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72 UNIDADE 4 Equipsmentos diddicos ns eduesgso infantil 1 Creches e pré-escolas: educagdo e cuidados ‘Apenas brincando Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos, por favor néo diga que estou apenas brincando. Porque enquanto brinco, estou aprendendo sobre equilibrios e formas. rae Quando estou pintado até os cotovelos, ou de pé diante do cavalete ou modelando argila, or favor néo me deixe ouvir vocé dizer: ele esté apenas brincando. Porque enquanto brinco, estou aprendendo. Estou me expressando e criando. Eu posso ser um artista ou um inventor algum dia. bed Quando vocé me vé sentado numa cadeira, Jendo para uma platéia imaginéria, or favor néo ria e pense que eu estou apenas brincando. Porque enquanto brinco, estou aprendendo. Eu posso ser um professor um dia. ld Quando estou entretido com um quebra-cabeca, ou com algum brinquedo na minha escola, or favor nao sinta que é um tempo perdido com brincadeiras. Porque enquanto brinco, estou aprendendo. Estou aprendendo a me concentrar e resolver problemas. dD Quando vocé me vé pular, saltar, correr e movimentar meu corpo, or favor nao diga que estou apenas brincando. Eu estou aprendendo come meu corpo funciona. Eu posso ser um médico, enfermeiro ou um atleta algum dia. Quando vocé me pergunta o que eu fiz na escola hoje e eu digo: eu brinquei, por favor, néo me entenda mal. Porque enquanto eu brinco, estou aprendendo. Estou aprendendo a ter prazer e ser bem-sucedido no trabalho, Eu estou me preparando para o amanh: Hoje, sou uma crianca e meu trabalho 6 brincar. Anita Wadley Educador(a), vocé se lembra dos jardins de infancia? Esco- las aonde, até alguns anos, as criangas iam para “brincar”? E as creches, locais destinados apenas aos cuidados basicos (alimentagao e higiene) com bebés, enquanto suas maes iam trabalhar? Bem, essa concepgao antiga fazia parte do reper- trio de conceitos equivocados que nutriamos em relagéo a educagao, de uma forma geral, ¢ a0 universo infantil e suas etapas de desenvolvimento. e z < 5 ° = Felizmente, esas concepgées vém sendo constantemente reavaliadas. Cada vez compreendemos mais e melhor a in- fancia, as fases do desenvolvimento da crianga e suas inter- relagdes com a aprendizagem @ com o preparo para a vida adulta, Os reflexos dessas mudangas sdo claramente percebidos na escola, que passa por uma reformulagao nas atribuigses @ fungao social relacionadas a educagao dos pequenos. A propria Lei de Diretrizes e Bases da Educagao Na- cional (LDB) orienta essas transtormagées. Em seus ar- tigos 29 e 30, define a educagao infantil como “a primeira etapa da educagao basica”, tendo como finalidade o de- senvolvimento integral da crianga até 6 anos de idade, em seus aspectos fisico, psicolégico, intelectual e social em complementagao a agao da familia e da comunidade. A le- gislagao ainda determina a oferta da modalidade em dois niveis: até 3 anos de idade, em creches ou entidades equivalentes e, de 4a 6 anos, em pré-escolas. 73 Inicialmente pensada para as criancas de 4a 6 anos de idade, a pré-escola, hoje, passa por uma reformula- ¢40 em seu formato. Encontra-se em fase de implemen- tagéo a proposta de ampliagéo do ensino fundamental de oito para nove anos (Projeto de Lei n® 3.675/04). Esta proposta, que jé vigora em alguns municipios, prevé o in- gresso das criancas de 6 anos nas classes de alfabetizagao do ensino fundamental. Os Estados e os municipios tém prazo até o ano de 2010 para adequacao ao novo modelo educacional, instituido pela Lei n* 11.114/05, Assim, a educa¢éo infantil em todo o pais deveré ser ofertada até os 5 anos de idade. UNIDADE 4 Equipamentos ditions na educagio inf 74 UNIDADE 4 Equipamentos diditicos na educag Em outras palavras, mais que lugares para brincar e receber cuidados, as creches e jardins de infancia devem se tornar “instituig6es de educago infantil” que desenvolvem, de ma- neira integrada, as fungées de cuidar e educar. primeiro jardim de infancia foi fundado em 1873, pelo aleméo Friedrich Froebel, cuja proposta era a de constituigéo de um lugar onde as criancas estivessem livres para aprender sobre si e sobre 0 mundo, com o ma- nuseio de objetos e participacéo em