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Fortaleza, 18/03/2012
Carla Marzagão
Poemas e Canções
ERRO
Já me disseram
Que não vais
Nem sequer pretendes
Voltar aqui
Voltar para mim
Não me ofendes
Podes falar
Até esnobar
Se te faz contente
O que disseres
Ou fizeres
Apenas te desmente
Não encontrarás
Noutro lugar
A te querer
Alguém como eu
Que te amou
Tão cegamente
Todos percebem
O quanto te ressentes
Diz o que quiseres
Para mim é indiferente.
RESSURGIR
Ah! Encontrar
Alguém para amar,
Ressurgir.
Ah! Só amar,
Só querer renascer,
Existir.
E foi assim, então,
Um momento de paz,
Descobrir você,
Me fez reviver,
Refletir...
Só me fez esquecer
O quanto eu sofri
Sem você,
Meu amor,
A vida é fingir.
Pois, agora sei,
Viver é sorrir, é sorrir.
Ah!
FINITUDE
O tempo
Rareia,
Afina
As luzes pálidas
Do meu amanhecer
Lave,
Orvalho frio,
As lágrimas
E a tristeza
Do meu bem querer
Seque,
Ó brisa cálida,
Seus olhos,
Sua dor,
Ao entardecer
Mar,
Bom amigo,
Suaviza sua alma
Traz contigo a calma
Após meu
Anoitecer
ABRIGO
A meditar
Começo a sonhar
Com novenas pra rezar
Uma oferta a Iemanjá
Não consigo me entender
Nem sequer raciocinar
Como devo proceder?
Penso em sumir
Tento brigar
Mas não dá pra resistir
Só então admitir
Que essa nega me fisgou
Já não posso mais fugir
A paixão me dominou
Já decidi
Vou arriscar
Por mão única andar
Ah! Venham Santos e Orixás
Essa nega vai me amar!!!
Sim!
Essa nega vai me amar!!!
SI
Eu não sei
Porque algo fez
Em mim
Assumir um Bruce Lee, na imaginação,
Que emoção.
Do passado
Em instantes só me vi
O esperto Rintintin
Com o Capitão Furacão
E a criança que havia em mim
Surgiu me fazendo encontrar a paz
Resgatar o amor
Se com Jeannie o gênio
Eu sonhava
Ou se pela biônica
Esperava
Iludia o meu coração
Pois se nada era aquilo que eu procurava
Na verdade era eu
Eu não sei
Porque algo fez
Em mim
Assumir um Bruce Lee, na imaginação,
Que emoção.
No passado de instantes só
Tinha só que estender a mão
RETRATOS
Tudo se refina
Ao nada se destina
Esse é o grande nó. (bis)
Se se pudesse abraçar
Por completo o amor
Com as mãos arrancar
Por inteiro a dor
Que nos faz infeliz
E que nos faz desamar
Caso pudesse o amar
Ser apenas amar
A carícia
De um ser
Sem um por que
Prefiro crer
No amor poesia,
De um simples bom dia,
Sorriso ou olhar,
O amar sem tomar
Apenas amar
Jamais você há de saber
Quanto amor se perdeu
E o estrago que fez
Pois embora ao dizer que me amava
Apenas roubava,
O que já era seu.
QUE FUTURO?
Eu vejo
Nessa gente que passa
Um coro adormecido
Eu sinto
O punhal da trapaça
Na mão do escolhido
Cada vez que percorro
Um novo caminho
Me sinto sozinho
Sou alguém sem futuro
Cada vez que escolho
Uma porta aberta
Eu me sinto perdido
Pois estou no escuro
Se eu paro,
E a vida me leva
Bato num muro
E assim,
Se à vida me entrego
Quanto pago de juro?
VIDA NA POEIRA
Caia chuva
Limpe a sujeira
Lave minh’alma aventureira
Cinza na fogueira do senão
Erros esquecidos ao emergir
Cobram um quinhão
Cabendo só uma condição
Ao perdedor a cartada derradeira
Benditos pingos
Refresquem a terra
Uma alma que erra
Merece perdão
À chuva faço uma prece
Redimir meu coração,
Restos de uma vida na poeira.
