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IL. A TEORIA DA DISTRIBUICAO DINAMICA DO ONUS DA PROVA Apresentagio: conccito e caracteristicas Nao ¢ possivel doferminar, com precisio, em que momento da histéria do «cilo processua) civil as teorias de distribuigRo previa e abstrata do Sams da pro~ + entre os litigantes viram surgir uma teoria de distribuigdo dinamnica dos encar- 9s probalérios, baseuida nas pecubiridades do case conereto, € nde hi consenae ‘wicr entre os dowtrinadoves sobze @ local em que ela realmente despontou para provesse.! ‘Assim & i, emora se tena sempre prvente gue a sia sistenmteaylo tava se dado es Angentin. 6 fina do sécwio XX, a downs rosealta x aplicacto expressa da distibuigsa india dns enc prvbatries pelo BGB, na Sleaatha, ja ne inicio do Seuulo pre to. an duit. para o dus, 2 namenelatura~ Aewcismiehe ~ que nada mass sigafca gue ‘irsito camesante (ow en setida coo) da provn. Attn deter si elarantente atktede pelos 98 282, 285. 821, S91 © 892 do BGB, 9 carga dinfmica encoata esprit ambin jusigpradncia dn Sopsemo Tribunal de Justiga Aleswo pars 9s casos de respesabficede ides com culpa graviesina,gesponsilidade om matére de comumifoes, ce nlaayto © somunicayte nus acgocies yudeos. de vondigSas garais de emstatagho, de drety Uo ‘wabotho, d6 vontricos finincemin © de diraitn aninctial utes, Int noticias tambern Sverea eae anh distr ibuies dngives do dou da prova plo Tieinl Supreato a Fapano, que 88 muito plevé & Heaibilizayzn dos ercargos probakiis, em rardo da brixago das prion de eolaboraren com o Poder Iugisinve na deseobert: dvd € €x btensdo de un resulid jest, sosrenide noe ezsos de easeomréncia cesealc de pbb ale illeia Recenhevando v inficgneia do era de repatig do dna prevista a 1214 co Cédigo Cisil Espanol ~ que fnypunka a prova én obisonBo aquele que reclameve Sou curprisento & & de sua extingba aquele we the afcnbo — doramemte evita Wo 59 can rardo da incurregin tecnica decorrence da rferbncia 4 prova das obrigaphes © mh ds ftos, mis tnheény ante a ausBicia do reference 28 fos impedives © medifcalivus, ddontrn © jnispréncia acaram de sperfeipdsla, 2 fang do lems, No obsiame. ans itabathos de ebhoraydo Ua nova Lev de Lajricricnto Civ? Espanta wo Heal x dead A 1900, provinse. imicislmente, » manutengdo de enti clssicos de dsicibuigie, 0 1 Surans Suoti Courses Aa Tongo do tempo, conto vimios, varias toram as teorias criadas ¢ deson: volvidas pela pena de alguns dos maiores processualistes de que se fem notivia € voltadas a enunciar ¢ justiicar a repartigg do Gnas da prova de ums ou de outra Forma, com bese nesta oxt nayuela ra780. Fi comum, quise todas elas — & excegao da teoria de Jeremy Bentham ¢, uigd, da teoria de Gian Micheli ~ tinham o traga da rigidez, ou seje, a imposizSe 5 putes de um encargo fixe ¢ imuttvel dentro do processo, detinide = pari de critérios os mais diversos, em razéo dos quais seus 1espectivos crisdores busea- vain justificd-lo trabalhevam com o intuito de fa2é-lo prevalecer. “Tais cxitérios, exataatente porque predetenninados de forma rigida ¢ abs- lrala ¢, portanto, estitica, nfo levavamn em consideragao a necessidade ~ ¢ tanto ‘menes as particilaridades € especificidades ~ de cada vaso comcreto, Em razto disso, no tas vezes mostravasn-se falios, iosuflcieates e inadequades & produ- $30 da prova que se preendi ver nos autos ¢, por conseguinte, inaptos para o al cance demi zesultado juste e efetivo, capaz de promover alteragées concretas no smindo dos fetos, Enuais ainda: nao raras-vezes levavam 0 msapsstrado d silanes de porplexidade tal em que o coajunto probatério calacionado aos autos — por- ‘que formado de modo deficiente ~ era contrério a0 seu proprio convencisento, previamente constsuido a partir da verossimilhanga das slegacdes tazidas pelas partes ao processo, Foi talvez.a pattir de necessidade sentida ~ embora ado desenvolvida — por Micheli de que @ distibuigo do davs da prova deveria ser feita por meio de una valoragdo dindmica em substituiglo # uma concepgio abstiala © estitica ‘que acaretou ams grinds sbilaagso da vominidade jnidica local, liderala por jul ‘spanidis, que epeeunamsente props un evar af Anieprpenta de ede Ejuicianionta CCvi, detendoudo ¢ distibuiege da c2ege da prova em ang dh proxinidade au dominio 4e fat por cada ine das partes. ate canto acsbou prvalecende no texte final, dando ‘ovigem no enunciado dp art 217 ea Lel x° 1/2000, qs encampa exgrescammente 3 poss bilktade de desincmcate do énus da prova em 1axdo do chério da maior facade om prcevzi-la, no vem ames mantero entsyo Wadiciral. A distribuigdo dineica inserese, ‘381m, coine arénio complementar subsidize. Sobre 9 adeg}o oe (aria Ga vitibue ‘fo dinars na Alemanhs © ma Expenfa, cf, tespestivamente, Carbone. Catlis Alte, (Caryas Probatries Dinsmicss: Una Mirada al Decech Cemparnda y Newedoes Amlise in de su Camps da Accién, iy Peyrano, Jonge W. € White, Ines Lpeni(coonlensduces). * sus, Cangas Prabaririas Dinas, Santa Ro, Robinzal-C leon Pehtores, 2008, pp. 210- 211 Peyearo, Marvos L, La Teovs de Las Carga Prabaiorias Dindmicas eo 1 Flamantt ley de Enjuicianieni Cuil Espalok (Ley #* 1/2000), in Peyeano, Tonge We White, Inés Lépor foniensces, 1 ed, Corgas Protatérias Dininicas, Sav Fe, Rubinzsl-Culaon altores, 2004, pp. 187-189, so fenémeno,! isto &, com 2 atengo dos operadores para as partieularidades de vada casa coneroto, 2 fim de que se aprimorasse a ipstrugio e, por conseguinte, & Jinmacio do convencimento, que se Laigow o primeira facho de luz emt torn da iporténeia da qaesizo, muito embora Jerésny Bentham, em plone sévulo XIX, sd sustentasse e888 posigao. ‘Mas foi apenss no final do séeulo XX que jaristas axgentinos, sob a coorde- sagan de Jorge W. Peyrano, valende-se da teoria de Janes Goldschmidt acerea Ja situagdo jutidica processual,* delinearaa e sistematizaram, Ge foutna clara ¢ yrecisa, os coatomos da tcoria da distribuigdo dinimica de 6nas da prova, bat radia, evire eles, de Teoria de las Cargas Probatérias Dindmicas.