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MATRIZES

Definição
Conjunto de números reais (ou complexos) dispostos em forma de tabela, isto é, distribuídos em m
linhas e n colunas, sendo m e n números naturais não nulos.

 a11 a12 ... a1n 


 
a a 22 ... a 2 n 
A =  21
... ... ... ... 
 
 a m1 a m2 ... a mn 

Notação: A = ( a ij ) m×n com i = 1,2,..., m e j = 1,2,..., n


a ij - elemento genérico da matriz A
i - índice que representa a linha do elemento a ij
j - índice que representa a coluna do elemento a ij
m × n - ordem da matriz. Lê-se “m por n”.

Representações: A=( ) A=[ ] A=

Exemplos:
1) A representação de um tabuleiro de xadrez pode ser feita por meio de uma matriz 8 × 8 .

 2 3 4
2) A matriz A = ( a ij ) 2×3 onde a ij = i 2 + j é  .
 5 6 7

3) A matriz abaixo fornece (em milhas) as distâncias aéreas entre as cidades indicadas:
cidade A cidade B cidade C cidade D
cidade A  0 638 1244 957 
 
638
cidade B  0 3572 2704 
cidade C 1244 3572 0 1036 
 
cidade D  957 2704 1036 0 
Esta é uma matriz 4 × 4 (quatro por quatro).

4) A matriz abaixo representa a produção (em unidades) de uma confecção de roupa feminina
distribuída nas três lojas encarregadas da venda.
shorts blusas saias jeans
80 25 40 
loja I  50
 
loja II  70 100 0 60 
loja III  30 120 70 25 
 
Esta é uma matriz 3 × 4 (três por quatro) pois seus elementos estão dispostos em 3 linhas e 4
colunas.

1
Igualdade
Duas matrizes de mesma ordem A = ( a ij ) m×n e B = (bij ) m×n são iguais quando a ij = bij para todo
i = 1,2,..., m e para todo j = 1,2,..., n .

Matrizes Especiais
1. Matriz Linha
Uma matriz A é denominada matriz linha quando possuir uma única linha.
Notação: A = ( a ij ) 1×n
Exemplo: (− 8 3 4 )1×3

2. Matriz Coluna
Uma matriz A é denominada matriz coluna quando possuir uma só coluna.
Notação: A = ( a ij ) m×1
 3
 
Exemplo:  9 
1
  3×1

3. Matriz Nula
Uma matriz A é denominada matriz nula quando todos os seus elementos forem nulos, isto é,
a ij = 0 para todo i = 1,2,..., m e para todo j = 1,2,..., n .
Notação: 0 m×n
0 0 0
Exemplo:  
 0 0 0  2 ×3

4. Matriz Quadrada
Uma matriz A é uma matriz quadrada quando possuir o mesmo número de linhas e de colunas, isto
é, m = n .
 a11 a12 ... a1n 
 
 a 21 a 22 ... a 2 n 
Notação: A = ( a ij ) n ×n = 
... ... ... ... 
 
 a n1 a n 2 ... a nn 

Diagonal Principal: são os elementos da matriz A onde i = j para todo i, j = 1,2,..., n .


Diagonal Secundária: são os elementos da matriz A onde i + j = n + 1 para todo i, j = 1,2,..., n .
Traço: é o somatório dos elementos da diagonal principal da matriz A, denotado por trA.
n
trA = ∑ a kk = a11 + a 22 + ... + a nn
k =1

2 3 4
Exemplo: A= 5 7 0
 10 
 − 1 9 3×3

Elementos da diagonal principal: 2, 7 e 9.


Elementos da diagonal secundária: 4, 7 e 10.
trA = 2 + 7 + 9 = 18
2
5. Matriz Diagonal
Uma matriz quadrada A é chamada de matriz diagonal quando todos os elementos que não
pertencem à diagonal principal são nulos, isto é, a ij = 0 quando i ≠ j para todo i, j = 1,2,..., n .
 2 0 0
 
Exemplo:  0 1 0 
 0 0 3
  3×3

6. Matriz Identidade
Uma matriz diagonal A é chamada de matriz identidade quando os elementos da diagonal principal
forem todos iguais a um.
Notação: I n
1 0
Exemplo: I 2 =  
 0 1  2× 2

7. Matriz Triangular Superior


Uma matriz quadrada A é uma matriz triangular superior quando os elementos abaixo da diagonal
principal são nulos, isto é, a ij = 0 quando i > j para todo i, j = 1,2,..., n .

1 2 3 4

Exemplo:
0 5 6 7
 0 0 −1 0

0 0 0 − 2 4×4

8. Matriz Triangular Inferior


Uma matriz quadrada A é chamada de matriz triangular inferior quando os elementos acima da
diagonal principal são nulos, isto é, a ij = 0 quando i < j para todo i, j = 1,2,..., n .

1 0 0

Exemplo:  4 8 0
7 
 −3 0 3×3

Operações com Matrizes


1. Adição
Sejam A = ( a ij ) m×n e B = (bij ) m×n matrizes de mesma ordem, define-se a matriz soma C = A + B tal
que C = ( c ij ) m×n e c ij = a ij + bij para todo i = 1,2,..., m e para todo j = 1,2,..., n .

Exemplos:
 1 2 − 1  0 − 7 2,5 
1) Sejam A =   e B =  .
5 3 4   − 4 0,5 5 

 1 + 0 2 − 7 − 1 + 2,5  1 − 5 1,5 
Então A + B =  = .
 5 − 4 3 + 0,5 4 + 5  1 3,5 9 

3
2) Um laboratório farmacêutico produz um certo medicamento. Os custos relativos à compra e
transporte de quantidades específicas da substância necessárias para a sua elaboração, adquiridas
em dois fornecedores distintos são dados (em reais) respectivamente pelas seguintes matrizes.

preço custo preço custo


compra transporte compra transporte
substância A  3 15  substância A  6 8
   
substância B 12 8  substância B  9 9 
substância C  5 2  substância C  3 5 
  
Fornecedor 1 Fornecedor 2

A matriz que representa os custos totais de compra e de transporte de cada uma das substâncias
A, B e C é dada por:
 9 23
 
 21 17 
8 7
 

Propriedades da Operação de Adição


A1. Associativa: para quaisquer matrizes A, B e C de mesma ordem, ( A + B ) + C = A + ( B + C ) .