atividades lidicas. Froebel defendia 0 uso pedagégico de jogos e brinquedos, que deviam ser organizados e sutilmente dirigidos pelo professor. As criancas seriam consideradas como “planti- Inhas” de um jardim, do qual 0 professor seria o jardineiro. Ele também idealizou recursos para as criangas se expres- \sarem, como blocos de construgéo e materiais a partir de papel, papelao, argila e serragem. Froebel também valo- rizava a utilizacao de histérias, mitos, lendas e fébulas, além de excursées e 0 contato com a natureza como praticas educativas. Educar significa oferecer as condi¢ées necessérias as aprendizagens que ocorrem nas brincadeiras @, também, Aquelas advindas das situacées pedagégicas intencionais ou das aprendizagens orientadas pelos adultos. Jé 0 cuidar esté relacionado as atitudes e aos procedimentos que giram em torno da satide, da educacao e do desenvolvimento infantil. Perceba que a educagdo infantil, entao, toma ares de educa- ‘go formal, até mesmo sendo orientada por curriculo especffi- co ~ Referencial Nacional para a Educagao Infantil (MEC, 1998) — que a organiza e define em dois campos de ado que dao visibilidade ao trabalho educativo: formagao social e pessoal e conhecimento de mundo. A formagao social e pessoal abrange as experiéncias que fa- vorecem a construgao do sujeito, desenvolvendo suas capa- cidades, globais e afetivas, de se relacionar consigo mesmo, com 0 outro e com 0 meio, construindo sua identidade e au- tonomia. © campo conhecimento de mundo refere-se & construgéo apropriagao progressivas das diferentes linguagens e as rela- ges que as criangas estabelecem com os objetos de conhe- cimento. Neste campo, trabalha-se com os eixos movimento, , musica, linguagem oral e escrita, natureza, so- ciedade e matematica. Instrumentos fundamentais ¢ parcela significativa da produgao cultural humana, estes eixos foram pensados para favorecer as condicées de insercao da crianga na sociedade, bem como oferecer os subsidios necessarios para que ela continue a aprender ao longo da vida. Sob essa dtica, o trabalho educative deve ser pensado de forma individualizada e diversificada, considerando as faixas etérias e respectivas fases do desenvolvimento das criangas, © contexto sociocultural em que vivem, suas experiéncias & conhecimentos prévios. As atividades devem ser significativas, estando o mais préxi- mo possivel das praticas sociais reais. Devem ser desafiado- ras, levando a crianga a resolver problemas, o que desenvolve seu raciocinio légico e, ainda, devem privilegiar a interagao entre criancas da mesma idade e de idades diferentes para que aprendam com os mais velhos e se socialize. Tudo isso sem perder de vista a ludicidade e o estimulo a imaginagao e a fantasia A organizagao do trabalho educative deve considerar alguns aspectos importantes, dentre os quais: 0 espago onde essas aprendizagens ocorrem e os recursos mediadores das apren- dizagens. E o que vamos discutir a seguir. 2 A organizagao do espago fisico: os ambientes e ‘seus recursos didaticos “.. 0 espace fisico isolado do ambiente sé existena © cabeca de adultos, para medi-lo, para vendé-Io, para guarda-lo. Para a crianga existe 0 espago-alegria, o espago-mistério, 0 espago-descoberta, enfim, os espacos da liberdade ou da opresséo” (MAYUMI LIMA, 1989). e z < 5 ° = 75 UNIDADE 4 Equipamentos didtios na educagio inf 76 UNIDADE 4 Equipamentos didtios na educagio infant Fundamental as acdes e praticas da educacao infantil, o espago deve ser tratado com cuidado e carinho especiais. Os ambien- tes devem ser organizados levando em consideragao as rentes caracteristicas dos projetos e das atividades que serao desenvolvidos, bem como os eixos de acao pedagégica e a faixa etdria dos estudantes. Devem permitir e propiciar a inte- ragéo das criangas (entre sie com o meio}, estando sujeitos 4s modificagées propostas por elas e também pela necessidade de adaptagao aos projetos em curso. E muito comum que vejamos o ambiente das salas de educa- ‘cdo infantil recortado pelas marcas das experiéncias adultas: os murais so fora da altura e do campo visual das criangas; os brinquedos e os jogos ficam longe de seu alcance, as mesas tém lugares fixos; as atividades acontecem