* J Michel, Gien Astonis, 'Onere cit,» 64 4A progSsto f: Cidschaat, Jnnes, Principios Generates de! Procesn, | riindo. usnos Aires, EIEA, 1961, vo) (ePeyrano, oxze W., Neos Linesaicates de fs Caress peepee ing indies, Peyrnn, Jorge W. e Whit, né5 Lépoi (Cocrdenaoces), [*e (Cans Probotdvias Divdncas, Sana Fe, RubnaahCulzentBaitores, 004, pp. 12-15 33a em meados do seule XX, mais pescsamente em 1987, por, & pesafvel encom wa SJpnspruléncia da Core Sopema de Josie de fa Nuc na Argentina, preesrteenve eae erincolicaeto da aésiboige dintmica de Brws da prove = ands que sem sferEncit Tetlsen tora no geal 0 Tfbual nbs un fercioniio publica 3 prov do igi eae ae oou enviquccimento, por enfender gue cle esaria sm melaores condigaes ave © mle de peagurira prove respectiv, Ma somente no info da dbcada de 19,0 tet 8 Tet Sapp na ovina = nelsire crease em cengressos de ceeva, cn as Ore aovachs Ronacranacs ue Gerecho Cis, Comereil, Proceso € fufermdieo, em (992, Soin conproca Neclona’ de Derecho Provesal 0 1895, wo aut » sari fi ie come carina a nccthida pela Comissbo Processiat Civil ¢ Corscrial do pais. Cor a dvulane doc sqrofndarente de aba da utr, seep coun & coenerazo do Preface eosann om 1997 4 Covte Susemne de tc de fa Naoion woke rovaztete 0 os Pec oma de carga didn, goad, 20 jugs caso envlvende espousablsad ct eer eno medizn. ips 0 6s da prove aanio 8 sequagio < cere dos rocedimemas peaed durante a evorgia ao cng « an heeptal 0 quale se eai2na, por ene aaeren melares condighes de predzt 4 prove quan a ste capes, Desde cut, 8 ae ee ie Cooges ProbarSrias Dindnicar tem sido armlamenteaplicada ¢ eee pel vormunidade jrktes, wg dbstane © An. 377 do Cédigo Argentino de Procite Cail ‘Camorialptva Le Moin unpenha o Sus da prov Is parte que afi In olin aechy contoverie aden precepe Suen stl use eh buen no tenga deer de aaa Cae sve de las partes debe poor el presupuesto Ac becto Ue worm @ nents See invoeae cero fundamento dz so prctzsin, deems o except”. Envernin, mere se te iepstiva, agar: eouigns de provnsia, como 60 cas Go Cfo Proves Chile crnercle fo Poovineta de Lo Posspa jt vam adotando expressamete a cerga finde earn conan vain 6 Froyeco del Cédkgo dela Replica Argentine Unftcadr co” e! 2 Contrapondo-se ao fundamento das teorias elassicas e estiticas de yepa sto des encargas probatdrins — abstuigo & prodeterminagaa —a icovia da ca indica preocupa-se com a realidade concreta de cada processo que ¢ post apreciacto do Poder Judicidvie. Adapta se a03 casos particulates, nara tend do is citcumstincias especiticas de eada qual, imizor 6 onus da prove a parte c se encontre em melhores condigies de produzir a prova eespectiva. “A distib $0 se dé de forma dinamiea, posto que nfo esté azelada « prossupostos prey # abstratos, desprezanda reyras estitieas, para eousiderar a dinmica ~ titi axiotégiea ¢ nonativa~ presente no caso concteto, a ser explorada plas ope dlares juridicos (intéypretes)”,5 Nos dizeres ce Forge W. Peyrano: “A chamada doutrina das cargas probaldrias dindmicas pode deve ser utilizada polos drezos jurisdiefonais em determinadas situ (96¢5, nas quais mio fancionem adequada c valiosumente 3s provisd legais que, como norma, zepartem os esforcus probuténies, A mesa importa em um deslocameuto do onus proband, segundo forem 3: cunstincias do caso, om cujo mérito aqueie pode reesir, verbi grati na cabega de quem esta em melhores condigées tgonteas, profissiona ou fitieas para prodkuzi-las, pars além do seu posiciomamento eon autor ou réu, ou de tratarsse de fatos coustitutives, impeditivos, moe Aicatives ou extintivos”* Ctign ce! Comer paorisivo, oh: Baraca, Eda |, tad Aetal dela Teor de Corga Dindica de la Pruch eon Esresad Referens a AntesedseJurspmidenssies 7 se Mueriahezgads, i Peyrna, Jorge W.€ Whit, ls} dpon fecerdensores) ed, Core Probativia Dindmicas, Sane Fe, Rubinzal-Colzomi dures, 2008, yp. 23.395 Peyran Jorge W, Ta Decizna de les Carges Podateias Dindiniensy ta Maquina ds imp ¢ ‘Motaria Juries n Peyano,Jogge W.¢ White, tnés Léyor(eoordenasipns, Ie Corse Probatdrias Diasmicas, Sania Fe, Robineal-Culzens Edtoes, 2008, BO 5 Combi, Eduard, Provercie, p. 342. 5 Peyrano, Jorge W., Muever Liveomients eit, pp. 19208 “2a lomads docrrna de las cargas produto dindmwcas poeee y debe set utznda pe es estrados juicistes en determinadassitciones es ls ezaloy no Eeionan sdecuads ‘illosainente ls previsiones legals que, eo:m0 non, repute Mes esfier20% penbaroise Lamina importa nn desphuzamieaty el ens profuonf sein fueron las event e280. cavo mrito uqudl pode reas, werbigraia, ot cutza de quien esl en joe condiciones ienicas, resionsles © fisioas pare rudusinis, as all del emplevaniemn em ‘A Dstrbwign Diagsmen do Ons ta Prove 2 ‘Anecria da distribuiggo dindmica, conto se vé, nao leva emt eonsiderayd0, para 8 fixagao dos encargos probatérios, 2 pesige ccupsda pelas partes no pro- passe e, tatnpouco, @ natureza go fato que deverd ser abjeto de prova. O feco, fej € 8 facilidade a acessbilidade do Tkigente & prove, deforma a possbilitar qe cla soja ofetivamente produzida nos autos ¢ contribus pare © eselarecinuenso dos fatos controvertidas ¢ 0 afcance de wma solugao justa pare 0 Htigio. ‘assim € que, a partir do exume das circuastineias particulares de eada C380, 9 magistindo define, in comereto, qual das litigantes tem melhotes condigdes para eomprovar cadn ums dos fatos contraverties, impondo he o émas respect vo e, Dor conseguinte, o Fisea decorrente do seu eventual descumprimento ‘A teoria pace do pressuposto de que "deve provar quem em melhores condiges para tal, # Logicurente insustentavel gue aquele dotado de melbores Condigies le demnonstsar os Latos deixe de fazé-lo, agarrando-se exn fortuals dis: nibuigdes du dais de demanstiagdo. O processo modemo no se compactua com Uiticas ou espertezas procedimentais e busca, cada vez mais, a verdade’.? ‘Ao propor a dinasnicizagzc do nas da prove, seus criadoses, em momento algugr apgamn « necessidade da exisnein das vormas estiticas ¢ abstraas ge sicisbuigdo que atuim ~¢ que centinuario a utuor ~ pelo menos em prineiplo! “Arnova teoria nde subverte nem elimina a técnica tradicional de reparticlo dlos encaryos probatdrios, mas representa um plas pera aerescer e aprimorar © sistema classico de distribuisie. (© que se apresenta € uma (eosin voltada aos escopos moderos do direito proceseusl, mormonic i efetividade, & verdade ¢ & cblengae de resultados justo, Cigue parte dos principios da boa-té, da cooperagao ¢ da solidariedsce pring pins gue sao urna das grandes fontes do Direito. © que s= propoe € wn tosis tue nagueles casos em que o litigants ao qual Yacumbe a produyay de wma dads fava afo tem eondigbes de fazé-1, ao passo que o outro Wigan jiciolmente Teeincumbidy o-iem, autoriza ao magistrado, alshto as peculiaridndes do caso ¢ vralendio-se das repras de experiGacia, deslocar o 6mus cs prove, catocando-o nas oe alg actor denrandido wd afar de hechos ranstituivos mpeaiives. mod 7 Dar Apial fe, Annie Janye, Distatige Diadvion ep. 102. 