NADA
Falto de mim
Falto de ar
E de sonhar
Vou sem rumo
A vagar
Por ai
Sem ancorar
Em algum lugar
Em qualquer mar
Faço o caminho
Sozinho
E a medida,
Sobrevida
Isso fui eu quem traçou
Do meu tempo senhor
E do meu fim
Falto de mim
Falto de ar
E de amar
Vou pelo mundo a cantar
Por aí a buscar
Em algum lugar
Em qualquer mar
Talvez ao me encontrar
Poderei então amar
Daí a busca findar.
CELIE BROWN
Entrou na contramão
Cruzou o sinal vermelho
Passando o lipstick
Sorriu para o espelho
Ouvindo a Winehouse
Lembrando Lady Gaga
Fuma o kingsize
Que não traga.
Celie Brown, Celie Brown.
Uma vida de invejar,
Passeia no Brasil,
Vive do estrangeiro.
Em Nova Iorque ou Xangai
Em Paris ou Mumbai
Um segundo a mais
Mais dinheiro
Cely Brown, Celie Brown.
Uma vida de invejar,
Passeia no Brasil,
Vive do estrangeiro.
Guiando com uma mão
Seu conversível jaguar
Pega o iphone
Começa a tuitar
Não viu o caminhão...
Pobre Cely Brown
Uma vida de invejar
Morreu na contramão
Uma morte bem vulgar.
FAVORES
Na virada
À beira mar
Estalam os fogos
Cantam elegias
Permanece o imaginário
Passa a vida
Corre o trem
Sem agonia
Pai Nosso e Ave Maria
Cantam as pedras do rosário
Vai à lida
Pesa a corda
Na mão suada
Resta a ferida
Segue o calvário
Em algum lugar
Para o trem
Uma voz cala
Seca a medida
Rompe a corda
É de alguém
O obituário
Na virada
À beira mar
Estalam os fogos
O trem apita
Entoam rezas
Puxam as cordas
Não hesita
Segue em frente o rebotalho
SERTÃO
Léguas e léguas
Vão de sertão
Passa o gavião,
Rasteja a cobra,
Reza o homem
Fiel na obstinação.
O sol rasga o chão,
Cresta a terra,
Canta o Ferreiro,
Não rompe o grilhão,
A vida repete
O canto agoureiro.
Léguas e léguas
Na cinza paisagem,
O céu costumeiro,
O mangue resseca
Provoca visagem.
Fazendo chorar
O infeliz Juazeiro.
Na caatinga
Geme o gado,
A força resvala,
O chicote estala,
Pela sina, levados,
O boi e o boiadeiro
O sertanejo espera
E se bendiz
Ao ver a procissão
Na Praça da Matriz
Em salmodia
Trazer no andor
A Virgem Maria...
Que Ela o salve do pecado
Que seja o sertão
Para sempre abençoado.
CALÇADA
Espero o anoitecer
A lua trazer você
Que caminha na calçada
Sem sequer me perceber.
JAZZEANDO
Somos amigos
Como fomos ontem
O que mudou
No lado de cá da rua?
Aumentaram os matizes
Nessa proximidade
Contamos com a felicidade
Somos amigos
Ainda brincamos
E nos ouvimos
Conversamos
Sorrimos com a lua
Acreditamos
Só melhorou
No lado de cá da rua
Somos amigos
Aqui e ali
Ontem e agora
Pro que tiver de vir
Se noutra esquina
Vier nos trair, o inesperado
Amigos seremos...
Seguiremos
Por outras ruas
Mesmo que não seja lado a lado
OLHA O NÓ
Vejam só
Olha o nó
Agora estou na pior
Sem maior
Nem menor
Sem contra
Ou pró
Como faraó
Virei pó
A faca eu levei no gogó
Como Jó
De dar dó
Eu me sentia tão só
Confiei
Com você
Fui de ruim
Pra pior
Um cipó
Dominó
Uma oferta, ebó
Acreditar, arriscar
Nesse jogo de amar...
Se se envolver faz sofrer
É preferível estar só!
