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6 Mw Formulagao de hipoteses Passo 5 Estabelecimento das hipéteses + Analisara conveniéncia de formular ou nao hipdteses que orientem o restante da pesquisa. + Formular as hipéteses da pesqui- sa, desde que tenha sido consi- derado conveniente. ‘+ Tornar precisas as varidveis das hipéteses. + Definir conceitualmente as variveis das hipéteses. + Definir operacionalmente as varidveis das hipsteses. Processo de pesquisa quantitativa OQ Objetivos da aprendizagem ‘Ao concluir este capitulo, 0 aluno serd capaz de: 1. compreender os conceitos de hipétese, varidvel, defini¢do conceitual e defini¢ao operacional de uma varidvel; 2. conhecer e entender os diferentes tipos de hipdtese: 3. aprender a deduzir o formular hip6teses, assim como defiir de maneira conceitual e operacional as variveis contidas em uma hipotese; 4. dar respostas para as preocupagdes meis comuns a respeito das hipéteses. Sintese Neste capitulo mostramos que nessa etapa da pesquisa é necessério analisar se 6 ou no conveniente for- ‘Mular hipéteses, dependendo do alcance inicial do estudo (exploratério, descrtivo, correlacional ou explica- tivo). Também definimos 0 que ¢ hipétese, apresentamos uma classificagéo dos tipos de hipéteses, torna- ‘mos 0 conceito de varidvel mais preciso e explicamos maneiras de deduzir e formular hipéteses. Além dis- 40, por um lado estabelecemos a relagdo entre a formulagao do problema, o marco teérico @ 0 alcance do estudo e, por outro, as hipsteses. e6rica to da perspective t (0 dosenvolviment do qual surge(m) © Descritivas de um valor ou dado prognosticado © Correlacionais oo De pesquisa © Da diferenca de grupos © Causais ® Mesmas opcdes que as hipétesg Nulas ——————* | de pesquisa © Mesmas opgdes que as hipéteses és Alternativas ———> | peccuisa De correlagao De diferenga de médias Estatisticas*. ————>- [© De estimativa Exploratério ~—p- Nao so formuladas Descritivo ———> Quando se prognostica um fato ou dado Correlacional ——> So formuladas hipéteses correlacionais jit Explicativo ——p Sao formuladas hipéteses causais essaseesaseeeeesereres neers sereeesereeeeerreeecee Qremaisieas 2 Rett 0 wit swt re) Stes wardvais ou isias atv OF CONTORENES, PETES a coms 2S VeriElvals Gtavamm gy att ES GonaaRUal @ OB oan leeds anit wartdusis ay smear dase vareadimas © Agra Gls VEEN, aeSIiN GerND as calaaES Grito GIES, CONE’ IS @ menu vei : aoe ° dhe et CsIONEHS ca iomtoas dtgpmaa pare GOED *Voc® pode consultar o desenvolvin, “Voce p senvolvimento do “Analisis estadistico: segunda parte” . "ma sobre hips i hipsteses estatisticas no inicio do Capitulo 8 do CD anexo’ Metodologia de pesquisa 113 | w O QUE SAO AS HIPOTESES? HIPOTESES Explicacdes provisérias : do fendmono pesquisado que $80 ‘sgo as orientagdes para uma pesquisa ou estudo. As hip6teses mostram o que es- formuladas como proposic5es. tamos tentando comprovar e sao definidas como explicagoes provisérias sobre 0 fendmeno pesquisado. Surgem da teoria existente (Williams, 2003) e devem ser formuladas como proposigdes. De fato, sio respostas provisérias para as perguntas de pesquisa. Qi Yale dizer que em nossa vida cotidiana elaboramos constantemente hipéteses sobre muitas coisas € depois averiguamos sua veracidade. Por exemplo, um rapaz formula uma pergunta de pesquisa: “Sera que Paola gosta de mim?” uma hipétese: “Paola me acha atraente”. Essa hipétese é uma ex- plicagao proviséria ¢ esté formulada como proposigao. Depois ele vai investigar se aceita ou néo a hipétese, quando for paquerar Paola e observar o resultado obtido. As hip6teses so 0 centro, a medula e 0 eixo do método dedutivo quantitativo. w SERA QUE DEVEMOS FORMULAR HIPOTESES —M TODA PESQUISA QUANTITATIVA? ‘Nao, nem todas as pesquisas quantitativas formulam hipéteses. O fato de formularmos ou nao hi- péteses depende de um fator essencial: 0 alcance inicial do estudo. As pesquisas quantitativas que formulam hipéteses s4o