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COMO CONSTRUIR Pisos de madeira Marcio ¢a Graga Veiga valoriza os méveis; no bar, cria um clima s lojas, realga os produtos. Para cada ambiente é possivel selecionar ou criar uma maneira diferente de aplicar a madeira ‘A madeira € um material orginico e conseqiientemente depende das condicdes do meio ambiente para seu nascimen: to, crescimento e durabilidade em uso. Embora possua natu- © foguetes, pois sio bastante resistentes i raga ¢ 2 compres: sao. Assim, nao € dificll concluir que para cada finalidade haveri um tipo de madeira mais adequado, Por exemplo, em, pisos de madeira € recomendavel 0 uso de madeiras pesadas, | Com alta densidade, Quanto mais pesada, mais resistente sera Na fabricagao de pisos cle madeira, além de se levar em consideragac as caracteristicas naturais de cada madeira, tais camo peso e densidade, a secagem do material tem importin. cia fundamental para a qualidade final do produto. Ha duas maneiras ce realizi-la:ao ar livre ou em estufas. A secagemem estufa, muito mais racional, permite a redugio do teor de ‘umidade da madeira de forma gradual e controlada, oferecen- do maior seguranga quanto & qualidade do produto acabado, com prazo de secagem infinitamente menor 5 Trneamento Juntamente com a pedra, a madeira foi um dos primeiros $+ Abetua de esas eagdo) nateriais utilizados pelo homem em sua Iuta pela sobreviven cia. Além de dar abrigo e calor ao homem primitivo, foi vessou os séculos, conferindo aos ambientes toques de requinte ¢ beleza. A versatilidacle da madeira a tora um 4 Empenamento elemento de decoracio adaptavel a qualquer estilo e ambien- cempregackt também na fabrieagao de utensilios domesticos, sramencas € armas. Utlizada principalmente na construcao de moradias, com a evolugio da arquitetura e da engenhatia, ‘a madeira foi substituida pela pedra, cal eareia. Entretanto, sua / {6 Arqueamento longitusinal FICHA TECHNE 28. COMO CONSTRUIR [Nao € raro encontrar alguém que tentia sofrido com reagoes, indlesejadas em pisos de madeira, tais como empenamentos, trincas e aberturi de frestas. E inevitavel que a madeira exerca um “trabalho mecinico” (movimentacZo) durante sua vida ti fem virtude das repentinas mudancas le temperatura e umida- de relativa do ar a que esta sujeita, Porém, cuidados desde a fabricacao do produto, estocagem adequada, instalaea0 cor tae uma boa manutengio vao minimizar essas caracteristicas proporcionar um piso resistente, além de incomparavelmen- te bonito, 3. Instalagao de tabuas-corridas Quando se fala em pisos de madeira, pensa-se logo nas tradicionais tibuas-cortidas ou ffisos, de tio tradicionais que Slo esses tipos de revestimento para obras de alto padrao, A forma mais convencional de instalar os “frisos’ € pelo intermé- dio de pregos especiais, espiralados, de medida 17 x 21 fixados diagonalmente no eneaixe “macho” da tabua, num contrapiso ci- mentado com barrotes. (sar- rafos teapez dais de_madei- 1a) previamente chumbados a cle (Figura 2). Nos dias de hoje, porrazoes de custos e dos prazos aperta dos da obra, cexistem outras formas de far frisos de madeira, Se executados dda maneira correta, satisfazem tanto as exigéncias de qualida- dde quanto aos niveis de resistencia, e estao sendo largamente utlizados nas construgdes modernas como forma de agilizar ‘o processo de colocacio e reduzir os custos finals. Esse sistema ddefixagao, que chamamos de “embuchamento”, pode ser feito dle duas maneiras, dependendo da largura da tibua (figuras 3, ©). Pre ~ espraiado 4. Instalagao de taco (ou parquet) Sob o ponto de vista do mercado, 0 taco é consicerado um. subproduto da tébua-corrida ou friso, pois € feito do Para tabuas de 15 om e 20 om de largura Fixa-se 0 ff'so direto ao cimentado nivelado através de parafusos 5,5 x50 e buchas de nailon de 8 mm de diametro, @ tampa-se 0 furo com cavilhas (botdes feitos da prépria madeira escolhida), reaproveitamento de pegas curtas geradas no provesso