8 Tane asin gus, gaat «este aspect, afirna Jorge We Peyeant rRranelonseguid, se ha buscadsdetacar ques icin as renege se next aeerltie cumde ia wiKension dl epseto legalren pieviso dl nus prokond genera aan errmcase lansente inconvenienier igen” (esses ireaventas tp. 21) 4 ios daguele que tem methores coadi¢des para campri-to, Tem-se, assina, uma complomentagio, um aperfeigoamento da disciplina de distribuigio dos encarges probatérios, tendo como norte os ditames que regem 0 processo civil modern Com efeito, “parcee de uma logica isrefutivel pare qualeyer pessoa com senso conmum que um magistrado no pode privar que uma fonte ée prova che- {gue 20 processo quando teve em suas macs os elementos para fazer surgi A bre 0s fatos da realidade, nem tampouce pode deixar de valor as eircunstincins tem que se encontrava cada parte ow 2 sua capacidade real e eenereta de promo- ver a produgée da prova, bascando-se em ume rigida (estitica) concepgdo das regras do énus da prova, A decisla judicial que recaia neste proceso 36 estar’ sustentada sobre o anfibologica dogma da verdade formal. Essa alitude do dega0 Jjmiisdicional do Esiado nio 6.6 moralmente reprovavel, sono que cotzesponds 2 unt uso absalutamente imegular das normas processuais, o que segurament? violemtado prinepio da congruéacia & eondurirs nevessariaments,« vipa deci: sio profandamente injusta ¢ atentatoria & esséncia da fungto judicial ‘A tcoria da distribuigo dindmica preoewpe-se, pois, com a tutsla final que seri outorgada aos jurisdiciorasos, com a sua efetividade e jstiga.F, parqnanto [pressuposto aecesssrio para a sis abtenyo, com a vinda da prova do {ato von- trovertide aos aatos, pelas mins daquele que tiver “conhecimentos téeaicos ou informagSes especifieas sobre 0s faios ou maior facilidade ma sua demonstea #0"," ovitando, inclusive, “que uma das partes se mantenha inerte na veligdo prosessual porque a diffculdade da prova a bencficia”." 3 Ravnbeldo,Fuan bere, CargasProbatoras Dindncas: wn Gite Epistemoigien in Meyrano, Forge W.c White, ns Lépor(conedemndoces}, I" e..Cenzar Prokaténias Dindmeas, Sons Pe, Robina: Coot Euitores, 2004, p.31 ~Parece de una lege ref table pore cuslquer persona eon sentido comin gue wt magiee ‘rao ne pues priv que wos Fuente de prveha arabe 2 proceso cua mavo en sus mam Ins elementos parn haece supra Ta Tue los bechos de i roaidad, ni ampoeo purde deja d= valorr tas circunstncies en qne se encanrabe cas parte cn eusnio 4 sv capacida rel yy sonetete de vse a su produceién hasindose en via rigid Cesitca) concepeibn de ls reglas dela carga de Jo pris, La desisin judicial que recaiga on ese soceso solo estar suiteaia sobre el afiioldgiee dog de a vera farina Faia acts se drgano db jimsticeis (de) Bstaio) co sblo ex merabnente reprachable, soe «ue e Lorene con tio weo absulviamenteinegulat de Jas ronmas procesles, gue seguiamente winlesiaré e principio de comgrucneia y conducina recesatiamente wya decision profendinente nat 1 atesania coma la econ dela funsign judicial.” WO Camb Eduanto, a Prove cit. p 341 1 Febm, 9 342 ———-——-ADisinbvigho Dinimica do Onms da Prova a Trata-se, poctanto, de uma proposta cendizente com a nenireza instrumental dw proceso ¢ dos instituios a ele afins, que, a9 estimuiar a produgso da prova ¢ © esclarezimenta de todos ws fatos do liigin, possibilita a descoberta da verdade real, evita a acorrGucia de non Mguet ¢, ainda, permite que a decisdo exarada seju uum devisio efetiva ¢ justa, apta ¢ tutclar adequadamente o direita substancial, 8 provocar alteragdes coucretas no mundo des fatos © satislivzes a protensto do Jucisdicionado, Sem embargo da orientago de Céndido Rangel Dinamarco, no sontile de gue @ taversio do énus da prove nada mais € que alteragdo das regras levis sobre a distribuiedo do encatgo impostes ox autoxizadas por fei, a atruigao de cavtter dindmico e, portanta, Hexivel ao onus da prova nko se confunde com a sua simples inversio. E Isso ucorre porque, na venlade, « distribuiglo dindmica do nus da prova no parte de um crisrio apsioristico para determinar a sta alterugia, cs, na es séncia, estabeleoe a cooperagio das partes-na colheita da prova, distelbuindo os ‘eeargos de um modo tal gue pode ou nfo ser condizente cou a disciplina legal cvenlualmente existente A ndopdo da carga dindmics, exatamente porque tom incidénci nos easos ein que o regramento estitica ¢ insuficiente ou inadequado —e, pot essa ra230, eve ser anteriormente afastado — pressupée a cuséucia, para a sia incidéncia, de ‘uma distribuigto prévia ¢ arraigada do encmigo entre as partes, ‘Ac pressupor essa situagio ¢ a0 prever que a repartigin do encargo deveri sedlar ena momente posterior & instauragao da lide, ndo hi sortie em se fakur ecu iaversdo. E que, se quando da iacidéncia da carge dindraica, nenhuma das partes fem previamento o cneargo probatério, nao hi coma susienter a inversao de um Gus que, até entio, nao existia.¥ Vale dizer: para a adogzo da teoria ts distr. buigdo dindmica, o critério legal ou clissico de distribatigso do amines toon sua sntuagae previaniente aftstada dagucle caso, quanto ao fato que deverd scr abjeta ée prova. “Sé se podena falar em inversaa caso a dus fosse estabelecido prévin e abstratamente, Nay € 0 que acontece com a técnica de disitibuigéo diggiica, quando @ magistrado, avaliande a5 particularidades do caso careieta, com base cent mdxiinas de experiénein, irf detcrminar guais faros devem ser provades pelo demandante ¢ pelo demandado”." 