A2. Comutativa: para quaisquer matrizes A e B de mesma ordem, A + B = B + A .


Dem.: Considere matrizes de ordem m × n , A + B = C e B + A = D .
c ij = a ij + bij = bij + a ij = d ij para todo i = 1,..., m e para todo j = 1,..., n .
Assim, C = D .
Logo, a operação de adição é comutativa.

A3. Elemento Neutro: para toda matriz A, A + 0 m×n = 0 m×n + A = A .

A4. Elemento Simétrico:para toda matriz A de ordem m × n existe uma matriz S de mesma ordem
tal que A + S = S + A = 0 m×n .
Sendo A = ( a ij ) m×n tem-se S = ( s ij ) m×n = −( a ij ) m×n .
Notação: S = − A
Assim, A + ( − A) = ( − A) + A = 0 m×n .
Além disso, A + (− B) = A − B .

A5. Para quaisquer matrizes quadradas A e B de mesma ordem, tr( A + B ) = trA + trB .
Dem: Considere as matrizes de ordem n.
tr ( A + B ) = ( a11 + b11 ) + ... + ( a nn + bnn ) = ( a11 + ... + a nn ) + (b11 + ... + bnn ) = tr ( A) + tr ( B )

4
2. Multiplicação por Escalar
Sejam A = ( a ij ) m×n uma matriz e k ∈ R um escalar, define-se a matriz produto por escalar B = k ⋅ A
tal que B = (bij ) m×n e bij = k ⋅ a ij para todo i = 1,2,..., m e para todo j = 1,2,..., n .

Exemplos:
 1 0
 
1) Sejam A =  3 − 5  e k = −3 .
−1 7 

 ( −3).1 ( −3).0   − 3 0
   
Então ( −3) ⋅ A =  ( −3).3 ( −3).( −5)  =  − 9 15 
 ( −3).( −1) ( −3).7   3 − 21

2) O quadro abaixo mostra a produção de trigo, cevada, milho e arroz em três regiões, em uma
determinada época do ano.

TRIGO CEVADA MILHO ARROZ


REGIÃO I 1200 800 500 700
REGIÃO II 600 300 700 900
REGIÃO III 1000 1100 200 450

Com os incentivos oferecidos, estima-se que a safra no mesmo período do próximo ano seja
duplicada. A matriz que representa a estimativa de produção para o próximo ano é:

 2400 1600 1000 1400 


 
 1200 600 1400 1800 
 2000 2200 400 900 
 

Propriedades da Operação de Multiplicação por Escalar


E1. Para toda matriz A e para quaisquer escalares k1 , k 2 ∈ R , ( k1 + k 2 ) ⋅ A = k1 ⋅ A + k 2 ⋅ A .

E2. Para toda matriz A e para quaisquer escalares k1 , k 2 ∈ R , ( k1 ⋅ k 2 ) ⋅ A = k 1 ⋅ ( k 2 ⋅ A) .

E3. Para quaisquer matrizes A e B de mesma ordem e para qualquer escalar k ∈ R ,


k ⋅ ( A + B) = k ⋅ A + k ⋅ B .
Dem.: Considere matrizes de ordem m × n , k ⋅ ( A + B ) = k ⋅ C = D e k ⋅ A + k ⋅ B = E + F = G .
d ij = k ⋅ c ij = k ⋅ ( a ij + bij ) = k ⋅ a ij + k ⋅ bij = eij + f ij = g ij , para todo i = 1,..., m e para
todo j = 1,..., n .
Assim, D = G .
Logo, vale a propriedade.

E4. Para toda matriz A de ordem m × n , 0 ⋅ A = 0 m×n .

E5. Para toda matriz A de ordem m × n , 1 ⋅ A = A .

E6. Para toda matriz quadrada A e para todo k ∈ R, tr( k ⋅ A) = k ⋅ trA .

5
3. Multiplicação
Sejam as matrizes A = ( a ij ) m× p e B = (bij ) p×n , define-se a matriz produto C = A ⋅ B tal que
p
C = ( c ij ) m×n e c ij = ∑ a ik ⋅ bkj , isto é, c ij = a i1 ⋅ b1 j + a i 2 ⋅ b2 j + ... + a ip ⋅ b pj para todo i = 1,2,..., m e
k =1
para todo j = 1,2,..., n .

Exemplos:
 1 0
  2 3 1
1) Sejam A =  2 1 e B =   .
 − 1 4  1 0 − 1
 

 1 .2 + 0 .1 1 .3 + 0 .0 1.1 + 0.( −1)   2 3 1


   
Então A ⋅ B =  2.2 + 1.1 2 .3 + 1 .0 2.1 + 1.( −1)  =  5 6 1
 ( −1).2 + 4.1 ( −1).3 + 4.0 ( −1).1 + 4.( −1)   2 − 3 − 5 
   

Observe que A = ( a ij ) 3×2 , B = (bij ) 2×3 e C = ( c ij ) 3×3 .

2) A matriz abaixo nos fornece as quantidades de vitaminas A, B e C obtidas em cada unidade dos
alimentos I e II.
A B C
alimento I  4 3 0 
 
alimento II  5 0 1 

Ao serem ingeridas 5 unidades do alimento I e 2 unidades do alimento II a quantidade


consumida de cada tipo de vitamina é dada por:

 4 3 0
(5 2 ) ⋅   = (5 ⋅ 4 + 2 ⋅ 5 5 ⋅ 3 + 2 ⋅ 0 5 ⋅ 0 + 2 ⋅ 1) = (30 15 2 )
 5 0 1

Serão consumidas 30 unidades de vitamina A, 15 unidades de vitamina B e 2 unidades de


vitamina C.