aquelas cuja formulacdo define que seu alcance seré correlacional ou expli- cativo, ou as que tém um alcance descritivo, mas que tentam prognosticar uma cifra ou um fato. Isso est resumido na Tabela 6.1. ‘Um exemplo de estudo com alcance descritivo e prognéstico seria aquele que pretende so- ‘mente medir 0 indice de delitos em uma cidade (nao se procura relacionar a incidéncia de delitos com outros fatores como o crescimento populacional, o aumento dos niveis de pobreza ou 0 uso de drogas; menos ainda determinar as causas de tal indice). Entao, por tentativa iria prognosticar me- diante uma hipétese alguma cifra ou propor¢do: o indice de delitos para o seguinte semestre serd ‘menor do que um delito para cada mil habitantes. Os estudos qualitativos, normalmente, nao formulam hipéteses antes de coletar dados (em- bora nem sempre isso aconte¢a). Sua natureza ¢ essencialmente induzir as hipéteses por meio da coleta e andlise dos dados, conforme iremos comentar na terceira parte do livro,“O processo da pes- quisa qualitativa’. Em uma pesquisa podemos ter uma, duas ou varias hipéteses. [WAS HIPOTESES SAO SEMPRE VERDADEIRAS? ‘As hipéteses nao s4o necessariamente verdadeiras: podem ser ou ndo verdadeiras e podem ser ou nao comprovadas com dados. Sao explicagdes provis6rias, nao os fatos em si. Ao formulé-las,o pes- quisador nao esté totalmente certo de que irdo ser comprovadas. Conforme mencionam e exempli- ficam Black e Champion (1976), uma hipétese é diferente da afirmagao de um fato. Se alguém for- mula a seguinte hipotese (referindo-se a um pais determinado): “as familias que vive em éreas ur- TABELA 6.1 Formulagdo de hipéteses em estudos quantitativos com diferentes alcances Fe Ed Exploratbrio Nao so formuladas hipéteses. Desoritivo Somente so formuladas hipéteses quando se prognostica um fato ou dado. © Correlacional ‘Séo formuladas hipdtesas correlacionais. | Explicative So formuladas hipéteses causa. 114 __ Heindnder Sampiai, Fernandez Collado & Baptista Lucio VARIAVEL Propriedade que tem uma variago que pode ser medida 2 observada. : reas rurais’, esta pode ser ou nag banas tf menos filhos do que a6 familias ae vive a enagao de um censo demogr, comprovada, Masse uma pessoa firma is tendo como base 4 infrmcls Tg fico recente realizado nesse pas, ela nao esté formulando uma bi nimeddas sobre a relagey No ambito da pesquisa cientifica, as hipdteses sao proposigdes a se sistematizados. Umavva entre duas ou mais variveis, se apoiam em conhecimentos organizadene-T Ta tve aie se comprova uma hipétese, esta tem um impacto no conhecimento dispomy ‘mouiicadoe,consequentemente, podem surgit novashipoteses (Williams 2008). As hipoteses podem ser mais ou ser menos gerais ou precisas e envolver « actin rid veis. De qualquer modo, sao apenas proposicdes sujeitas 4 comprovacdo empirica € 640 ng realidade. Exemplos de hipéteses *+ “A proximidade geogréfica entre as residéncias do casal de namorados esté relacionada positivamente ‘com o nivel de satisfeco proporcionado por seu relacionamento,” ‘+ £0 indice de c&ncer pulmonar é maior entre os fumantes do que entre os no fumantes, *+ ‘Conform as psicoterapias diigidas 20 paciente se desenvolvem, hé um aumento das expressées ver- bas de discusséo o exploragdo de plenos pessoais futuros e uma diminuicso das manitestagbes de fatos passados.’ * “Quanto mais variedade houver no trabatho, maior seré a motivacao intrinseca em relagdo a ele.” Brimeira hipstese vincula duas variveis: “proximidade geogréfica entre as jel de satistacdo com 0 relacionamento”. Observe, por exemplo, qu residéncias dos namorados” © [M1 0 Que sAo As vaRIAVE!s? ‘Agora precisamos definir o que é uma varidvel. Uma variével ¢ uma propriedade que pode oscilar ¢-cujavariacdo pode ser medida ou observada. Exemplos de variéveis sao: 0 genero, a motivacao in. trinseca em relacao 20 trabalho, oatrativo fisico, a aprendizagem de conceitos, a religiao, a reistem, cia de um material, a