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A HISTORIA DA CULTURA BRASILEIRA SEGUNDO AS LINGUAS NATIVAS Greg Urban ade: eats Prone ls ‘que podem apronder acerca da it- teria pré-colomblana do Bras pelo estudo de liaguas amerndias histo. Feamente documentadas?Fodemos botencilmente sprender muito sobre 0 pero- ths partir de 4000-5000 a at hoe vendo ada ver com mals clarezaecerteza media (qe nos aprocimamos do presente, Fodemos Brae hipsters sobre localize dos po- ser indigenas en diversos momentos do pase {do — cate captulo decenvoherd,e=peif- Camente uma hipdtese da perfera ou rgibes de cabeceiras jienciamento cultural itor questa orgs mates cconbmicso potions ‘Goat, deve Bs claro desde oTaeo que «pesquisa sobre at linguasindigenas do Bra- sil est muito aquém do necesséro para uma Teconstrugta. A histria da cultura brasileira, tpreendida por meio das linguasnativas in. ‘da estéemvolta no mais negro mistri, a pon- tode ser mais adequado falar em graus relat vos de ncartrze do que de cortezs. O quaéro ‘aqui tragado corre orixco de serelaro demas, que implica a possiblidade de mascarar a ompleridade de nosos dadose o carder pre- Timinar de nossa hipstese ‘Ao afiemar que podemos aprender poten cialments muito sobre a histéria da eultura barasletra por meio das linguas queremos zee {que isso & pssivel, em primeiro lugar se pos- ‘irmos gramaticas, fonalogia ¢ voeabulérios ‘organizados edetahados para todas as inguas ‘¢,em segundo lugar, se tivermos splicado a las, com rigor 0 método de reconstrucio de seavolvido na lingistica comparatva, Naver. dade, pssuimos bons dados linguistics para apenas ums frag das inguas documentadas ‘eo método da reconstrucio foi adequadamen- te aplicado apenas em alguns casos, @ ainda scsim com sucess varlével. Estamos comezan- oa conhecer suicientemente a5 linguas Tu- i enosso conhecimento das Iinguas Arawak cesid avangando bastante, Temos menos certe: ‘ns quanto lingua a enoso confine to da fara Karib ¢ apenas rodimentar ~Disvemos ainda anlatizar que o método da ium gran razodvel de toa is trig, Ainda que Seja possivel formular — e ‘Gortumam ser formuladas — hip6teses @par- tir de um exame superficial do vocabulirios, estas nfo tem moios de distinguir semelhan (8 devdas an empréstimo daquelas decorren tes de origem histérca comum. A virtude do método da reconstrucdo & justamente permitir-nos fazer tal distingdo e determinar 5 relagbes genética entre as Iinguas ov 3 ji relagdes derivadas de origom histoica co- mum park diss ou mals linguas faladas atualmente (0 defelto da téenice da reconstrucéo vern deca ser teabalhosa e demorada,além de sua ‘qualidade depender diretamente da dos dados lingisticos « que se apica. Embora nfo pos- samos demonstrae a téeniea aqui, esta ervol- ‘er I) juntarlongas lists de palevas fonemi- {ada das lingoas a sevem comparadas, 2) 20> Tar correspondéncias de. som, isto é, de ‘monstrar que quando um som ("ps digamos) corre na lingua A, corre umn som correspon dente ("P; digamos) ao mesmo Iugar em cada palavrana lingua B eom o mesmo significado, 3) reconstruir a partir das correspondéncias onores uma protofonolagia ou se uma fo- nologia da Kingua ancestral das Kinguas que e- ti sendo comparadas; 4) estabelecer um pro- toléxico ou protovocabulavio; e 5) mostrar co- smo as palavras das lingua “filhas” podem ser Aerivadas do protoéxico através da aplicagio de regras de transformago sonora a este. As pelavras asta devivada so chamadas de cog nats. Quando as palavras nas inguas A e B ‘io as mesmas ou muito semelhantss, mas aio podem ser derivadas desse modo, s40 eoasi- ‘deradas como invengées ou produtos de em- préstima. ‘0 método da reconstrugio nio sé nos diz ave un grupo de Mngsas moderns deriva de ‘i anon coma, como tbs goal Tagua eto mats prinas entre adeno deste gpa equi diane, Ds mo. a é posse consur ura sanmbéan OTE deans om ane eis “cea EE gr ENT a tras Sabemos, por exemlo que as aguas JE “Ge Basi te ums orgen histrica comum, guas também sabemos que 0 ramo mals mer ‘ional ar falls, represewtado atualmente per we Tera Mrenagio en Se Fearon ene ao mule panera niente Seeger id naka ee ligadas umas as outras. an peonegnpehag halle Scares ear ieee Svea oct lnghte ek Bes Gaon tse Cocnmbr eh deomehee eeeaaton et oor, wigs Reneieiyscbeticoreatie. aes ee os Se aa eeea een verdadeiros cognatos, iste é, quais as palavras. ee eres oe conteaf ecas cision Soap: peeeeernnneinare: Sdeement carer: ‘profiad oslo Unt ae 18 LTengutov inden censor desbogee ts du nga se sepranns 58% ince cpestonicans S00 ns ox serra ey pros ec dt dels de pcs do eee eee terse oa Sremuosna loner: oe ed pode-se ter uma idéia do tempo envalvido: Sqr ena Spemnaniccaatmaninnee micas meet aey Reeieecteet arenes ioe ee dl uma fata spresentam, mais 09 menos a semelhanca que exe entre as lings da {ami romania da Burope rect, xpal portage alan, meno ete), poles si Dorauefesham comegado ase diferencia ‘uns 2 ou 3 mil anos. E o casa, por exemplo, db iloo da fai Tap Guarnt (Guar, Kolama, Olamp, Tape, Tenetshar te) eles maicstantesndoam de edo cor ‘elt una mor profiad rnold Siengenia (de 6 mil anor). Am dese nivel "msre” on de" por oposite 20 de ania). oss cevteon quan 8 lags o> nti dimina dastcrmente, embora ainda ‘Soja post, em algun ese, venir dado Silizand teenies da reconstigén.Ca9- deve experts que tis moos Depo des 361000 eee ato imagens ornano el somal. Por exsa ri, Joseph Greenberg (1987). em seu recente table Longing he Ara ‘oc tent dosecvolier ma sbordagem ternta para a compas, based aos pode frandes qantdades de materiale Seal ration de vrs lingas Greenberg ‘espera, assim, detectar antigas ligacdes gené- fies, remontando para lem do ortonte do tnatodo compari coment 6 paraslem {de 8 mil anos ated. Contudo, no caso bras Ter algunas de sas elasfeagses parecem chovar-se com pesquisa em andamento que Stam este ite métoda Sua dasiconso {19573845 situa, por exempl sings Ti no mesto "phylum ques Arawak distin unions dum pint” que contra sin {gus Jo Pano © Kan. O tao de ed fet (085s) mogers 40 contri que as Krngus ip etaram prowselmente