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A QUESTKO DO PARTIDO 1, PRESSUPOSTOS METODOLOGICOS Una cbservacio sensualista-naturalista de Schiller ~de que a sensagao precede a conscigncia e nesta pricridade ' do impulso sensivel encontramos a chave de toda a histdria hu mana (1)- pode ajudar na reflexio contemporfinea sobre as xelagies do movimento socialista, como género, com o movinen- to socialistamarxista como a sua especificidade moderna e re volucionaria, fundada na revolugio tedrico-filoséfica de He - gel, Marx e Engels. ‘As lutas no sentido da igualdade, de Spartacus a ‘Thomas Mars, de Thomas Minzer & Conspiragio dos Iguais, for - jam um acimilo cultural e filoséfico que tensiona a hunanida- de no sentido do socialismo, como movimento genérico que por longo tempo foi apropriado legitimamente pelo marxismo, en - quanto revolucionario e por isso radicalmente critico. A “sensago" -o sentimento humano que vai da “preocupagao" (Kosik) 4 angistia sartreana~ 6 parte integra te da “praxis",desde que esta seja concebida com um estatuto" superior 4 stmploriedade enpirista, que a vertente dominante’ do marxismo-positivista lhe empresta. No que se refere & pos- sibilidade da igualdade social, o trajeto da subjetivaggo do movimento do homem,na histdria,é o trajeto da “sensagao" 4 racionalidade da dialética marxista, que aproxima o homem da possibilidade de "ditar" o seu futuro. 02 A “praxis” nao & uma mera relago da teoria com a pratica, "ela se articula com todo o honem eo determina na sua totalidade" (2)... “uma méquina ou um animal nfo tem medo da morte, néo sentem angiistia diante do nada, nem alegria diante da beleza" (3), “assim, a praxis compreende — -allém do momento laborative- tanbém o momento existencial: ela se manifesta tanto na atitude cbjetiva do hemem, que transfor mma A natnreza @ marca oom eontin rais, como na formagao da subjetividade humana, na qual os momentos existenciais, como a angistia, a nausea, o medo, a alegria, 0 riso e a esperanga, etc., ndo se apresentam como experiéncia passiva, mas como parte da luta pelo reconheci - mento, isto &, do processo de realizagéio da Liberdade humana" @ A superioridade do homem perante a naturalidade es tA em que o hamem @ um ser da "praxis" e se insere na sua dia 2ética constituindo valores. Esta constituigso e retengio de valores -que as vezes adormecem séculos para serem depois" resgatados- o préprio processo de humanizagéo do homem © seu transito do individual-particular (mais préximo da naturalidade) ao humano-genérico (mais distante e"senhor" da sua naturalidade originaria) . © processo de autocriagio hunana e de subordinaclo da naturalidale acs designics humanos ~infinitos moviment: do trabalho ¢ infinita variedade de "sensagées"- produz 0 ser humano com infinitas possibilidades, alternativas e con ~ quistas de valores. "Nem um s6 valor conquistaio pela humani, dade se perde de modo absoluto (...) enquanto houver hunani dade, havera também desenvolvimento axiolégico" (5). © movimento socialista 6 principalmente produto ' deste desenvolvimento axiolégico, cuja origem & o proprio pro cesso de humanizaggo do homem, constituinte e constituido de categorias axioléyicas,que compoén aquele transito infinito ' do "individual-particular" para o “humano-genérico”. © movi- mento socialista ndo 8 fruto do desenvolvimento das relagées' de produgao e sim fruto do homem histérico criador e criado ' 03 pelas relagies de produgao,pelo fato de qe o sciaisto ndo uma ‘decorrénciate sim opgdo valorativa. As relagdes de produgdo capitalistas e todas as suas consequéncias revolucionarias,no plano da filosofia, da cultura e da politica, permitem a elaborago de uma teoria particular - concreta, com as suas categorias axiolégicas minimas -o socia Vismemrxista ane quer constriirfitepia pnasiveltda sociedade! sem classes. © movimento pela "igualdade", em geral, representado pela generalidade da idéia socialista é a "sensagao", que prece de a consciéncia da alternativa particular-conereta do comnis- mo, que se dA no capitalismo europeu do século 19, através do narxismo-revolucionario. 