agressividade verbal, a personalidade autoritaria, a cultura fiscal ea exposiglo a uma campanha de propaganda politica. O conceite de varié, vel pode ser aplicado a pessoas ou outros seres vivos, objetos, fates fendmenos, que adquirem diversos valores em. relagdo a varidvel mencionada, Por exemplo, a Inteligencia, é que possivel classifica as pessoas de acordo com ive inteligéncia: znem todas as pessoas a possuem no mesmo nivel, isto € ha i Outros exemplos de varidves sto: a produtividade de um detemanat fpodewtenne Ber com ques feree um servigaeciénca de um prosdimento decom ficécia de lima vacina, 0 tempo que uma doenca demora em se manifestay entre oun os. Ha va ‘¢do em todos 0s casos. eras As variaveisadquirem valor para a pesquisa cientifica quando conse tras varidveis, ou sea, se fazem parte de uma hipotese ou uma icons ser chamadas de constructos ou construgdes hipotéticas, *guem se relacionar com Nesse caso elas costumam \W] DE ONDE SURGEM AS HIPOTESES? No enfoque quantitative o proceso de pesquisa oi realizado pass a paso & natural ; tess surjam da formulacdo do problema que é,conforme lembramos, reavaliada eu #8 hipo- formulado apés a revisio da literatura. Ou sea, si0 provenientes da propria revisao de 1s? 7; ‘Nossas hip6teses podem surgir do postulado de uma teoria, de sua andlise’ de Beneralizacgen tu cas apropriadas para nosso problema de pesquisa ¢ de estudos revisados ou. antecedentes ¢gy sn P HE 5 consultados, N. de RT: A necessidade de as hipéteses “‘nascerem da literatura” é um dos aspectos mais consid, quando especialistas avaliam artigos, dissertacoes, tess, etc. lerados Metodoiogia de pesquisa 115, fem surgir até por analogia, 20 api a As hipoteses pod , 80 aplicar certa informagao x fia de cam dete aera 0 comporanent on campos ghey @ outros contextos, como a teoria de campo em psicolo- Existe, entdo, uma rela¢do muito estreita entre a formulaci tura eas hipoteses.A revisto inicial da literatura feta para nos! fanilontcon ‘problema disc tudo nos leva a formuli-lo, depois ampliamos a revisio da literatura e aprimoramos ou tornamos a formula¢do mais precisa, da qual derivamos as hipéteses. Ao formularmos as hipoteses, reavalia- mos nossa formulacao do problema. i. Devemos lembrar que os objetivos e as perguntas de pesquisa podem ser confirmados ou me- Ihorados durante o desenvolvimento do estudo. Também possivel que durante o processo surjam outras hipteses que nao foram consideradas na formulagao original, produto de novas reflexoes, ideas ou experiéncias; discussdes com professores, colegas ou especialistas na érea; ou até mesmo “de analogias, ao descobrir semelhangas entre a informacao de outros contextos e a de nosso estu- 4o” (Rojas, 2001). Esse tiltimo caso aconteceu varias vezes nas ciéncias. Por exemplo, algumas hip6- teses na érea da comunica¢ao nao verbal sobre a pratica da territorialidade humana surgiram de es- tudos relacionados a esse tema, s6 que em animais; algumas concep¢des da teoria de campo ou psi- cologia tipolégica (cujo principal expoente foi Kurt Lewin) tém antecedentes na teoria do comportamento dos campos eletromagnéticos. As hipéteses da teoria Galileu — propostas por Joseph Woelfel e Edward L. Fink (1980) ~ para medir o processo da comunica¢ao tém origens im- Portantes na fisica e outras ciéncias exatas (as dinamicas do “eu” se apoiam em nogoes da Algebra vetorial). Seltiz.e colaboradores (1980, p. 54-55), ao falarem das fontes de onde surgem as hipéte- Ses, escrevem: [As fontes de hipéteses de um estudo sto muito importantes na hora de determinar a natureza da contribuigao da pesquisa no corpus geral de conhecimentos. Uma hipote- se que simplesmente emana da intuigao ou de uma suspeita pode, afinal, dar uma im- portante contribuigdo para a cigncia. Mas, se ela somente foi comprovada em um es- tudo, existem duas limitaces quanto & sua utilidade. Primeiramente, nao existe segu- ranca de que as relacdes entre as