de fabricacao das tabuas-corridas. Mas nao € por isso que deve ser visto como um produto de padrao inferior. Em muitos isos, a sua fabricago € mais cara e complicada, pois 0 taco jf passa por um processo de manufatura durante sua “fase” de tabua-corrida e depois ainda é reclassificado, para se tomar um taco, dentro do esquadro € medidas desejadas. E logico que a matéria-prima utilizada sempre sera, primeiro, destinada para 0 aproveltamento de seu compri- mento, preservando 4 integridade da madeira para a fabrica~ ‘0 de perfis mais longos (isos), porém, 2 medica que as Sohras cle matéria-prima vio se acumulando nas fabricas, estas deverto ser reaproveitadas p ieacio de tacos € outros produtos. Nesse aspecto, 0 custo da reclassificacio © transformagio de tabuas-corridas curtas em tacos acaba fomando o produto mais caro. For uma questio de mercado, convencionou-se que 0 taco deve ter seu prego abaixo do preco da tébua-corrida, dependendo da madeira escolhida. Em relacio aos tacos, existem diversas medidas ja larga~ mente utilizadas no mercado e outras que vio surgindo das especificagdes, ertadas ou nao, que aparecem em projetos aarquitetOnicos especiais. Existem tacos de diversas espessu- fis, porem, as mais comuns s20: 10 mm ou 20 mm. Quanto as languras, estas seguem as medidas mais estreitas de tabua- comtida, isto é 7 cm ou 10 cm, Os comprimentos dos tacos podem ser de 30 em, 40 em, 50 em ou até 70 cm e alguns modelos. Na pritica, a colocag3o de tacos é mais complicada que a colocagao de tabua-comida e requer mao-de-obra altamente especializada, pois o profissional (taqueiro) deve ter uma grande nocao de espago, simetria, esquadro, profundidadee, haturalmente, dom artistico para éxecutar variadios desenhos Gonfiguracdes). Existem diversas configuracdes possiveis de se executar em uum piso de tacos, pois tudo depende de um projeto de arquitetura. Com o tempo, algumas configuragdes Se tomaram mais famosas, ganharam nomes especials © foram adotadas pelo mercado como padrio bisico (Figura 5) Para tébuas de 10 cm de largura Para tébuas mais estreltas, pode-se evitar 0 uso das cavilhas aplicando-se o "embuchamento” (parafuso + bu- cha) direto © em diagonal pelo encaixe “macho” da tabua, tal qual um prego espiralado. Porém, nesse caso, o parafu- so @ a bucha deverao ter um didmetro menor (de 6 mm). Recomenda-se, nesse tipo de fixacao, a aplicagao de um pouco de cola PVA sob a tabua para aumentar a resistencia da fixagao. Paratiso (Obs: Em tibuns de 7 em de argua, 0 sstoma de colocagio acim no é ‘idvel em fungdo doe aensvol aumento nae quanidades de parafvsos & buchas, que o Joma andecondmico em relagao ao sistema convencional FICHA Piso de madeira Configuragées classicas ‘= Matanta-20moio “f= Dama ou mossion ‘Mas ha também a possibilidade de executar projetos especi- ais © personalizados, com medidas de taco diferentes do normal. © importante € salientar que cada projeto exige uma discussto prévia entre o cliente, 0 arquiteto € o instalador, para que sejam definidas a madeira para 0 piso e a medida do taco, Por exemplo, pisos feitos em configuracio espinha- de-peixe precisam ter seus tacos com encaixes “fémea" nos topos; pisos em dama, além também de fémeas nos topos, precisam ter medidas na largura e comprimento obrigatori amente miltiplas entre si, para formagio das “damas Mais importante que a configuracao dos tacos € sua fixacto a0 contrapiso, que determinara sua resistencia e durabilidade. © cimentado devera ser bem nivelado e desem- penado, com traco de areia e cimento na raziia 3:1, Em pisos ‘érreos devera ser adicionado & argamassa algum produto impermeabilizante, para evitar que a umidade vinda do solo venha a soltar 0 taco ou mesmo prejudicar a integridade da madeira, diminuindo sua vida til Como dito anteriormente, a instalagao de tacos em espi- nha-de-peixe, cama ou qualquer outra configuragio que Provoque 0 encontro das laterais de um taco com © tapo abeca) de outro, obriga que este seja