0 marxismo revolucionario 6 que susten ta as variaveis politicas e econémicas das revolugées do século XX. O marxismo "verdadeiro" & o marxismo praticado, 0 que deman da uma profunda retomada dos seus pressupostes teSricos, para que ele seja "praticado" de outra forma. © movimento socialista e o commism, portanto, nio expressan,necessarianente,o mesmo sistera de valores e nem mes- mo constituem uma totalidade incindivel, no sd no plano histd- rico mais anplo, como tanbém na realidade particular da politi- ca moderna. A separagio do movimento socialista em "partes" con cretamente determinadas -os partidos "socialistas” e “commis tas"- aplicado o raciocinio de Hegel, seria a vitériada i- Bia socialista, 34 que a geragdo desta dialética significaria’ © préprio renascer permanente, uma negag’o-afirmaggo do proprio partido do socialismo: “Um partido $3 prova que 8 vencedor , quando, por sua vez, se dividir em dois partidos (...). Desta ' forma, o cisma que nasce dentro de um partido e que parece uma’ desgraca para ele, manifesta antes a sua sorte.” (6). Se constatarmos que o socialismo, como idéia~forca ' central do século 20 cbrigou que se pensasse o futuro da humani_ dade a partir de una das suas variaveis (seja através de uma ' politica reformista, seja através da opsio socialista-marxista) 04 daremes razio a Hegel: a questo da igualdade social 34 6 histo ricanente insuprinivel. 2. NO TRAJETO DA IDENTIDADE A separagao organica do socialism e do camunismo ' remonta a época de Lenin, Seu anadurecimento, porém, deu-se de - pois da 2a. Guera como contrapartida do stalinismo. Ja durante a Guerra,André Gide simbolizava na intelectualidade francesa ° destino desta separagSo de partidos. 0 menchevismo, que teve for, te apoio de grande parte do socialismo europeu ainda na época de Lenin, arguiu, no que refere ao trajeto provavel da Revolugio ' Russa, questées extremamente pertinentes (ver Getzler, Weissel , Mehrav, Marramao, p. 197 a 331), insinuando aquilo que Martov de noninou de um "final bonapartista da ditadura vermelha" (7) - O fato foi tragicamente confirmado com a direggo stalinista, os pro cessos de Moscou, 0 rebaixamento cultural, a instrumentalizago' das revolugées dos outros paises e sobretudo a liquidagio de qua. quer resquicio de democracia interna no POUS. A evolugio desta separacSo de partidos est coloca- da hoje mundialmente e ndo se pode dizer que os partidos comnis tas configurem uma particularidade concreta do socialism, que seja herdeira das suas melhores possibilidades. Se os partidos ' do movimento socialista, como generalidade, em regra sd0 a expre, so orginica do reformismo, nfo € menos certo, porém,. que os par tidos que se avocam a idéia socialista-marxista expressam ordina xiamente a mesma politica. i isso ocorre poryue a separayao ted- rica e orginica niio foi seguida da construgdo de um sistema de valores que se corstitulsse. com toda a radicalidade e que apanhas se' as contraposigées mais modernas das divergéncias, desde o ' conceit de democracia (do ponto de vista operario) até as ques- ‘tées ecolégicas, sociais e da vida cotidiana. A revolugao pro- letaria, na verdade, vem perdendo a sua “atualidade" e subsumin~ 0s do-se_ no plano da politica~ na maré montante da luta pelas reformas onde 0 socialismo-narxista no forjou uma referéncia se dutora. A saparagiin tefrica do eocialiam edo commnicm | transformou-se em "questao de organizagao" (..) para poderem real- mente mostrar o caminho da sua realizagao" (8), mas esta reali~ zagéo os aproxima inapelavelmente. As duas grandes vertentes ' que se expressam mundialmente, 0 socialismo-social-denocrata e © socialismo-marxista tradicional, realizam-se mais como identi- dade e menos como nio-identidade, fazendo do processo das suas negagées reciprocas uma separagiio, cujo movimento dialético re - sulta, para o socialismo-marxista,num afastanento das suas ori - gens universalizantes e para o movimento socialista numa configu ago concretamente social-democrata © expressamente pré-capita- lista. A id&ia do cammismo como projeto utdpico-concreto, que se materializa na revolugio, , hoje, __abstrago de um sujei- to Ampotente. 