Propriedades da Operação de Multiplicação


M1. Associativa: para quaisquer matrizes A, B e C de ordens m × p, p × l e l × n , respectivamente,
( A ⋅ B) ⋅ C = A ⋅ ( B ⋅ C ) .
Dem.: Considere ( A ⋅ B ) ⋅ C = D ⋅ C = E e A ⋅ ( B ⋅ C ) = A ⋅ F = G .
l l p
eij = ∑ d ik ⋅ c kj = ∑ ( ∑ a it ⋅ btk ) ⋅ c kj =
k =1 k =1 t =1

= ( a i1b11 + ... + a ip b p1 )c1 j + ( a i1b12 + ... + a ip b p 2 )c 2 j + ... + ( a i1b1l + ... + a ip b pl )c lj


= a i1b11 c1 j + ... + a ip b p1 c1 j + a i1 b12 c 2 j + ... + a ip b p 2 c 2 j + ... + a i1 b1l c lj + ... + a ip b pl c lj
= a i1 (b11 c1 j + b12 c 2 j + ... + b1l c lj ) + ... + a ip (b p1 c1 j + b p 2 c 2 j + ... + b pl c lj )
p l p
= ∑ a it ⋅ ( ∑ btk ⋅ c kj ) = ∑ a it ⋅ f tj = g ij para todo i = 1,..., m e para todo j = 1,..., n .
t =1 k =1 t =1
Assim, E = G .
Logo, vale a propriedade associativa para multiplicação de matrizes.

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M2. Distributiva da Multiplicação em relação à Adição: para quaisquer matrizes A e B de ordem
m × p , para toda matriz C de ordem p × n e para toda matriz D de ordem l × m ,
( A + B) ⋅ C = A ⋅ C + B ⋅ C e D ⋅ ( A + B) = D ⋅ A + D ⋅ B .

M3. Elemento Neutro: para toda matriz quadrada A de ordem n, A ⋅ I n = I n ⋅ A = A

M4. Para quaisquer matrizes quadradas A e B de mesma ordem, tr ( A ⋅ B ) = tr ( B ⋅ A) .

M5. Para quaisquer matrizes quadradas A e B de mesma ordem e para todo k ∈ R ,


k ⋅ ( A ⋅ B ) = ( k ⋅ A) ⋅ B = A ⋅ ( k ⋅ B )
M6. Para toda matriz quadrada A de ordem n, A.0 n ×n = 0 n ×n ⋅ A = 0 n ×n

Em geral, não vale a propriedade comutativa para a operação de multiplicação.


Assim, A ⋅ B ≠ B ⋅ A .
Quando A ⋅ B = B ⋅ A , diz-se que A e B são matrizes comutáveis, ou ainda que A e B são matrizes
que comutam entre si.
Por M6, qualquer matriz quadrada comuta com a matriz quadrada nula de mesma ordem.

Exemplos:
1) Sejam as matrizes A = ( a ij ) 2×3 e B = (bij ) 3×2 .
A ⋅ B = C = ( c ij ) 2×2 ≠ ( d ij ) 3×3 = D = B ⋅ A .

2) Sejam as matrizes A = ( a ij ) 2×3 e B = (bij ) 3×1 .


A ⋅ B = C = ( c ij ) 2×1 e a matriz produto B ⋅ A não é definida.

1 2  − 1 0
3) Sejam A =   e B =   .
3 4  1 2
1 4   − 1 − 2 
A ⋅ B =   ≠   = B ⋅ A
1 8   7 10 

 1 2 1 − 1
4) Sejam A =   e B =  .
 − 2 1 1 1
 3 1
Assim, A ⋅ B =   = B ⋅ A .
 − 1 3
Logo, as matrizes A e B comutam entre si.

Potência de uma Matriz Quadrada de Ordem n.


A0 = I n
A1 = A
A2 = A ⋅ A
.....................................
A k = A ⋅ A k −1 = A k −1 ⋅ A

Toda matriz quadrada A comuta com qualquer potência natural de A.

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Exemplos:
 1 3
1) Seja A =   .
 0 1
 1 3  1 3  1 6 
Então A 2 = A ⋅ A =   ⋅   =   .
 0 1  0 1  0 1 

1 2
2) Sejam o polinômio f ( x ) = x 2 + 2 x − 11 e a matriz A =   .
 4 − 3
Determinando o valor f ( A) :
f ( x ) = x 2 + 2 x − 11 = x 2 + 2 x 1 − 11x 0
f ( A) = A 2 + 2 ⋅ A1 − 11 ⋅ A 0 = A 2 + 2 ⋅ A1 − 11 ⋅ I 2

 9 − 4 1 2  1 0  9 − 4  2 4   − 11 0  0 0
f ( A) =   + 2 ⋅   − 11 ⋅   =   +   +   =  
 − 8 17   4 − 3  0 1   − 8 17   8 − 6   0 − 11  0 0 

A matriz A é uma raiz do polinômio, já que f ( A) = 0 2×2 .

Matriz Idempotente
Uma matriz quadrada A é idempotente quando A 2 = A .

 2 −1 1
 
Exemplo: A matriz  − 3 4 − 3  é idempotente. (Verifique!)
− 5 5 − 4 

4. Transposição
Seja a matriz A = ( a ij ) m×n , define-se a matriz transposta B tal que B = (bij ) n×m e bij = a ji , isto é, é a
matriz obtida a partir da matriz A pela troca de suas linhas pelas colunas correspondentes.
Notação: B = A t

Propriedades da Operação de Transposição


T1. Involução: para toda matriz A, ( A t ) t = A .

T2. Para quaisquer matrizes A e B de mesma ordem, ( A + B ) t = A t + B t .


Dem.: Considere matrizes de ordem m × n , ( A + B ) t = C t = D e A t + B t = E + F = G .
d ij = c ji = a ji + b ji = eij + f ij = g ij para todo i = 1,..., m e para todo j = 1,..., n .
Assim, D = G .

T3. Para toda matriz A e para todo escalar k ∈ R , ( k ⋅ A) t = k ⋅ A t .

T4. Para toda matriz A de ordem m × p e para toda matriz B de ordem p × n , ( A ⋅ B ) t = B t ⋅ A t .