varidveis encontradas em um determinado estudo serio encontradas em outros estudos [...] Em segundo lugar, uma hipétese baseada simplesmente em uma suspeita nao é propicia para ser relacionada com outro conhe- ‘cimento ou teoria. Entéo, as descobertas de um estudo baseadas nessas hipoteses nao possuem uma clara conexio com o amplo corpus de conhecimento da ciéncia social Elas podem suscitar questdes importantes, podem estimular pesquisas posteriores € podem até mesmo ser integradas mais tarde em uma teoria explicativa. Mas, no ser Que esses avangos ocorram, a probabilidade de ficarem como fragmentosisolados de informagao € muito grande. Uma nipotee que nnasce das descobertas de outros estudos, de alguma forma est livre da primeira dessas limitagdes. Se a hipstese estiver baseada em resultados de ou- tos estedos, ee o presente estudo apoia a hipétese daqueles, o resultado poderé ter Hernéndez Sampieri, Ferndndez Collado & Baptist Lucio a norma a hipotese que ng Jjagao de uma forma normal [..] Umi sed seespertas de um estudo prévio, mas em uma teorg ee servido para confirmar essa itagdo: a de distanciamento de um corp ‘apoia simplesmente nas dé terms mas geri ext livre da segunda li de doutrina mais geral. As hipéteses podem surgir mesmo que néo exista um corpus tedrico abundante Concordamos com o fato de que as hip6teses surgidas de teorias com evidéncia empitica superan, as duas limitagdes mostradas por Selltiz e colaboradores (1980), e também com a afirmacao de que uma hipdtese que nasce das descobertas de pesquisas anteriores supera a primeira dessas limitacggs Mas precisamos insistir que hipéteses tteise frutiferas também podem ter sua origem em formula Ses do Problema cuidadosamente revisadas, mesmo que 0 corpus teOrico que a8 apoia nao sei abundante, As vezes, a experiéncia e a observagio constante oferecem matéria potencial para ge tabelecimento de hipéteses importantes, e podemos dizer o mesmo sobre a intuig0. Quanto w. os apoio empirico prévio tiver uma hipétese, mais cuidado deveremos tet em sua claboracay, avaliasdo, porque também nao é recomendavel formular hipéteses de maneira superficial ___Uma falha realmente grave na pesquisa ¢ formular hipdteses sem ter revisado com cuidadog literatura, pois poderiamos cometer erros como o de sugerir hipotese sobre algo que foi muito, com. Provado ou de algo contundentemente desprezado. Um exemplo grosseiro, mas ilustrativ, seta Pretender estabelecer a seguinte hipétese: “Os seres humanos podem voar por si mesmos, sonenn com seu corpo”. Em sintese, a qualidade das hip6teses est relacionada positivamente com a teva inesgotével da literatura, [M7 auals CARACTERISTICAS UMA HIPOTESE DEVE TER? Dentro do enfoque quantitativo, para que uma hipotese seja digna de ser considerada, deve reunir certos requisitos: A hipétese deve se referir a uma situacdo “real”. Conforme argumenta Rojas (2001), as hipéteses somente podem ser submetidas a teste em um universo e um contexto bem def nidos. Por exemplo, uma hipétese referente a alguma variavel do comportamento gerencial (digamos, a motivagao) devera ser submetida a teste em uma situacdo real (com certos gerentes de organizagSes existentes). Algumas vezes, na mesma hipétese essa realidade se torna explicita (por exemplo, “As criangas guatemaltecas que vivem em areas urbanas vio imitar mais a conduta violenta da televisao do que as criangas guatemaltecas que vivem em areas rurais”) ¢, outras vezes, a realidade é definida pelas explicagdes que acompanham ¢ hipétese. Assim, a hipétese: “Quanto maior for o feedback sobre 0 desempenho no trabalho ue um gerente proporciona aos seus supervisores, mais elevada seré a motivacao intrinseca destes em relacao a suas tarefas laborais’, nao explica quais gerentes, de qual empresa. Ent30 € preciso contextualizar a realidade dessa hipétese; afirmar, por exemplo, que sdo gerentes de todas as areas, de empresas exclusivamente industriais com mais de