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S_ 2660 mS Ss BIBLIOTECA UNIVERSITARIA Série 5* — Letras e Lingilistica volume 8 EMILE BENVENISTE PROBLEMAS DE LINGUISTICA GERAL tradugio de ples MARIA DA GLORIA NOVAK LUIZA NERI vevisdo do “a sempre mais estrita dos signos lingiiisticos que progrediremos em direco a uma classificagio racional. A distincia que pre- cisamos percorrer tem menos importincia que a diregio para a qual devemos orientar-nos. CAPITULO 10 os niveis da andlise ling: aS) esta precisa- mente nisto: reconheceu-se que a ia ser descrita ‘como uma estrutura formal, mas que essa descri¢do exigia antes de tudo 0 jose de ade- quados, € q o niio era separivel do mét Devemos, pois, diante da extrema complexidade ‘40 mesmo tempo nos fen | fici-los segundo um prin mesmos i A nogdo de nit 108 essencial na determinagio do procedimento de anilise. S6 ela & propria para fazer justiga & natureza'articulada'da linguagem ¢ ao carater|discreta\dos seus Jementos; s6 ela pode fazer-nos reconhecer, na complexidade das formas, a arquitetura singular das partes ¢ do todo. O dominio 10 qual a estudaremos € 0 da lingua como sistema orglinico de ignos ling! 85, Proceedings of the 7 1962, Mouton & Co., 1964 126 17 O procedimento inteiro da andlise tende a dé através das relagdes que os unem. Essa Seja qual for a extensio do texto considerado, & preciso, em primeiro lugar, segmenté-lo em cada ver mais redu- zidas até os elementos nao decompor - tificam-se esses elementos por meio das subst Chega-se, por exemplo, a segmentar fr. raison, [F] = fe] - [2] - [0], em que se podem operar as seguintes ist s do por sua vez um segm nos. Progressivamente, de um signo a outro, destaca~ Wea entre as \giio ¢ subst do nio tém o mesmo aleance. Os elementos identificam-se em fungiio de outros segmentos com os quais est4o em relagio de também sobre elementos ndo segmentiveis. Se os elementos seg- ;cis minimos se identificam como fonemas, a andlise pode ragio. Nenhum deles pode realizar-se por si mesmo fora da ar- ticulagdo fonética em que se apresenta. Nao podemos, também, determinar-Ihes uma ordem sintagmitica; a oclusio & insepardvel da dentalidade, e 0 sopro da sonoridade. Cada um deles admit . 0 das entidades segment fonemas, o nivel fon © dos tragos 1a relagiio segundo a sua po- ssivamente atingidos, superior. Precisamos ento operar sobre porcdes mais longas de textos e procurar o modo de realizar as operagdes de segmentago, uando no mais se trate de obter as menores mas unidades mais extensas. Suponhamos que numa cadeia ingl. [i:vin®inz] “leaving things (as they a ado em diferentes posi- i}, {0}, [n]. Tentamos ver .r uma unidade superior 129 que as conteria. seis combinagdes possiveis dessas trés unidades: [i8n), [in®], {Gin}, [Oni], [ni0], [n9i]. Vernos ento que duas dessas com- binagdes esto efetivamente presentes na cadeia, mas realizadas im, e que devemos bem ou bem [0in]. A resposta ndo deixa divida: rej ¢ clegeremos [in] na ordem de nova unidade /6i tro da andlise na presente fase, quando recai sobre um namero siente de 1¢ sig inicial e a seqiiéncia [90] & impossive parte da classe dos fonemas finais e [0i) © cextensos: [9] no se admite em po- ito Ey] faz ido; © 0 que acabamos de dizer sobs 2 porcdo cortada no que o precede, por jue 0 segue { m7 ico. Ao contrario, duas unidades em [Binz], uma, sign a outra [z] que se reconhecera ulteriormente como variante /. Em vez de ziguezaguear com o “sentido” mplicados — ¢ inoperantes — para isquer porgdes da cadeia definir a distribuigao , decompie-se em slo de nivel 5 por outro, jidade significante © com outras unidades signit cantes, numa unidade de nivel superior. Essas duas propriedades devem