T5. Para toda matriz quadrada A, tr ( A t ) = trA .

8
Classificação de Matrizes Quadradas
1. Matriz Simétrica
Uma matriz quadrada A é denominada simétrica quando A t = A .

 4 3 − 1
 
Exemplo:  3 2 0
−1 0 5 

Os elementos da matriz dispostos simetricamente em relação à diagonal principal são iguais.

2. Matriz Anti-simétrica
Uma matriz quadrada A é denominada anti-simétrica quando A t = − A .
 0 3 − 1
 
Exemplo:  − 3 0 7
 1 −7 0 

Todos os elementos da diagonal principal são iguais a zero e os elementos simetricamente dispostos
em relação à diagonal principal têm sinais contrários.

3. Matriz Invertível ou Não-singular


Uma matriz quadrada A de ordem n é dita invertível se existir uma matriz quadrada B de mesma
ordem tal que A ⋅ B = B ⋅ A = I n . A matriz B é dita matriz inversa da matriz A.
Notação: B = A −1
A ⋅ A −1 = A −1 ⋅ A = I n

Exemplos:
 2 5  3 − 5
1) A matriz   é invertível e sua inversa é   pois:
 1 3 −1 2 
 2 5  3 − 5  3 − 5  2 5  1 0 
  ⋅  = ⋅ = 
 1 3  − 1 2   − 1 2   1 3  0 1 

 2 − 1
2) Obtendo a matriz inversa da matriz A =  
 1 0
 x z
Considere B =  
y t
 2 − 1  x z   2 x − y 2 z − t   1 0 
Se A ⋅ B = I n então   ⋅   =  = 
 1 0  y t   x z   0 1 
2 x − y = 1
x = 0

Assim, 
2 z − t = 0
 z = 1
 0 1
Desta forma, B =  
 − 1 2
9
Verifica-se também que B ⋅ A = I n .
 0 1
Então a matriz inversa da matriz A é A −1 =   .
 − 1 2
 1 2 3
3) A matriz  4 5 6  não possui inversa.
7 8 9
 

Propriedades das Matrizes Invertíveis


I1. Involução: ( A −1 ) −1 = A .

I2. ( A ⋅ B ) −1 = B −1 ⋅ A −1 .
dem.: ( A ⋅ B ) ⋅ ( B −1 ⋅ A −1 ) = ( A ⋅ ( B ⋅ B −1 )) ⋅ A −1 = ( A ⋅ I n ) ⋅ A −1 = A ⋅ A −1 = I n .
Analogamente, ( B −1 ⋅ A −1 ) ⋅ ( A ⋅ B ) = ( B −1 ⋅ ( A −1 ⋅ A)) ⋅ B = ( B −1 ⋅ I n ) ⋅ B = B −1 ⋅ B = I n .
Logo, o produto é invertível.

I3. ( A t ) −1 = ( A −1 ) t .

Semelhança de Matrizes
Duas matrizes A, B ∈ Mat n (R ) são semelhantes quando existe uma matriz invertível P∈ Mat n (R )
tal que B = P −1 AP .

 0 1 1 0 
Exemplo: As matrizes   e   são semelhantes.
 1 0  1 − 1
 2 − 1  13 13  1 0   13 1
  0 1  2 − 1
 e P =  − 1 2  . Assim, 1 − 1 =  − 1
   ⋅ 
−1

Considere P =   3
 ⋅   .
 1 1  3 3    3
2
3   1 0   1 1 

4. Matriz Ortogonal
Uma matriz quadrada A de ordem n invertível é denominada ortogonal quando A −1 = A t .

 cos θ − senθ 
Exemplo:  
 senθ cos θ 

5. Matriz Normal
Uma matriz quadrada A de ordem n é dita normal quando comuta com sua matriz transposta, isto é,
A ⋅ At = At ⋅ A .

 6 − 3
Exemplo:  
3 6 

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Operações Elementares
São operações realizadas nas linhas de uma matriz. São consideradas operações elementares:

OE1. A troca da linha i pela linha j.


Li ↔ L j
OE2. A multiplicação da linha i por um escalar k ∈ R não nulo.
Li ← k ⋅ Li
OE3. A substituição da linha i por ela mesma mais k vezes a linha j, com k ∈ R não nulo.
Li ← Li + k ⋅ L j

0 0  1 5  1 5 1 5
    1    
Exemplo:  2 4  L1 ↔ L3  2 4 L2 ← L2  1 2 L2 ← L2+(-1)L1  0 − 3
1 5   2   0
   0 0  0 0  0 

Matriz Equivalente por Linha


Sejam A e B matrizes de mesma ordem. A matriz B é denominada equivalente por linha a matriz A,
quando for possível transformar a matriz A na matriz B através de um número finito de operações
elementares sobre as linhas da matriz A.

 0 0 1 5
   
Exemplo: A matriz  2 4 é equivalente a matriz  0 − 3 , pois usando somente operações
  0
 1 5  0 
elementares nas linhas da primeira matriz foi possível transformá-la na segunda.

Matriz na Forma Escalonada


Uma matriz está na forma escalonada quando o número de zeros, que precede o primeiro elemento não
nulo de uma linha, aumenta linha a linha. As linhas nulas, se existirem, aparecem abaixo das não
nulas.