soci dss as inguas Kare possivelmente também $Slingunr Te que a ete a0 momen tindingde squad ma rel ete e- hua dan bie "De sualqver mode, se nos pemitom ro- constr srlaeseronlipees entre fsx comunidades ngs) or ms. {odo ngewe smn ans xeon ns dados quanto A distribuicao espa ‘Ftsando as Inguashisticamenteelaciona ddasaum mapa, pode-se deseavohver hipSteses Cquntybocaiagio das Hoguas no pastado re foto e 8s migrades que Ivara 8 sua tual Aistibuigio.Pode-, por exemplo, afiemar com um grau razoével de certeza que 0s po- ‘os Tupi que foram os primeiros a ser encon- luados pelos portugueses 20 longo da costa silera Unham migrado recentemente para a regiia e pode-sesupar a rota dessa migracéo ‘desde «area Brasi/Bolivia possando pelo Pa- ‘gual e subindo a cesta do Brasil Esa supo- igo baseia-se no fato de as Kingussfaladas 10 Tonge desta rota incluindo 0 Chiriguano, 0 ‘Guarani ¢ © Tupinambé, serem tio préximas umas das outras quanto dialetos de uma uni= a lingua -Poderfamos aprender ainda multo mais, 0 pode comparativo pemitereconstrus See a Sor Raum wale See eer ion ‘comsiderdvel de que a palavra met ou algo ‘mito pareedo era utiizada para “mel” por [Cnguss Wacre-Toph ee = isa De No BAB {alantes do Brasl central, vivendo em algum Iugar entre 05 ros Sto Francisco e Tocantins, ‘hdvuns 2 013 mil anos Podemos reconstruir ‘essa palavra através das linguas Je ats, xa distribuigdo sugere uma origem naquola ro- ‘do, Com trabalho sufieente, podersamos re ‘constmir as palavras para plantas ¢ animais, ‘© que nos permitiria saber algo sobre a meio ambiente em que a protolinguafloresces.Po- dderfunos reconstruiraspectos do parenteseo, ‘organtzagio sociale vida poi, como fl fel- to em reac as linguasindo-evropelas> Mas ‘posse posquisasobroas lingua brasiloiasaln- dda nto estd tho mangada, Existem no Brasil quatro grandes grupos lngsticas com numerosos membros espa dos por vastasdreas: Arawak, Kaib, Tupi eJ& Neste brove ensaio, considero eada wim des ‘es grupos separadaments com alguns comen- trios quanto as suas possives Interrelagoes. Eistem ainda vérios grupos lingiteos me- nores, com menar mimera de linguase disti- Dbuigdo mais compacta no mapa: Chapacura, ‘Guaykuro, Katukina, Maku, Mura, Nambikwa va, Pano, Takano Tanomams. Considerarei es. Ses grupos em conjunt, sem me refers suas histéras culeualsintornas, embora cada wm doles meroga um estudo detalhado, Além die so, hd linguas isoladas,desigadas de fami, das quas tratarei numa sepia, Estas sto i ortantes, pois sua distribuigio pode informar sobre ahistria cultural mais remota do Brasil, sé 6 comum atualnente fazorso uma dtngéo rea fsa Jproprimente dita eo mado Macro. Se imagnarmos uma dor, ‘Tari Jo sepesoatais oor ao Tle Seni eels UTE EDEN TT Oa Ol icras cate as Tings Je aamente Sot Sam rvtguf peconaee “lea ntemamente do que asda ffi o- mica do indo europe. Mas fi demontado aque todas as linguas Jé esto lgadas (Divi, 1966, 1968). Mo Macro inchuindo Karak, kal Boy ats Pur Ket Oi, Jel, Rkbnss, Cust posselment, Bo: fove & Fala), ttase de relagoes mais ds- 1Bilanos_pelo-Mepos. Conseqientemente ‘boas Ticor quanto bs ses flags gene nas Sa RR eEeRS ‘seat Sn gone peo de ates Saleen "fomos muito mas csreras quanto a fam hinpuctinaetasebeeietn bet tema rm 4 Leaner ie eee acerca Lagann 9 mere mad _gramatieal bésica sulictente para permit uma oetegie ear nen elo Mapa I perecbse que toda rede sikaaugadeen behest Sais oh eeonchorpeiremal coe at se ee ee ETS Somme eee te eeemenes Trees ees ‘nas proximidades do gupo Je Central atual- ‘A piineima separacio teria ocorrido entre Serer rs Deserta mica sermtesce om dr acl eueaimettin aes See. ee eee eee meses kee oe one Sipneegelens ieee cere eens Sete oe aa oe Hoare Aone | contre eee Se ee ere ae “eroncgiesimarnsonse oda fom the onto (Gasc an Days Haag ees te scomecteener lees Keeps (abaicanien Keberteta, Melee Roloc, Gate Mets ¢ SC seeaeta oe sane pataece: Q hébitat das populagdes Jé era o plan names aero Ja dos poor Macro-Jé, oremos que ese 2: ‘Srasdewdapariv as me se miaioe Nese Ge tel Goa nae enharos mals tba perdi rca de ore taaat doce Gu gp maker geo ‘Ye nos permtsem sponte mas precision. too foo de dsperse O que sabemor 6 que tins das aguas Macro Jeo Kaj lo ‘ado prtne do Kent J8 Cent, 0M ‘Sha loclado no ral oriental, esto © to sul do akraba, também J@ Contra — RS crease elie apaale onsen or membros de fala fa que rage na olen Se consderanmos ts Haguas Macro 8 om conjnto,veremos qve foram um ael emt torn do Bas contact, © Vie e- tential da ren 6 debi por ua isha Ge wl don Fal no ext leste do Br Santo fon doo Sa Francie, sos Ri int loekzads ao long doi arena I so corcbor hipétese de que «penetra Kayopée Tin om credo so ert re tent ede que sus relies do origem or ‘contrariam mais ao sul. E interessante a su- fatto Geum coud do Jean Boswood foro). de ques lingua Ribak 6 prom {elment sas présina do J propiamente di to do que o Kaj ovo Maas, Ela ndicn ta tora do eognato de 38% entre o Take Balint eo prot }é mano somos quis 0 fetes da cops pra elapos ene as tas lingus Je. A necesdade demas ext Gos nese tntdo fea cident ‘limite ocidental da cxpuasio MacroJé 6 defini por uma in etre os Fibs 30 tote pseando pelos Barre e Gis aoe se digs par sudst até os Ohi. A pexgdo de Borore no MacroJe continua davidoss, Spesar dos primeies materi reunidos por Gero (950), pongo do Obie requer haa "epee eee ‘hinsky Q&T tena feito wna primeira tens tate. © line meridional a dos Obi parole to aid os Fur no exreme lente do Bra, Cv linga st atulnents extn Ese ite contra ahipstese de que of é meidionls faves ods drs a die do norte Eintercssto ela detarocor Fido bistorkamentuma tal concent de Tingus MacroJé na prt lst do Bras do. doo Rode Jaasir te Dakin. Esa podria sera zona de orgem do Macro-Jé, uma espe calagio que poderiaseriluminad por recons- ‘rugbes das rlagtes internas entre as amas Macro-Jé ness érea (Maxakali,Botocud, Purl Kamali). Se forem apenas remotamente re- Tacionadas umas as outs, esta seria uma Srea de grande divesidade lingistiea para 0 gru- po Jée, assim, um passive! local de dispersio