com hora marcada. Mas é preciso ficar atento 4 proposta da educacao infantil, a qual define o espago como cenério de grandes acontecimen- tos ¢ de muitos sujeitos histéricos. Assim, deve haver uma grande preocupagao com a funcionalidade e a estética dos ambientes, uma vez que todos eles servem ao propésito de educar. Ao pensarmos a organizagao do espaco, é preciso considerar seus usuarios, conhecer seu contexto sociocultural, os valo- res de sua comunidade e suas reais necessidades e deman- das. Esse espaco precisa ser construido para e com a crianca, tendo em vista que é ela quem transforma e é transformada pelas experiéncias nele vividas. Hé ainda que se pensar nas condigées de seguranga dos ambientes, que comega pelo uso de materiais resistentes, de boa qualidade, duraveis e com eficdcia comprovada, espe- cialmente em relagéo ao mobilidrio, as instalagées elétricas, @ hidraulicas e aos vidros e espelhos. A protecao adequada em situages que oferecem risco, como no caso de escadas, janelas, varandas, piscinas, saidas, também deve ser cuidado- samente planejada. Outro importante foco da atengdo sao os parquinhos, que devem ter seus brinquedos bem fixados no chao, que deve ser de areia, grama ou emborrachado, e nunca em area ci- mentada, pois em caso de algum acidente o piso de cimento nao amortece o impacto tanto quanto os outros. Quanto aos outros brinquedos, manipuldveis, esses devem ser seguros, adequados a cada faixa etaria, e estar em boas condicées de uso, além de serem objetos lavaveis. 0 espago educacional transcende 0 espago da esco- Ja, podendo se estender pelas pragas, dreas verdes, su- permercados, cinemas, farmécias, shoppings, museus, bibliotecas, galerias de artes, érgaos ptblicos e demais institui¢ées que a implementacao do projeto pedagégico demandar. Portanto, embora a escola seja um espaco idealizado para que as aprendizagens ocorram, o universo em torno dela nao deve ser desprezado, especialmente no que se refe- re a proximidade que devem ter as praticas educativas com as préticas sociais de mundo real. De 0.3 anos: espago de exploragao e aprendizagens Hé ainda de se levar em conta as demandas particulares de cada faixa etéria, como, por exemplo, as criangas de 0 a 1 ano de idade, que _necessitam de ambientes amplos, colori- dos, com pouco ou nenhum mobiliério - apenas almofadas e brinquedos - onde possam engatinhar livremente, ensaiar os primeiros pasos, interagir com outras criancas, brincar, des- ‘cansar quando desejarem. Assim, podem desenvolver-se fisi- ca, intelectual e afetivamente, manipulando objetos, trocando experiéncias, testando suas capacidades motoras, em um am- biente estimulador e seguro. e z < 5 ° = 77 UNIDADE 4 Equipamentos didtios na educagio inf 78 UNIDADE 4 Equipamentos Retome os estudos realizados no médulo Relagoes interpessoais: abordagem psicolégica, de Regina Lucia S. Pedrosa, do Eixo de Forma¢ao Pedagégica deste curso, para relembrar as etapas do desenvolvimento infantil. Nessa etapa, sua participagdo 6 fundamental! A conservacao ea limpeza desses espacos devem ser tidas como integran- tes dos procedimentos didéticos, uma vez que as criangas se encontram na denominada “fase oral”, levando a boca tudo 0 que encontram pela frente, como parte de sua aprendizagem Além disso, em boa parte do tempo, quando néo estiverem sob 0s cuidados em torno de sua alimentagao, higiene ou em momentos de descanso, as criangas devem explorar 0 es- Pago, como vocé jd viu, engatinhando, andando, “rolando”, sentando-se no chao. Entao, fica claro que a limpeza desse é mais do que essencial. Contudo, o uso de produtos quimicos para limpeza deve ser cuidadosamente planejado, observando até mesmo questées relacionadas a sensibilidades e alergias a que comumente criangas nessa faixa etéria estdo sujeitas. Elas fazem parte de seu processo de adaptagao ao mundo externo ao da barriga da mae. Outro ponto determinante é a disposigao dos objetos no espa- go. Brinquedos pedagégicos, apropriados a idade e a fase de desenvolvimento, devem estar estrategicamente distribuldos pelo espago (néo esparramados) e em locais acessiveis, de modo que gere o interesse da crianga, estimulando-a a ir a seu encontro e manipulé-lo. Os