7 1 0 3 2 0 0 5  1 − 2 0 5
    1 2 3    1 0 0
0 1 0 5 0 0 3 1   0 1 4 0  
Exemplos:     0 1 0
0 0 2 6 0 0 0 5  0 0 0  0 0 0 0  
       0 0 1
0 0 0 − 1 0 0 0 0 0 0 0 0 

11
Escalonamento por Linha de uma Matriz
Dada uma matriz qualquer, é possível obter uma matriz equivalente por linhas a esta matriz na forma
escalonada:

Exemplos:
1 2 3 1 2 3 1 2 3
     
1)  4 5  0 − 3 − 6  L3 ← L3 + (−7) L1
6  L2 ← L2 + (−4) L1  0 − 3 − 6
7 8 9  7 8 9   0 − 6 − 12 
   
1 2 3
 
L3 ← L3 + (−2) L2  0 − 3 − 6 
0 0 0 

0 0 2 0 1 2 0 1 2 0 1 2
       
0 3 0 0 3 0 0 0 − 6 0 0 − 6
2)  L1 ↔ L3  L2 ← L2 + (−3) L1  L4 ← L4 + L1 
0 1 2 0 0 2 0 0 2 0 0 2
       
0 − 1 3  0 − 1 3 0 − 1 3 0 0 5 
 0 1 2 0 1 2 0 1 2
     
 0 0 1 0 0 1 0 0 1
L2 ← ( − 6 ) L 2 
1
L ← L + ( −2) L   L ← L + ( − 5) L
0 0 2 3 3 2
0 0 0
4 4 2 0 0 0
     
 0 0 5 0 0 5 0 0 0

A escolha de operações em um escalonamento não é única. O importante é observar que o objetivo é


aumentar o número de zeros, que precede o primeiro elemento não nulo de cada linha, linha a linha.

Posto de uma Matriz


O posto de uma matriz A pode ser obtido escalonando-se a matriz A. O número de linhas não nulas
após o escalonamento é o posto da matriz A.
Notação: PA

Exemplo: Nos dois exemplos anteriores o posto das matrizes é igual a dois.

Aplicações de Operações Elementares


1. Cálculo da Inversa de uma Matriz Quadrada A de ordem n.
Passo 1: Construir a matriz ( A | I n ) de ordem n × 2n .
Passo 2: Utilizar operações elementares nas linhas da matriz ( A | I n ) de forma a transformar o
bloco A na matriz identidade I n .
Caso seja possível, o bloco I n terá sido transformado na matriz A −1 .
Se não for possível transformar A em I n é porque a matriz A não é invertível.

1 2 2  −1 0 2
  −1
 
Exemplo: Seja A =  3 1 0  . A matriz inversa é A =  3 1 − 6 .
1 1 1 − 2 −1 5 
  

12
 1 2 2 1 0 0 1 2 2 1 0 0
   
 3 1 0 0 1 0  L2 ← L2 + (−3) L1  0 − 5 − 6 − 3 1 0  L3 ← L3 + (−1) L1
 1 1 1 0 0 1 1 1 1 0 0 1
  
1 2 2 1 0 0 1 2 2 1 0 0
   
 0 − 5 − 6 − 3 1 0  L2 ↔ L3  0 − 1 − 1 − 1 0 1 L2 ← (−1) L2
 0 − 1 − 1 − 1 0 1 0 − 5 − 6 − 3 1 0 
  
1 2 2 1 0 0 1 2 2 1 0 0
   
0 1 1 1 0 − 1 L3 ← L3 + 5L2 0 1 1 1 0 − 1 L1 ← L1 + (−2) L2
 0 − 5 − 6 − 3 1 0 0 0 − 1 2 1 − 5 
  
1 0 0 −1 0 2 1 0 0 −1 0 2
   
0 1 1 1 0 − 1 L3 ← (−1) L31  0 1 1 1 0 − 1 L2 ← L2 + (−1) L3
 0 0 − 1 2 1 − 5 0 0 1 −2 −1 5 
  
1 0 0 −1 0 2
 
0 1 0 3 1 − 6
0 0 1 − 2 − 1 5 

Justificativa do Método para o Cálculo da Matriz Inversa


Teorema: Uma matriz quadrada A de ordem n é invertível se e somente se a matriz A é equivalente
por linha a matriz I n .
Desta forma, a seqüência de operações elementares que reduz a matriz A na matriz I n , transforma a
matriz I n na matriz A −1 .

1 2
Exemplo: Considere a matriz A =   .
 0 3
A redução da matriz A à matriz identidade é:
1 2 1 1 2 1 0
  L 2 ← L 2   L 1 ← L 1 + ( −2) L 2  
 0 3 3 0 1 0 1
Aplicando em I n a mesma seqüência de operações:
 2
 1 0 1  1 0  1 − 
  L 2 ← L 2 1 L 1 ← L 1 + ( −2 ) L 2  3
 0 1  3  0   0 1
 3 
 3
 2
1 − 
Assim, a matriz  3  é a inversa da matriz A.
 0 1

 3

13
2. Cálculo do Determinante
A qualquer matriz quadrada A podemos associar um certo número real denominado determinante
da matriz.
Notação: det A ou A

É importante observar que:


a) Quando trocamos duas linhas de uma matriz A, seu determinante troca de sinal.

b) O determinante da matriz fica multiplicado pelo escalar não nulo k quando todos os elementos de
uma certa linha forem multiplicados por k.

c) O determinante não se altera quando utilizamos a operação elementar do tipo L i ← L i + k ⋅ L j .


(Teorema de Jacobi).

d) O determinante de uma matriz triangular é igual ao produto dos elementos da diagonal principal.

O cálculo do determinante de uma matriz quadrada, utilizando-se operações elementares nas linhas
da matriz, consiste em encontrar uma matriz triangular equivalente por linha à matriz dada,
respeitando-se as propriedades de determinantes acima.

Exemplos:

0 1 5 0 1 5  1 − 2 3 1 −2 3
       
1) det 3 − 6 9  = 3 det 1 − 2 3  = (−3) det 0 1 5  = (−3) det 0 1 5 =
2 6 1 2 6 1 2 6 1  0 10 − 5 
    
1 −2 3
 
(−3) det 0 1 5  = (−3) ⋅ 1 ⋅ 1 ⋅ (−55) = 165
0 0 − 55 

2 3 −4 1 11 − 2 − 5 1 1 − 2 − 5
     
2 0 0 − 3 20 0 − 3 0 − 2 4 7
2) det = ( −1) det = (−1) det =
1 1 − 2 − 5 23 −4 1 0 1 0 11
     
0 1 2 3  01 2 3  0 1 2 3 
  
1 1 − 2 − 5 1 1 − 2 − 5  1 1 − 2 − 5
     
0 1 0 11 0 1 0 11 0 1 0 11
det = det = (−1) det =
0 −2 4 7 0 0 4 29  0 0 2 − 8
     
0 1 2 3  0 0 2 − 8  0 0 4 29 
  
1 1 − 2 − 5  1 1 − 2 − 5
   
0 1 0 11 0 1 0 11
(−2) det = (−2) det = (−2) ⋅ 1 ⋅ 1 ⋅ 1 ⋅ 45 = −90
0 0 1 − 4 0 0 1 − 4
   
0 0 4 29  0 0 0 45 
 

Outras informações sobre este tópico encontram-se no Apêndice A.