beorrda hd 5-04 6 mil anos. SE i dare tmporae 20: tar que o MacroJé esti possivelmenterelaci nado go Tp e tabez também ao Kari, Davis (2968) apontou alguns possivelscognatose Fo drigues (19852) avangon com sam estudo in portante que o confirma. O interessante & que 49 contri de especelagdesiniias,neshumn desses grupos linghistios parece estar dice tamenterelacionada to Pano nem ao Arawak, ‘Votaremosaesse problema apés uma discus- sto das linguas Tupi e Karb, ja que a historia, ‘als antiga da cultura do Brasil exigrd preva velmente que se relacionem as familias Top, Jee Kari ror, Aflagto genética entre as Vinguas do grupo Macrotipi€ mas coaherida do que a li. fer no propo Macro. nose deve em gan- de pate a0 tralho comparativo do grande lingista brasileiro Argon Dalgns Raigoes (1958, 1964, 19852, 1985b, 1986). Dispomos finds de uma reconstrugdo detalhada da fi india principal dentro do grupo Macro, ‘onheetda como Tupr-Guaran} (Lem, 197), Testam poucasdividas quanto igabesge- nics entre a aguas ph Guarani etmos tina seguranga considera ao que dz respe= to's linguss MacroTip, embora as posgoes dentro da sevore prownelmente sem revs tes no fatra a medida ques pes prose. (0 principal grupo Tap, o ToprGuaran, é andlogo a J dentro do Mcro-Je,embor stat linguas seam provavelmente mals proximas unas das utr Argon Rodrigues (1986:29 =) ‘compara zo grupo rominice dentro do indo tropes. As dferengas parecem sot da mes to ordem de magnitude, 0 que sugerra polo menos 2 mil anos de divergéncia ‘O Mapa 2 mostra a distibuig dos povos “Tupi Guarani, que —e 0 € interesante — esto mas expalbados do que o grupo de fie tf mls afatadas MacroTup: Os Macro. Tiph exeetuando-se of Tup-Guaran, estio o concentrados numa érea no Brasil contro este tentre orio Madeira toeste eo sto Kingw alee te, Estondem-se até 0 Amazones, mae spiesen ‘am uma eoncentragto e dversidade maiores no estado de Rondénia, A érea geral de die- ‘do Tndien mats prosimo das areas $5 assim Toros falantes de MacroTapi teriam tido originariamente um padi de adaptacio ecolégica semelhanta aos de Macro-J@ numa data aniloga. Teriamn estado as torras masa: ‘0s J a lass ao sul of Tupi mais a onste '_u0_norte sso situaria‘s Jé nas cabecairas das Bacias da Sio Francisco, AraguaiaTocan tins eParaguai,e os Tupi nas redondezas dos ‘uibutérios orentais do Madeira, nas cebecei- [ras do Tapajés e do Xingu. No caso Jé, importante nota carder in- completo de nossos conhecimentos. Loukot- ka 1968) lista uma sie de linguas extintas no rordeste brasileira Se fossem ligadas 20 Macro 8, ss0 poderia indicar uma origem sais a nordeste, ainda em rogido alta, Nao te- ‘mos 0 mesmo problema no que se refee &s populagses Tupi, jé que as inguas atualmen- te extins falc antigamente ao longo da com '@ pertencem todas 3 funila Typi-Cuarani € si, provavelment,diletos de uma tinea ia gus, quehavia se deslocado ecentemente pars 2 regio, De fata, a grande expansto googréfica das Iinguas Tupi ndo estéassociada & antiga dis- ‘persio Macro‘Tupl, e sim a explosio que ocor- eu com a expansio da familia Topl-Guarani Esta teria ooarido hé ims 2 ou 3 mil anos, ¢ nfo hé 4 ou 6 mil anos, e parte da dispersio, @ provavelmente muito recente. ‘Suponido-se que es grupos Tup-Guarani te: ham comecado a se diferenciar de outros Macro‘Tupi em algum lugar entre o Madeira 0 Xingu, parove evidente que os Kokama e 0s Omagua se desloearum para cima em dire- si ao Amazonas. Faziaia parte da primeira (isto do grupo Tup-Gusrani, Pela mesma épo- a, 05 Cuaials teriam se deslocado para osu, atingindo a regio do atual Paragua, of Xi oné teriam se dirigido para o sudoeste,pe- netrando na Bolivia Essa fae de separagio ¢ dispersi fol se- guide pela do grupo central mais prosimamen- te relacionado de fants Tupi, que inclu 05 Pauserna e Kawabib a cost, o¢ Kajabi e Ka- ‘mayurd ao longo do Xingu, os Xeté, que se di- ‘igiram para o extremo sul do Bras, e 05 Te pirapé e Tenetehara, que partram em diego nordest,atravessando o Xingu eo Tocantins, até prdvimo da fox do Amazonas. Os Oyampi também faziam parte dessa dispersio, tendo talvez se deslocado na frente dos Tapirapé © Tenetchara, aravessando o Amazonas e che- sgindo até a0 norte do Brasil e as Guianas. {A dispersto final tere ocorido apds o ano 1000, que hé dacs indeando que sei sguas seria, entio, uma nica lingua, reuni- das sob o nome de “Tupi-Guarani’, que nio deve ser confendido com a familis mais am- pla. Essa lingua era fala pelos Chiriguano Cuarayo na Bolivia, eis Tapieté e Guarani 1 Paragua, pelos Kaingwa na regito entre o Paraguai a Argentina ¢ Brasil por gropos ‘que oeupavam a costa do Brasil alé a foz do ‘Amazonas: 0s Tupinamés, Tupiniquins e Po- tiguara, ‘As linguas Tap, consierando oatual esta- do do conhecimenta, parecem se distinguir das linguas Jé om sous padrées de dispersio seogriica, Entre os J, x distancia googrica Bistérion Linguas pasa wade ase ‘manter juntas, como se Kngua se reprodu- 2sse segundo um proceso de ramificagso em que novos galhos empuram o¢ velhos gallos ‘mais para longe. Nao éexatamente isso 0 que ‘corre, especialmente no que diz wespeito 20 ricleo Jé a a deslocamento dos J8 meridio- ais pargo extrem sul de Bra, Mas € de mo- do geral verdadeiro em comparacio com 08 Tepi Entre os Tupi, em verde ramifiagdes, n= contrmes umn padrso de xplordese radiasbes a partir de centros. Conseqientementa, lin ‘guns multe distantes acabam se revclando mie to rolacionadas. A velagio entre 0 Chiriguano na Bolivia eo Potiguara aa costa norte do Bra sil talvez sejao exemplomais eloqiente. Mas se nos distanclarmos ne tempo, teremes o& ‘Oyampi ao norte do Amazonas e o= Xeté no sul do Brasil, Remanescentes de una explo- so sinda mais antiga sio os Kolama no nor este do Feru e os Gusiski no Paragual No seu extrato mais antigo, ot famuias Macro‘Tup, 0 pari geagrilico nia 6 tio di- ferente da dos Je. Os Marro‘ups tm uma die- tribute compacts Teme no entnto a en- ‘aso de qe ao lngo do tempo, a mobili Actors om rag mai central das coms aida ngs, Os dados Ingato no ton permite saber se Iso representa ma tnudanga an