3. LEMBRANDO LENIN ‘Toda a sustentagio tedrica da necessidade da organi zagSio commista tem como pressuposto o fato "de que em uma for- magi social capitalista ndo poderia haver classe para si camo ' realidade, senio como projeto através da mediagao do Partido” ( 9). Esta tese foi cara a Lenin e ele pautou sua posigo,no inte- rior do processo russo,de "defender a nitida diferenctag3o orgé- nica entre a classe e 0 partido" (10). Esta separagio organica foi fundamental para com - preender as diferengas originérias das idéias centrais des parti- dos socialistas-social-democratase dos partidos socialistas-mar sistas .. A esta separacSo correspondeu, en regra.auma diferenca de avaliaco sobre a questo do poder. Na sua origem est a ques to das reformas,da revolugio e consequentemente a questo das 06 relagdes com a "ordem", a sua maior ou menor capacidade de absor ver, as reformas ou de permitir ou néo uma "evolugio socialista". A atual aproximagao, no terreno organizativo dos. dois tipos de partidos j4 se fundamenta num processo de identifi cago espontfnea no plano da politica,que possibilita um movimen mo residuo ou aparéncia. Neste contexto (d distancianento e aproximago) ocor rem ~como no poderia deixar de ser- interpenetragies recipro cas no plano politico-ideolégico. Ndo é dificil apontar alguns * partides socialistas que contém fragbes mais identificadas can o jaccbinismo leninista do que a maioria dos partidos commistas ' “tradicionais". Tal @ 0 caso do PS Uruguaio, antes do golpe mili tar naquele pais e de uma significativa frag3o do PS chileno,que até hoje se mantém como organizagao de vanguarda. HA um fio condutor inrenunciavel,no conjunto das observagies teéricas de Lenin, a respeito da questo do partido’ de vanguarda revolucionaria: no terreno organizativo est& a con- trapartida "material" da politica revoluciondria. A questo da disponibilidade da organi zag3o dos_revolucionirios, em relagao ' 205 aparatos repressivos ou potencialmente repressivos do Estado Burgués e 0 nficleo &tico e moral em que ele deve constituir~se , so os dois fundamentos que se alicergam na constatagao materia~ Lista de que o poder e a atitude da burguesia,perante a revolu - ga0,serA a da violéncia e que a maioria dos daminados permanece’ enquanto tal no curso do processo revolucionario. Ha, porém, um outro fio condutor, pseudamente leni- nista -mas na verdade de corte stalinista- que nao sdé re nunciavel, mas que nas atuais circunstancias histéricas que atra vessa a luta de classes no pais, j4 foi derrotado pela vida. Tra ta-se da normativa,extraida da realidade russa,de que o partido xevolucionario 6 pode surgir de um pequeno grupo hamogéneo de revolucionarios, cuja ago politica e desdcbramentos organizati- vos se expandem até 0 seu credenciamento perante as massas prole térias na situaco revolucionaria, 4, OS SOCIALISTAS-MARXISTAS E O PT. © aprofundanento da relagio politica dos socialistas * marxistas com o Partido dos Trabalhadores e as consequéncias de um percurso que os levam, numa mesma medida, a terem dois parti dos, @ reconhecerem a importdncia revolucionaria de anbos, 6 um fato histérico de vital importéncia para pensar-se a questo €o socialism como questo em relagio com as massas trabalhado- ras. Fensamento este que xenuncia & politica midda dos guetos' e se propie a pensar no socialisny como uma questao politica de nassas. Na verdade, ao se despirem de uma visio puramente tat cista do Pr e ao passarem a compreendé-lo como um partido de sentido estratégico no processo revolucionario brasileiro -sen tido este que concebido tanbém com una disputa- os socials tas-marxistas foram abandonando uma visio "ortodoxa" do leninis no, porém sem elaboragies tedricas suficientemente articuladas' que pudessem sustentar esta evolugao. Hoje, na verdate, os socialistas-marxistas no mais ' ‘operam politicamente como um Partido, embora alguns ainda care quem 0 "fardo" deste nome. Eles constituem arganizagies de revo lucionarios que trabalham na construggo de um partido legal, en tendendo que o seu potencial socialista depende ,efetivamente,da sua atividade politico-pratica, de outras correntes e de grupos de individuos que militam no PT, de forma mais ou menos orgini- ca. A sua primeira ~mas ndo a finica, mas imediata~ di, Ficuldade para responder a esta situagdo de extrema riqueza ‘veio da nao conpreensao do movimento estrutural da transigao e do seu significado nesta etapa do desenvolvimento capitalista ' em escala mindial. A visio catastrofista e "sem saida", que diagnosticavam até o "Plano Cruzado" -diagndstico que tinha" implicitamente como alicerce a emergéncia de uma situago revo- 08 lucionaria inconfessada- seguiram uma série de avaliagtes e ta refas de contefdo