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Licenciatura em Aptidão Física e Saúde

Análise do risco para a


prática de exercício em
Gerontes
David Rafael Monteiro Araújo nº 2101008
27-11-2009

Orientadora – Dra. Sandra Martins


Índice
Resumo..........................................................................................................................................3
CAPÍTULO I – OBJECTO DO ESTUDO ......................................................................................4
Introdução ..................................................................................................................................4
CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................6
Definição de Geronte..............................................................................................................6
Factos demográficos (OMS, 2009) .........................................................................................6
Principais alterações decorrentes do envelhecimento com influência na prática de exercício .......7
Alterações da composição corporal.........................................................................................7
Alterações das Capacidades Físicas ........................................................................................8
Importância da avaliação inicial e a identificação do risco ......................................................9
Estudos sobre identificação de factores de risco nos idosos ................................................... 11
CAPÍTULO III - MÉTODO ......................................................................................................... 13
Desenho do Estudo................................................................................................................... 13
Caracterização da amostra ........................................................................................................ 13
Procedimentos de Avaliação..................................................................................................... 13
Avaliação/Identificação do Risco ......................................................................................... 13
Composição Corporal ........................................................................................................... 14
Procedimentos estatísticos ........................................................................................................ 15
Apresentação dos Resultados ................................................................................................ 15
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................ 19
CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 22
Bibliografia.................................................................................................................................. 23

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Resumo
Introdução. O número de pessoas idosas residente em Portugal mais que duplicou nos
últimos quarenta anos, provocando o alargamento do topo da pirâmide etária (INE 2002),
estando Portugal no ano 2000 em 11º lugar no ranking de população mais idosa (Jones et
al., 2005). O exercício contribui para a melhoria da qualidade de vida e a triagem inicial
feita com o indivíduo, acerca da sua saúde e estado médico, permitirá uma melhor
avaliação por parte dos profissionais antes do início de um programa de exercícios
(ACSM, 2007). Assim, o presente estudo procura analisar os principais factores de risco e
caracterizar a população idosa que procura a prática de exercício físico num
Ginásio/Health Club. Metodologia: Este estudo foi realizado com 71 gerontes, 44 do
género feminino (64,66±5,85 anos; 63,55±11,51 kg; 1,57±0,06 m; 25,67±4,30 kg/m2) e 27
do género masculino (66,48±4,40 anos; 74,48±8,09 kg; 1,67±0,06 m; 26,17±2,51 kg/m2)
com idades entre os 60 e 80 anos. Foi realizado um questionário que incluía o Questionário
Par-Q and YOU, estratificação de risco para doenças coronárias (ACSM, 2006) e uma
anamnese clínica perguntando ao idoso sobre a situação profissional, nível de actividade
física e problemas clínicos tais como: hérnias discais; diabetes mellitus tipo 2; osteoporose;
problemas osteo-articulares; problemas cardíacos; deformações na coluna e hipertensão
arterial. Foi também calculado o Índice de Massa corporal e avaliada a % de Massa Gorda.
Procedeu-se à análise descritiva da amostra e, após o estudo da normalidade, aplicou-se o
teste t para amostras independentes para a comparação entre géneros (p<0,05). Foi feita
também a análise das correlações entre a magnitude dos factores de risco identificados e os
hábitos prévios de prática de actividade física regular através da correlação bivariada de
Pearson. Resultados: A comparação entre géneros permitiu verificar que os homens são
mais pesados (t=4,314; p<0,001) e mais altos (t=7,617; p<0,001) do que as mulheres. No
entanto, o género feminino apresenta valores de %MG superiores aos do género masculino
(t=-3,050; p<0,01). Não se verificaram diferenças entre géneros para a idade e para o IMC
(p>0,05). A amostra masculina tem uma percentagem de reformados mais elevada
(t=2,013; p<0,05). No conjunto dos valores obtidos para o Par-Q, não se verificaram
diferenças significativas entre géneros (t=-0,178; p>0,05). Ainda relativamente a esta
variável, 62,0% da amostra respondeu afirmativamente, uma vez ou mais no questionário.
às questões sobre risco para o exercício. 57,7% dos sujeitos apresentaram uma
estratificação de risco moderado, sendo que homens e mulheres apresentam valores
quantitativamente semelhantes para o risco moderado (59,3% e 56,8%, respectivamente).
Em relação a problemas clínicos existem diferenças significativas entre géneros para a
osteoporose na anca, sendo que as mulheres têm valores mais elevados que os homens (t=-
2,035; p<0,05), enquanto que as diferenças significativas observadas relativamente aos
problemas cardíacos são superiores na amostra masculina (t=2,342; p<0,05). Através da
correlação bivariada de Pearson efectuada não se verificou a existência de correlação entre
o número total de factores de risco e os hábitos prévios de actividade física regular, na
amostra total. Conclusões. No presente trabalho e na amostra estudada verificou-se que os
factores de risco mais prevalentes são problemas osteo-articulares e hipertensão arterial. O
género masculino apresenta um risco mais elevado de doenças cardíacas, enquanto na
mulher o principal factor de risco identificado foi osteoporose, nomeadamente osteoporose
na anca, pelo que, as necessidades/limitações para a realização de exercício parecem ser
específicas em função do género. Estes resultados devem ser levados em consideração
aquando da prescrição de exercício de modo que este possa constituir um benefício para a
saúde, proporcionado uma prática segura e ajudando a diminuir os factores de risco
identificados.