adepagio scolgie 00 em on ths aspects dat eur. No momento em Aue se chega a ingus TopGuarni prop tment dita mobiidade gogrea¢ um te go erence. Em soma, 0 ros Tip, «ce 8: Gifreniagio sucestv, precem se iortar tmalsmigntrios menos prses a espagos fe Soo: da linuase (oe pudermos pase dai pttcrmnma rman eebansi moeeis arin sentido ve os Macro-Tap,dorante a fase de perso (alex 4 al anos a), se puccesem ms com os MasroB. Bi steve angus por Rodrigues (19858), ast ‘Somo por Davis (1968), de que os Je Ti esti relaconador #distnca Se existe rea tment uma relia eam 36 pode ses evden temente,distanteAtrbuir 8 coneao me Drofundidade cron misima (digamos Ge a7 mil ancy) acrscentapoueo& nose ompreesio sens indica nos ners KARE Em comparago com os J com 0s Tp nfo Iouve senha tena de pica rigorosa do método comparativo as Kguas Kari. Os teabalhos mais recent: sS0 0 do Durbin (0985), que na verdad € un levataento re- Iiminay, preparatro para una anise compa- rata completa, eo de Vilalén (85D, basea- 4 numa compare lexical feta sem aapi- eagso do método comparativo. Consealen- temente, nosso coahecimento dessa famtia sinda € radimentar, e pode-se imaginar 0 quanto esta descobrir a partir de wabalos, futuros, que dover envolver @ aplicagio da verdadera tcnlen comperativa. Rodrigues (19859), por exemplo,forece alguns dados ve Jiwos quanto igagio gendtca ence inguas Kash Tap. sopedern sgifcar que sin suas Karly Top e J deriva todas de um an- ‘cesta com no pasado remota Mas nfo se pode fazer muito até que nova pesquiss se- Jam ralizaas lor 0s conhecimento dos Kan ain- dh esteja baseado em comparagbes soperl- tial parece evidente que as linguas Kerb sio todas bastante prximas, no nivel, digamos, da familia Tupi-Cuaraai, Iso indicaia uma dis- persfo ocorida hé une 2 ox 3 mil sno. Villa- {i (99188) estima a dade endxia dfn lia Karb em 3280 anos. Entretanto, ainda nto Aispomos de uma boa nogio da subclassfic- ‘edo dessus linguas. Durbin 1986) propés uma Aistingso entre Kerib setentrionals e meridion nai, contestada por Villain (1981), que pro- Os, em vez disso, uma distingSo geral les- ‘© mapa abaiso mostra a distrbuico geo- erica da arta Kaib, Segundo Villain, e- sa familia originow se provavelmente em algum pponto dis cabeceiras gulanenses, entre a Ve pezuela as Guianas. Para ela a eimeia a rifcago da familia seria amigragio dos Yuk 1a (seus Makoita) para o lest, em diregao a0 pordeste da Golémbia. A segunda ramifieacio Cingaas Kart seriaa dos Karon indo pare o sudeste da. Co- Tombia, tendo os Bakaist migrado para o Bra- slcental mals tarde. Nio se pode superestimar nossa incerteza {quanto a subelassficagéo até que tenba sido feita uma econstrugdo geal. Esta ¢ especial- ‘mente importante na medida em que hi eri- éncias de um considerivel empréstimo lex- cal dentro do micleo das linguas Karib das (Gulanas ¢ da Venezuela. Timbéem existe em préstimos, de dos tipos diferentes, entre lin- guas Tupi e Kerib Rodrigues 1985a) fornece f@idénelas que sugerem uma fise mais antiga de empréstimos entre a fama Tupi-Cuaraat (sem incluis as outras famifias Macro-Tupi) © 5 linguas Karib setentsionas (sem incur as linguas Kab ap sul do. Amazonas) EE interessante que haja tanto emprésti- mo entre os grupos Kah jé que isso no ooo entre 0s grupos Jée, no caso dos grupos Tap, 0s empréstimos parecom ser do Tupi para o Karih ¢nio o inversa, Costuma-se associa © lempréstimo ao tipo de contato envelvido no comércio ena toca. Villalén (1991:56) chega ‘uma concluséo semelhante afirmando que cd ads considerades confitmama exsttn- “N)cia dees eons prcolombianas done Serre ae ee so fico de pessoas «bens Psx ean Spooner es ee sae Soe cate enorme gs sche cea ee eet ss eS eee oe on en ae ees ae pee her lope See os ee eee ee eas eee ee tarde um contato de tpe constante que possa praduzir empréstimos. se pada, com re es de interedmbio ene comunidades rela ‘ivamente subdesenvoldas,éprovavelmente © padrio mais antigo no Brasil ‘Ui aspecto curioso ds familia Kari, em re- 0 205 J6e Tupi, 6 quo nto tenha sido pos- sive alo momento idantfcar umn grupo mals amplo de “Macro‘Karit’, andlogo ao Macro- JO-0 a0 Macro-Tupi. Ou sje, parece que nfo fexister outras fimslias menores, com lagos sais distantes com a fanaa Kar, que pode- ‘iam ajudar-nos a identiicar um Ieeal de or. gem rib Ac relagbes mais préxmas até agora dontificadas ado se encentram,entretanto, 8 torte do Amazonas, e sim xo sul. Rodrigues (2085) fornecou evidéncnsestremamente sv _gestivas —na forma de oem possiveis coun tos — de ume ligagdo entre of troncos Karib fe Tupi. Além diss, progds uma distinggo en- tre esses cognatos, que irdicariam uma orger histérioa comm para esses grupos, e o¢ em= préstimos, que indiarian contato mais tardio. ‘A conexdo Tupi-Kan ainda nio passa de uma hipétese, em meio a tantas eutras, mas pareve eada vez mais p-ovével Se osse role <0 for confirmada, poderemos estar diante de um passado bastante ranoto (mais de 6 mil anos), quando a familia Karb ter-seia desl ‘g2do do tronco Tupi, Dada a também possivel “te ba itp one um grupo geaé arb Os fos de que dispomos atualmente sio sem, igh mnas estes dort ‘mom sda ue se tna ASE cao claro for confirada, sera mais provével que as populagies ancestais desses apandes grupos se encmntrarem ao sul do ‘Amazonas de que ao note Tatasede um pe- ‘iodo remoto em que Topi e Kerib ainds nao se distinguiar, embers as populagdes Macro- J provavelmente 4 tvessem se designda, [Nao sahemos, evidentementa onde a8 po pplagies ancestrals do conjunto Tupi Kan ppoderiam ter vivide, Feo menes ndo temoe nenhuma localizagao precisa, Mas podemos Imaginary, essa altura, que seri algum lugar na fea do Brasil centrs-ocidental, pesto da ‘oti de origem dbs grupos Macro-upi. Uma ‘reconstrugio sida do proto-Karib — nio se pode exagerar demais + sua nocessidade — [poders, espera-se,langarluzes sobre a ques- ARAWAK [alitoratura recente, o termo Maipure & uti lizada pare carscterzar um conjunto seme: Tante a0 Jé (nfo a0 MacroJ2) ou 2 fara ‘Tupl-Goarant (ndo 20 tronco Tupi). Gragas a0 excelente trabalho de Davi Payne (1991) por