MONOCROMIA
Branco e preto
Nesse plano
Duas cores
No contexto
Peles, sabores
Preto e branco
Branco e preto
Desse jeito
Acorde singular
Maneira de amar
Pele na pele
Cor sobre cor
A dor não é do amor
É o olhar que fere
Mas cabe o sabor
Considerar
Duas sinas
Mistura de rimas
Branco e preto
Duas cores
Dois amores
Sem preconceito
Monocromo perfeito
NÃO ME DIGA ADEUS
O galo cantou
O mundo inteiro acordou
E o dia-a-dia aqui na Vila começou
Todos à luta, com muita fé, muito humor
Nesse cantinho o Brasil pintado com amor
Da Vila tem a cor
Se foi um Barão o seu criador
Foi Noel, seu poeta imperador
Por sua calçada passou
Donga, João de Barro, Sinhõ
Lamartine, Almirante, Pixinguinha e Nazareth
Nosso Martinho no sobrenome levou fé
Vila, minha flor
Buscando em Rosa a inspiração pra compor
Pra você faço esse samba, faço esse samba,
Faço esse samba louvor.
BLUE BLUES
Azul escuro
O infinito
Claro,
O céu, o mar
Degradê,
Nuances dum olhar
Escorre o tempo
Azul a desbotar
Meia verdade
Meio tom
No tom da voz
Azul cianeto
Faz calar
Azul
A justa cor
Um blues
Um grande amor
Azul profundo
Envolve o mundo
Nada a sobrepor...
CORRENTEZA
Naquele instante
A certeza do fim
Num único momento
Não houve um só pensamento
Um apenas para o sim
De palavra em palavra
Vi desvanecer o tempo
E de gesto em gesto
Erguemos muros
Escondendo o sofrimento
Em direções opostas seguimos
Acreditando estarmos certos
Livres de arrependimento
Estávamos certos?
Tudo é finito
Nada é completo
Estávamos certos?
Por que esse vazio?
A liberdade se foi
Correnteza de rio
A me arrastar
Te reencontrar
Em direções opostas seguimos
Acreditando estarmos certos
Livres de arrependimento
Estávamos certos?
Tudo é finito
Nada é completo
Estávamos certos?
DIGA
Diga o que eu faço
Sem o seu amor
Mostra um caminho
Cura a minha dor
Você é como espinho
Da rosa que murchou
Não agradece e fere a mão
De quem plantou
Por jardins caminhei
Em busca da mais bela flor
Até que uma, encontrei
Que atenção me chamou
Com cuidado, eu amei
Sem esperar nenhum mal
Mas, o tempo não passou
Para nós, de forma tão igual
Para mim, anos de amor
Pra você, tédio mortal
Separados estamos
A vida segue seu curso natural
Assim, a você eu peço....
Que me diga
Diga o que eu faço
Sem o seu amor
Mostra um caminho
Cura a minha dor
Você é como espinho
Da rosa que murchou
Não agradece e fere a mão
De quem plantou
TÉDIO
A vida me ilude
A vida me cansa
Com seu dia-a-dia marcado
O tempo me mata a cada hora passada
E a sua conversa fiada?
Você permanece calado
Se não ouve o que eu falo
Posso criar o desconforto
Fazendo de suas ideias um aborto
Eu ouço, mas você não ouve o lamento
E se ausenta
Conta uma história justificando o ato
Como harmonia do fato
Eu escuto... Simplória, penso
O fato não justifica o ato
Não faz parte de mim
A memória selecionada
Você atende ao telefone
E desconversa
Enerva, me enerva
Mas não demonstra
E porque nega?
Se eu posso sentir o não falado
Ver o que a vida nos reserva
Amor em conserva
Sentimento mascarado, mascarado, mascarado
A vida me cansa
Com seu dia-a-dia marcado
O tempo me mata a cada hora passada
E a sua conversa fiada?
Não me diz nada
Nada, nada, nada...
RÉQUIEM
Não mais te vi
Como um dia eu vi
Porque parei
De te olhar
Quando te encontrei fria
Não percebi
O frio era meu
Eu o repassei a ti
Não te escutei
Porque fiz da tua voz
Uma sombra acústica
De outras vozes
Que me empolgavam mais
E quando ficaste distante
Não estranhei
Porque seguia outro Norte
Foi assim
Que eu te perdi inteira
Pelos meandros
Da insensibilidade
Do egoísmo
Que habitam em mim
Não posso te estender a mão
Nem suplicar
Porque hoje,
A sombra sou eu
Uma, que passou
Que você, sabiamente, esqueceu.