mil trabalhedores ¢ situadas em Medellin, na Colémbia. £ muito comum que quando nossas hipéteses vem de uma teoria ou uma generalizacdo empirica (afirmacio varias vezes comprovadas na “realidade”) sejam manifestagdes contex- tualizadas ou casos concretos de hipéteses gerais abstratas. A hipotese “quanto maior for @ satisfagao com o trabalho maior seré a produtividade” é geral e suscetivel de ser testada em diversas realidades (paises, cidades, parques industria ou, ainda, em uma s6 empresa; com diretores, secretarias ou operérios, etc; em empresas comerciais, industriais, de servi¢os ou combinagoes desses tipos, atividade comercial ou com outras caracteristicas), Nesses casos, a0 testarmos nossa hipdtese contextualizada trariamos evidéncia a favor da hip6tese mais geral.E Sbvio que os contextos ou as realidades podem ser mais ou menos gerais e que normalmente foram explicados claramente na formulacao do problema. © que fazemos ao estabelever 28 hipéteses ¢ voltar a analisar se os contextos sio os adequados para nosso estudo e se é possivel ter acesso a eles (confirmamos 0 contexto, buscamos outro ou ajustamos a hipétese). Metodologia de pesquisa 117 S, precisas € as mais concretas ipOtese. Assim, globalizagao da exté relacionada com o grau de aprendizagem da dlgeb ‘olas publicas de Buenos Aires” seria inverossimil. Nao ¢ honcho 4, Ostermos ou variaveis da hipotese devem ser observiveise meme eee a pelas criangas que frequentam as Orci mre ees ca 0s objetivos as perguntas de pesquisa, no incluem aspectos morais nem qucton vue enn possamos medir. Hipéteses como “Os homens mais felizes vao para 0 ceu" ou "A Herdate de espirto esta relacionada com a vontade angelica!” implicam eenecivos ou sone nna possuem referentes empiricos; portanto, nao sio titeis como hipétese para investiger venti. camente nem podem ser submetidas a teste na realidade, Bee 5, Aship6teses devem estar relacionadas com técnicas disponiveis para testi-las. Esse requisito esté estreitamenteligado ao anterior e se refere ao fato de que, quando formulamos uma hip6tese, temos de analisar se existem técnicas ou ferramentas de pecquica * A desenvolvé-las e se esto a0 nosso aleance. Pesquisa para verificd-la, se € possivel ‘Vamos supor que essas técnicas existem, mas que por algumas razdes no temos acesso a clas. Entdo, alguém poderia tentar comprovar hipéteses referentes ao desvio de orgamento nos gastos do governo de um pais latino-americano ow a rede de narcotraficantes na cidade de Miami, mas nao dispor de formas eficazes para obter seus dados. Nesse caso, embora sua hipétese seja teoricamente muito valiosa, na realidade nao pode ser testada. [7 uals SAO Os TIPOS DE HIPOTESES? Existem diversas maneiras de classificar as hipéteses, mas aqui vamos nos concentrar nos seguintes OQ2 tipos: |. Hipéteses de pesquisa Hipéteses nulas Hip6teses alternativas Hipéteses estatisticas Pero Fstas tiltimas serdo revisadas no Capitulo 8 do CD: “Anilisis estadistico: segunda parte” y y 0 QUE SAO AS HIPOTESES DE PESQUISA? Aquilo que ao longo deste capitulo definimos como hipéteses so, na verdade, as FiPOTESES DE PRBOIROA Propest: hip6teses de pesquisa, Estas sao definidas como proposig0es provisorias sobreas Ses proviséries sobre @ ou as i is varidveis e devem satisfazer os cinco requi- se, lates ants de ou Possiveis relagdes entre duas ou mais va ot 5 Sitos mencionados, Elas costamam ser simbolizadas como H; ou Hy, Ha, Hy» te. I rma varidveis. (quando sao varias) e também denominadas hipéteses de trabalho. Jaas hipoteses de pesquisa podem ser: 8) descritivas de um valor ou dado prognosticados ) correlacionais; ©) de diferenca de grupos; causais, gnosticado" aatentar prever um dado ou Valor ale a pena comentar que nao sy firmmagoes mais gerais (“a ay, para publicidade ira ay, i i iais de Valéng, ‘i grios das zonas jindustriais nci olistas sof gao extrinseca dos oP eT : ii de Imentarenze 30 « 738s "3 mothe Tents picoerdPicos