sufmos agora um gran relativamente alto de certeza quanto as filiagbes genéticas entre as Tinguas Maipure ainda que as sabelasifcages cespeeificas estejam sujeitas a revisio. AS line ‘mins Maipore sio relativamente préximas. ¥oviese supor uma profundidade cronolégica ‘para a famiia de ns 3 mil anos. ‘O termo Arawak refere-s a um geupo ge rcticamente mais abrangente, sobre cujos rmembros temat menos certezas, menos do ‘que nos casor Macro-Jé ou Top. Na verdade stualmente apenas fazemos supesiges quan- tos fliagbes nese caso. As outras fumfas ge- ralmente incuidas no Arawak s40 as Linguas Aruan da regiio do sudoeste amaz6nico (Kalina, Farmar, Yamamadi e Deni), alingus Puguina fila nas redondezas do ago Titicaca 1a Boliviee a5 Iinguas Toyeri ou Herakmbet faladas préximo a Gyzco, no Peru, ‘As semelhanges entre as linguas Maipure ‘easlinguas Guahibo da Colombia e Venezuela (Gushibo, Guayavero, Cuiha) “costumam ser stuslmente consideradas como emprestadas” (Payne, 1991363). O empréstino também nio pode sor descartado om outros casos, como lima caracterstica marcante dentzo do erie po Maipure. M. R. Wise (otado em Payne, 1991.37) resume as opinldes quanto A exten” so dos empréstimos no caso Amuesha, con- cluinda que se pode pensar que o Amuesha tenha sido “substituido pelo Quéchua’ ‘De qualquer modo, as linguas Maipure fo ram organizadas por Payne em cinco subdivi- bes: sctontrional, oriental, central, meridio nal eocidental. Esses grandes grupos so mos- ‘rados no Mapa 4. Nao existo consenso a literatura quanto & origem geogrifica do tron 9 Maipuare, embora fq claro que em rela ‘io aoe Tupi, Jé« Karib os Melpure apresen- tam uma distribuigso genericamente ociden- tal, Localis4los com mais exatdio tem sido, entrotante, diffi. Teriam se orginado ao lon- go de um trecho do curso principal do Ama- zones, como alirma Lathrap (1970-74)? Terara ‘uma origem mais setentrional, na rite doa to Vaupés, digamos? Terlam se dspersado 2 partir de uma érea mais a sudoeste, algo co- mo 0 ceatro ou o norte do Peru? ( trabalho recente de Peyne lange algumas Juzes sobre essa questio. Das cinco grandes subdivises dos Maipure, duas (ocidental e meridional) tém representantes na rea ‘centro-norte do Per. Algumas das Haguas se {entrionais também no se encontram geagra ficamente muito distantes dessa ére, sendo ‘0 Resigarotalves a mais préxima, Partindo da tegra de que area geogrifica qua contém & maior diversidade lingistica € provavelmen- tea zona de origem, a érea peruana se apre- senta como 0 possivel local de dispersio do ame Maipure dos Arawak. Isso € confirmado pela linguas setentri- nals Desdeo oeste da regio amazénice, tra vessando todo o narte da América do Sul stra -vés das Guianas e até as Antilhas, encontra- PP py | eu aegeea7ys cai ‘mos um dnico amo ds fania no qual ocor- ‘eo, entretant, una notte prolifeagia gue $ugere algum novo tip de adaptagao. ata hima hipéuse gaaha eredbiidade quand se exsminam as cracterisiosgeogri- fas de otros grandes subgrupos de Mai re. 0 ramo ocidentl, incisinda Amuetha 6 CChamicur,encontrase nama éea montanho- se do uansgGo para as tras bats O ramo central, Fae e Ward por su vez enconte. se decididamente no plaalt. Os Waurd e- ‘Ho nas nascentes do Xingu e os Part bas- czmente na chapada dos Parecs, com atu. des entre 500 1000 m_O ramo meridional, linguas Bauré eIgnaciano, e localiza em or. 10 dos Llanos de Mojo, com slides ent 200 € 500 m e numa regio de nascentes. Os arena, lnghlsueamente bem proximos, ‘mudaramse para planalto oriental bral. yo, na dra wo longo do alto Parand. Os Pr, Matsiguengae Ashanin-Cempa esto todos ‘uma regio alta de nascentes do centro leste do Peru. A excepto aqui éa lingua Apuring, Jocalizada numa regito realmente de ters ‘mas ltitade de menos de 200m) 20 longo do ri Paras no sudoeste do Bras, © rine pal subgrupoloelzado em repo de eras Jhaias 6 oramo setentrional, que spesent, como vimos, uma grande prolifera. ‘Um problema interessante dese ponto de vista €0 Plicu localiza unto costa An- tice ao norte da foe do Amazonas, numa r- gio em geral de pequens altiude com terres thai tas em redo. Payne nfo quis até 0 mo- ‘mento considera o allcur como mal proc tno do ramo setentrional ov do meridional Conseqientements, colocou-e sum geupo erica separada, Mas iso tora dill are onstrapto da migragio que podeis eos le vad a ost de. sgt ng aries Saat ona feria passado por una dspersia, com ‘9 Tgmaciano e Bauré aabando nos Llanos de Mojos eos Terena continuando em diregio a0 leste atingindo Finalmente o planalt bras 10, Os Machiguenga, Ashanincs-Campa e Pi- ro teriam permanecido préximo de su origer ‘geogrfica, 00s Apuring teriam penetrado pe- las tetra basa do rio Purus.Pode-se imagi- nar rotas basicamente de regises de eabecei- ss gue tries lead oom conta (Wears {Pare aoe seus locas tunis do habitat ‘nas cabeosiras brasleras E possfvel, como ar- -gumenta Lathrap, que teaham seguido os cur- adi eg eo oop amen oem {Bes de mascentes com ates maioen Nao € inconcebiel, conteda e pode até ser pro wivel que tenkam saguido una rota trrste Be suns loelzages seas, Dentro desse quo goal 6 ie imag ‘nar como os Falicur poderiam ter atingido 0 tordeste do Bras aves fxs um deine tmento nangado dos Maipure stentrionls, catrando pela periferia etentional do Ama- tomas Ox tae tena vndo pelo panato oriental do Bri sdiant dos Mapure con tds precinct ear @ Amaze testers dst Os ts tc Soc doe prépio Amazonas Dia eects a eal singe inka spresentam bases pra seafrmar que o Ma eres me intake Gp curso principal do Amazonas como suge re Latha (67-1 Semi dedert, 1 ter 9 lane ou Sues creas da ropes eupecn Saunier Toate Ka Fors oo Aipre-Areak toner, feo n maior pene. tragan nor verdueins tras balay 2 ote do Amazonas t penetaes0 vesizada por spenas um des grendes res da fandia fa: Cer reprerente ma no adaplapio cele ‘Neste pont, poderianosconjetarar que © caro principal de Ammnens nie apne palrota do perio Aetna, ho contra pe ‘eco provvel que os Majpare tenn mig do pea peace PaciatmazSnle tnt pe Jo norte como pelo su, a partir da érea permana, estabelecendose