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NECESSIDADE DE CONVOCAÇÃO DE SUPLENTE EM RAZÃO DO PRESIDENTE DA CÂMARA

MUNICIPAL SUBSTITUIR PREFEITO POR CASSAÇÃO DE M ANDATO PELO TRIBUNAL


REGIONAL ELEITORAL.

CONSULTA

O Vice-presidente da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes


solicitou a seguinte consulta:

A Prefeita e o Vice-prefeito do Município de Campos


dos Goytacazes tiveram seus mandatos cassados pelo
Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro,
em virtude de Acórdão em Ação de Investigação de
Mandato Eletivo (AIME) por abuso do Poder Econômico
por uso indevido dos meios de comunicação, sendo,
por isso, substituídos pelo Presidente da Câmara
Municipal, momento em que surgiu a dúvida acerca da
legalidade referente à convocação de vereador
suplente.

O consulente informa que se encontra em situação sensível, uma vez


que a opinião de seus pares se dividiu acerca da legalidade na convocação do
suplente, motivo pelo qual deverá o mesmo decidir a questão.
PARECER

I – DA INCIDÊNCIA DA LEI ORGÂNICA NO DESLINDE DA QUESTÃO

É de conhecimento convencional que o Princípio da Forma


Federativa de Estado, insculpido no caput do artigo 1º da Constituição Federal de
1988, confere autonomia aos Municípios, resultando nas competências político-
administrativas, legislativas e tributárias dos mesmos na condição de entes da
federação.

O eminente constitucionalista Luis Roberto Barroso, ensina em seus


escritos o seguinte:

“a autonomia, como é corrente, realiza-se nas idéias de


auto-organização – o poder de elaborar sua própria
Constituição e sua organização básica -, autogoverno –
capacidade de exercer o poder por órgãos próprios,
cujos ocupantes são escolhidos no âmbito do próprio
ente – e auto-administração – faculdade de dar
execução às suas próprias normas e prestar os serviços
de sua competência”1.

Nesse contexto, deve ser destacado que o artigo 29 da Constituição


Federal de 1988 determinou que os Municípios se organizassem por meio de Lei
Orgânica. Verbis:

Artigo 29 – O Município reger-se-á por lei orgânica,


votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na
Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:

1
- BARROSO, Luis Roberto – Constitucionalidade e Legitimidade da Criação do CONSELHO Nacional de
Justiça. Revista de Direito da Associação dos Procuradores do Estado do Rio de Janeiro. Lúmen Júris.
Volume XIX. 2008, pag. 483.
Diante das considerações iniciais, é fácil identificar a importância da
Lei Orgânica para o Município, uma vez que esta tem o poder de materializar o
Princípio da Forma Federativa de Estado, permitindo a concretização de todas
as suas características, haja vista que tal norma é elaborada pelos próprios
munícipes e serve como o diploma que exterioriza a organização básica do ente
federativo.

Portanto, é evidente que a hipótese ora analisada deve ser


enfrentada mediante as disposições previstas na Lei Orgânica do Município de
Campos dos Goytacazes, haja vista se tratar de assunto estritamente vinculado a
organização Político-Administrativa da cidade.

A Lei Orgânica do Município, ao tratar das hipóteses de substituição


do Prefeito em casos de impedimentos ou vacância dos cargos deste e do Vice-
prefeito, delegou ao Presidente da Câmara tal incumbência. Senão vejamos:

Art. 65 - O Vice-Prefeito substituirá o Prefeito em seus


impedimentos e ausências e suceder-lhe-á no caso de
vaga.

Parágrafo Único - Em caso de impedimento do


Prefeito e do Vice-Prefeito, ou de vacância dos
respectivos cargos, serão sucessivamente
chamados ao exercício da chefia do Executivo
Municipal o Presidente, o Vice-Presidente e o
Primeiro Secretário da Câmara Municipal. (sem grifo
no original).