fabricado com fémeas no topo”. Nesse caso, o fabricante devera produzir © taco especialmente para este fim, pois convencionalmente © taco 36 possui encaixes nas laterais, uma vez que deriva de tibuas-corridas, Em muitos projetos executives, temos 0 prazer de ver verdadeiras obras de arte sob a forma de configuragbes de piso em tacos, Porém, algumas vezes, as preocupacdes do arquiteto com a simetria do desenho faz com que alguns projetos exijam que o taco comece com uma pega inteira numa ponta do ambiente e ter- mine da mesma forma do outro lado, Ha que se levar em conta que a planta pode ser dlesenhada em perfeito esquadro e simetzia, mas na obra a coisa é bem dif rente. No local do servigo, pode Bienen ri haver uma parede fora de esquadro e isso tem de ser leva do em conta, pois, por menor que seja a di colocador pa de um “cirurgito pléstico” para Senepraivesaes tentar compensar essas diferen- a8 na hora da instalacao do taco, Os tacos. geralmente sao instalados com cola hranca’ base de PVA (acetato de polivinila), especialmente desenvolvida para este fim Figura 6). O consumo de cola previsto para os tacos € de aproximadamente: 1,1 kg/m* para tacos com 10 mm de espessura 1m 2.2 kp/m* para tacos com 20 mm de espessurt uso de tacos em pisos cle madeira nto se prende apenas a ambientes residenciais, podendo ser utilizados também em, lojas comerciais e quadras poliesportivas. No caso de qua- dras, logicamente, o sentido da instalagao do taco devera ser sempre o longitudinal, pois nao ha razao para se fazer pisos transversais ou decarativos para 0 uso esportivo, além do que convencionou-se que © sentido ideal de tabuas corridas e tacos deverd sempre seguir 0 sentido do jogo (de um gol 20 outro), Antigamente, era muito difundido o uso do taco conven cional de madeira medindo 7 ¢m x 21cm, © que possuia uma base rebaixada que chamamos de “asa cle andorinha”, onde penetrava a argamassa (cimento/areia) que, depois de seca, supostamente deveria ancorar 0 taco ao contrapiso. A inefi- ciéncia da ancoragem desse sistema fer surgir agregados como o "peixe e pedrisco" e 0 "prego asa de mosca”, que ajudavam a melhorar a aderéncia do taco ao cimentado. Corn © tempo, esse sistema de fixagao de tacos foi substituido pelo de encaixe “macho-fémea", mais conhecido como Superiae "Nese sistema, a ancoragem do taco 0 contrapiso se dé por meio de cola branca a base de PVA especial para essa finalidade, e como reforco os tacos sia encaixados entre si para maior seguranga (Figura 7). Outra grande diferenga entre o sistema “asa de andorinha’ © 0 Supertac € que este no entra em contato com a umidade excessiva da argamassa fresca, principal inimigo «la madeira, especialmente se for seca em estufa. Com isso, proporciona” se maior estabilidade dimensional ao produto acabado. Um piso de tacos bem executado mio perde em nada para um piso de tabuas-corridas no que se refere a beleza e durabi- lidade. eres ae oes we Die cbs = pee ee COMO CONSTRUIR RASPAGEM DE PISOS DE MADEIRA (tébua-corrida ou tacos) Procedimentos para acabamento natural de pisos de madera: Cerca de 18 Glas apds a Instalagao do piso de madeira & necessdria a raspagem, calafetagao @ envemizamento do assoalho, para que este apresente uma superficie mais nive- lada, textura mais Iisa e beleza incomparavel. Esse prazo pode ser abreviado, porém, ha de se aguardar no minimo urna Semana, pols a madeira sempre apresenta certo movimento de acomodapao apos a instalacao. Esse procedimento de raspagem é feito em cinco etapas, a saber ewer Inicia-ee com una raspagem prelminar de desengrsso, com maquina apropiada (dieeao},utlzando-se Ina grana 16 @ luando por 1000 a superficie do pis. Apée iso, 8 fala a raspagem male ina com Ina grand 26 (alguns profissionais Ulam prana 40) que proporcenera uma textura mals fa no piso, Por fen, faz60 a raopagom com Ina grana 50 (alguns sam grana 60), que proporctnard op6 few para armassa de Calafoiagdo, € tolimente eondonavolauilzagdo do agua ou