12 Apropdsitn cf inamazco, Candido Rangel, nse de Dino Pracesual Chih, Ae Sto Palo, Matheivos, 2004, vol 3, p. 76, 13 Nosciat, Femanda Rochael, Cargas Probativins ct. pp. 74.95. M4 Carb duane, 4 Prove cit, p. 342 TENNENT TERRE RE |p % ‘Suzana Santi Ceomas A inversto, por sua vez, pressupde » existéncia de uma responsabilidar que € atiibuida, a priort, a uma das partes v, un vex prescntes deternminad roqquisites previstos ent fei, € fmposia de forma cogente!” & parte contrtia, Paca que cla ovarra, no ¢ necessario que o magisirads examine os cunstanciss do caso e decida sobre 2 oportunidade e a conveniéncia da iaversd Presentes os messupostos legais, a inverséo—que, tal qua! o Gaus, também é d (erminada de forma apcioristica ¢ estética —deverd, necessariamente, inci, a: ‘obstante, mio independa de expresse declaragio do magistrado messe sentide Por outro lado, 2 inversio, pelo menos no direito brasileiro, decorre de & presse disposicao logal —o aut. 6°, VIII, do Cadigo de Defesa do Coiisumidor «& mais combecida delas — que, em regrs, sempre condiciona a sua incidéncia doterminados eritérios, como, por exemplo, a verossimilhanga da alegagto ov hipossufieigncin, no caso do direito consumerist. A carga dindinies, por sua vez, nto sofre limitagdes decorreates de provist logislativa e tem urna aplicagto mais geral, voltada para todo e quaiquet tino < Processo 0 qual 6 regramento estitica se mostre insuficieate ou indeyuade desde que um dos litigantes tenis maior favitidade ou estgja em melhores cond ‘sBes de produzira prova sespectiva 15 Disonsstes des meis frenhas © acinadus ua sean do dirsto do consumidr & + quest credo caer ope eon wpe ins db iverto Ss dap ctipinat wn 5% VIIE de CDC. & police tn como pao de partica a expresso "a cirin do jie, «que o oda diapostivo ofere-se een rae aisto orfeaor fs regs event snilaga ds tlegugdese da hipessfciéncia de corsunir cu reste €inispesis sa wnversto, Dew ad, autores coms Artesia Gil cept Pers cit p58 «André Gis de Arcade (4 dar de Crust, 97), qe setae 9 pel magico é apenas ode consntarepresnga Gos requlsies gas ci cme, SEP de ue, sles oe cofrmarem, a sversto operese de ined, De wr, ares com Borboss Mossica (Vuze sore w fiers, et, p 292} tabero Theo I (Dre fo Consanior, cis. p 147), que emtendam que a invorsde aper-se em suid Ae ob € vit dens ave pests o& pressupoos legals Ano vet, dite de tom aa Vera fobrerelages de consueno, © mgistaun, sem divide, deve venfcar se esto preenes ¢ ‘isos Fam noeserios & invest do Gus aro Lins van pesenes pan 0d poder ecusacainvarso, a ide cris extn com opera tus ‘8 medida em gue @ verso revela-se camo um divito ahietien do conaunidor A pan {momento em gus 9 inversie & ented caine Wm mecanismo de fail teeia de os de equipmoyao de nonas sues Hguses yo poosso, costae 3 wersmhan ¢ ‘legavao escarada em tude de rove w hionssuiiicia do eonsiowidan a ear € ae inversta dave set ce principio, neessuriemertedeterminada, Ta) repre perce, ni oxck a pesiiidade de edogao es eoria ds asd Sinica, casa esa iversGo my Impossible de pride ova por pars do formes. ‘A Disribuigbe Dininica do Gus da Pro ni 2. Fundamentos Uma tevria que, como a teoria da disttibuiptio dindiaica, se propte a faci- liter @ producto das provas mecessirias ao aceriamento cis fatos controvertidos no procasso, « aprimarar a formagiio do convencimento do julgsdor e, por con seguinte, o sicance da efetividade c da justiga da decisio que sera proferida, encontta seat fundainente, semdio em todos, cettamente nos prncipais pilates que sustentam 9 pracesso civit moilerno, Essos ilares so oriundas do rompimenta do processo com a ideologia peral ~ individuatista & patrimonialisia ~ que outrora o grientava e que era res ponsével por dar a cle o aspeeto eminontemenie dispositive gue o caracierizou durante muito tempo. Nesse proceso, “concebido de acordo com a ideologia liberal ¢ ae caréter Uispositivo, no qual a parte mae tem a obzigagao ou 0 dever juridico de dizer a vverdade, onde ni tem tampouco, oa poderiamos dizer maito menos, a obrigagio Juridica de-confessat, onde no tem sequer a obrigacao juridics de responder quan «do 0 juiza chara para compatecer ao processo, onde no deve manter ner meso ‘uma conduta fundada na colaboraszo para o aleance da verde material, onde 180 interessa se dita verdade é concebida, © onde, finalmente, alguéin vai ganhar & a ‘gum vai perder”, com ou sens razio, um eritério aprioristice, stético c inuvel de distribuigdo dos encasgos probatGrios apresenta-se mito bem adoguado. Isso ocorre porque, dentro do cantexto do provesso de cunivo liberal, niko hha qualeier preceupacdio das operadores da direito com nada além daquile que {oj efetivamente posto peas partes nos autos, tanto no tecantea questOes de Fato, quanto & sua prova. Tampouce reccio de quais impacios @ desisao que vier a ser proferida ¢ passivel de provecar, mozmenie, no mundo real, jé gue 0s limites le atuaedio de processo se exaurem com o fir ta mtividade jutiscictonal Li Wie, Ines Leper, Cong Prodasorse Binanices, Fa Peyrano, Sarge W.c White, Weds Lipor tesordenacores, ot, Cangas Prubatéias Draimicas, Sema Fe, Rubinzal-Cmzoni Edict, 200, 9, 62-688 ‘Ack mics, erm proceso elit eonechila de acuueto a In ideo ibecaly de euroter igposiive, enol cual fe pacts ne tiene fa abigacién vel aber jvedice de deci a verdad, donee ane tampece, npedriams deci mucho mencs, la bligaciin aries de cans, dane 26 one signers la nbigzeijucies de responder custo el jee ta lama ue0re paren at preceso, donde écbe snapoce mantener an al mis tina conte feds en i necosriacolaboraci@ los fines de accede ¢ (a werdad misters, donds wa ineres 8 ‘lea verdad ss obtania, y donde, Finalmente, alguna vn gan y mr Wu a pers.” 38 Quando, poréza, os processualistas ¢, sobretudo, os jurisdicionados n3o mais se contentam com esta visio, que ao ateuts para 9 aspecto dinémico do proves- 80, que se esquece da natiteza da prove e do seu papel no dizeito processual, que no se preocupa coma justiga € & equidude nas decisdes, na qual tnultas vezes se ganhs pela asticia ¢ se perde pela desidia; quando a transmudagao do preto em branco ¢ do quadrado em redonde rido mais atende aos anseis da soeredade, ‘que ndo s6 quer, mas precisa que o resuitada do provimento jurisdicionsl seja, a sua essénela, justo ¢ efetivo, toma-senecessasio nnidar do ideologia, de foco, le principio, de arientagho. 