Verifica-se que o fato que originou a consulta ora formulada se


enquadra perfeitamente na hipótese de incidência inserta no artigo acima descrito,
haja vista que o Prefeito e Vice-prefeito da cidade se encontram impossibilitados
de governar o Município em razão de Acórdão proferido pelo Tribunal Regional
Eleitoral do Rio de Janeiro nos autos de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo.
Merece realce a previsão do artigo 72 da Lei Orgânica do Município,
na medida em que compatibiliza as previsões de cassação do mandato do Prefeito
previstas na Legislação Federal com as suas próprias disposições. Vejamos:

Art. 72 - A extinção ou cassação do mandato do


Prefeito e do Vice-Prefeito ocorrerá nos casos previstos
nesta Lei e na legislação federal.

Os dispositivos acima citado permite visualizar que a Lei Orgânica do


Município de Campos considera as hipóteses de cassação do Prefeito em casos
previstos na legislação federal.

Nesse sentido, é importante consignar que a cassação do Prefeito


poderá se dar pelas disposições de lei federal, mas a forma de substituição do
Prefeito cassado deve ser estabelecida nos termos das disposições da Lei
Orgânica do Município, sob pena de afronta ao Princípio da Forma Federativa
de Estado.

Com isso, a questão deverá ser dirimida nos termos do que dispõe a
Lei Orgânica do Município de Campos dos Goytacazes, conforme determina o
Princípio da Forma Federativa de Estado.

II – DA SUBSTITUIÇÃO DO PREFEITO PELO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL

O artigo 65, parágrafo único da Lei Orgânica do Município de


Campos dos Goytacazes determina que serão sucessivamente chamados para
substituir o Prefeito e Vice-prefeito em caso de impedimento ou vacância, o
Presidente, o Vice-Presidente e o Primeiro Secretário da Câmara Municipal.

Constata-se, assim, que a substituição do Prefeito e Vice-prefeito se


dá em razão do cargo exercido pelo vereador na Câmara Municipal, ou seja,
dentre todos os vereadores do Município, somente o Presidente, o Vice-presidente
e o Primeiro Secretário é que recebem a incumbência orgânica de conduzir o
Poder Executivo quando necessário.

Nesse ínterim, não cabe outra conclusão senão a de que a


substituição do Prefeito e Vice-prefeito está completamente vinculada ao cargo
exercido por vereador perante a Câmara Municipal, que poderá ser o Presidente,
Vice-presidente ou Primeiro Secretário.

Assim, resta evidente que o Sr. Nelson Nahim continua sendo


Presidente da Câmara, e não Prefeito, pois somente está conduzindo o Poder
Executivo Municipal em razão do cargo que exerce perante a Câmara Municipal,
motivo pelo qual, caso deixe de exercer o cargo em que está investido, não mais
poderá substituir a Prefeita e o Vice-prefeito.

Superada esta etapa, isto é, sobre a identificação da condição em


que o Poder Executivo se encontra conduzido, deve ser analisada a forma em que
a Câmara Municipal deverá ser presidida no momento em que seu Presidente
estiver substituindo a Prefeita da cidade.

III – DA CONDUÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL NO PERÍODO EM QUE SEU PRESIDENTE


ESTIVER SUBSTITUINDO A PREFEITA DO MUNICÍPIO

A Câmara Municipal é um órgão que compõe a estrutura institucional


do Município, servindo como a corporificação do Poder Legislativo Municipal, pois
é o local onde este exerce suas funções precípuas, e, por consequência, suas
funções administrativas, estas provenientes da separação dos poderes.

Por esta razão se faz necessário analisar a forma em que a Câmara


Municipal será conduzida, para, em seguida, concluir sobre a legalidade da
convocação de suplente.
Percebe-se, diante da fundamentação acima, que o Sr. Nelson
Nahim permanece Vereador Presidente da Câmara, motivo pelo qual deverá
receber sua remuneração por este cargo, nos termos das previsões Regimentais e
legal, pois este não poderá nem deverá se licenciar do cargo que exerce perante o
Poder Legislativo por qualquer motivo que seja, sob pena de não mais se
enquadrar na hipótese de incidência inserta no artigo 65 da Lei Orgânica do
Município, e, por consequência, não poder substituir o chefe do Poder Executivo.

Com isso, verifica-se que nos termos do Regimento Interno da


Câmara, o Presidente se encontra impedido temporariamente de executar
algumas funções inerentes ao seu cargo de Presidente do Legislativo, pelo fato de
estar substituindo o Chefe do Executivo, e, com isso, haver uma incompatibilidade
entre as funções.