So (cise para facitagtc do provesso de raspagem, Nos Cantos de piso © emendas de rodapé, araspagem6 eliacom twadoira port de belral ov - agpiha" 2? erara ‘A calafetacao é responsavel pela coregao das diversas it- Teguleridades que um piso de madeira apresenta em sua for- maristicae inacabada. Amas- sa de calafetar é fella da com- osigio de po de madeira (a ‘mesma do piso) + cola branca + verniz ou resina para madei- a. Essa massa é aplicada em todo 0 piso e nao apenas nas juntas @ emendas. Sua aplica- (G80 6 felta por intermédio do fodo do borracha rigida, que espalha a massa por toda a superficie, tampando os bura- ‘cos de pregos, falhas no cavilhamento, rejunte de tabuas, {estas de rodapés eto, Alguns casos requerema utlizacao de: massas plasticas pigmentadas (imitando a cor da madeira), mas é preciso tomar cuidado na escalha do pigmento, pois algumas madelras escurecen rapidamente (processo de ‘oxidagao) e apresentar cor predeminante diferente da deter- minada peio pigmento da massa pldstica e com o tempo essa iferenca jicara visive. 3? een ‘Trata-se da primeira demao de resina (ou verniz, conforne cada caso), ue denominamos de “deméo seladora’, pois sera a demao que permitra a aderéncia das demais ao piso pré-raspado, Essa demao ¢ bastante rala, isto €, ciluida com Alcoa! ou tiner erm pequenas quantidades para facil penetra- Etapas do acabamento —— Calafetacao " demao seladora 2° demao-base 3? demao final Enceramento/manut (¢40 do composto nos veios da madeira. Apés a aplic felia também pox toda a exienséo do piso com 0 “rodo" de borracha rigida, espere-se secar tolalmente © efetua-se un lixamento manual ou com maquina, com lita grana 80, prepa~ rando @ superficie para a segunda demao-base. A etapa Trata-ce da fase da segunda demao-base, esia sim mais uniforme © com o composto (resina ou verniz) menes diluico, ‘Aplica-se essa demao com rolo de la de camera rebaixaco ou com eecova de pelo propria para essa fsalidade. Nesia ‘ase, 6 imprescinalvel um ambiente impo de po oulvas impurezas suspensas no ar. bam como a protegao debalvo de porles ou fm janelas para evita a entrada de ar fro, que prejudioa a Catal zagao da resina ou verniz.Além disso, a névoa que surge da aplicagan do produto possui cheiro muito fore e, portant, no 6 aconselhave! a presenca de pessoas cu arias. Apo 8 secagem dessa demao, sugere-ce um novo lixemento com lixa ainda mais fina (grana 100 ou 120) para preparar Supericie para aultma demao de acabamento. Esse ixarrento poderd gor foto marualmonta ‘u com maquina leve (en- Ceradeva industrial adaptada para essa finalidade) 5? ema Trate-se de domao-inel de acabamento. Com 0 ambente totalmente. impo & protegdo, aplica-se 0 composto puro {apenascomacataizadorjcam Too de la ou excova de peo, tomendo-se cuidedo para que a apicagao Sea feta & conta luz, demaneira 8 permitr ue o profissional apicador repasse byertvais falnas de preench- meno formando uma pelicula © mais unforme possivel Raspageminivelamento, 6? cw Enceramentolmanutoneao, cemibora ndo seja considerada uma faze de apicagao propriamente dita, 6 de muta impor- tancia pois proporcionara durabidade « beleza ao pita de madeira 20 longo dos anos. Fila periodicamente pelo usu tio, serve para eleluar a impeza do piso, mas também pera reaigaro seu britho, Deve se eitacom panos impos e secos; ‘Spcionaimente, com uma enceradeira domestica. Néo deve Se ulllzar removedores, querosene ou qualquer outo tipo de produto quince, Pata linpeza iocalzade, usa-se Um pano limpo, levemente urtedecido (bem torcido) e nao de forma generaizada sobre o piso. A ullizapao de céras iqudas para manutengao ou renovagao do brilho € aconselhavel, porem deve ser eta esporadicamente, eviando-se assim pisos de madeira demasiadamente engordurados © escorregacios, Se lomados os devidos cuidados, 0s pisos de madera maciga ao atamento recomendados,verstelseincompara- vais em beleza © reouite FICHA TECHNE 28

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