14
3. Resolução de Sistemas
Outra aplicação de operações elementares é na resolução de sistemas, que será visto com detalhes
no próximo capítulo.

Exercícios
 a−b b + c  8 1
1) Resolva a equação matricial   =  , indicando os valores para a, b, c e d.
 3d + c 2 a − 4 d   7 6 

 2 − 1 3  8 − 3 − 5  0 − 2 3
     
2) Considere A =  0 4 5 , B =  0 1 2 , C =  1 7 4  e k = 4 . Verifique se:
− 2 1 4  4 − 7 6  3 9 9 
  
a) ( A ⋅ B ) ⋅ C = A ⋅ ( B ⋅ C )
b) k ⋅ ( B − C ) = k ⋅ B − k ⋅ C
c) tr ( A + B ) = trA + trB
d) tr ( A ⋅ C ) = trA ⋅ trC

1 2
3) Seja A =   . Indique uma matriz quadrada B de ordem 2 não nula tal que A ⋅ B = 0 2×2 .
3 6

 2 1
4) Seja A =   . Resolva a equação matricial A ⋅ X = I 2 , onde X = ( x ij ) 2×2 .
 1 1

5) Mostre que, em geral, A 2 − B 2 ≠ ( A − B ) ⋅ ( A + B ) , sendo A e B matrizes quadradas de mesma


ordem.

1 2
6) Seja A =   . Encontre A n .
 0 1 

3 0
7) Verifique que a matriz   é uma raiz do polinômio f ( x ) = x 2 − 2 x − 3 .
 8 − 1

 2 0
8) Considere A =   .
4 1
a) Indique a matriz A 2 − 2 ⋅ A + I 2
b) A matriz A é invertível? Em caso afirmativo, indique A −3 = ( A −1 ) 3 .

 1 0
9) Mostre que as únicas matrizes quadradas de ordem 2 que comutam tanto com a matriz  
 0 0
 0 1
quanto com a matriz   são múltiplas de I 2 .
 0 0

 1 2
10) Determine todas as matrizes de ordem 2 que comutam com a matriz   .
 − 2 1

15
1 2  5 0
11) Sejam A =   e B =   . Verifique a igualdade ( A ⋅ B ) t = B t ⋅ A t .
3 − 4  − 6 7

12) Mostre que se a matriz quadrada A for invertível e A ⋅ B = A ⋅ C então B = C . (Lei do Corte)

 2 − 1 3 1
   
13) Sejam A =  1 0 2  e B =  2  . É possível calcular X, na equação A ⋅ X = B ?
0 0 1  3
  

14) Sejam A, B, C e X matrizes quadradas de mesma ordem e invertíveis. Resolva as equações,


considerando X a variável.
a) A ⋅ B ⋅ X = C
b) C ⋅ A ⋅ X t = C
c) A ⋅ X 2 ⋅ C = A ⋅ X ⋅ B ⋅ C
d) A ⋅ B −1 ⋅ X = C ⋅ A
e) A 2 ⋅ X t = A ⋅ B ⋅ A

15) Seja A uma matriz de ordem n tal que a matriz ( A t ⋅ A) é invertível. A matriz A ⋅ ( A t ⋅ A) −1 ⋅ A t é
simétrica? E idempotente?

 cos θ − senθ 
16) Mostre que a matriz   é uma matriz ortogonal.
 senθ cos θ 

1 0 0 
 1 1 
17) Determine a, b e c de modo que a matriz  0 seja ortogonal.
 2 2
a b c 

18) Mostre que a soma de duas matrizes simétricas é também uma matriz simétrica.

19) Mostre que o mesmo vale para matrizes anti-simétricas.

20) Se A e B são matrizes simétricas que comutam entre si então a matriz B ⋅ A 2 também é simétrica?
Justifique.

21) Toda matriz ortogonal é também uma matriz normal? Justifique.

22) O produto de duas matrizes ortogonais é uma matriz ortogonal? Justifique.

23) Em uma pesquisa onde foram consideradas 3 marcas de refrigerante, Gelato, Delícia e Suave, o
elemento a ij da matriz abaixo indica a possibilidade de uma pessoa que consuma o refrigerante i
passar a consumir o refrigerante j. O elemento da diagonal principal representa a possibilidade de
uma pessoa que consuma um determinado refrigerante permaneça consumindo o mesmo
refrigerante.

16
Gelato Delícia Suave
Gelato  0,8 0,1 0,1 
 
Delícia  0,4 0,5 0,1 
Suave  0,6 0,2 0,2 
 

a) Qual a possibilidade de uma pessoa que consumia o refrigerante Gelato passar a consumir o
refrigerante Suave? E a de quem consumia Suave passar a consumir Gelato?
b) Escreva a matriz que indica a possibilidade de se mudar de marca após duas pesquisas.

 1 2 − 4
 
24) Verifique se a matriz  − 1 − 1 5  é invertível. Em caso afirmativo, indique a matriz inversa.
 2 7 − 3

 1 2 − 1
 
25) Para que valores de a a matriz  0 1 1 admite inversa?
 1 1 a
 

1 3 0
 
26) Dada a matriz A =  2 5 − 1 . Indique a matriz ( A | I 3 ) e determine A −1 .
 0 1 2
 

1 3 − 3

−1

27) Dada a matriz A =  0 − 1 2  . Indique a matriz A.
1 − 2 1

1 1 1
 
28) Determinar o valor de a a fim de que a matriz  2 1 2  seja invertível.
1 2 a
 

 1 − 2 4   3 0 1
   
29) Calcule o determinante das matrizes  2 −3 5  e  2 4 6  .
 