Essas incompatibilidades temporárias encontram previsão no


Regimento Interno da Câmara, no artigo 14. Vejamos:

Art. 14 - O Presidente da Câmara, quando estiver


substituindo o Prefeito, nos casos previstos em lei ficará
impedido de exercer qualquer atribuição ou praticar
qualquer ato que tenha implicação com a função
legislativa. (sem grifo no original).

Ressalta-se, por oportuno, que as disposições regimentais acima


descritas encontram consonância com as previsões constitucionais referentes à
organização do Poder Político Municipal, conforme determina os incisos IX e XI do
artigo 29 da Constituição Federal de 1988, que passamos a transcrever:

Artigo 29 – O Município reger-se-á por lei orgânica,


votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição, na
Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
(...)

IX – proibições e incompatibilidades, no exercício


da vereança, similares, no que couber, ao disposto
nesta Constituição para os membros do Congresso
Nacional e, na Constituição do respectivo Estado, para
os membros da Assembléia Legislativa; (sem grifo no
original).

(...)

XI – organização das funções legislativas e


fiscalizadoras da Câmara Municipal; (sem grifo no
original).

(...)

O dispositivo regimental acima referido trata do impedimento quanto


às funções legislativas, que, por essência, não podem ser praticadas por quem
se encontra na liderança de outro poder, sob pena de confusão entre os poderes.

As funções Estatais são divididas e partilhadas com base no


Princípio da Separação dos Poderes, justamente para possibilitar o sistema dos
freis e contrapesos, inibindo, assim, a indesejada concentração de poder.

Luis Roberto Barroso, ao estudar o Princípio da Separação dos


Poderes ensina que:

“O conteúdo nuclear e histórico do princípio da


separação dos poderes pode ser descrito nos seguintes
termos: as funções estatais devem ser divididas e
atribuídas a órgãos diversos e devem existir
mecanismos de controle recíproco entre eles, de modo
a proteger os indivíduos contra o abuso potencial de um
poder absoluto”2

2
- BARROSO, ob. cit..
Nesse sentido, observa-se que o atual Presidente da Câmara
Municipal se encontra impedido momentaneamente de exercer as funções
estritas do cargo político que exerce, pelo fato de se encontrar substituindo o
Chefe do Poder Executivo.

A construção desse raciocínio se faz necessária para se constatar


que o Sr. Nelson Nanhim permanece na condição do cargo político eletivo para o
qual foi eleito, isto é Vereador e Presidente da Câmara, mas impedido
momentaneamente de exercer algumas funções do cargo pelo fato de estar
substituindo o Chefe do Executivo.

Assim, o atual Presidente da Câmara Municipal se encontra


impedido momentaneamente de exercer as funções descritas no artigo 2º, § 1º do
Regimento Interno da Câmara Municipal. In verbis:

Art. 2º - A Câmara tem suas funções legislativas,


exerce atribuições de fiscalização externa, financeira,
orçamentária e patrimonial, controle e assessoramento
dos atos do Executivo, e, ainda, pratica atos de
administração interna.

§ 1º - A função legislativa consiste em deliberar, por


meio de leis e resoluções, sobre todas as matérias
de competência do Município, respeitadas as
reservas constitucionais da União e do Estado. (sem
grifo no original).

Acrescenta-se, também, que em virtude da ausência do Presidente


da Câmara Municipal, haja vista estar substituindo o Chefe do Executivo, haverá a
necessidade de condução da função administrativa do Poder Legislativo, que
consiste em sua organização interna, conforme preceitua o § 7º do artigo 2º do
Regimento Interno. Verbis:

Art. 2º - A Câmara tem suas funções legislativas, exerce


atribuições de fiscalização externa, financeira,
orçamentária e patrimonial, controle e assessoramento
dos atos do Executivo, e, ainda, pratica atos de
administração interna.

§ 7º - A função administrativa é restrita à sua


organização interna, à regulamentação de seu
funcionamento e à estruturação e direção de seus
serviços auxiliares. (sem grifo no original).