cuidados com a higiene desses brinquedos e objetos de- vem ser alvo de muita atengao, uma vez que manipulados por diversas criangas em um mesmo periodo se tornam bons con- dutores de virus e bactérias de que os seres humanos séo hospedeiros, bem como daqueles ja existentes no préprio local. O uso de produtos quimicos na limpeza desses brin- quedos é expressamente proibido, dada a “fase oral” do de- senvolvimento. Para uma higienizagao mais eficiente, algumas solugdes até caseiras podem ser utilizadas, mas é preciso que um pediatra ou um médico sanitarista orientem seu uso. Alguns tapetes e almofadas, de material antialérgico, co- loridos ou com motivos infantis, podem ser dispostos em “cantinhos”, tanto para que a crianca possa repousar em um lugar mais confortavel quanto para os dias mais frios, em que © contato com o piso — ainda que feito de material termoiso- lante — provoca sensagées desagradaveis. Também nesses ca- sos, a limpeza deve ser cuidadosa e freqiente. Nao raro “xixi” "cocé” vazam das fraldas, podendo sujar qualquer lugar, até mesmo este, cuja limpeza é mais trabalhosa. Mais uma vez ha de se ter em mos produtos apropriados para essa tarefa, de preferéncia que néo provoquem reagées alérgicas. E preciso, novamente, a orientagdo de um especialista. A sala deve ser ampla, clara e arejada, e as cores das pare- des devem ajudar nesta tarefa, transmitindo tranqiilidade aos, pequenos. Pintadas preferencialmente em tons pastéis (ou bebé), as paredes deverdo traduzir sensagées agradaveis que garantam o prazer da crianga em estar nesse ambiente. Tam- bém podem ser ornamentadas com motivos infantis ¢ murais colorides, expondo trabalhinhos das préprias criangas, com vistas a despertar os sentidos, agugar a curiosidade e o poten- cial de descoberta, exercitando o imaginério da crianga. Para finalizar, esse espaco pode ser dotado de um aparelho de som, onde misicas infantis e pouco agitadas enriquegam e har- monizem o ambiente. A musica estimula os circuitos neurais relacionados & parte sensorial da crianga, que é a parte mais importante na condugdo da aprendizagem. Vocé pode, em conjunto com o professor, selecionar as musicas mais ade- quadas as atividades em curso, aos temas comemorativos, aos momentos de lazer repouso e programé-las para que sejam executadas no decorrer do periodo. Um cuidado especialissimo ~e este vale para todas as etapas da educagao infantil - diz respeito as entradas de energia elé- trica nas paredes. As “tomadas” tém sido objeto de muitos e sérios acidentes, principalmente, onde hé criangas. Atual- mente, as construgées de prédios escolares mais modernos ja prevéem sua instalagao em locais mais altos, fora do alcance das criangas. Porém, se no prédio em que vocé trabalha as tomadas ainda se encontram rentes ao rodapé ou ao alcance das criangas, soluges bem simples e muito baratas podem resolver 0 problema. Existe, nas lojas de materiais elétricos, uma grande variedade de protetores de tomadas, de todos os tamanhos e formas. Feitos de material isolante, eles sao aco- plados aos espelhos das tomadas, onde se fixam e se tornam dificeis de tirar. e z < 5 79 UNIDADE 4 Equipamentos didtios na educagio inf 80 UNIDADE 4 Equipamentos Nunca substitua esses protetores por alternativas “ge- néricas”, feitas 4 base de fita adesiva ou papel! Esses ma- teriais, além de condutores de eletricidade, sao facilmen- te retirados ou perfurados. A partir dos 2 anos de idade, a agao educativa pode ser mais sistematizada, de forma que estabelega uma rotina pedagégi- ca mais intencional. Nessa fase, geralmente, a crianca ja esta desenvolta no andar, com a linguagem oral mais estruturada ea curiosidade pelo mundo muito agucada. Sao essas as ca- racteristicas que iréo dar a ténica do trabalho educativo a ser desenvolvido. As atividades motoras podem ser mais elabo- radas, 0 estimulo a linguagem, & socializagao e a resolugao de problemas mais intensos e planejados. Nessa perspectiva, a estruturagao do espago ganha um ou- tro enfoque, de modo que atenda as especificidades da faixa etaria, A forma de organizagao das salas pode comportar ambientes que permitam 0 desenvolvimento de atividades diversificadas e simultaneas, permitindo a interagao