 3 −4 6  − 4 1 2 

30) Sabendo que A é uma matriz quadrada de ordem n e que det A = 5 , determine:
a) det(3 ⋅ A)
b) det A t
c) det( − A)
d) det A 2

a −1 5 
31) Encontre todos os valores de a para os quais det   = 0.
 0 a + 3 

17
Respostas

 0,74 0,15 0,11 


1) a = 5, b = −3, c = 4, d = 1  
23) a) 0,1 e 0,6 b)  0,58 0,31 0,11 
 0,68 0,20 0,12 
 
 − 2 z − 2t    − 16 − 11 3
3) B =   ,t,z ∈ R *  −1
 7 
 z t  24) A =  2 5
2 − 12 
 −5 −3 1
 2 2 2

 1 − 1 25) a ≠ −2
4) X =  
 − 1 2
 1 2n   − 11 6 3
6) A n =   −1
 
0 1  26) A =  4 − 2 − 1
 −2 1 1

 1 0  1
0  12 12 2
1

8) a)   b)  8
 1 2 
 4 0  − 7
2 1 27) A =  3 3 − 13 
1 5 − 1
6 6 6

 x y 
10)   ,x,y ∈ R  28) a ≠ 1
 − y x 
 − 4
  29) 0 e 24, respectivamente.
13) Sim, X =  0 
 3
 
14) a) X = B −1 ⋅ A −1 ⋅ C 30) a) 3 n ⋅ 5
b) X = ( A −1 ) t b) 5
c) X = B  5 se n for par
c) 
d) X = B ⋅ A −1 ⋅ C ⋅ A − 5 caso contrário
e) X = ( A −1 ⋅ B ⋅ A) t d) 25
15) Sim. Sim. 31) a = 1 ou a = −3
17) b = 22 e c = − 22 ou b = − 2
2
ec= 2
2

18
Apêndice A - Determinante
Permutações
Seja um conjunto finito A qualquer, uma permutação em A é qualquer função bijetora f : A → A .
Sendo n a cardinalidade do conjunto, existem n! permutações possíveis.

Exemplos:
1) Seja A = {a, b} e as bijeções abaixo:

a a a a

b b b b

A notação usual é:
a b a b
   
a b b a

Nesta notação matricial, a primeira linha indica os elementos originais e a segunda os elementos
reorganizados.

2) Seja A = {1,2,3} .
 1 2 3 1 2 3  1 2 3
 ,   e  são três das seis permutações possíveis em A.
 2 1 3 1 3 2  3 1 2

3) Seja A = {a, b, c, d } .
a b c d 
  é uma das 24 permutações possíveis.
b c d a 

Se A for um conjunto munido de uma relação de ordem, as permutações podem ser classificadas como
permutações pares e permutações ímpares. Uma permutação é par quando o número de elementos -
dentre os elementos reorganizados - “fora de ordem” for par e é ímpar quando este número for ímpar.

Exemplos:
1) Seja A = {1,2,3} com a ordem numérica usual, isto é, 1 ≤ 2 ≤ 3 .
 1 2 3 1 2 3  1 2 3
 e   são permutações ímpares e   é par.
 2 1 3 1 3 2  3 1 2

2) Seja A = {a, b, c, d } com a ordem lexicográfica (alfabética) usual.


a b c d 
  é uma permutação ímpar.
b c d a 

Além disto, às permutações pares é associado o sinal positivo e às ímpares o sinal negativo.

19
O Determinante
Dada uma matriz quadrada A de ordem n é possível fazer corresponder um certo número denominado
determinante da matriz A.

Notação: det A A det( a ij ) n ×n

 a11 a12 a13 


 
Considere, por exemplo, uma matriz quadrada de ordem 3, A =  a 21 a 22 a 23  , e as permutações
a a 32 a 33 
 31
possíveis no conjunto de índices {1, 2, 3}.

1 2 3
A partir da permutação ímpar   associa-se o produto “ − a11 a 23 a 32 ” , tal que os índices linha
1 3 2
correspondem a primeira linha da representação da permutação, os índices coluna são obtidos da
segunda linha e o sinal negativo da classificação da permutação.

O determinante de uma matriz de ordem 3 é obtido a partir de todas as seis permutações possíveis no
conjunto de índices {1, 2, 3} classificadas e sinalizadas.

Assim, o determinante é dado por:

det A = a11 a 22 a 33 − a11 a 23 a 32 − a12 a 21 a 33 + a12 a 23 a 31 + a13 a 21 a 32 − a13 a 23 a 31

Genericamente, para uma matriz de ordem n, o determinante é o número obtido do somatório dos
produtos sinalizados de elementos a ij da matriz, combinados de acordo com as permutações do
conjunto de índices {1, 2,..., n}.

Exemplos:
1) det(6) = 6

 − 1 0
2) det   = a11 a 22 − a12 a 21 = ( −1).7 − 0.2 = −7
 2 7 

 2 5 − 2
 
3) det  − 1 0 4  = a11 a 22 a 33 − a11 a 23 a 32 − a12 a 21 a 33 + a12 a 23 a 31 + a13 a 21 a 32 − a13 a 22 a 31
 0 1 0 
 2

1 1
= 2.0.0 − 2.4. − 5.( −1).0 + 5.4.0 + ( −2).( −1). − ( −2).0.0
2 2
= −3

20
Desenvolvimento de Laplace
Seja uma matriz quadrada de ordem n,
 a11 a12 .... a1n 
 
a a 22 .... a 2 n 
A =  21
.... ... ..... .... 
 
 a n1 an2 .... a nn 

Considere um elemento a ij qualquer, com i, j = 1,..., n e a submatriz Aij de ordem ( n − 1) obtida a


partir da matriz A retirando-se a i-ésima linha e a j-ésima coluna. O determinante da submatriz Aij
sinalizado por ( −1) i + j é denominado o cofator do elemento a ij .