Nesse contexto, constata-se que o Presidente da Câmara Municipal


será substituído interinamente pelo Vice-presidente da Câmara Municipal, tanto na
condução dos atos atinentes à função legislativa, em virtude do impedimento
momentâneo do Presidente, como nos atos atinentes à organização interna do
Poder Legislativo, em razão da ausência do mesmo, conforme preceitua o artigo
16, inciso I do Regimento Interno:

Art. 16 - Compete ao Vice-Presidente da Câmara:


I - substituir o Presidente da Câmara em suas
faltas, ausência, impedimentos ou licença; (sem grifo
no original).

Portanto, deve ser concluído que a substituição do Presidente da


Câmara Municipal no momento em que estiver substituindo o Chefe do Poder
Executico caberá ao Vice-presidente da Câmara Municipal, nos termos das
disposições regimentais aplicáveis ao caso.

IV – DO QUORUM PARA VOTAÇÃO NA CÂMARA

É necessário analisar a forma que a Câmara Municipal organizará o


quorum para as suas deliberações no momento em que seu presidente estiver
impedido de exercer as funções legislativas.
O Regimento Interno da Câmara previu expressamente a forma de
computação do quorum nas deliberações em que haja vereador impedido de
votar. Vejamos:

Art. 162 - As deliberações do Plenário serão tomadas


por maioria simples, sempre que não se exija a maioria
absoluta ou a maioria de 2/3 (dois terços), conforme as
determinações constitucionais, legais ou regimentais
aplicáveis em cada caso.

§ 3º - Para efeito de quorum computar-se-á a


presença de Vereador impedido de votar. (sem grifo
no original).

Como se observa, não haverá prejuízo para a Câmara Municipal no


período em que seu Presidente estiver impedido de exercer as funções
legislativas, conforme prevê seu Regimento Interno.

Assim, o quorum das deliberações deverá ser computado nos termos


do artigo 162, § 3° do Regimento Interno da Câmara Municipal de Campos dos
Goytacazes.

DA IMPOSSIBILIDADE DE LICENÇA DO PRESIDENTE DA CÂMARA

A Seção II do Regimento Interno da Câmara Municipal de Campos


dos Goytacazes trata da Interrupção e da Suspensão do Exercício da
Vereança.

Após a leitura dos artigos 67, 68, 69 e 70 do Regimento Interno da


Câmara Municipal, observa-se que o Legislador Municipal considerou hipóteses
de suspensão do exercício da vereança ou de Interrupção do exercício da
vereança.

Explique-se.
O artigo 67 do Regimento Interno da Câmara Municipal estabelece
hipóteses de suspensão do exercício da vereança em que o Vereador se
licenciará momentaneamente por moléstia ou gestação, para tratar de interesse
particular, para se investir na função de secretário ou equivalente, ou para
desempenhar missão temporária de interesse do Município. Vejamos:

Art. 67 - O Vereador poderá licenciar-se, mediante


requerimento dirigido à Presidência e sujeito à deliberação
do Plenário, nos seguintes casos:
I - por moléstia devidamente comprovada ou em licença
gestante;

II - para tratar de interesses particulares, por prazo nunca


superior a 120 (cento e vinte) dias por sessão legislativa.

§ 1º - A apreciação dos pedidos de licença se dará no


expediente das sessões, sem discussão, e terá preferência
sobre qualquer outra matéria, só podendo ser rejeitado pelo
quorum de 2/3 (dois terços) dos vereadores presentes na
hipótese do inciso II.

§ 2º - Na hipótese do inciso I, a decisão do Plenário será


meramente homologatória.

§ 3º - Será considerado automaticamente licenciado até sua


exoneração, o Vereador investido na função de Secretário
ou Subsecretário Municipal, Secretário ou Subsecretário
Estadual, Presidente de Empresa, Fundação ou autarquia
pública ou equivalente, devendo optar pela remuneração da
Vereança ou da função na qual foi investido, a partir da
respectiva posse.

§ 4º - O afastamento para desempenho de missão


temporária de interesse do Município não será
considerado como de licença, fazendo o Vereador jus à
remuneração estabelecida.