0 direito processual civil, como tm iodo, vem passando por essa mudanga Ji bd algun tempo o, como nao porieria deixar de ser, seus inslitulos também Hole, © que se tem € uma visde solidarista do proceso, segundo a qual muito mais que ura simples imecanismio de composiego de litigins, ele se confi- ura como win instrumento de realizavdo da justi¢a, no exato sentido em: que isso representa, Ox seja, um mejo do qual as partes se valem de forms a obterem tudo aguilo ¢ precisarente squilo que tm a direito de bier, Nesse cendrio om que a garantie do devide processo legal cacla vex mais dda lugar & garantia do provesse justo, a preocupagao cam. a desenberta ca vere dade real é erescente e lomasse admissivel 0 uso de todos os expedient licitos que, de algum modo, possam auiliar na sua obtenco, para gue « conseqitente formacio do convencimento de magisttado se d€ 0 mais prdximo possivel da falidade, assegurando-se, ass, a efetividade e a justéca da decisao, Aliado @ i350, ebserva-se,lambém, uma mudangs de postuza na conduta do jniz ~ que sai da posigdo passiva de mero julgedor do coniito de interesscs © toma-se “vin intézprete ativo e*ctiativo, um problem solver e policy maker, além de assum, freqdentemente, 0 papel do um denv maker ~ 2, igualmente, ds partes, que mvite mais do gue ex adversos, passer a atuar coro colabera- dores do processo, responsabiliznado-se pelo esclarccimenta da verdade ©, por conseguinte, pelas provas ds fates respectivos, aginde com a méximna lealdace, piobidade © boa-fé. Esses furcdamentos que, repita-se, so os principals pilates de sustentagao 0 processo civil modemo, o sto também da tcoris da distribuigao dindmic do cncarge probatstio, Como ja se assentou no direito argentino, “a0 coajuyue barmonicamente as tradicionais regras de distribuigdo da Snus da prova com 8 Jstign na caso concreto, os deveres co juiz ¢ os deveres de condita precesstai tual 4 Pvewa cit, . 243, A Dist Divimiea da Ons da Prova RB das partes, Se obtém as bases ou os fundamentos da doutrina dus vargas probex tories dindinicas”.”” 24. A busea peta verdade reat ¢ a ubtengito de um resultado justo Quando um jurisdicionado ajuien ume ago contia um outio, valendo-se, para tanto, do processe juclicial, ele 0 faz, em rogra, porque se ve diapte de um coaflita de interesses, no qu! x sua pretensiio—que comstempla odireito subjetivo reclamado — foi, por qualquer razdo, resistida. Assim, quando vem 2 juiz0, 0 que © jurisdicionado quer do Poder fudiciario éque o dito conifito seja solucionado © Sua pretensio, por eonsoguinte, salisfeita, Os “processos juiciais ndo se formam visando & proclamaeio de tescs aca- démicas de diveito. Sd existem para tutela de interesses eancretos, nascidos da Vida © das relagGes juridicas nela criadas e desenvolvidas. Sz0, pois, 0s direitos subijctives a maléia prime com que laboram os tribuais ¢ estes dite:tos, por sua vez, vascern de fits (er facto ius oritar)? Nese contexto, para que o magistcada tenha condigBes de compor, de salu- sionar o conflito de interesses posto 3 sua apreciagio — e fxzé-lo de forma justa ~¢ indispensavel que ele tenha acesso amplo a todos 08 fates que estto no cere do litigio, bert como das provas respectivas. E que, coma oportanamente se assentont, “as provas S40, 10 processo, @ meio de se chegar 4 cognigo do suporte Fitico das pretens6cs litigiosas” ® Sem qu estejam presentes nus autos, 0 juigador ndo tem como promover o acerta- mento dos fates alegados per autor e ru; nfo tem como conbecer a realidade daguilo que realmente ocorrew, de snode a formar o sen convercimente. Ou @ que é ainda mais grave: tere 0 seu convencisicato formado em razfo da verossie rnithanea das alegagdes trazidas aps autos pelos litigantes quenido em coteja com 1S Wile, Ines énor, Congas Probie cit, p68 “Fetonecs. el conjegar armnicamene {a5 Gadicionaes reps dele car de a pre con a jstioia eo el ¢380 conerstn, los deberes eel juer p los deberes de vondcta process! de Fas partes. obser Ins bases Tes fandamentos de fa doettina dela eargasprobetoxas dinamicas 19 Theodore Jr, Hembcit, Prova Prineipio da Verdade Real. Padrss do Juiz Gaus da Brows ¢ su Evontsal inversio, Provas Mleitas. Prova o Coisa Jolanda nas Ages Relatvas 3 Pescenisade (ON), Reva Brasileira le Diseito ee Pamala, Pot AleRre, 0° 3. out NN. lez 1990, 9 20 hae idem. 10 fas maximas da experifocia, mis, uo catanto, ta? convencimento no eacoatre ampard no conjurto probatstio eoiacionads. porgoe inegutivocamente formado de mado deficiente falho pelos litigantes. Diante disso e diante da impossibilidads de proauneias now fiquet, eulmina por julgar a causa com base nas regras de disteibuigao do mas da prova, impon- 0 o resultado desfavorivel quele cue Gpha o encargo Ge prodazir determinada provae, por algume razo, deixou de faz8-lo. Ocorve que nom sexmpre o fitiganic que oe colucionow a prova necessaria 20 desate da controvéssia, o fez por simples desidia em relagao ay processo. Tanto menos se pode coneluir, 4 priori, quo, se cle deixou de produzie a prova que Ihe competia, certamenis nao tinhe raz quanta a sua pretenséia. Esse litt _gante née 59 pode ser o (itular do direito afirmade, como pode ter deixado dk Lazer a prova aes autos por absohuta impossibilidade em trazé-la Nese caso, a distribuiefo das encargos probatorios funlada nos crstéries classicos — que, no direito brasileira, referem-se & psig ocupadi por cada we dos litigantes ne pracesso © A natureza do fato que devers sex ebjete da prove ~ revelli-se extremamente crue? ¢ em nada contibui pars a descoberta da verda- de co aleance de um resultado justo, eapaz de producir alteraedes cuneretas no ‘mundo dos fetos, inviabilizando o proprio acesse da parte 2 justia Com efeito, o que 6 jurisdicionadio pede esperar de um instrament que nko 86 nfo dispée de mocanismos aplos @ revelar a verdade, ccmd no 0 auilit ¢ info 0 soconre nessa Fungo e, ainda, Ibs impde un» resultado desfavordve! mes mo quando € ele —¢ 56 ele — quem, & iuz dos fnios ocorrides., pode ter raza no contlito ajaizado? ara o jurisdicionada, o fay natural do processo no porte ser outta sena0 ‘oaleance da verdade © 2 obtene&o de uma sentexgn justa, condizente com a r+ alidade dos fatos que ele viveu, jamais