puramente tatico, &s quais niio continham e nio contém um julzo estratégico sobre a transi¢ao, scbre a importan- cla das lutas "dentro da ordem", sobre a cambinagéio das lutas no interior do Estado Burgués ,com o desenvolvimento de t&ticas ple- béias na luta de classes. Se a possibilidade da revolugio ainda existia e a tran- sigdo “naufragava", 6 evidente que a clandestinidade, o conspira tivismo, a "vanguarda comnista" 4 espera das massas proletarias ~tudo isso- permanecia como valor absoluto 4 espera do seu re~ ‘conhecimento histérico. Ao nao elaborarem uma teoria clara da transig&o, nlio po deriam aborda-la senio de forma fragnentaria, onde a politica e a organizagao tiveram o mesmo destino daquele livro de Erich ' Fromm, "Meu Encontro com Marx e Freud": um dos dois nao foi. Esta dificuldade, na verdade uma caréncia estratégica , teve a cusadia de uma resposta Limitada na incorporagio do pensa mento gramsciano na reflexdo socialista, tentando conpatibilizar a luta socialista com a complexidade da dominagao burguesa. AS grandes limitagSes que acompanharam estas reflexdes nao tiram as suas consequéncias minimamente orientadoras, nem impedem de di ~ zer que a virada tedrica os credenciou, mininanente, para inter- vir no proceso politico. A possibilidade de disputar amplanente e a inexisténcia de repressiio scbre os revolucionarios (inclusive sobre os seto ~ es da esquerda que tentam combinar a luta por reformas can a Juta revolucionaria) foi gradativamente tirando a importincia da “clandestinidade". Esta, que deveria traduzir-se, hoje, na aten- so com estruturas preventivas, coma autodefesa em circunstn ~ clas especiais e com um sério trabalho de informag3o e contra-in formag3o, passou a ser uma clandestinidade sem qualquer finalida 0 para o conjunto das organizagdes, cujas atividades reais sao ‘jampridas na verdade con tendéncia do Partido dos Trabalhadores © que hoje todos sio efetivanente. 09 5. UMA POLITICA EM ANDAMENTO A postura das organizagées, de inclusive no ter como ' politica falar em seu nome, mesmo a grupos reduzides de trabalha dores sem partido; de no editar posigdes préprias através de materiais piblicos, ainda que de circulago em setores minorita- sus de masses; algunas, de adicar dus seus jurnais levais 7 outras de determinar que os seus porta-vozes se recolhessen também de orientar que os seus militantes que integram drgéios de diregao do PI deduzissem publicamente apenas as posigées do PT ; toda esta gama de medidas traduziu o curso de uma orientagio au- todissolvente, que paulatinamente e de forma sucessiva decre - tou a mudanga completa das experiéncias organizativas que no Jevassem em conta o reconhecimento do PT como partido, mesmo por qe a influéncia de algumas posigées socialistas-marxistas se a, 20 invés de se reduzir,e fortaleceV 0 PT, o que era sem diivida, tanbém um cbjetivo. Aaquilo que deveria ser uma mediacio -o relacionamento das organizagies con o PIL passou a adguirir importancia estra tégica, passou a sufocar a propria existéncla das organizagées , 3 que © paroxismo da cautela passou a ser a norma que sufoca a" possibilidade de que as organizagées construam as suas proprias' nediagées para dirigir-se mesmo a una minoria de massas mais a~ vangadas para efetivar uma disputa sobre a prépria questéo do commismo. Discutir os destinos destas organizacées, hoje, @ discutir, na verdade, um destino j realizado. As organizagGes" socialistas-marxistas que se opunham 40 cunho burocrético-refor- mista dos PCs (que inclusive contam no seu interior com corren - tes e individuos “inquietos” teoricamente e revolucionfrios na politica) voltaram ao leito de um movimento socialista genérico que,aqui no Brasil, tem extraordinaria vitalidade politica e um verdadeiro potencial revolucionario. Esta situagdo exige dos socialistas-marxistas uma teo ~ ria nova sobre a luta pelo Partido, referencial da revolugao bra sileira, a qual, se ndo contar com a disputa pelos rumos do PT , sera a retomada de uma teoria que foi derrotada pela vida. 6. EM TORNO DO PRESENTE Queiramcs ou ndo -e alias a mioria dos soctalistas- marxistas quiseram e lutam para isso- 0 Partido dos Trabalha~ doves impietrse como um partido de cardter nacional, de esquer— da, identificado perante as massas como um partido de luta pelo socialismo, que tem um contingente de