ser um tanto preci Ao dizer que a palavra se decompde em unidades fonema- , devemos sublinhar que essa decomposigao se efetuua mesmo quando a palavra é monofonematica. Por exemplo, acontece que em francés todos os fonemas vocalicos coincidem materialmente 131 com um signo auténomo d ficantes do francés se reali ua. Melhor dizendo: certos signi- lades que tém um si que pode ser vocitico ou consonintic preposigdes 0; 1 € Kj 53». As relagdes so menos fi entre a palavra e a Sempre para precisar a natureza das relagdes entre a palavra ca frase, sera necessétio estabelecer uma distingao entre palavras ‘autdnomas, que funcionam como constituintes de frases (sio a grande maioria) ¢ palavras sinnomas que 86 podem entrar em “{na] casa [de]”s ef. ft. pop. c'est fait pour, “para”; verbos ¢ sobretudo por entrarem dirctamente na das frases Com as palavras, depois com grupos de Para compreender ocorre quando passamos da pal dos seus elementos cor esses elementos como cor ‘08 consiste em identificaclos no. interior de uma unidade determinada onde preenchem uma fun- grante. Assim js/ tem o ss de wm fonema porque funciona 133 para o nivel superior, /sal/ & um integrante de: — G manger, “sala de jantar”; ro"; /so/ & um signo porque destaca-se claramente u medidrio, 0 dos signos, auténomos ou si morfemas, que a0 mesmo tempo contém consti € a natureza dessas relagdes. que governa, nas unidades dos diferentes © FORMA que surge lerna, a relaglo problema que persegue 4 ido, que fuga ies indoterminados, det a expresiio ‘onal, enguanto x permanece indeterminado, no & nem ka mas, logo que se atribui um sentido a x, ela se torna numa proposigdo essa cabeoa de indo os que a contemplam. Forma e sentido devem definir-s articular-se junt parecem-nos implicadas na prépria est S que a clas corresponder pelo outro © devem ua. As suas relagbes a dos niveis e na gui designamos tes, re- duzimo-la aos seus elementos formais. Como dissemos, fece cada vez que um todo é fracionado em encontrar algo de anilogo na esctita, que nos aj essa representagio. Com relagdo a unidade da palavra ex as letras na, so apenas seg- mentos, porsio da unidade. Se compomos sAbabo pela reunido de seis cubos que tém cada ra, 0 cubo S, 0 cubo A, etc. no s4o portadores nem mo tal isolamos Que é preciso para que ies formais recor amos, se for 0 caso, unidades de um nivel definide? & necessario praticar a operagao em sentido inverso e ver se esses consti tém fungdo integrante no a dissociago leva-nos nos as unidades significantes. O tegrante, com outros fonemas, de unidades signi contém, Esses signos, por sua vez em unidades mais alias que so enformadas de si A forma de capacidade de dissociar-se em constituintes de nivel inferior. ingliistica define-se como a sua 135 ido de uma unidade lingiiistica define-se como a sua insepardveis no fun- uas relagdes méituas revelam-se icos, percorridos pelas operagies ddescendentes ¢ ascendentes da anilise e gracas a natureza arti- culada da linguagem A nogiio de sentido, porém, tem ainda outro aspecto. Tal seja por ndo os havermos di ido que o problema do s tomou uma opacidade tao espessa, minado elemento da lingua, curto sentido, entende-se uma propriedade que ria. Poderiamos pensar por exemplo;é uma com- sda um desses elementos 2p. MS} es suas partes. Ao mesmo tempo, porém, a linguagem refere-se 20 mundo dos objetos, ao mesmo tempo globalmente, nos seus enunciados completos, sob forma de frases, que se relacionam com situagdes concretas e especficas, ¢ sob forma de unidades inferiores que se rela tomados na experi Cada enunciado, ¢ cada te niio tem nada de comum podemos estender-nos aq que ess d associados, ao nivel da frase. Esse € 0 lt de que dissemos