un jogo no qual a viticie & determinade pola osperteza e a asticia de um thigante ea demoia & fruto de desidis cu de div ficuldade técnica « probatiria do outro." Num momenta em que « dircito processual e o process veltam a sua aten io para a qualidade da tutels jurisdicional que esti senda prestada ~ com vistas raven Ii Psa, Reexioies sabre fa Dactina de [ay Cangas Foubatonias Dindoneas, fn, Feyrang, Joe W. White, hs IZpori tcogedenstaces), 1" €8., Caras Profits Dinsmicas, Santa Fe, Rubinzal-Calroni Editores, 2008 p 183) “Elfin natural dl peocese ese] arriba a lk veri In dovonuibn fe woa sentence jos que cl proseto no ot una competent e picaedas u wlas anes, ducde $2 sant pot Is aston de unas y se perder por n desi dears.” A Ditsbaiedo Dininica do as da Poo a 2 permit yuo cla outorgue o dircitw a quera zealmente 0 tem ~ ¢ © proceso ‘comega a se portar como urs instrumenta de realizagav da justi¢n, tormns¢ ioe cispensdvel ctiar meeanismos noves cu. ainda, revisitar¢ ajustar os mecanisinos antigs, de forma a adequi-les a ess novi realidade e fazer com que possam comribuir pura a obtengo desses escopos. Se ¢ por meio de prova gue o juiz conhoce a verdade, pode imodelac a rea- dade ¢ formar 0 seu convencimente de moto a pruferit uina decisto justa ¢ se Eno cenjunlu probatériv que se apresenta no processo que 0 jue deve, ncocse sariamcnte, respaklar a sua conviccio, nada como eriar meios que facibters i obteng2o ¢ a vinda dos eleinentos prabatérios 20s autos, A dissribuigao dindmica do dnus da prova € win desses mxcios, na medida etm qu, 20 impor o enearga de provas cada um des titos afimados wo prosesso figucle litigante que melhores condigdes tem para fazé-lo, mumenta-se, substan cialmente, a postibilidade de que s prova necesséria a soluyio da controversia vemha, 208 autos € 0 julgador tenha acesso a cla A carga dindmiea tem, pois, 0 condo de auxiliat no cacontro da verdade real, elemento eujo aieance ¢ essential para que o magistrado corsiga proferit lumna solugto condizente com o set: convencimento e, mais ainda, uma solucaa Justa, E, com isso, a carga dindmiiea faz com que a jutisdigdo consiga desompe- shar ~ de fato & de direito a mais importante tengo pata a qual ela fei eriad, ual scja, a ale efetiva pacificagan social. 2.2. Os poderes instratirios do juiz No contexte do processo de cumho liberal, 0 modelo ideal de juiz que se queria na condugae da feito crit aquele magistrado “neutro, imparcial, eqdidise ante de drama cas partes e, por isso, alheio & (ormagio do objeto do proceso € 8 atividade probatéria tendente a demonstrar » causa do pedido do autor ¢ da resisténcia do 16u © processe no se preecupava com a satisfaglo de eseopes politiens ¢, so- bretude, sociais. Ponava-sc come mero instumenco de realizagau da voniade sonereta da lei, de modo que o magisttado, sempre que se deparasse com alguna controvérsia posta a sua apreciacag deveria julzé-la segunda as partes —c apenas 5 partes ~ tivessemt alegude e provado, Acjuiz, poxtanto, no era conferidanenhuma espéeie de atividade on inicia- luva probatéria, Reservavarse i cle “o papel de ebservacior distant e impassivel 2D Theodore i. tombe, Prowse, pW 2 we Sant Cremasoy da luta entve 06 litigants, simples fiscal incurmbido de vigiar-Ihes © compor famente, para assegurar # observiincin das *regras do joga” e, no fim, proslams ovencedor”> Esse modelo, pordm, 20 pO nas n:8os de autor ¢réu toda a responsabilidad pela alividhde probatéria, ado raras vezes, culminava por deixar 0 magistrado uando da decisio, completamente desauamecido, carente de ekersentas proba {ori0s aptos « possibililar a formagio € a sustentagan do seu corvencimenta c: solucionar o coniliwe de interesses. £, diante, da impossibilideste de proferir 1 non liguct, © julgudor acabava por vater-se das rogras de distsibuigio do Guus de prova, de forma a prolatar a sua decisao, A insufieiéncie ca inadequagao da disciplina que omtorga aatividade prob taia exclusivamente as partes foram reveladas ao foago dos anos e, associadas As nogdes de acesso a justcs, efetividade € processa justo que peemearaim a ci neds processual a partir ca segunda metade do século XX, foraea responsaveh por rmidat ta] conceprio, Desde enlio, o dircito positive dos diversos paises inclusive o do Brasi — pussou a “Teforgar os poderes do juiz ns condugdo da causa, tanto na vigilin cia pura que 0 seu desenvolvimento fosse procedimentalmente corrcto, coma nc ‘comando da apurapao da verdade real em tomo das fatos em relaciio aos quais 5 estabeleceu 0 iigio” 0 juiz ganhou, assim, poderes instrutdrias, ou seja, pascou a ser trufar de iniciativa probatoria¢, tal qual os liligentcs, a tr resporsabilidade sobre a pro gto das provas no penesse ea zclar pela vinda avs autas, densvo do possivel, de tocios ~ todos ~ 06 elementos necessaries ao accxtamento dos fatos objeto de litigho va formacio do seu convencimemo, Arrazao de ser di outorga de poderes instrutirios 20 magistado esté mo fate ide que ole, sendo 0 encarregad de julgara lide ¢ fazé-lo escorado nos efementos probatirios constantes nos aUtos7é 6 tice sujeito processual om condiges de di 2er sobre a necessidads ou nao da produydo ds prova respectiva. F de que, “quanto snaior 8 4a plstieipagio na atividade insirutoria, mas perta ds certsz ele chege 2° o maior serd a chanee de que a decisio prolataca corresponda a realidade o enquania ta}, seja eanaz de tealizar a jnstign ¢ aleangar resultados cfetives, 25 Burbosa Morita, Jot6 Catlos. Os Poderes Go Iuix ma Diego fastruydo de Process, Revista Braciein de Divito Prasernnal, -beraha, n° 48, out-dce. 1985. 0181 ‘Theoden Jn, Humbert. 