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CAPÍTULO I – OBJECTO DO ESTUDO
Introdução
O número de pessoas idosas residente em Portugal mais que duplicou nos últimos quarenta
anos, provocando o alargamento do topo da pirâmide etária. A população idosa é
predominantemente feminina. O ritmo de crescimento da população idosa é mais acelerado
do que o da população total, sobretudo nas idades mais avançadas. A estrutura etária da
população continuará a sofrer alterações nos próximos anos, prevendo-se que o fenómeno
do envelhecimento demográfico se acentue e a população idosa ultrapasse em número a
população jovem, entre 2010 e 2015. Serão mantidas ou mesmo acentuadas as diferenças
entre os sexos, com níveis de envelhecimento mais significativos nas mulheres. A
população idosa reforçará assim a sua importância relativa e a sua tendência de
envelhecimento e feminização no futuro próximo (INE, 2002). Portugal em 2000, a nível
mundial, estava em 11º lugar, em relação às populações mais idosas (Jones et al, 2005).

A actividade física pode ser usada para retardar ou atenuar o processo de declínio das
funções orgânicas que acompanham o envelhecimento, de forma a promover melhorias na
capacidade respiratória, na reserva cardíaca, no tempo de reacção, na força muscular, na
memória recente, na cognição e nas habilidades sociais. É importante referir que a
actividade física deve ser realizada com o intuito de prevenir, isto é, antes da doença ou
incapacidade se manifestar. Estas intervenções reabilitadoras devem ter em conta as reais
necessidades do indivíduo, sendo mantidas regularmente para aumentar a sua qualidade de
vida e longevidade. O exercício físico faz com que o indivíduo tenha uma maior
participação social, obtendo um melhor nível de bem-estar bio-psico-físico, factor este que
contribui para uma melhoria da qualidade de vida e longevidade (Cheik et al., 2003).

Como foi referido em cima, o exercício contribui para a melhoria da qualidade de vida, e a
triagem inicial feita com o indivíduo, acerca da sua saúde e estado médico, permitirá uma
melhor avaliação por parte dos profissionais antes do início de um programa de exercícios.
A prescrição do exercício deve assim ter em conta o estado de saúde do indivíduo, o seu
perfil de factores de risco, os seus objectivos pessoais e por fim a sua preferência em
relação ao exercício (ACSM, 2007).

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Objectivo do Estudo

O presente estudo tem como objectivo principal caracterizar o risco para a realização de
exercício de uma população idosa que se dirige a um Health Club da região da grande
Lisboa. Como objectivo secundário pretende-se dar a conhecer as implicações que esses
resultados poderão ter para a oferta de programas específicos de exercício.

Este objectivo será estudado através das seguintes hipóteses:

Hipótese 1 - Os utentes idosos que procuram o Health Club apresentam um risco baixo
para a ocorrência de eventos coronários associados à prática de exercício, não apresentam
sinais ou sintomas de doença cardiovascular, pulmonar ou metabólica e a estratificação do
risco dos utentes idosos que procuram o Health Club é baixa, na amostra total.

Hipótese 2 – Não existem diferenças entre géneros nos utentes idosos que procuram o
Health Club relativamente ao risco para a ocorrência de eventos coronários associados à
prática de exercício, a sinais ou sintomas de doença cardiovascular, pulmonar ou
metabólica e à estratificação do risco.

Hipótese 3 – Não se observa hipertensão arterial, limitações e/ou patologias osteo-


articulares na amostra total.

Hipótese 4 - Não existem diferenças entre géneros relativamente aos indicadores de


hipertensão arterial, limitações e/ou patologias osteo-articulares.

Hipótese 5 – Não existem correlações entre a magnitude dos factores de risco identificados
e os hábitos prévios de prática de actividade física regular.

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CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura foi dividida em quatro áreas para que exista uma melhor
compreensão do estudo, a definição de Geronte/Idoso, as principais alterações decorrentes
do envelhecimento, a importância da avaliação inicial e a definição do risco e importância
da avaliação para a prescrição do exercício.

Definição de Geronte
A palavra Geronte tem como origem a palavra Geronto que vem do latim géron, -ontos,
antigo, velho, ancião (Portuguesa, 2009).

Na comunidade científica a idade cronológica para que se considere, o sujeito, geronte ou


idoso, varia muito, e neste estudo foi utilizada a definição da Organização Mundial de
Saúde (OMS) que define um idoso como um indivíduo que tenha mais que 60 anos.

Factos demográficos (OMS, 2009)


• Em 2000, havia 600 milhões de pessoas acima de 60 anos, haverá 1,2 biliões em 2025 e 2
biliões até 2050.

• Hoje, cerca de dois terços de todos os idosos vivem em países desenvolvidos, em 2025
esse valor será de 75%.

• Nos países desenvolvidos, a própria velhice (80 +) é o grupo populacional que mais
cresce.