entre as criangas e 0 estabelecimento das relagdes com 0 conhecimento. Séo os chamados “cantinhos”, ambientes reservados & manipulagéo de materiais, aos jogos, artes, faz-de-conta, leitura, musicaliza- 40, dramatizagao, etc. Ambientes divididos séo mais indicados para o tra- batho com criangas pequenas, pois favorecem a inte- ragao em grupos @ a facil visualizagao do professor, as- pectos essenciais ao sentimento de seguranca em relacao a0 espaco e a estabilidade emocional da crianca. Méveis baixos (estantes e prateleiras), biombos, caixas ou outros elementos, também de baixa estatura, podem dividi-lo e ‘organizé-lo para garantir a privacidade da crianca, caso queira ficar sozinha em alguns momentos. H de se pensar também na drea externa as salas, onde de- vem ser criados espagos Iidicos, alternativos, que permitam aos pequenos corer, subir, descer, pular, balancar, escalar, ro- lar, jogar bola, brincar com areia, de esconde-esconde, enfim, ter liberdade para se movimentar e criar vinculos. Os recursos materiais, como méveis, espelhos, brinquedos, livros, lépis, papéis, tintas, massa de modelar, argila, jogos va- riados, blocos de madeira, materiais de sucata, roupas e de- mais materiais devem ser adaptados e estar ao alcance das criangas. Sua atuagdo nessa area, educador(a), é bem similar 4 daquela ‘com criangas ainda menores. Em primeiro lugar, a manuten- go @ a conservagao dos espagos. Depois, 0 auxilio na sua organizagao e na disposigdo dos materiais e dos recursos ne- cessérios a cada atividade a ser desenvolvida. De 4.5 anos: espago para criar, brincar, conhecer Nessa etapa da escolarizagao, o trabalho educativo é ainda mais sistematizado ¢ intencional. Gradativamente, as criangas vao sendo preparadas tanto para as interagdes sociais auténo- mas, quanto para as fases escolares futuras. E, como orienta- do para todas as faixas etérias da educacao infantil, 0 arranjo do espago compée o rol das praticas didéticas, devendo ser flexivel e versatil, para permitir que a crianca possa brincar, criar e construir conhecimentos. A partir dessa fase, as atividades podem ser desenvolvidas em salas e espagos-ambiente, para onde os pequenos devem se dirigir, em uma espécie de rodizio. Geralmente ja ha, nas creches e nas pré-escolas, espagos-ambiente destinados aos cuidados com 0 corpo (banheiros, salas de banho), alimenta- {cdo (refeitérios) © repouso. Mas as atividades de pintura, mu- sicalizacdo, jogos e brincadeiras, por exemplo, acontecem em um mesmo lugar. 0 que também pode ser bastante interes- sante e producente. e z < S © ° = 81 UNIDADE 4 Equipamentos dditicos na educagso in 82 UNIDADE 4 Equipamentos A opcao por essa forma de organizagao das salas deve prever, jé de antemdo, um espago reservado a realizacao das ativi dades do cotidiano. Sao as atividades da “hora da rodinha”, quando a professora da as boas vindas, conta histérias, canta com os alunos, trabalha o calendério, faz a chamada, etc. A organizagao dos cantinhos deve ser bem planejada e, as- sim como nas salas-ambiente, deve reunir os materiais ade- quados a sua proposta. O “cantinho da leitura”, por exemplo, deve reunir livros apropriados a faixa etéria (de papel, plasti co, tecido) e os confeccionados pela prépria crianga, revistas em quadrinhos, 4lbuns e demais materiais escritos que se julgar necessérios. O “cantinho das artes” deve incluir ma- teriais como: tintas diversas (antialérgicas e de facil limpeza), pincéis, tinta para pintura a dedo, massa de modelar, argila, giz de cera, lépis de cor, canetas hidrocor, tesouras (sem ponta), colas, papéis coloridos, folhas brancas, revistas para recorte, dentre outros. 