apenas mas tarde tm regis de teres banat amaztnies Especulages quanto rede mas ampla de laguns Areva sind sc muito embriondias para que se poss aime qualquer cis em ‘lgio ona de rier Aran Se acta. thos quo as semelhangas eae Maipuree Gua Ibo ge devem a emprestmos as outa supae tes ings Arak (afb Arun e Haak bet, stim como Pugin) extio toda 20 sl acest do Amazonas Puquina ¢ Horak bet esto em regis bavanteelovaas Nesse sentda a fami Aran parece dtingsinse or ocupar em geraldsas de terras bas, ‘com alitude de menos de 200 m, estendendo- se hs vozes para terras mais alias. Contudo, ‘esi a famfia Aruan tende ase localizar em epibes de nascentes e montantes, confirmen- doa hipétese de que os Arawak eram peri sieos om selagio ao curso principal do Amazonas, FAMILIAS MENORES As fea ingistias menores tendom aser _eografcamente mais compacts, No apre- Senta, asin tants problemas pra 8 reeons trugio das rogider do orgem dos padres de dispersio Alm disso para muta dessas fa tfias menore, as profundidades crovolég ts no sio provvelmente muito grandes. © 0 grau de distinla entre as linguas sobre ‘ents € comparivel 20 grupe romanico das Iinguas indo europsias,o que sogere data de separagio deni mais de mi nos Mas nfo fe pode generalzr demas eo prevent te nfo é verdadero em relago fais Ti ano ¢ Pano‘alana, mas €certamente verda deo no caso Yom Os menores agropamentos genétios no Brasil sto as fanflas Pane, Guay, Nan evar, Chapkura, Marae Katina ao sol do amazon, 68 Faas Puinave e Yanomami ta norte Sua distrbulg apronimada et i dlcada no mapa so ado. 2) Afania Fano 6. malor dels ao sl do Amazonas Grass a trabalho de Shell 1965), posutinos wna reconstrugdo bésea da fm Hi, que esté mals ou menos concentra no ceate do asl eno Por, asim como na Bo- Ii, Encontram-e nas cabeceia altos cut sos do is Jurut Purse Jai. Key 01966) ‘Glad (71 demonstra que a fata Fa ho ests relacionada i funiaTakana da Bole vino que confirma 2orgem dessa fafias Do ants sadoese da bala smmbtcn, Pode seo minha sigs pan {fama porvolla de 2a mul anon, ten: do a lingua ancestral de Se “Bhan wma dade de virion miares de anos ‘Eapecolnges acres dave mis sop de filiagdes par Fano © Takana nos levam mais ‘para o sul (Suarez, 1973), incluindo Moseten, ‘uma lingua encontreda ao longo das eabeoei 1s dorio Mamoré(Madeirs-Cuaporé) aa Bo- liviave até a lingua Tebuelche da Patagonia. Conti, Milgiazza e Campbell (1988) propa seram uma igagio etre Fano eakana, de um Jado, a famitia Yanomami do norte do Brasil (oraima) ¢ Venezuela, do outro. Se essa hi- tose for verificada, poderemos estar diante de evidéncias de uma origem meridional tam- bbém para os Yanomami. Estes tém uma dis- ‘ribuigio compacta e uma relacio préxima, ¢ assim, de qualquer mod, nfo x expera uma _mande prohindidad cronolégiea para esa fi nia, que tem provavelmente menos de 2 mil ‘A faea de origem dos flantes de proto- Pano‘akana xe encontra prowvelmente entre tas cabecciras dor rice Madre de Digs © ‘Veayali, uma érea com altitudes entre 200 e 1000 m, ') A fama Guaylzura tom um representa: te remanescente no Brasil, 0 Kadiwéu, local zado ao longo da frontira entre Brasil © 0 Paraguai e estendendse para 0 norte até a Jungle com a Bolivia. © grosso das Koguss ‘Guaykuru se encontra no norte da Argentina edo Paragua. A famfia includ Guaykoru, Pic Jaga, Toba, Mocevi e Aibipén,além de algu- mas Koguas extntas ‘A fannflia se encontra totalmente fora dab ia amazbnica, no sistema Parand-Pargual. As ‘reas ecupadas so em geral de baisa altitude (00 mésimo 200 m), consstindo em extensas planicies com verses em ger muito cco © ‘guentes (A familia Nambikwara 6 frmada por tes linguas concentradas na regio do este do Mato Grosso e Rondnia, entre a chapadla dos Precis e serra do Norte, una regiio mais alta, com altitudes entre 200 e mals de 500s, ‘d) A fama Chapacura se encontra ao lam 1 do rio Madeira e provavelmente originou- se no tual estado de Rondonia, nas redonde- 22s da serra dos Pacads Novos, wma regizo de altitudes de mais de 500 m, embora os Chae ppacura se estendam 2 bacla do Madeira @) A faa Mura, atualmente representa- da por apenas dus inguas, Mura e Praha std locaizada 20 longo das cursos medio e bax do rio Madeira basicamente na margem di- rita, Rodrigues 1986:78) prope que sua pr ‘meira localizaco tenha sido entre 0s ros Mi nicoré e Male aluente do Madeira, De qusl- {quer moda, hd poucas dividas de que se trata dd uma regio genuinamente de tras bairas A profundidade eronoldgica nao 6 certamen- te grande, talvez nem chegue a 2 mil an08, E se agruparmos Mure, Firaha'e Matanaw,es- taremos possivelmentedeslocando sua érea de lovigem para mais a montante. 4) Pouco se sabe da uma Katukina, que se-encontra no extrem oeste do Brasil, entre ‘os altos cursos dos ros Jura e Javarh Os Ka tukina sio povos claramente de terras baias, ‘ocupand ireas com menos de 200 m de alt= tude. Ao mesmo tempo, 6 passvel que a pro- fandidade cronolégica da fanilia nao sein grande. @) O outro grande grupo 6 0 dos Takano, ccom duss loalizagbes geogrdficas principals oriental, na regi do alto rio Negro e Vanpés, rnonoroeste da Amaz6nia,e cidental, nas ca. beceras dos rios Caqueté Putumayo no sul da CColdmbia e Equador Nao temo certera quan to 20 grau de diversidade entre as divides oriental e ocidenal, que nio dispomos de uma reconstrugio sida. Os grupos orientais parecem ser muito priximos tns dos outros. ‘Mas iso talvex se dev a ertzemo desenvol- viento do mulilingu'smo nessa drea (Soren sen, 1967; Jackson, 1974, 1983; Grimes, 1985). ‘Tense a impressio de que essa drea exwolve constanteinteragio ecomonieagia, nvm grat talvez até maior do que entro os Karis. Qual- quot afirmagio quanto’ influéncia desse ml- Llinguisme nos ampréstimos lexicals ¢ mor- fologicos ters, contuda, de aguardar uma re construc ‘Os Tikan orients embora perifricos em relagio #0 curse principal do. Amazonas, deslocaranse para 0s ales dos ros, as reas ‘que ocupam ngo passam dos 200 m de alita- ‘de. Contudo profundidedo eronelégica pa "a esse grupo néo é prowuelmente grande, © ‘quando 0s agrupamos aos Tokano ocidentas, ‘com uma profundidade eronologea mator, tl vez de $ a4 mil anos, emerge um padriodife- rente, Os grupos ocidentis oeupam em geral terras mais altas (200-500 m), nas regibas de cabeceiras. muito provével que os Tukeno {enham surgido mais aoeste do que a érea dos ‘Tukano oriental sugere. Iso stuaria sua or gem numa regido de altitudes mais elevadas, talvez ainda mais perférion em relagio aver. dadeiras terra balzas amazonicas. 