• As mulheres vivem mais que os homens em praticamente todas as sociedades,


consequentemente, a proporção de mulheres / homens é de 2:1.

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Principais alterações decorrentes do envelhecimento com
influência na prática de exercício
Segundo Mazo et al., 2001, “O envelhecimento altera todo o funcionamento do corpo”, eis
o que acontece a nível geral. O processo de envelhecimento está associado a inúmeras
mudanças em todos os sistemas corporais que finalmente se podem manifestar num
declínio na função fisiológica de pico. A preservação da capacidade funcional em idade
avançada baseia-se na manutenção das 4 componentes da aptidão cardio-respiratória,
resistência, força e resistência muscular, flexibilidade e composição corporal, cada uma das
quais sofre alterações com o envelhecimento causando um impacto negativo na capacidade
funcional.

Alterações da composição corporal


Massa Gorda.

Em relação há massa gorda podemos dizer que com o avançar da idade, existe uma
redução da massa corporal isenta de gordura e um aumento da percentagem de gordura
corporal (ACSM, 2007).

Massa Muscular

A perda de massa muscular com a idade em humanos tem sido demonstrado tanto
indirecta como directamente. A excreção de creatinina urinária, reflectindo o conteúdo de
creatina muscular e da massa muscular total, diminui em cerca de 50% entre os 20 e os 90
anos. A tomografia computadorizada do músculo demonstra que após os 30 anos de idade
há uma diminuição da área de secção transversa da coxa, juntamente com diminuição da
densidade muscular associada com aumento da gordura intramuscular. A atrofia muscular
pode resultar de uma perda gradual e selectiva das fibras musculares. O declínio é mais
acentuado em fibras musculares tipo II (Evans, 1997).

Massa Óssea

A massa óssea è mais baixa em populações idosas (ACSM, 2007). Um factor primário
associado ao risco de fracturas osteoporóticas é o “pico” de massa óssea desenvolvido
durante a infância e no início da vida adulta. Existem algumas doenças crónicas
relacionadas com o osso e o envelhecimento, tais como Osteopénia e Osteoporose.
Osteopénia é clinicamente definida como uma densidade mineral óssea (DMO) entre 1,0 e

7
-2,4 desvio padrão dos valores normais e osteoporose com uma DMO igual ou superior a -
2,5 desvio padrão dos valores normais. As mulheres estão em maior risco do que os
homens de desenvolver a doença, prevendo-se que uma em cada duas mulheres com mais
de 50 anos terá uma fractura relacionada com a osteoporose durante a vida (Bloomfield &
Smith, 2003).

Alterações das Capacidades Físicas


Alterações Cardiorespiratórias

A Frequência Cardíaca (FC) máxima diminui entre 20% a 30% em adultos mais velhos
quando comparados com jovens, Os três principais factores subjacentes a esta redução são:
uma diminuição da FC máxima de 6 a 10 batimentos por minuto por década; um declínio
no volume sistólico reflectindo-se na diminuição da capacidade contráctil do miocárdio;
um declínio no volume total de sangue, plasma e glóbulos vermelhos (Bellew et al., 2005).
A FC de repouso com o envelhecimento permanece inalterada e o VO 2max diminui
(ACSM, 2007).

Alterações na força e na resistência muscular

A força muscular declina com a idade avançada e em parte isso deve-se a redução de
massa muscular (Massoro, 1995). Os factores associados à atrofia dos músculos relativos
ao envelhecimento, deve-se considerar sempre que existem diferenças de indivíduo para
indivíduo e também entre diferentes grupos musculares (ACSM, Physiology of Aging,
2001).

A força muscular diminui, em média, 15% por década após os 50 anos e 30% após os 70
anos (Nied & Franklin., 2002)

Alterações da Flexibilidade

Em relação à flexibilidade podemos dizer que há um declínio desta capacidade física com
o envelhecimento (ACSM, 2007).

A flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma articulação


simples e múltipla e a habilidade para desempenhar tarefas específicas. A amplitude de
movimento de uma dada articulação depende primariamente da estrutura e função do osso,
músculo e de outros factores tais como dor e a habilidade para gerar força muscular

8
suficiente. O envelhecimento afecta a estrutura destes tecidos assim como a função, em
termos da amplitude específica do movimento nas articulações e a flexibilidade no
desempenho das tarefas motoras grosseiras é reduzida. (Mazzeo, et al., 1998). Declínios na
flexibilidade são significativos para a anca (20% -30%), coluna (20% -30%) e tornozelo
(30% -40%), a elasticidade do músculo e tendão também diminuem (Salem, et al., 2009).
A limitação do tecido mole que pode afectar a flexibilidade inclui alterações no colagénio,
que é o componente primário do tecido fibroso que forma os ligamentos e os tendões. O
envelhecimento causa um incremento na cristalinidade das fibras relacionadas com o
colagénio e aumenta o diâmetro da fibra reduzindo assim deste modo a capacidade de
extensão (Mazzeo, et al., 1998).