Em seguida, os artigos 68, 69, e 70 do Regimento Interno da Câmara


Municipal, estabelecem as hipóteses de interrupção do exercício da vereança,
que poderá acontecer pela extinção, perda do mandato, ou pela renuncia do
Vereador. Verbis:

Art. 68 - As vagas na Câmara dar-se-ão por extinção ou


perda do mandato do Vereador.

§ 1º - A extinção se verificará por morte, renúncia, falta


de posse no prazo legal ou regimental, perda ou
suspensão dos direitos políticos, ou por qualquer outra
causa legal hábil.

§ 2º - A perda dar-se-á por deliberação do Plenário, na


forma e nos casos previstos na legislação vigente.

Art. 69 - A extinção do mandato se torna efetiva pela


declaração do ato ou fato extintivo pelo Presidente, que
a fará constar de ata; a perda do mandato se torna
efetiva a partir do decreto legislativo, promulgado pelo
Presidente e devidamente publicado.

Art. 70 - A renúncia do Vereador far-se-á por ofício


dirigido à Câmara, reputando-se aberta a vaga a partir
da sua protocolização

Após a identificação das duas hipóteses consideradas pelo


Regimento Interno da Câmara Municipal, é possível observar que os casos de
suspensão do exercício da vereança traduzem a situação em que o vereador
deixa voluntariamente a função para a qual foi eleito e, nas hipóteses de
interrupção, o vereador perde o cargo em razão da extinção, perda do mandato,
ou pela renuncia, culminando em vacância.

Nesse diapasão, segue o Regimento Interno da Câmara em seu


artigo 71 determinando que havendo vaga, licença ou investidura no cargo de
secretário Municipal ou equivalente, deverá convocar o suplente. Vejamos:

Art. 71 - Em qualquer caso de vaga, licença ou


investidura no cargo de Secretário Municipal ou
equivalente, o Presidente da Câmara convocará
imediatamente o respectivo suplente.
Com isso, a convocação do suplente está claramente condicionada a
suspensão ou interrupção do exercício da vereança, que se dará pela licença,
perda ou extinção do mandato, sob pena do fato não se enquadrar na hipótese de
incidência prevista na norma.

V - CONCLUSÃO

Após toda a construção do raciocínio jurídico acima produzido, chega


o momento em que a questão poderá ser resolvida, tendo como pressuposto as
seguintes constatações:

a) A autoridade da Lei Orgânica do Município para o


deslinde do problema, conforme determina o
Princípio da Forma Federativa de Estado;
b) A identificação de que o Presidente da Câmara
substitui o Chefe do Executivo em razão do cargo
que exerce perante o Poder Legislativo, continuando
a ser o Presidente da Câmara;
c) O Presidente da Câmara se encontra
momentaneamente impedido de exercer as funções
legislativas e administrativas, razão pela qual é
substituído na condução da Câmara Municipal pelo
Vice-presidente;
d) O quorum da Câmara Municipal deverá ser
normalmente computado, considerando a presença
de seu presidente, nos termos do que dispõe o
artigo 162, § 3º do Regimento Interno;
e) O Presidente da Câmara não poderá se licenciar por
qualquer motivo, uma vez que o pedido de licença
culmina na suspensão do exercício da vereança,
razão pela qual caso se licencie não mais poderá
substituir a Prefeita, por não se enquadrar na
determinação do artigo 65 da Lei Orgânica do
Município.

Diante das constatações acima elencadas, verifica-se que a


convocação de suplente colocará o legislativo em flagrante descumprimento de lei,
pois a Câmara Municipal somente poderá convocar o vereador suplente
após licença ou perda ou extinção do mandato do atual Presidente da
Câmara, o que, por certo, não deverá ser feito, uma vez que eventual licença
acarretaria a suspensão do exercício da vereança e, consequentemente, do
cargo de Presidente, motivo pelo qual não poderia continuar substituindo a
Prefeita cassada.

Por todas as razoes acima expostas, conclui-se que não há


permissão legal para a convocação de suplente, havendo ao contrario, verdadeiro
óbice legal e regimental para tal atitude, motivo pelo qual esse parecerista opina
pela não convocação.

É o parecer, s.m.j.

Campos dos Goytacazes, 12 de julho de 2010.

ROBSON TADEU DE CASTRO MACIEL JÚNIOR


Advogado Inscrito na OAB/RJ n.º 141.666

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