militantes de boa qualifii caro politica e que tem o apoio de grandes contingentes de mas sas, das "camadas nédias", do proletariaio e do campesinato Sem tirar a importéncia que os PCs tiveram em nossa histéria,pe Ja primeira vez rompe-se em escala nacional e em regides estra- tégicas os anéis da manipulagio politica e daminaglo ideolégica a que estavam submetidos vastos setores do povo. A espontaneida de apanhada pelo honem pode qualificar~se camo organicidade e como sujeito consciente. Com um vasto arco polftico-ideolégico (que vai da ex ~ ‘trema esquerda essencialista e do anarquismo ao social-democra- tismo e ao sindicalismo "puro") o PT reflete, de certa forma, to da a heranga da esquerda revoluciondria e reformista, que néo ' Se adequou & tradig&o dognitica dos PCs. Mesmo cam essa diversi dade 0 PY & um Partido e nio uma federago de organizagées. Ele funciona com uma politica razcavelmente centralizada, conta com &rgios de direg3o e um direito interno legitimados e nfo consti, tui sua linha de intervengio pelo "respeito" & politicae as ‘concepgies de grupos, mas o faz através de um processo democra- tico interno, que funciona minimamente e incide sobre o conjunto da sua militéncia permanente. Bolas caraclerisLicas alcangadas pelo Pf prefiguraram se, principalmente, a partir das eleigdes de 86, quando o espec tro da sua expressiio politica pressionou suas insténcias de di- reg&io, que trataram de funcionar com maior capacidade de coesio © de centralizagéo. Embora anbiguas e reformistas (por estabeleceren uma confustio entre um programa para a disputa presidencial e os ob- n Jetivos de uma "democracia popular") as decisdes do V Encontro funcionaram como um referencial para o debate das diversas posi, Ses intermas ao Partido, o que ajudou a qualificar a interven- gdo politica do Pr. Estamos, pois, perante uma situagao histérica configu- rada e estével, onde um Partido nitidamente de esquerda com ba~ se de massas e avocando-se a condigdo de socialista, reivindica se como um partido do campo da revolugéo e nio se avoca, preli- minanmente, como defensor de meios "dentro da orden". As situagtes andlogas que poderiam ser referidas, 530 ada social-democracia alend no perfodo que precede a la. Guer~ rae a do Partido Socialista Chileno, nas eleigies que precede- xam a vitéria de Allende. im relago ao PI’, no ha, pois, meio’ termo, ou ele 6 assumido com Partido, com todas as conseguén - clas desta posicio, ou seja, @ assimido para que se efetive uma Gisputa scbre os seus rumos reconhecentio hoje a cisio concreta’ q@ue_se_coloca, historicamente, entre o movimento socialista co- re lidade ebstrata © a cryentzacio commista como ridade concreta, ou se vai para o velho gueto, onde, chefos de razdes e "teorias" a esquerda marxista ficara & margem da estra da. Tal conclusiio néo pressupSe que a luta dos socialistas, marxistas no permanega,inclusive no terreno organizativo, como una luta particular concreta. Suas formas de organizagSo, paréy devem inclinar-se perante esta realidade incontornével: a1 se esgota a luta para que o PI se torne, em todas as dimensdes, um partido socialista e revolucionario de massas, com um forte e nunericanente significativo contingente socialista-marxista em seu interior, on os socialistas-mancistas Ficardn de fora daqni_ Jo que é a primeira experiéncia socialista de massas, do moder- no Brasil capitalista. (1) SCHILLER, J.C. Friedrich, La Bducacion Estetica del Honbre, Bditorial Arte ¥ Literatura, 1984, Habana, p. 15. (2) KOSIK, Karel. Dialética do Concreto, Paz e Terra, 2a. edi - Ho, 1976, Rio de Janeiro, p. 202. (3) Tid, p. 203 (4) Ibid. p. 204 (5) HELLER, Agnes. 0 Cotidiano e a Histéria, Paz e Terra, 2a. e- digao, 1985, p. 10. (6) D'HONDT, Jacques. Hegel e o Hegelianismo, Editorial Inquéri to Limitada, Lisboa, p. 47/48. (7) GETZLER, Israel. Martov e os mencheviques antes e depois da zevolucie, in INSTORIA DO MATTEO, Paz e Terra, 1985, p. ‘ aul. (8) WKACS, Georg. Teoria do Partido Revolucionfrio, Cadernes * de Formagio Marxista, Brasil Debates, p. 41. (3) LOXEMBURG, Rosa. Problemas de organizacién de la socialdemo cracia rusa, in TBORIA MARKISTA DEL PARTIDO POLITICO 11,PYP, MExico, 1978, p. 41. (10) GaNRO FTLHO,Adelmo. Contra o socialismo legalista, Ba. ' ‘Tch8!, 1987, p. 102.

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