Importância da avaliação inicial e a identificação do risco

O American College of Sports Medicine (ACSM) é reconhecido como uma das principais
autoridades de recomendações e orientações para a prescrição de exercícios e testes para
populações especiais, incluindo idosos. As suas directrizes são amplamente aceites e
utilizadas em laboratório e em ambientes clínicos.

Identificação do Risco

Os idosos necessitam de atenção especial. Segundo o ACSM, homens acima de 45 anos de


idade e mulheres acima de 55 anos estão, por si só, já em risco de saúde, o qual pode ser
agravado na presença de um ou mais sinais ou sintomas sugestivos de doença
cardiovascular, pulmonar ou metabólica. Recomenda-se que os indivíduos com risco
moderado tenham ou sejam sujeitos a um exame médico (dentro de 1 ano) para o exercício
vigoroso e a presença do médico é recomendada para a realização de testes de esforço
máximo. Nos indivíduos com maior risco recomenda-se a presença de um médico durante
a realização de exercício submáximo e máximo.

A utilização de um questionário de triagem, como o Physical Activity Readiness


Questionário (PAR-Q) pode ajudar a identificar as pessoas com doenças pré-existentes
nestes indivíduos antes do teste de esforço ou início de um programa de exercício com
intensidade moderada a vigorosa (Bellew et a.l, 2005).

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Implicações da avaliação para a prescrição do exercício.

A prescrição do exercício deve assim ter em conta o estado de saúde do indivíduo, o seu
perfil de factores de risco, os seus objectivos pessoais e por fim a sua preferência em
relação ao exercício (ACSM, 2007).

Implicações para a prescrição do exercício de força

Segundo as Guidelines do ACSM (2007), a idade não deve ser um efeito limitador do
início de um programa de treino da força. Pese embora este facto, será sempre necessário
obter a aprovação médica, uma vez que esta população normalmente apresenta diversas
limitações do foro ortopédico, bem como uma elevada prevalência de factores de risco de
DCV. Neste sentido, recomenda-se que haja um cuidado adicional na supervisão individual
deste tipo de programa e procedimentos de avaliação adequados e orientados por
profissionais treinados. Na maioria dos casos, não são recomendados testes máximos de l
RM, sendo preferível optar por protocolos submáximos.

O exercício de força deve ser de natureza progressiva, individualizado e envolver todos os


grandes grupos musculares, bem como será necessário utilizar equipamento apropriado,
um planeamento adequado e técnicas de execução dos exercícios adequadas para a
implementação de programas seguros e eficazes. O ACSM (2007) recomenda a utilização
de programas que incluam variação, sobrecarga progressiva e gradual, especificidade, e
especial atenção à recuperação. Segundo Fleck & Kraemer (2006) o processo de
desenvolvimento de um programa de treino de força em idosos consiste num pré-teste e na
avaliação, na determinação dos objectivos individuais, no planeamento do programa e do
desenvolvimento de métodos de avaliação. Nesses indivíduos, o treino de força deve fazer
parte de um estilo de vida ligado ao condicionamento ao longo de toda a vida; assim, a
contínua reavaliação dos objectivos e do planeamento do programa é necessária para se
obter resultados óptimos e aderência.

Os programas de treino da força em idosos devem procurar a melhoria da qualidade de


vida dos mesmos, bem como a melhoria da função do aparelho músculo-esquelético. Dois
aspectos cruciais para atingir estes objectivos são a força e a hipertrofia muscular (ACSM,
2007).

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O foco nestes programas de treino deve ir para os exercícios poliarticulares, não sendo, no
entanto, de desencorajar a utilização de exercícios monoarticulares (ACSM, 2007).

Implicações para a prescrição do exercício cardiorespiratório

A avaliação tem implicações directas na prescrição do exercício cardiorespiratório, na


medida em que consoante factores como, problemas cardíacos, osteo-articulares, doença
metabólica entre outras, a intensidade do esforço vai variar. (ACSM, 2007)

Pessoas idosas com doenças cardiovasculares têm reduções adicionais no VO 2 máx e no


débito cardíaco máximo quando comparado com idosos saudáveis. Dado isto, a pessoa
idosa com doença cardiovascular geralmente apresenta valores de FC e da Pressão Arterial
(PA) mais elevados para a mesma intensidade absoluta de exercício dos seus pares
saudáveis, enquanto seu volume sistólico é usualmente menor e sua diferença artério-
venosa maior (Mazzeo, et al., 1998).

Implicações para a prescrição do exercício de flexibilidade

A avaliação dos níveis de flexibilidade é importante, pois um índice baixo vai aumentar o
risco de lesão, queda e dores na coluna (Salem, et al., 2009). O uso de exercícios
apropriados e feitos de uma forma regular com o intuito de mover as articulações na sua
amplitude total pode causar um aumento da flexibilidade 20-50% em ambos os sexos e em
todas as idades (ACSM, 2006)

Recomenda-se que exercícios tais como, caminhada, dança e alongamento têm


demonstrado incrementar a amplitude de movimento de uma articulação e devem ser
incluídos num programa geral de exercícios para pessoas idosas. Parece que, mesmo com
diferentes formas de abordagem, programas de curta duração, podem ter um efeito
benéfico sobre a flexibilidade (Mazzeo, et al., 1998).