SEM CONSUMIÇÃO
Na manhã
Crop Top
Mini Mullet
Peep Toe
Maxi bolsa
TomBoy
Hug me
BB Cream
Victoria’s Secret
A tarde vem
Andar, comprar
Feliz, sorrir
Gastar, gozar
Quem vai pagar
Não vai curtir
A noite cai
É transparência
Negra
A lingerie
Schwarzkopf
Vermelho rubi
Spritz
Êxtase, ecstasy
Dançar, fingir
Viver, sentir
Ficar,
Total prazer
Na superfície,
Permanecer
Consumir até morrer.
MINHA ALMA
O adeus
Doeu no coração
E eu
Engoli o pranto, o não
Sofri
Calado a minha solidão
Meu amor valeu menos
Que um tostão
Eu dei pra ela
Tudo aquilo que eu podia
Casa, comida,
Luxo,
Amor, um ombro amigo
Que ela desconsiderou
Por outro alguém me deixou
Como outro qualquer
Nosso caso acabou.
MEU VIOLÃO
Vai, violão,
E me mostra o saber
Fazer
Quando o dia amanhecer
Faz o mundo renascer
Em suas cordas
Faz surgir uma canção
Vai, violão
E me prova que o amor
É cor
Tinge a vida de prazer
Se acabar não vai doer
Porque amar
É viver em construção
Se canção não houver
Se amor não tiver
Em um canto qualquer
Se esconde um violão
Você vai encontrar
E então musicar
Nas cordas ensaiar
Preenchendo a solidão.
ESTADO
Seja branco
Ou negro
Pobre, abastado
Até nas vascas da lei
Marginal autorizado
Seja por fé ou descrença
Tendo na mão a sentença
Sendo ou não condenado
Não se sinta alforriado
Seja um crente, um ateu
Aristocrata ou plebeu
Árabe ou judeu
Você é o que é
Nada para o estado
Se solteiro ou casado
Viúvo, amante, divorciado
Você é um arquivo
Encerrado
E toda essa sanha genocida
Numa vida
Temos que lutar.
O que temos a esperar?
E se toda essa luta está perdida
Para que lutar?
E toda essa sanha fratricida
Uma corrida
O que temos a ganhar?
Aonde temos que chegar?
E se toda essa luta está perdida
Para que lutar?
AMOR LÚDICO
Eis-me insana
Corporificada.
A essa terra vinculada
Nua, sinto latejar,
A vida em mim
Seu pulsar faz me doer
O sexo num múltiplo prazer
Nesse coexistir, nesse coabitar,
Sinto-me profanada
Enlouquecida, apaixonada
O verbo queima-me a garganta
Amar
Emudeço
Sobrevém o cansaço
Não pode ser a morte,
Relaxo
A terra me envolve
Não estou só
Sinto-me forte.
Fecho os olhos
Vejo a nós,
No orbe
Amor
Do pó ao pó.
TV VOCÊ
Se 90% da população
Vota numa eleição
A abstinência não tem perdão
O voto não foi seu, não!
Ele foi da televisão
Todos ouvem uma só canção
Nos carros, caixas de som vêm e vão.
Letra pobre enriquece a TV
Basta repetir o mesmo tom
O comercial não vai te deixar esquecer
Não pode haver tristeza
Nessa empolgante virtual vida
É ouvir a mesma batida,
Consumir a mesma bebida
Engolir a língua diluída
Regurgitar os miolos no pão
Quem come a Globeleza
Levante a mão
Senta aqui nessa cadeira
Aprenda, sou Mais Você!
Por certo eu vou te ver
Dez horas mais tarde
Ainda no mesmo lugar
Marido e filhos já foram pastar
Mas a telinha é o seu ateliê
Só mostra o que você quer ver
Para que ler, escrever, pensar?
Sentada aí você pode sonhar
Nos saltos altos, maquiagem, mega star!
Não mude a estação
Malhação não vai te faltar
Depois vem o Corujão
Acomode seu corpo esgotado
No buraco do seu colchão
Não durma com a boca aberta
Que a câmera está sempre alerta
Não esmoreça com a perua vilã
Nas novelas ninguém paga conta
E sempre têm dinheiro amanhã
Continue sendo uma fã
Dinheiro você não vai ter
Se o BBB anda na contramão,
É apenas opinião.
O IBOPE vai responder:
Você tem vida real na TV!