acima que ndo representava simplesmente um. degrau a mais na extensio do segmento considerado. Com a frase tal que uma proposigio possa executar. Uma ase no pode, pois, servir de integrante a outro tipo de unidade. Isso se prende antes de tudo ao cardter 10 entre todos, inerente & frase, de ser um predicado. Todos 0s outros caracteres que se podem reconhecer-Ihe sio secundarios com relacio a esse. O niimero de signos que entram numa frase & indiferente: sabemos que uum fnico signo basta para con a presenca de um “s pensdvel: 0 termo pri tuma vez que & em ree taxe” da proposi¢ao ndo & mais que 0 cédigo gramatical que a a disposigdo. As entonagdes na sua var critério, Situaremos a proposicéo a0 Que encontramos, porém, nesse iiistica relevante. fonema; ha realmente (0 se se substituisse “categorema” por “fi ima classe formal que teria“por unidades © oponiveis entre eles. Os nao pode entrar como parte numa talidade de ordem mais clevada. Uma proposigio pode apenas preceder ou seguir outra proposiga contraste entre os conjuntos de signos que encontramos nos niveis inferiores © as entidades do nivel presente. Os fonemas, os morfem: as palavras (lexemas} podem con- tar-se; existem em numero finito. As frases, ndo. Os fonemas, $ morfemas, as palavras (lex uma rel respectivo, um emprego no nivel supe- i 1o-nem emprego. io dos empregos de uma palavra poderia no rio dos empregos de uma frase nfo poderia mma de signos € se entra num outro instrument de comunicagao, cuja ‘A frase pertence bem a0 pode defini-la: a frase € a w reconhece-se em toda parte que hit proposigdes assertivas, propo- as, que se distinguem refletem os trés comportamentos € agindo pelo discurso sobi 1¢ um elemento de conhecimento, Ihe uma ordem. Essas sio as trés fungdes ianas do discurso que se imprimem nas trés modalidades da unidade de frase, correspondendo cada una a uma atitude do locutor. AA frase & uma unidade, na medida em que € um segmento de discurso, e ndio na medida em que poderia ser distintiva com relagio a outras unidades do mesmo nivel — 0 que ela nao é como vimos. E, porém, uma unidade completa, que traz ao 139. ‘mesmo tempo sentido ¢ referéncia: sentido porque é enformada de significagao, e referencia porque se refere a uma determinada (waco. Os que se comunicam tém justamente isto em comum, uma certa referéncia de situagdo, sem a qual a comunicagio como tal ndo se opera, sendo inteligivel o “sentido” mas perma- necendo desconhecida a “referencia”. nessa dupla propriedade da frase a condicio que a wel para o proprio locutor, a comegar pela apren- dizagem que ele faz do discurso quando aprende a falar e pelo exercicio incessante da sua atividade de linguagem em todas as a linguagem. Poder-se-ia dizer decalcando uma formula clissica: est in lingua quod non prius fuerit i 7 CAPITULO 1! o sistema sublégico das preposigdes em latim®” No sev impo rabalho sobre A categoria dos casos is Hjelmslev apresentou as grandes linhas do igico” que subentende a distingdo dos casos em it 0 conjunto das relagdes casuais S preposig&es: ¢ com razAo, tao estreita é a relagio nal entre as duas categorias. E preciso insistir sobre este ponto: cada preposigo de um determinado idioma esbosa, nos seus diversos empregos, ua certa figura na qual se coordenam ges © que precisamos recon: se queremos dar uma definigio coerente do conjunto das suas particularidades semanticas ¢ gramaticais, Essa figura é coman- dada pelo mesmo sistema sublégico que governa as fungdes casuais. E evidente que uma descrigdo guiada por esse prit 90. Exteato dot “Travaux du Cercle tis istique de Copenhague", vol. V, Rex cherches sructurales, 1949, ut

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