Estudos sobre identificação de factores de risco nos idosos


Em Portugal as DCV continuam a ser a principal causa de mortalidade (Instituto Nacional
de Estatística, 2002). Tendo em consideração os dados do mesmo Instituto, no ano de 2000
verificaram-se em Portugal um total de 105813 óbitos por todas as causas, registando-se
um decréscimo de 2.3%, relativamente a 1999. As doenças do aparelho circulatório foram
responsáveis por 40994 óbitos (38.7% do total de óbitos). As doenças das artérias

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coronárias constituem uma importante causa de morte em homens de meia-idade, com uma
incidência 2 a 5 vezes superior à das mulheres (Jackson et al., 1997; Ribeiro, 1998). Em
homens e mulheres, o risco de DAC aumenta com a idade (Castelli, 1984; Edwards, 1995).
Nos homens, a incidência de DAC aumenta gradualmente com o avançar da idade e
sensivelmente até aos 60 anos, enquanto que nas mulheres começa aos 50 anos, geralmente
após a menopausa, e depois aumenta progressivamente. Os factores de risco das DAC são
mais elevados na meia e terceira idade. Num estudo prospectivo ao longo de 12 anos
realizado por Wilson et al. (1998) com 2489 homens e 2856 mulheres, os resultados
obtidos demonstraram que 383 homens e 227 mulheres desenvolveram DAC, e que após o
ajustamento de outros factores de risco, a hipertensão era responsável pelo aparecimento
da doença cardíaca em aproximadamente 28% dos homens e 29% das mulheres. O risco de
doenças cardiovasculares é maior em populações mais idosas (Germaine C. Verwoert et
al., 2008)

O efeito protector da actividade física não esta apenas relacionada com a redução da PA,
estando associado à redução dos factores de risco cardiovasculares (Fagard, 2006). A
hipertensão é um problema comum na população idosa, alcançando a prevalência de 60% a
80%. A hipertensão sistólica isolada corresponde a 60% dos casos de hipertensão no idoso
(Kannel, 1996). Num estudo realizado por Schneider et al (2008), em que os indivíduos
tinham mais de 60 anos, verificou-se hipertensão arterial sistémica em 70,3% da amostra
(N=148).

Os efeitos negativos da obesidade no risco de mortalidade são evidentes apenas em adultos


com idade inferior a 65 anos. A obesidade caracteriza-se como utilizar várias medidas
diferentes, não foi geralmente associado a maior risco de mortalidade em adultos mais
velhos. Embora seja reconhecido que a perda de peso é benéfica para reduzir a morbilidade
em adultos obesos de qualquer idade, não está claro se a perda de peso é igualmente
benéfica para a redução do risco de mortalidade em adultos mais velhos (Kuk & Ardern,
2009). Embora não exista um consenso exacto acerca do valor de gordura associado a um
risco óptimo para a saúde, uma variação de 10% a 22% e de 20% a 32% para homens e
mulheres, respectivamente, è considerada satisfatória para a saúde (ACSM, 2007).

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CAPÍTULO III - MÉTODO
Desenho do Estudo
O presente estudo tem um desenho transversal e descritivo, constituído por um único
momento de recolha de dados, o qual decorreu de Junho a Outubro de 2009.

Caracterização da amostra
Este estudo foi realizado no Health Club Solplay em Linda-a-Velha, visto ser o local de
trabalho do avaliador. Este estudo foi realizado com 71 Gerontes, 44 do género feminino
(64,66±5,85 anos; 63,55±11,51 kg; 1,57±0,06 m; 25,67±4,30 kg/m2) e 27 do género
masculino (66,48±4,40 anos; 74,48±8,09 kg; 1,67±0,06 m; 26,17±2,51 kg/m2).

Foi solicitado o consentimento informado para a utilização dos dados recolhidos a todos
os participantes no estudo e foi, também, obtida a autorização da Direcção do Clube para
permitir o acesso aos dados

Procedimentos de Avaliação

Avaliação/Identificação do Risco
Questionário PAR Q and YOU. Este teste consiste numa série de perguntas, e se o avaliado
responder que sim a uma ou mais perguntas recomendamos que consulte um médico antes
de realizar um teste de aptidão física ou aumentar substancialmente a sua actividade física.
Se responder "não" a todas as perguntas o avaliado é considerado apto para a realização de
testes de aptidão física e para a prática da mesma (ACSM, 2005).

Foi efectuada a estratificação de risco para doenças nas artérias coronárias através do
questionário adaptado das recomendações do ACSM (2007).

Anamnese clínica, perguntando ao idoso sobre problemas clínicos, com vista a identificar
as patologias e limitações. Neste questionário é pedido ao sujeito para responder a várias
perguntas tais como: se tem alguma deformação na coluna ou alguma hérnia discal, se
existe algum problema osteo articular, se é diabético, se tem osteoporose, se existem
problemas cardíacos e uma pergunta aberta sobre outros eventuais problemas.