4 Prova ot pI 8 25 Rage, Jess Rohero dos Santes, Paden Insirtbvio a Joi, ¥ 0d, ve Awa @anply ‘Sto Paulo, RT, 2001, p. 15 _ 4 Diptnb cdo Diaimiea uy Gus da Prova Mesmo diante da expressa adogto dos poderes instrutorios pela legisluyio ~no processu civil brasileiza, pelo ant, 130 do CPC — nko foram raz0s os autores" ‘que, de inieio, propuseram uma interpretagiie limitada e restrita do dispositive, ‘condicionando a atividade probatévia do juiz as regras de distrituieto do anus da prova, ao findamento de que to se poderia “suprit a inércia probatéria do 'itigante por stividade ofeia) de buscar elementas de cogni¢a0 no requerides fem praduzidos a seu tempo por quem tinhia o respectivo encargo probatsrio” de forma a no comprometcr © principio de tratamento das partes pelo jalgador. © magistrado sa poderia valerse des seus podetes insmuxéris “quando, apés 0 desenvolvimento da atividade probatéria pelas partes, permanecesse o juiz om estado de divida, iespossibilitado de julgar segundo seu livre convesei- mento ou oni confoenidade com os dispositivos sobre o énus da prova’,” pois da contrarin, sv estaria abandouando o¢ critérivs de distibuig2o dos eavarpos Drobatiries previstos em lei e que se baseiam no principio da ignaldade entre as partes.” Tal orieatagdo comporta censura ndo 56 porque coufunde a atividade pro- botoria do jwiz com a des pnctes, sem se dar conta de que uma nifo exclui nam «# exisiancia nem ¢ importincia da outra. coma no promove una interpretaczo sistematica ¢ principiolégica dos insttwios e de seus respeetivas dispositives Ie- ais —condizente “coma finalidade do processo, quill seja a efetivagen do ditcito substancial ¢ 2 pacificagao social! ® Quando 9 escopo do processo passa a sera buscs pela tutela justa efetiva do diceito material postulado, o que, como ja se expés, pressupoe a descoberta e © cophecimento da verdade pelo julgudor, a outorga de poderes iastrutétios & de catrema valia, pois permite Gue, de oficio; 0 magistrado determine a producdo € tena acesso a toda © qualquer elemento necessério & formapao da sua convie- £26, evitando, o maximo possivel, a prolagad de decisdes fundadas apenas na re ‘ern de distribuigao dos eacargos probatérios. A decisto exarada na insufci@ncia 26 A propisit ct: Lopes, Joto Batista, Os Pederes do Juiz ¢v Aprimoramento dt PresiagZo Junrcional, Revista de Provesta, Sho Paula s° 35, jl set. 1984, pp. 35-36 “Por outta palavtas, 0 preceta do at. 130 nin et icla6o ne Cesigo, mas deve ser ier: estado er comibinaedo arn oat. 323, que disie sere as epras do Gr da prov.” 27 Theoden 32, Buriser, A Prov ei, he. 28 Bedi, José Roberto dos Samos, Fosieres cap. UG, 29 Her, ito, 30 idem» 7 84 Suzan Sane Cremascw dc prova e na improcedéncia da pretensio daguele que deixou de provar bo que menos se pate desejar quando 0 que se fom om mente & 6 aleance de une nesul- edo compativel com os ideais de efetividade c de justiga, porque, via de regra, sieaba por ae contomplar aquite que, de fato, se passou Os poderes instrutbtios¢ a iniciative probatéria eoncedida uo julyedor, em face do fim 2 que se propdem, qual seja, vinda do clemento probatério gos autos, no sh autorizam, como justificam a adogéo da disteibuigan diniinies dos encur. 9s processus, E gue além denem sempre « stuagio ex officio do magisurado sex suficiente para atingir 0 coajunto probatério ideal (ow mesma necessitio) ao julgarnente «ts contovérsia, porque ele pode descombecer a existéncia de una prova clave ~ como win documenta ou un testemunta, por exempia ~ 0 exanie das parte cularidades de cada caso concieto di ao julgador condigées de alinmar qual dos ‘itigentes esié melhor qualificado ou ¢ o mais indicade pata a procucio de prova aguete fato specifica, assegurando a sua produgao. A stuagiio direta e efetiva do mugistrade na instrupo ~ seja por meio do uso de seus poderes instrutirias para determainar a realizayio de umna dada prova, Sela para valer-se da distrbnigan dindiniea do énns e trazer a prova do fata 208 tutes ~ possibitita que o conjunto probatério volacionado seja © mats aciequada ossivel & sofugiio da caso, se depois de vatey-se dos sous poueees instrutétios 9 juiz tocar » Sous de prova de um datceminado fato 2 um hiigante que tenha condiyoes de cumpti-lo, 0 mayistrado faz com que, se so formar nevessirio o uso da rege de distxbuigdo no julgamento, suporte as conseqiéucias a parte que par desidia~ v no por impossibilidade ~ nfo cumpriu com 0 seu excargo. £ gue mesinp nto sendo a soluga ideal, jd que n€o permite a cecivzn quanto a verdade, pela menos se aproxima de um eritério mais justo, porquanto impée a conseqnéneia Aqucle que no quis ~ ¢ no que no pOde —cumprir coin o encargo, Os paderss instrutérios do juiz € & disnsbuigao dinimica do dnus da prove stuam, cm verdade, come mecanismnas complementares, aue nao se repelen, fem se excinom, So dois instinimenies sucossivis, igualmente importantes, que sho postos & dispasigaio do mayistrado de forma a petinitt gue o cenjunio pro. ‘batorio com bast uo qual ce ick jugar o feito soja o mais completo, aequadio ¢ suffeiente possivel 2.3. O principio da cooperncdo do juiz e das partes Desde que o processo dieixou de ser visto come mievo iatstrumento de ree \zagio da vontade concrota da lei em fayor de uni dos litigantes © comesou a A Disibuiedo Digienia do-Orus da ova 88 AD ti Dinter do Ors da Prova ag Ser enlendide como mecanisme de composigge do litigio, apto & vealizayao da Justign ¢ @ oblensfio da paz social, no 96 o juiz adquisiu um papel espevin, com # oworga de poderes especiais que gurautemy ume atuagao mais ativa no proces. bo. Autor e réu tiversin # sta posigio alterada: de meros ltigantes tmersos nut confiio entre si passarem @ ser reputados como agentes colaboradores de Poder Idietirio para a descoberta da verdade e o aleunce de resultados justos, {sto evonteu porgits, no “proceso modern, o interesse em jogn & tonto {i pattes coma do juis, ¢ da sociedade em cujo nome atua, Todos agern, assim, ent divegdo ao oscopo de cumprir os designias mixintos da pacificagdo social. A climinasdo de litgios, de maneiralogale justa, é de intesesse tanto des lityzantes como dle toda 9 cortinidade. O juz, operanco pela sociedace coma um todo, tem ar€ mesmo ixtevesse piblica maior aa bos atuapto jurisdicional ena fustign © efetividade do peovinente cam que se compe. o ltigio® © erocesso passou a ser visto como produto da atividade cooperutiva das partes ¢ do juiz. Deno dele, a cada qual & designada uina angle espocificn, we deve ser cumprids da melhor forma possivel, a fim de que, wo fine, todos iceacem aguele gue é 9 abjetivo cemam, qval seja, o proviniento jarisdiciona! adequedo.