DEMÊNCIA
Irreversível
Como o rio que deságua
No mar
Leva, lava a alma aflita
Sem se importunar
Resgata a memória,
A vida,
A compreensão,
Do efêmero estar,
A remissão
Para quem deve voltar
Vem fatídica
Como o tempo
Pura e leve
Para quem aceita o seu chegar
É doce
Se suave for a certeza
Do eterno retornar
É a morte
Que caminha e espera
Quem com ela vai,
Mesmo sem querer ir
Mesmo sem querer se dar
É ela
Amiga sincera
Eterna companheira
Que em si carrega
A dor daqueles que te vendo ir
Ainda vão ficar
SUICIDA
Pra você
Que nunca acreditou em mim
Meu bem querer
Eu canto assim
Te amar
Reconstruir o meu viver
Não vou falhar
Quero você!
Sem duvidar
Pois sei que sempre vou te amar
Não há razão para sofrer
Creia em mim
Veja lá!
Depois vai me pedir perdão
Se magoar meu coração
E desistir.
Venha pra cá
Deixa eu te amar
Quero viver toda a vida
Com você, meu bem!
Venha pra cá
Deixa eu te amar
Não posso mais aguentar
Esse vai e vem!
DESABAFO
Venha aqui,
Vamos cantar ao sol,
E encontrar a paz
Na alegria, no amor
Que te dou
Canção, se fiz
Foi oração por nós
Pois tudo se constrói
Cante, então cante
Solte a voz
Se alguém te fez sentir dor
Eu te provei que o amor
É a resposta que podemos dar
Amar também cantar
Amar é encantar
Amar pra sempre amar
Cantar sempre cantar
Amar
MÁ INTENÇÃO
Só iria atrapalhar
Eu iria sofrer,
Eu iria penar
De voltar
De me ouvir
Ou replicar
Não há beleza
CONSUMAÇÃO
Eu barraquei
Misancenei
Gritei
Só me perdi
Eu supliquei
Chorei
Babei
Como eu sofri
Incomodei
Telefonei
Só reclamei
Eu constrangi
No tempo
Eu ponderei
Raciocinei
Eu refleti
Compreendi
Perder não sei,
Então cansei
E concluí
Daí, reneguei
E suplantei
De vez, parei
De vez, sumi
E assim você me quis
Então, fugi
Regurgitei
E entendi
Porque te consumi.
SONETO DA BUSCA
Navegou e atravessou
Do rio para o mar
Navegou e atravessou
Do rio para o mar
Se foi por caminhos
Para conquistar
Se foi, não voltou
Para reclamar
E navegou
E navegou
Sem ter aonde parar
Continuou
Nem se lembrou
Da hora de voltar
Tendo as estrelas
Para lhe guiar
O coração palpitar
O vento amigo
Para enfunar
As velas brancas
Levar
Continuou
Nem reparou
Que estava noutro mar
O céu se abriu
Não resistiu
Alma-sereia chamar...
CANTO ETERNO
Vou te encontrar
Em todos os momentos
Que nos afaste o tempo
Mesmo sem ter como procurar
Vou te amar
Por toda a eternidade
Com a mesma intensidade
O nosso amor irá perdurar
O meu cantar
Vai procurar e te alcançar,
Um amor assim não vai se consumir
Mesmo que pense é hora de partir
Tenho o meu canto
A te fazer
Voltar
UM NOVO AMANHÃ
Sim,
Um novo amanhã
Sim,
Um novo amanhã
Haverá
Se o imaginar
Se o construir
Se o planejar
Se acreditar
Que pode sonhar
Que pode sonhar
Que pode sonhar
Sim,
Um novo amanhã
Sim,
Um novo amanhã
Nascerá
Pra quem
Puder amar
Pra quem
Quiser cantar
Pra quem
Não se cansar
De ser tão feliz
Num sonho confiar
E de esperar
Tudo irá mudar
Num novo amanhã
Num novo amanhã
Num novo amanhã
VALIA
Daí o antigo
Laço se rompeu
A solidão nos envolveu
Seguimos
Juntos sem amor
Nosso amor
Não eternos
São
Amor e vida
A certeza que valida
Ter por si
Predileção
VELHO LP
Um LP
Com canções de amor
Esquecidas rodava
Naquela
Vitrola
Polivox
No apê
Eu me permiti envolver
Parei para ouvir
Nem sei por quê
Fechei os olhos
Guiei-me pelo som
E na memória
Você
Dançávamos pela sala
Como enamorados
O tango que tocava
Eu alucinado
Queria então te ter
A música seguia e eu ia à mercê
Da sintonia
De um velho LP