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Composição Corporal
Índice de Massa Corporal (IMC) ou índice de Quetelet. O IMC avalia o peso do corpo em
relação à altura. É uma medida útil e indirecta da composição corporal, pois correlaciona-
se com a gordura corporal na maioria das pessoas. O peso em quilogramas é dividido pela
altura em metros ao quadrado (kg/m2). Os valores normativos de referência (ACSM,
2007), indicam que: valores de IMC inferior a 18,5 kg/ m2são considerados abaixo do peso;
os valores de IMC de 18,5 kg/m2-24,9 kg/m2 são saudáveis; o peso em excesso é definido
como um índice de massa corporal entre os 25,0 kg/m2 e 29,9 kg/m2; pessoas com IMC de
30 kg/m2 ou mais têm um risco maior de doença cardiovascular; a obesidade extrema é
definida como um IMC igual ou superior a 40 kg/m2 (AHA).

%Massa Gorda, através Bioimpedância Eléctrica (BIA, OMRON BF-306). A BIA é um


método fácil de administrar, não invasivo, e uma forma segura de avaliar a composição
corporal. Este método envolve a passagem de uma pequena corrente eléctrica pelo corpo e
consequente determinação da impedância ou oposição à passagem dessa corrente. Os
tecidos isentos de gordura, bem como a água corporal, são bons condutores ao passo que a
gordura é um mau condutor. Deste modo, a resistência à passagem da corrente eléctrica
está inversamente relacionada com a quantidade de massa isenta de gordura e à água
corporal, as quais podem ser determinadas por esta via (Kushner, et al., 1996). Heyward &
Stolarczyl (1996) relatam cuidados que devem ser seguidos para uma melhor utilização da
BIA: evitar o consumo de álcool e cafeína 48h antes do teste; não comer ou beber 4h antes
do teste; não realizar exercícios físicos de alta intensidade pelo menos 24 horas antes do
teste; suspender a ingestão de drogas ou medicamentos a base de diuréticos 7 dias antes do
teste; não executar o teste da BIA nos indivíduos do sexo feminino quando estes
perceberem que estão a reter água durante o ciclo menstrual; urinar trinta minutos antes da
realização do teste O desrespeito por estas orientações aumenta substancialmente o erro de
medição e, adicionalmente, deve-se verificar se as equações contidas no aparelho são
válidas para a população a ser avaliada (Hendel et al., 1996)

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Procedimentos estatísticos

Para análise das hipóteses de estudo foram utilizadas as seguintes técnicas estatísticas:

Hipóteses 1 e 3 – Análise de indicadores de tendência central (média) e de dispersão


(desvio-padrão), bem como da frequência relativa das variáveis em estudo.

Hipóteses 2 e 4 – Análise da normalidade das variáveis através do teste de Kolmogorv-


Smirnov; como se verificou a normalidade, foi utilizado o teste t para amostras
independentes para a comparação entre géneros.

Hipótese 5 – Análise das correlações entre a magnitude dos factores de risco identificados
e os hábitos prévios de prática de actividade física regular através da correlação bivariada
de Pearson, pois verificam-se os critérios de normalidade das variáveis em estudo.

O tratamento estatístico dos dados foi efectuado com recurso ao Software SPSS, versão
18.0 e o grau de significância estatística foi definido como p<0,05.

Apresentação dos Resultados


A amostra total tem uma média de idades de 65,35±5,38 anos, com um peso médio de
65,35 kg e com uma altura média de 1,62 m. Em relação ao IMC, verifica-se que é em
média 25,86 kg/m2, sendo este valor relativamente homogéneo (desvio padrão=2,71kg/m2).
A %MG é em média 32,37%, apresentando um desvio-padrão de 5,92%.

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Tabela 1. Caracterização descritiva da composição corporal da amostra total, do grupo
feminino e do grupo masculino. Comparação entre géneros através do teste t para amostras
independentes.
Amostra Total Amostra Amostra t
Masculina Feminina

N 77 -- -- --
Idade (anos) 65,35±5,38 66,48±4,40 64,66±5,85 1,394
Peso (kg) 67,71±11,59 74,48±8,09 63,56±11,51 4,314***
Altura (m) 1,62±0,08 1,68±0,06 1,57±0,06 7,617***
IMC (kg/m2) 25,86±3,71 26,17±2,51 25,67±4,30 0,550
%MG 32,37±5,92 29,79±5,36 33,96±5,74 -3,050**
*p<0,05, **p<0,01 ***p<0,001

A comparação entre géneros permitiu verificar que os homens são mais pesados (t=4,314;
p<0,001) e mais altos (t=7,617; p<0,001) do que as mulheres. No entanto, o género
feminino apresenta valores de %MG superiores aos do género masculino (t=-3,050;
p<0,01). Não se verificaram diferenças entre géneros para a idade e para o IMC (p>0,05).

Sobre o questionário de problemas clínicos e outros acontecimentos verificou-se que, como


descrito na Tabela 2, 76,1% dos indivíduos estão reformados, e a amostra masculina tem
uma percentagem de reformados mais elevada (t=2,013; p<0,05). No conjunto dos valores
obtidos para o Par-Q, não se verificaram diferenças significativas entre géneros (t=-0,178;
p>0,05). Ainda relativamente a esta variável, 62,0% da amostra respondeu
afirmativamente, uma vez ou mais no questionário, às questões sobre risco para o
exercício. 57,7% dos sujeitos apresentaram uma estratificação de risco moderado, sendo
que homens e mulheres apresentam valores semelhantes para o risco moderado (59,3% e
56,8%, respectivamente).