* For Forva do principio da couperacio, “as partes tém 0 dever do se eonduzir ine arocesse won leaidade, probidade « bos-Ié, o dever de colabotarentee si para Gesenirankus a verdad dos fatos © @ dever de cooperacio cor 0 érgie jurisdi- ions) para averiguar como ecarreians os fas para que este passa citar wins sem, tenga justs”."' Devem dialogar entre si vam @ julgador, do forsna a possibiicar S osclanecimenta ¢ a prova das suas alegaetos, pressupostos de uma decist final que atenda aos ditames da efetividade © do proccsse justo, © magisirado, por sus vez, nie s6 deve wonkuzit 0 debate processual, e5- tabetecendo um diélogo entre as partes c zelando pefo seu equilibria, como tem © dover de eselarecer junto a elas as divides evemtuabmcate enistontes quanto ae suas alogagdes, pedidos & posiedes, © daver de consullar noeesseriamente as pa 31 Phwedora Je, Human, A Prov eft. p13, 52 Didive Je Fred, O Princip dn Calaboragto: una Aprestotug, Revita ce Presse, SO Plo, 127, 50, 2008, 9. 6, 38 Aiasea.{80na Maria, Reexioney cit. 14L “Y tobi Hl at tandem oc Geb qu tenes ue partes de concise! proceso 91 bald. prohidid y busi (en el deter ce eelabor entre si pora deseatiasne Ie vordoe de los heches eno debe de conperacin vos et deg jriaisonal pars aver gis conn seriron Jos hoshos pure que ese pada diay mia senteriausta = Bs Surana Santi Cremasis Sea Sat Seemagcs feuate Bs aucsibes que seco decididas, asseparando, pois, © contradin Sar como o dever de preven, spomtand is pars as ak doficigacias « { Gueando & possiitidade de seu suprimento da decisto final.** mesmo sem ter, de inic faery gine Rualmente coopecs pain som ¢ proseacn. porque pe Zaver com que 2 prova venka, de fito, 2oe autos contribuindn, assint, para ae CeiGuds, fusion edequagto da slusdo final que se cxarada, que poder ¢ Seria MM mesmo tos seus propos interesses aio obeeree vondizente x 5. Neaiads ¢, como ta, passivel dc vestabolecer 4 orden Ss conduzir as partog acificagio social, 3.Aplicabilidade 3.1 Os evitérios para a sua aplicagito Be eit catBa dindinica na caso conereto éa dfieutinds 9u a impossibilidade Ge © litigante a quem, pelas reas de teparioke cléssieas toca 9 encargo, de rods a prova respectiva, Ow seja, quando « Parte ineumbida de traeer a pro ‘Yerstsrazdes ~ social, econdmica, Earauiea ~e ude bi, pelo menos cin priacipie ‘Bcadag8o catre a natoreza da diffcutdnd eee ee Prova c nd cumprimeato do dmus fique demoastiade de fonna abjetiva para que se preencha o printeiro requisite para « mcigéncia da carga dindmica ‘Mas uo & 6, A dificuldade ou simpossibilidade de producto probatsria por [arte de urn dos ltigantes deve encontrar, necessariamente, contrapartida na maior fucilidade ou na methor condi¢do do outro litigante para a sua realizagzo, Deve 19886 litigate (er condigfes reais de trazer 968 autos a prove do fato conkrovertida, “nfo padecendo da mesma impossibitidade que = paste incumbida do énus pela fplicagao da regra geral, pois se, pare esta, também a produst da prove for impos- sivel, estar-se-4 infringindo o principio da igualdade entre as partes a0 sc bencBeiar tua. em éetsinsento da eutza, sem qualquer justifieativa plausivet” Acesséacia da tcoria da distribuigio dinémica é que ¢ énus da prova deve tocar “A parte que detiver conhecimentos tGenieos oa informagses especiticas Sobre 0s fatos ou miaior factidage na sua demonstragio” A referencia & maior fecilidade 02 produgao da prova do fato controvertide bio se confinde, em absolute, com a maior comodidade de um dos litigantes pata © cumprimento do encargo em relado a0 outva. O operador deve estar iante de casos em que ¢ alcance do clemento probatério esteja cfetivamente compiometido ou inviebitizado caso forem obsevadhs apeues as norms de Gis- twibuigdo cléssica do Onus da prova. O exame em torno das condigdes de cada uma das partes para prodhiziv « prova necessétia ¢, por conseguinte, da viabilidads da aplicacto da teoria da distribuigto dinarsica em cada caso concreto pode se dar de oficio pelo proprio magistrada ~ valendo-se, para tanto, dos seus poderes instnitérios ~ ou ser prox vocado pelo litigante imeressado no deslocamento do mis. Em un ow outa caso, dover ser assegumado an litigante a quem se quiser atribnir 0 eneargo 0 dircite de se manifester acerea ax questo, inclusive de forma a demonstiar se ‘cin ou ilo condigdes de cumpcir o Gaus respectivo. , de igual modo, a decisiio final esterd sujeita & recurso por forga do pris ipio da duplo grau de jutisdigzo A distribuigte dindmica da carge probatéria poder se der ex celaydo a um tou mais fatos controvertidos no processo, estano a sua incidéacia quanto a cada tum deles eondicionada & existéacia de dificuldade ow nin na produgtio da prova ‘cles zelativas, "Com efeito, é perfeitantente vidvel que, em celagao a aigans dos fatos controvertides. sinda scja possivel & parte incuntbida do Gaus. probatéric 435 Noseiutt, Femunda Rochook, Cangas Prabetires cit, 106 36 Combi, Eduardo, provercit, 341, inane ee nen er 38 Suzana Sandi Cress Be ___susuna Santi Cremmseo polus regia cléssicas de distribuigao fernocer a nrava nevessaria, nfo havench ‘qualquer justificativa para isenti-to de tal produydo nestas hipoueses".” Para além da natureza do dircito material tutelado ow das eopras estivica de disiribuigio do émus da prova existentes para cada modalidade, sempra ser: possivel a adoco da carga dindmiea avanda presente « dificuldade prubaioris Ge um dos litigantes associada & facilidade probatéria do ouiro ein yolago a tit dado fate contioventido, 3.2, O momento processual uequada d sua determinagao Tema io ou ants polémica e iastigaute que os eritérios neeessarios 8 apli- carlo da teoria da distibuigao dintmica do dans da prova eniee os liigattes <, sent divida, a definigto de qual moment ow fase processual é mais adeqiada 4 sua deverminagao, a0 seu pronunciamente pelo juiz, Tal qual ovorve, no crcito brasileizo, em relagio & inversto do Saas da pro Ya nas 2960s de curho consumerist, a grande discussio aqui se rofare dnoces. sidade de inticagao, pelo julgador, quarto a sua incidéneia jé na abertura da fase jostrutdri, no despacho sancadar, ou a possibilidade de que ele 0 faga apenas na fase decisérta, quando ds prolagdo ca sentenga, ‘A matéria & deveras controvertida ¢ tem: como pano de funde o debate ac

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