Hy sure a es , Venere ei ai dees mies de habitants) Nao é facil eal : rica do tiva preciso sobre certos fendmenos. Exemplos pus caus ages osciam entre as 18 6 26 anos seréde 203 Hz *O aumento do nimero de divércios de ca ‘no préximo ano.” (Em um contexto especifico como uma cidade ou um pais) Hi: “A inflaglo do préximo semestre néo seré superior 2 3%. dado ou valor Pro‘ 5 descritivos, Par bservadas. Mas desse tipo ou al ano 0 orgamento sas hipsteses, s vezes 80 wllZ28 155 ou ol em uma ou mais’ varidveis que’ todas as pesquisas descritivas que Siedade nos jovens alcoolistas rd ¢ Hipéteses correlacionais ariéveis e correspondem aos estudos correlacionais (“a le doencas pulmonares”; “a motivagao pelo éxito esta vincelada com a satisfacao laboral eo estado de espirito no trabalho”; “a atragao fisica, as demons- tracdes de afeto, a semelhanga em valores ¢ a satisfagao no namoro estdo associadas entre si”). No entanto, as hipéteses correlacionais nao podem somente determinar se duas ou mais ridvels esto vinculadas, mas também como estdo associadas. Elas conseguem chegar ao nivel preditivo e parcialmente explicativo. ‘Nos seguintes exemplos nao sé determinamos que hé relacdo entre as varidveis, mas também como éa relagio (que diregao segue). Claro que é diferente formular hipéteses em que duas ou mais varidveis estdo vinculadas e supor como sao essas relagdes. No Capitulo 10, “Analise dos dados quan- titativos’, explicamos mais a fundo o tema da correlacao e os tipos de correlagao entre variaveis. Especificam as relagbes entre duas ou mais v tabagismo esté relacionado com a presenga di Exemplos “Quanto mai posi amie for is Yi iiveis x e y (ver Capitulo 10). 128 Hernéndez Samat i, Fnénder Colado & Baptista Lucio - 1o estabelecem hipéteses so os exploratérios. Nao podemos 48 Speeds ri me eee vamos explorar. E come te antes do finial sieridice supor(afirmando) 180 ee hecida do género oposto, omegdssemos a conjecturar o quantyy uma pessoa totalmente des°07 es ela tem, etc. Ndo poderiamos nem mesmo antecipar o quan, simpatica, quais interes we alvez no primeiro encontro nos deixéssemos levar por nossa im, to ela seria atraente para sao pode acontecer. Se ela nos proporcionar mais informagio (ly, sinagdo; mas na Pesgui acdo, rligido, nivel socioecondmico, tipo de misica que gosta e gry sares onde govt goociada), podemos criar mais hipdteses, embora estejamos nos baseando re aSuin bse ns dsm informacao muito pesoale intima sobre ea, poderamos suger, fipoteses sobre que tipo de relagdo vamos estabelecer com essa pessoa e por que (explicaoe, provisérias). wy QUE SIGNIFICA TESTAR HIPOTESES? Conforme mencionamos desde 0 inicio deste capitulo, as hipdteses do proceso quantitativo sig submetidas a teste ou escrutinio para determinar se sao apoiadas ou refutadas, de acordo com aqui- Jo que o pesquisador observa. E é por isso que elas sao formuladas na tradigao dedutiva. Entéo, nig podemos realmente provar se uma hipétese é verdadeira ou falsa, mas argumentar se foi aprovada ‘ou nao de acordo com certos dados obtidos em uma pesquisa especifica. Do ponto de vista técnico, ‘uma hipétese nao é aceita por meio de um estudo, mas pela evidéncia que apresentamos a favor ou contra ela.® Quanto mais pesquisas apoiarem uma hipétese, mais credibilidade ela terds¢, claro, seri valida para 0 contexto (Iugar, tempo e participantes ou objetos) em que foi comprovada. Pelo me- nos probabilisticamente. ‘No enfoque quantitativo, as hipéteses sao submetidas a teste na “realidade” quando aplicamos ‘um desenho de pesquisa, coletamos dados com um ou vérios instrumentos de medigdo e analiss mos e interpretamos esses mesmos dados. E, conforme diz Kerlinger (1979), as hipéteses so ins- trumentos muito poderosos para o avanco do conhecimento, pois, embora sejam formuladas pela ser humano, podem ser submetidas a teste e demonstradas como provavelmente corretas ou incor- retas, sem a interferéncia dos valores e das cren¢as do individuo. (M7 QUAL E A UTILIDADE DAS HIPOTESES? E provavel que alguém pense que com o que foi exposto neste capitulo seja possivel saber claramen- te qual € 0 valor das hipéteses para a pesquisa. No entanto, achamos que é necessério aprofundet ‘um pouco mais nesse ponto, mencionando as principais funcdes das hipoteses. 