16
Tabela 2. Caracterização de frequências sobre a prontidão para a realização de exercício e
a estratificação do risco da amostra total, do grupo feminino e do grupo masculino.
Comparação entre géneros através do teste t para amostras independentes.
Amostra Total Amostra Amostra t
Masculina Feminina

Reformado 54 (76,1%) 24 (88,9%) 30 (68,2%) 2,013*


Par-Q (0 sim) 27 (38,0%) 5 (18,5%) 7 (15,9%)
Par-Q (1 sim) 30 (42,3%) 10 (37,0%) 20 (45,5%)
-0,178
Par-Q (2 sim) 9 (12,7%) 4 (14,8%) 5 (11,4%)
Par-Q (3 sim) 5 (7,0%) 2 (7,4%) 3 6,8%)
Estratificação 12 (16,9 %) 5 (18,5%) 71 (15,9%)
do Risco
(baixo)
Estratificação 41 (57,7 %) 16 (59,3%) 25 (56,8%)
do Risco -0,480
(moderado)
Estratificação 18 (25,4 %) 6 (22,2%) 12(27,3%)
do Risco
(elevado)
*p<0,05, **p<0,01 ***p<0,001

Relativamente aos factores de risco identificados (Tabela 3), pode-se dizer que 46,5% já
praticavam actividade física, 43,7% têm deformações na coluna, 21,1% têm hérnia discal,

16,9% apresentam diabetes mellitus tipo 2. Em relação à osteoporose pode-se dizer que
23,9% tem osteoporose, dos quais 8,5% tem osteoporose na anca. Os problemas osteo-
articulares atingem 42,3% dos indivíduos e 11,3% tem problemas cardíacos. A HTA atinge
49,3% da amostra sendo que 46,5% está medicada. Na comparação ente géneros, apenas
existem diferenças significativas para a osteoporose na anca, sendo que as mulheres têm
valores mais elevados que os homens (t=-2,035; p<0,05), enquanto que as diferenças
significativas observadas relativamente aos problemas cardíacos são superiores na amostra
masculina (t=2,342; p<0,05). Não se verificaram diferenças entre géneros para as restantes
variáveis (p>0,05).

17
Tabela 3. Caracterização de frequências dos factores de risco identificados na amostra
total, no grupo feminino e no grupo masculino. Comparação entre géneros através do teste
t para amostras independentes.
Amostra Total Amostra Amostra t
Masculina Feminina

Já Praticava AF 33 (46,5%) 14 (51,9) 19 (43,2%) 0,703


Deformações na 31 (43,7%) 11 (40,7%) 20 (45,5%) -0,384
Coluna
Hérnias Discais 15 (21,1%) 5 (18,5%) 10 (22,7%) -0,416
Diabetes 12 (16,9%) 4 (14,8%) 8 (18,2%) -0,373
Osteoporose 6 (8,5 %) 0 (0%) 6 (13,6 %) -2,035*
Anca
Osteoporose 17 (23,9%) 4 (14,8%) 13 (29,5%) -1,412
Problemas 30 (42,3 %) 9 (33,3%) 21 (47,7 %) -1,187
osteo-
articulares
Problemas 8 (11,3%) 6 (22,2%) 2 (4,5 %) 2,342*
Cardíacos
HTA 35 (49,3 %) 13 (48,1%) 22 (50%) -0,149
HTA medicada 33 (46,5 %) 13 (48,1%) 20 (45,5) 0,218
*p<0,05, **p<0,01 ***p<0,001

Através da correlação bivariada de Pearson efectuada não se verificou a existência de


correlação entre o número total de factores de risco e os hábitos prévios de actividade
física regular, na amostra total (p>0,05).

18
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Hipótese 1 - Os utentes idosos que procuram o Health Club apresentam um risco baixo
para a ocorrência de eventos coronários associados à prática de exercício e a estratificação
do risco dos utentes idosos que procuram o Health Club é baixa, na amostra total.

Esta hipótese é rejeitada visto que, claramente, a estratificação do risco para a amostra total
é de risco moderado (57,7%). Como foi descrito na revisão da bibliografia, segundo o
Instituto Nacional de Estatística (2002), as doenças cardiovasculares são a principal causa
de morte em Portugal, sendo que essa tendência decresceu 2,3%, relativamente a 1999. O
risco de doenças cardiovasculares é maior em populações mais idosas (Germaine C.
Verwoert et al., 2008).

Hipótese 2 – Não existem diferenças entre géneros nos utentes idosos que procuram o
Health Club relativamente ao risco para a ocorrência de eventos coronários associados à
prática de exercício e à estratificação do risco.

