalmente, o trabalhador de baixa renda carece de maior ateng40, pois o desamparo estatal pode Ihe custar a propria sobrevivéncia. Entretanto, nao se deve olvidar da natureza contributiva da Previdéncia 18 SeGuripabe SOCIAL EA PREVIDENCIA SOCIAL Cartnico 7 Social, 0 seguro social é sistema protetivo contra riscos sociais que demanda cotizagées da clientela protegida, as quais sao atuarialmente quantificadas de modo a definir o nivel de contribuigdo necessaria a atender as demandas socialmente relevantes. Nao 6 compativel a concessao de beneficios previdenciarios a trabalhadores, ainda que de baixa renda, sem 0 correspondente custeio. Para tanto, repita-se, existe a assisténcia social, a qual tem a fun¢ao natural de preencher as lacunas deixadas pela previdéncia. De fato, a prépria Constitui¢ao somente autoriza a concessao de novos beneficios ou a ampliagao de prestagoes ja existentes com a previsdo da fonte de custeio (art. 195, § 5°, da CRFB/88), regra que, desgragadamente, costuma ser ignorada pelo administrador piblico e, mesmo, pelo legislador. ‘a depende de fatores muitas vezes externos ao sistema protetivo, Em um distante primeiro lugar, o trabalhador sé podera abrir mao de parcela de sua remuneragao em prol da previdéncia quando atingir determinado patamar minimo-de.Fendimento, 1sto é, a melhor maneira de incluir o trabalhador,d@ baixa renda ng\sistema protetivo é Tetird-lo da situagao de baixatenda. Qualquer outra opgao-distinta da mellioria do status econémico dos trabalhadores 6 -fiéticla, podendo,\fio, maximo, acagapar) tum beneficio assistencial cofid previdenciario,a semelhanca do que foi feito,com a grande maioria dos beneficios dadfea ruralconcedidos antes da Coristituiggo de 1988. Tais expedientes samt efeitoximico de maculata credibilidagewa previdéncia, forcando um déficit tao incomensuréyel dtianto ihusérioem razao da enorme massa dé beneficios claramente assistencials pagos pelo calxa previdenciario. ‘Também nao deve sexebauecdi@s commleta cet? mulacao da estrutura administrativa do,INSS, cotta necessariacmethoria do atendimento, de Modo que os ‘beneficidrios sejam efetivamente tratados como merecem, longe das providéncias pidiculas® absurdas muitas vezes adotadas pela autarquia previdenciaria, com 0 intuito de coibir fraudes. Juliana Presotto Pereira Netto, em competente andlise da questao, ratifica a necessidade das agdes propostas e arremata dizendo que: A incluso previdencidri pode-se concluir assim que o principal desafio da previdéncia Social no Brasil hoje ¢ aumentar a cobertura do sistema e se consolidar como um servigo piiblico confidvel ¢ de alta quali cia do proprio Direito Previdenc jade, como condi¢do mesmo de rio. efica ‘da Inclusdo de um Maior Numero de Trabalhadores. Stio A Previdéncia Social em Reforma — 0 Desatio lo: Lr, 2002, p. 244 19

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