 2 5 − 2
 
Exemplo: Seja a matriz  − 1 0 4 .
 0 1 0 
 2

2 5 
O cofator do elemento a 23 , isto é, de 4 é : ( −1) 2 + 3 . det  1  = ( −1).1 = −1
0 
 2
 5 − 2
O cofator do elemento a 31 = 0 a31 é: ( −1) 3+1 . det   = 1.20 = 20
0 4 

Considere uma certa linha i fixada. O determinante da matriz A fica definido por:
n
det A = ∑ a ij ⋅ ( −1) i + j ⋅ det Aij
j =1

A expressão é uma fórmula de recorrência (faz uso de determinantes de matrizes de ordem menores)
conhecida como desenvolvimento de Laplace.

Este desenvolvimento pode ser feito fixando-se uma certa coluna j e a expressão passa a ser:
n
det A = ∑ a ij ⋅ ( −1) i + j ⋅ det Aij
i =1

Exemplos:
 − 1 0
1) A =   fixada a linha 2.
 2 7
det A = a 21 ( −1) 2 +1 det A21 + a 22 ( −1) 2 + 2 det A22 = 2.( −1) 3 . 0 + 7.( −1) 4 . − 1 = 2.( −1).0 + 7.1.( −1) = −7

 2 5 − 2
 
2) A =  − 1 0 4  fixada a linha 1.
 0 1 0 
 2

det A = a11 ( −1) 1+1 det A11 + a12 ( −1) 1+ 2 det A12 + a13 ( −1) 1+ 3 det A13
0 4 −1 4 −1 0
= 2 .1 . 1 + 5.( −1). + ( −2).1. 1
0 0 0 0
2 2

21
Fixando ainda a linha 1 para as submatrizes:
det A = 2.1.[0.( −1) 1+1 . det A11 + 4.( −1) 1+ 2 . det A12 ] +
5.( −1).[( −1).( −1) 1+1 . det A11 + 4.( −1) 1+ 2 . det A12 ] +
( −2).1.[( −1).( −1) 1+1 . det A11 + 0.( −1) 1+ 2 . det A12 ]
1 1
= 2.1.[0.1. 0 + 4.( −1). ] + 5.( −1).[( −1).1. 0 + 4.( −1). 0 ] + ( −2).1.[( −1).1. + 0.( −1). 0 ]
2 2
1
= 2.1.( −2) + 5.( −1).0 + ( −2).1. = −4 + 1 = −3
2

Propriedades
Considere A e B matrizes quadradas de ordem n e k ∈ R não nulo.
D1. Se A é uma matriz triangular superior (inferior) então det A = a11 a 22 ...a nn .
 a11 a12 .... a1n 
 
 0 a 22 .... a 2 n 
dem: Considere a matriz A =  .
... ... ..... .... 
 
 0 0 .... a nn 
Fixando a coluna 1 para o cálculo dos determinantes,
n
det A = ∑ a i1 ( −1) i +1 det Ai1 = a11 ( −1) 1+1 det A11 + a 21 ( −1) 2 +1 det A21 + ... + a n1 ( −1) n +1 det An1
i =1

 a 22 a 23 ... a 2 n 
 
 0 a 33 ... a 3n  n −1

11 ∑ a i1 ( −1)
i +1
= a11 det  = a det Ai1
......................  i =1
 
 0 0 ... a nn 

= a11 [a 22 ( −1) det A11 + ... + a nn ( −1) n −1+1 det A( n −1)1 ]


1+1

 a 33 a 34 ... a 3n 
 
 0 a 44 ... a 4 n  n −2

11 22 ∑ a i1 ( −1)
i +1
= a11 a 22 det   = a a det Ai1
...................... i =1
 
 0 0 ... a nn 
= a11 a 22 [a 33 ( −1) 1+1 det A11 + ... + a nn ( −1) n − 2 +1 det A( n − 2 )1 ]

= a11 a 22 ...a nn

Corolários:
i) det 0 n = 0
ii) det I n = 1
iii) Se A é uma matriz diagonal então det A = a11 a 22 ...a nn .

D2. det A = 0 , quando A possuir uma linha (ou coluna) nula.


D3. det A = 0 , quando A possuir duas linhas (ou colunas) iguais.
D4. det( k ⋅ A) = k n ⋅ det A
D5. det( A ⋅ B ) = det A ⋅ det B
D6. det A = det A t

22
D7.Considere a matriz A e B a matriz obtida a partir de A por aplicação de operações elementares:
a) Li ↔ Lj : det B = − det A

b) Li ← k.Li : det B = k ⋅ det A


 a11 a12 ... a1n 
 
 ......................... 
dem: Considere a matriz A =  a i1 a i 2 ... a in  .
 
 ........................ 
a a 
 n1 n 2 ... a nn 
Fixando a linha i para o cálculo dos determinantes,
n
det A = ∑ a ij ( −1) i + j det Aij
j =1

 a11 a12 ... a1n 


 
 ......................... 
Seja a matriz B =  ka i1 ka i 2 ... ka in  obtida pela operação elementar Li ← k.Li.
 
 ........................ 
a 
 n1 a n 2 ... a nn 
n n
det B = ∑ ( ka ij )( −1) i+ j
det Aij = k ⋅ ∑ a ij ( −1) i + j det Aij = k ⋅ det A
j =1 j =1

c) Li ← Li + k.Lj : det B = det A

D8. A é uma matriz invertível se e somente se det A ≠ 0 .


1
D9. Se A é uma matriz invertível então det A −1 = .
det A
D10. Se A e B são matrizes semelhantes então det A = det B .
D11. Se A é uma matriz ortogonal então det A = ±1 .

Exercícios
1) Calcule o determinante usando permutações.
 1 4 7
 1 2  
a)   b)  2 5 8
 3 4  
 3 6 9

2) Calcule o determinante usando desenvolvimento de Laplace.


 1 0 1 1
 1 4 7  
  2 5 1 1
a)  2 5 8 b) 
  3 − 1 4 1
 3 6 9  
 1 2 0 1
3) Indique o valor de x para que as matrizes sejam invertíveis.
1 2 3  x 1 1
   
a)  4 5 6  b)  − 1 1 x 
7 8 x  x 1 − 1
   

23

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