Esta hipótese é aceite visto que ambos os géneros apresentam percentagens semelhantes
em relação à estratificação do risco. Embora na presente amostra os utentes sejam muito
semelhantes neste ponto, Jackson et al. (1997) & Ribeiro (1998) falam de uma incidência
de 2 a 5 vezes superior dos homens em relação às mulheres para doenças nas artérias
coronárias. O ACSM (2007) refere que nos homens, a incidência de DAC aumenta
gradualmente com o avançar da idade e sensivelmente até aos 60 anos, enquanto que nas
mulheres, aumenta progressivamente a partir dos 50 anos, devido à menopausa.

Hipótese 3 – Não se observa hipertensão arterial, limitações e/ou patologias osteo-


articulares na amostra total.

Esta hipótese é rejeitada uma vez que se observam casos de hipertensão arterial e/ou
patologias osteo-articulares. A hipertensão é um problema comum na população idosa,
alcançando a prevalência de 60% a 80% sendo que a hipertensão sistólica isolada
corresponde a 60% dos casos de hipertensão no idoso (Kannel, 1996). Num estudo
realizado por Schneider et al. (2008), em que os indivíduos tinham mais de 60 anos,
verificou-se hipertensão arterial sistémica em 70,3% da amostra (N=148), muito superior à
encontrada no presente estudo (49,3%).

19
A redução do peso destes factores de risco, nomeadamente do risco osteo-articular pode ser
feita através do exercício pois, segundo o ACSM (2007), o exercício regular pode inclui
uma melhoria da saúde óssea, e então, decréscimo no risco de osteoporose e melhoria da
estabilidade postural, reduzindo assim o risco de quedas, lesões e fracturas associadas.

Hipótese 4 - Não existem diferenças entre géneros relativamente aos indicadores de


hipertensão arterial, limitações e/ou patologias osteo-articulares.

Esta hipótese é aceite uma vez que não se verificaram diferenças significativas entre
géneros na amostra analisada, em relação à hipertensão arterial (t=-0,149; p>0,05) e
também a limitações e/ou patologias osteo-articulares (t=.-1,87; p>0,05). Como se pode
verificar no estudo realizado por Wilson et al. (1998) em que a hipertensão está presente
em ambos os géneros e com uma diferença apenas de 1%. Quando se fala de osteoporose,
Bloomfield & Smith (2003), dizem que as mulheres têm um maior risco de desenvolverem
doenças relacionadas com a massa óssea, e que uma em duas mulheres acima dos 50 anos
irão ter uma fractura osteoporótica. No estudo realizado no Health Club Solplay essas
diferenças também se verificam, não sendo significativas. As mulheres são mais atingidas
por essas patologias, e apenas se verificam diferenças significativas no que diz respeito á
osteoporose da anca. Pelos dados obtidos e pela bibliografia encontrada, pode-se dizer que,
para a prescrição do exercício, em relação estas variáveis, não deverão haver muitas
diferenças na prescrição, a não ser em relação á mulher que, como apresenta uma maior
prevalência de osteoporose na anca, deve ter uma atenção especial neste aspecto.

Hipótese 5 – Não existem correlações entre a magnitude dos factores de risco identificados
e os hábitos prévios de prática de actividade física regular.

Esta hipótese é aceite uma vez que na amostra utilizada não há correlação entre a
quantidade de factores de risco, obtidos através do Par-Q e estratificação de risco, e a
pratica ou ausência de actividade física regular. Este resultado não está de acordo com a
bibliografia apresentada, e isso pode estar relacionado com o facto de não se saber, para a
amostra analisada, o nível de actividade física diária pois, segundo OMS, a actividade
física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos
esqueléticos que requer gasto de energia, e se o indivíduo tivesse uma profissão e/ou
actividade diária que proporcionasse esse movimento e gasto de energia, poderia anular o

20
sedentarismo, que é um dos 5 principais factores de risco (juntamente com a pressão
arterial elevada, valores anormais colesterol, tabagismo e obesidade) para doença
cardiovascular (Myers, 2003). Quando falamos do efeito da actividade física e os seus
benefícios na expectativa de vida dos indivíduos com doenças cardiovasculares podemos
referir um estudo de 2005 (Franco et al), com 5209 indivíduos, seguidos durante 46 anos e
avaliados com 3 níveis de actividade física (baixa, moderada e intensa) em indivíduos com
mais de 50 anos. Este estudo concluiu que “ evitando o estilo de vida sedentário na idade
adulta não só se previne a doença cardiovascular independentemente de outros factores de
risco, mas também se aumenta substancialmente a expectativa total de vida e de vida livre
de doença cardiovascular, para ambos os sexos, e este efeito já é visível para níveis de
actividade física moderada.

21
CONCLUSÃO
No presente trabalho e na amostra estudada verificou-se que os factores de risco mais
prevalentes são problemas osteo-articulares e hipertensão arterial. O género masculino
apresenta um risco mais elevado de doenças cardíacas, enquanto na mulher o principal
factor de risco identificado foi osteoporose, nomeadamente osteoporose na anca, pelo que,
as necessidades/limitações para a realização de exercício parecem ser específicas em
função do género. Estes resultados devem ser levados em consideração aquando da
prescrição de exercício de modo que este possa constituir um benefício para a saúde,
proporcionado uma prática segura e ajudando a diminuir os factores de risco identificados.

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