1. Em primeiro lugar, sio as orientagdes de uma pesquisa no enfoque quantitativo. Formulé-les nos ajuda a saber 0 que estamos tentamos buscar, testar. Elas proporcionam ordem ¢ l6gica 20 estudo. Sao como os objetivos de um projeto administrativo: as sugestdes formuladas nas hipéteses podem ser solugdes para os problemas de pesquisa. Se elas sio ou nao, essa é exati- mente a tarefa do estudo (Seltiz et al., 1980). 2. Em segundo lugar, tém uma fungdo descritiva e explicativa, dependendo do caso, Toda vet ue uma hipétese recebe evidencia empfrica a seu favor ou contra, ela nos diz algo sobre 0 fendmeno com o qual se associa ou faz referéncia. Sea evidéncia for a favor, a informagao sobre ‘0 fendmeno aumenta; e mesmo se a evidéncia for contra descobrimos algo sobre o fenomeno que antes ndo sabiamos. 3. A terceira funcao ¢ testar teorias. Quando varias hip6teses de uma teoria recebem evidéncia positiva, a teoria vai se tornando mais forte; ¢, quanto mais evidéncia houver a favor daquelas mais evidéncia haverd a favor desta. Uma quarta funcao é sugerir teorias. Diversas hipéteses nao esto associadas com teoria al- guma; mas o que pode acontecer é que como resultado do teste de uma hip6tese seja possivel construir uma teoria ou suas bases. Isso nao ¢ muito comum, mas jd chegou a acontecer, ae eT Motodologia de pesquiea 0 QUE ACONTECE QUANDO NAO SE TRAZz EVIDENCIA A FAVOR DAS HIPOTESES DE PESQUISA? Nao é raro escutar uma conversa como esta entre du: sua tese (que € uma pesquisa): 'as pessoas que acabam de analisar os dadosde © QQ. Elisa: Os dados nao apoiam nossas hipéteses. Gabriel: E agora, 0 que vamos fazer? Nossa tese nao titi, Blisa: Teremos de fazer outra tese, : Os dados nem sempre apoiam as hipéteses, Mas o fato de que estes nao tragam evidéncia a fa- vor das hipéteses formuladas nao significa, de maneira alguma, que a pesquisa nao tem uilidade. Cla- 10 que todos ficamos contentes quando aquilo que supomos condiz com a nossa “realidade” Se fizer- mos afirmagdes como: “eu gosto da Mariana’, “o grupo mais popular de miisica nesta cidade é 0 meu grupo favorito’, “tal equipe vai ganhar 0 préximo campeonato nacional de futebol”; “Paola, Chris, Sergio ¢ Lupita vio me ajudar muito a vencer este problema’, para nds serd satisfat6rio que elas sejam ‘cumpridas. Existe também aquele que formula uma pressuposicao e depois a defende a qualquer cus- to,mesmo tendo consciéncia de que se equivocou. Isso é human; porém, na pesquisa 0 objetivo final €0 conhecimento e, nesse sentido, os dados contra uma hipétese também oferecem entendimento. O importante ¢ analisar por que nao se apresentou evidencia a favor das hipoteses. Aliés, € bom citarmos Van Dalen e Meyer (1994, p. 193): Para que as hipéteses tenham utilidade, nao é necessério que as respostas para 0s pro- blemas apresentados sejam corretas, Em quase todas as pesquisas o estudioso formula ‘arias hipéteses e espera que alguma delas dé uma solusao satisfatoria para o proble- ‘ma, Ao eliminar cada uma das hipéteses ele vai estreitando o campo no qual devera ‘encontrar a resposta. O teste de “hipteses falsas” [que preferimos chamar de hipéteses que nao receberam evidéncia empirica) também ¢ itil quando direciona a atencao do pesquisador ou de ‘outros cientistas para fatores ou relagdes imprevistas que, de alguma maneira, pode- riam ajudar a resolver o problema, ‘A American Psychological Association (2002, p. 16) diz o seguinte, ao mencionar a apresenta- «gio das descobertas em um relatério de pesquisa: “Mencione todos os resultados relevantes, in-

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