'h) Os Puinave (Maku) sto powos de eabe- ceirase interPivios mas rogidesafastadas do noroeste smazBnico, om altitudes, no entan to, raramente acima de 200 m. Entre as lin- _guassobreviventesdesia familia estio Hupda, Nadob, Wariva, Puinave © Maks ') Os Yanomami sio poves de cabecelras, ‘que ocupam a serra Parima no norte de Ro" raima e Venezuela, rego de alitudes entre 500 e mais de 1000 ma. Considera-se em geral que familia Yanomami 6 formada por quatro linguas mutuamente inintoligivels mas pr6xi- ‘mas umas das outras: Jandm (ou Nindin), Sa- nnumé, Yanomam (04 Yinomd) Yanomémi. A profundidade cronolégice da soparagio dessas Tinguas nao deve ultrapassar os 2 mil sos, © Jidmencionamos que o Vanomami pode ser ge ralmente relacionados loguas Pano e Take za go sul do Amazones, (© mapa da pagina 97 mostra que as fn lias menores tendem a se localizar na perife tia da bacia amazéniea, e n4o em seu curso [rincipal. As das priccpais excegdes sio as amiss Katukina e Mura, ambas de powos ine- ‘quivocamente de terrae bass. Contudo «pro: fandidade cronoligicadestas das fais nio deve ser grande. Estudos mals aprofundados So uecessézios para que se possa saber com ‘als segurangahé quanto tempo estariam em suas regies atuais LINGUAS ISOLADAS, Maia nga samen so ele to {cate potas Hoo conker on ons lig o nas gion Aprenawi tna ingot patoen poor aur do ato det de unto de cuter go Bao puta afr sas eigen toro nus movimento av etpgs Masso ovr Soh tte impectontor pa conpresde- teats ta deters cl eae a dian sede rst out aero 4000-5000 26 Cane ios reate Reaarcoe iat ee ae ee ce! ‘Stes ml antiga dca bro er teedndog pnp bien lids pra tcrmimrogonto de dipert de saa lagi, Qpasiinnesenaie ode ue re ioeeen 5 at Srevnelnorta en te Sa Suptese Se patar comaindes aptetaetenharn Iga do cal de desis Eston {icp bling laa qu oa po posta la get coneci d are es oa eenonienof ox eee tees eae aryl fmt fc de dst mong Ta saat legos lea eae Seetuts nummap de mo wn Na seldade to cso american spresent Tela de snares © map oda ow claumente Ulan dein de Kaan (8) ds [pao ogrupaestos postion Aon Ae Sal ese maya mod as ngs ads as fa mult petcns A part do mx partce cro qu eiem ts dea onc: Frise coontiapo @ conrgentenenia Bas ines procs ann pero Sus thes 1) «un to None bashao onde infelmente os sings em questo tho enti 2).0plmals «cote Go re fs sana Boll om tro da shaped toe Pree da si dos Tents Nowy © 5} ote do Pou Equador Este dw rings olds nas bce da Ce 1 © da Vonozuole, mas esse nto parece ser tum grande foea. ‘Oestudo das linguasioladas confirma a hi- ppétese indicada pelo estudo das grandes fam lias lingistias. A dispersio MacroJé pode ter estado ligada a um foco de dispersio antigo to Norteste do Brasil. A aglomeracio de lin- suas soladas nesse dea sugere que numa de- ‘muito remota of ancestrais dos Macro-Jé po dem ter estado om algum gar do planalto en {ue as bacias do Sio Francisco edo Tocantins. Do mesmo modo, as populagses Macro-Tupi cstariam provavelmenteligadas a um antigo fo co de dispersto no oeste do Brasil, ¢ 08 gru- pos Arawak a dispersio uo norte do Peru e Equador As grandes areas no nos ajudam a localizar essas familias com maior precisia, AApenas confrmam que as fis estavamn I tridas a sitios distintos de ocupagio antiga, [inguin icin «fami reauzioos pavseraeyye Uma famths permanece fora desse quadro, Ree ees Papeete ee eee ne eee ere Nar eee eee oe eee nado ao grupo Tupi. A distrbuigin das Kuss ee : ‘Sei derervoTeinenlascaltclesterieddaaa SS ran a A HIPOTESE DAS CABECEMAS OU FERIFERIA Quando localizamos as provives éreas deori= sem dos ancestrishistricos das familias Jo, ‘Tupi e Karib, emerge um fato notivel Todas essa deas so de cabeceiat-o planalto alee te do Brasil junto ao alto Sao Francisco, no ‘aso J; rea mais entensa entre as cabo ss dos ros Madcirae Tapajée, ao caso Ti © osaltiplanos gulanenses ou venezuelanos no ‘aso Karib, Por volta de 4000 aC. etalver at ‘muito depois (ano 1000 ov mals), 35 comanl- aes lingisticas ancestrais dessas familias fcupavam eabecviras, com altitudes enlre 200 ©1000 m (e geralmente acima de 500m), ¢ ‘io penetraram nos baixos cursos do Amazo- ras on de seus afluentes ‘Um padrio semelhante se esboca no caso sa fafa Arava, so seus ancestrais realmente se originaram ao nortecentro do Peru, Esin- da que nfo fosse esse o eu local de origem, parece certo que se localzavatn nas cabecei. Fas amazénicas — contrariamente & hipstese de Lathrap (1970-74), de que team surgide 0 longo do curso principal do Amazonas, na "ego de sua jungéo com o ria Negro, Os Ara. -wak podem ter sido os primeltos a mudarem- se pararegies mais bala, como indica ora ‘mo setentrional da femiia Maipure, mas pa. recem segulr um padvéo de distribuigio perk {rico aos principais cursos d'égua, ov se, ‘mais préximo das cabeceiras do que das vie. eas. Tatas de altitudes ent 200 ¢ 1000 m, ‘omo nos outros casos [Nosto breve resumo das outras famfias ‘mais importants revelon certa conformidade com esse padrio periférica, e algumas exce- 808 © que deve ser ‘embrado em relagio a essa familias menores€ que a profundidade ‘eronoldgica que & possvel recoastruir pata clas nunca € muito grande — na fai de 2 4 3 mil anos no méximo. Consequentemente 35 egies de origem entradas nao correspon. dem posigdes que ocupavam seus ancestral ‘b45 ou 6 mil anos, Nos casos em que se pode recuar mals no tempo, como acontece eth r= lagéo 20s Takano ¢ aos Pano, a hipdtese eae ceiraiperiferia tornaze mais provével. De qualquer modo, hipétse fonciona bem tam- 16m para os outros grapos lngisticos, NGO Fa arias Lngisteas com profundidaes exo noligicassuperiores «1000 