0 “cantinho da dramatizago” poderd ter um espelho afixado na parede, em altura proporcional ao tamanho das criangas, trajes diversos (de preferéncia guardados em um bai), fanta- sias, chapéus, perucas, lencos, bijuterias e maquiagens. Nessa mesma linha, podem também ser preparados “canti- nhos" de histéria e geografia, matematica, psicomotricidade, ciéncias. Tudo que o projeto em curso exigir e o espago per- mitir. E também aconselhvel a criagdo de um cantinho para repou- so dentro da prépria sala ~ mesmo que a instituigdo ja tenha 0 ambiente préprio para repouso -, pois nessa fase do desen- volvimento as criangas ainda sentem sono em diferentes perio- dos do dia e assim, caso seja necessario, podem descansar sem precisar deixar a companhia de seus colegas e da pro- fessora. O “cantinho da soneca” pode ser composto por al- guns colchonetes, travesseirinhos, lengdis e cobertores e até alguns bichinhos de peliicia. Os colchonetes, revestidos com uma capa plastica ou emborrachada (que facilitam a limpeza), podem ficar empithados em um lado da sala, acessiveis aos pequenos, ¢ os lengéis e travesseiros, em armérios ou pra- teleiras em que sejam facilmente alcangados. Essa forma de organizacao ajuda o desenvolvimento de agées auténomas e evita constrangimentos. A crianga pode se dirigir ao cantinho sempre que tiver sono, sem interromper as atividades dos colegas e sem se sentir constrangido. Por causa da grande facilidade de acumular pé e sujeiras, os colchonetes devem ser limpos diariamente com agua, sabéo e pano tmido. Veja, no quadro a seguir, uma lista basica de materiais e equi: pamentos didaticos, necessdrios ao ensino em classes da educagao infantil, que podem compor os ambientes das salas. ‘ou “cantinhos”. Compondo o ambiente, 0 mobiliério um outro aspecto alta- mente relevante a ser considerado. Projetado para atender as criangas pequenas, o mobiliério da educacao infantil, como ja 6 de seu conhecimento, deve ser adequado ao tamanho das criangas, facilitando a realizagao das atividades em grupo eo acesso aos materiais e brinquedos de interesse da crianca. ‘As mesas e as cadeiras devem ser organizadas em pequenos grupos, geralmente, com quatro mesinhas, sobre as quais fi cam dispostos materiais para desenho, pintura e escrita. As prateleiras ¢ as estantes, também de tamanho adaptado, além de compor e dividir 0 espago, devem organizer e guardar materiais, equipamentos, jogos e brinquedos, mas mantendo- 08 ao alcance das criangas. e z < S © ° = 83 UNIDADE 4 Equipamentos diddtioos na educagio infantil 84 UNIDADE 4 Equipamentos didtios na educagio infant PRATIOUE E nunca é demais lembrar: todo material ou equipamento a ser afixado nas paredes, como murais, quadros de chamada, giz, linhas e janelinhas do tempo, cartazes, deve respeitar a estatura e 0 campo visual das criangas, tornando-se visivei sem nenhum esforgo. Os cuidados com a conservacao ¢ limpeza dos ambientes so os mesmos que vocé jé conheceu no inicio deste tépico, com uma maior atengdo aos brinquedos e aos jogos, que sao em maior quantidade nessa etapa, tornando-se porta de entrada de fungos, acaros e insetos, quando nao bem higienizados. De posse dessas informagées, vocé, agora, tem conhecimen- tos suficientes para, em conjunto com o professor, organizar da melhor maneira possivel o espago da educagao infantil na instituigao em que trabalha. E a sua intervengao eficiente no espago depende, acima de tudo, da sua efetiva participagao na construgéo, na implementagao e na avaliagdo da proposta pedagégica da escola, Esta atividade 6 bem direcionada aos pro- ficiondrios das instituigées de educagao infan- til, mas 0 educador que trabalha com as outras modalidades de ensino também pode realizé- Se vocé trabalha em uma institui¢éo de educagao infantil: verifique se a escola esté organizada em salas ou espacos-ambiente. Em seguida, compare a organi- izagdo desses ambientes com as informagées adquiri das durante o estudo desta Unidade. Elabore um plano ide estruturagéo de uma sala multiambientes, levando jem considera¢ao, além dos conhecimentos assimilados, a realidade da sua escola (materiais e equipamentos dis- poniveis, tamanho das salas, nimero de alunos, faixa letdria e contexto sociocultural). Se a instituicéo traba- tha com espacos-ambiente (salas de artes, de leitura, de |dramatizacéo, de matemitica, de brinquedos), escolha um desses ambientes para a realizacao da atividade. Se vocé trabalha em outra modalidade do ensino, recorra & sua experiéncia para elaborar uma propos- ta de sala ou espagos-ambiente que considere de suma importancia para o desenvolvimento infantil. Recorra as informagées da Unidade para planejar um ambiente que pudesse atender as criancas de sua comunidade.

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