a,C. evjas zonas de origem se encontrem basieamente no mé ioe balxo Amazonas. De fate, no hd neal ‘ma zona de origem for, das areas perilércas, Alravés das linguas, com o ausiio da tée nic de reconstrugao, comegamos a peresber -G, a distribuigio das fumias sugere ima oealizagao perifeic: 0a gel lone Amames ¢gesinenten ‘irasalas Os dados do que dispomos atu ‘mente sugerem que 0 movimento para as te ‘6s mais bias foi muito mais recente. Env bora areas de baias altitudes poss tors Antoriormente ocupadas, area de ceupacio cera periérica ao rio Amazonas geralmente fem regides de cabeceitas O estudo das lingua isoladas forncce ta vee mais clare confirmacio da hipstese cx Deceirasiperferia, que or aglomerados em {questio representa provavelmente focos de Aispersio muito recwad no tempa, prewavl ‘mente anterior a 4000 aC, Em todos 03 ce 0s tratase de cabeceitas. No Nordeste bra: sileico temos um planal eleradlo com ati. es bem acima de 200 m e em muitas partes ‘cima de 500 m. O mesno aeorrena érea de ‘abeceiras no oeste do Erasil ena Bolivia, em tomo da ehapada dos Precis e da serra dos Pacags Novos. No Peru, trata-e da beira dos ‘Andes, com altitudes varando entre menos de 200 m e mais de 1000 m. Mesto no caso de nossa res secundaria de dispersto —os alt planos gulano-venezuelenos — encontramos altitudes comparaveis Se hevia oeupagio peranente so longo do ‘curso principal do Amazonas, iso no see Atenas linguassobrevivntes documentadas. ‘Fodem-s facilmente imaginar outros padrods de dispersio — familias principais cwjaloes- Tizagbesindicam origens basicamente ao lon- 0 do curso principal do ro Amazonas — mas ‘Gro ndo parece ter ocorrida Se esas reas fo- ram ocupadas entre 4000 e 1000 aC. seus focupantesndo deisaram descendentes. Tia Sido empurradas por outros poves vindos de ‘ees periféricas e de cabeceiras. ‘A istria da cultura do Brasil durante es- sa fase remota provavelmente envalven pa drves adaptativos bastante distintos daqueles ‘deseritos para as tribos genuinamente de ter ras bainas durante 0 perfodo histrico O.de- ewolvimento cultura-histérico refletido na Fngnarsugere um movimento re ies de menores aut ‘Spurr diferentes de adaplagio A verdadei- Sire esa rain to promelmente ‘eorrido antes de 1000 a. e pode ter estado Tigda& maior importéncia adquirida pela agri cultura em relagio &coleta. De qualquer mo- Go, parece suficfentemente confirmade que o ‘movimento se deu de zonas de altitudes mais ‘levadas (200 a 1000 m) para zonas de att ‘des mais balxas (menos de 200 m). Ainda ha ‘muito a fier para econstrui a traetrias © cronologias,especificas desses movimentos, © PAPEL DA LINGUA NO DESENVOLVIMENTO HISTORICO-CULTURAL CCostuma-se pensar que a inguaseflete pass ‘vente desemalvimentos em outros aspec- tos da cultura. Mas 6 importante considerar ‘que a mnadanga no carétorsociolingistico das ‘comunidades pode ser uma forgastuante em esenvolvimentos eulturis mais amplos, Es 1 € uma dea que merece investigagzo cuid dlosa de expecialistas em Linguistica hstoica ‘Na maior parte do tempo. os linguists 6 tao interessda em saber quas palavas foram femprestadas de outa Iiagua para poderem tlimind-las de suas reconstrugbes. As recoos- trugdes fornecem informagées de origem ge- péticae disparsbes, como fol indicado napre- Sente discussie, Mas 0 estudo dos emprést- nos também pode ser elucidatvo dos contats entre grupos, e estes podem ser erucias para se entenderem estigios posterioes de desen- Yelvimento histérico-cultural, quando se for ‘mam aliangas polis e se constituem forma- (8es socias de escala mats ampla. ‘esse sentida, historiadores da cultura po- Se / s dem considerar 0 papel ativo que a lingua po- ‘de desempenhar em tais integragoes de larga feseala, Segundo wm modelo de desenvolvi- ‘mento cultural brasileiro, as fses mais anti> (gs earacteriaarse-am pelo cootato limitado fentre membros de comunidades lingsticas dlstintas, As divergéncias entre as linguas se ‘am atribufdas ie divergéncias entre esas co- ‘munidades, as quis, una vea separadas, en ‘eriam a permanecer separadas. Os Macro-J® ‘coutrs pov ligadas a0 foco de dispersio do Norestebraileiro relleten mais pereitamen- te esse modelo de processo social uma lin- rualuma comonidade, a que provvelmente se tconformam também de modo geal os Macro “Tupi e outros grupos dentro da rea maior de dispersio do oeste do Bras ‘Eno norte e no oeste da regio amantnlcs que se desemvolvem diferentes padrbes ling {Hoos Ja apontamnoe pars o papel do emprésti- ‘mo no caso das linguas Karib e também em algumas linguas Maipure-Arawak. Que tipos ‘de contatoteriam levadoa esses empréstimos? ‘atar-se-iade um moltlingdismo difundido? Lingues de eomércio teriam se formado nes si rea em tempos pré-colombianos? Qual a ‘dade desses padres? Essas so algumas dis ‘questdes que preciso abordar em relagio a0 papel da lingua. No cazo Tokano oriental, 0 ‘ultilinghismo tem sido norma, constitu ‘doa base para wina integracio socal e cult ral mais ampla numa grande regdo,apesar de fierengas lingisticas. Precisamos saber mais feerea do papel da mullilingsism, inguas de ‘coméreio ete em relagio as éreas do norte do Pera ¢ Equador ‘Suspeltare que tals deseavolvimentos so ciolingisticos constitvem a ase de ura pos terior integragio socal e politica. Em vez de apenas relletirem desenvolvimentos sécio- politicos. as mudangas sociolingiteas podem ‘Sesempenhar im papel central. Estudos mos- traram, por exemplo, que 0 Quéchua se dfun- ddiwno Equador antes da ascensio do Impé rio Ina (Stark, 1955, baseado em Torero, 964 fe Parker, 1963), Reveriamos 20 menos consi erst ao ‘lsticos conduainem, em vez de apenas se- ‘guirem, outros aoe quals normalmente os as See SS carer SBicaizima rma tnina de comaniagt, ‘© € apenas uma ospcie de funcionalitmo te Teelégico que nos forea a conchuir que o rl- tinghismo, guar fanesr ote. desenvel- ‘vem de modo afaeiitar 0 comeéreio em vex ‘do esto so dosonvelver porque i foi estabele ‘ida uma relagio social. Conforme eresce nos- 50 conhecimento de lingifstiea compara,

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