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Todo organismo na natureza tem que ser capaz de sintetizar os compostos químicos
necessários para fazer funcionar, manter e reproduzir os blocos elementares da sua
estrutura, as células. Na presente unidade será abordado o estudo dos compostos
químicos predominantes nas células, suas propriedades físico-químicas, bem como
suas funções e utilidades.
Até o século XIX acreditava-se que os animais continham uma Força Vital – animus –
que seria responsável por todas as suas características especiais, como a coragem,
valores, arrojo, etc. Uma força intimamente ligada ao corpo físico, com a propriedade
de transmitir vida à matéria inerte.
Hoje se sabe que não há nada nos seres vivos que desobedeça às leis da química e
da física. Entretanto, a química da vida é, de fato, muito especial segundo quatro
principais aspectos:
1) Ela é baseada principalmente em compostos de carbono, cujo estudo é conhecido
como química orgânica.
2) Ela depende quase que exclusivamente das reações químicas que ocorrem em
soluções aquosas dentro de uma faixa de temperatura relativamente estreita, à qual a
Terra é submetida.
3) Ela é normalmente complexa, mesmo os mais simples organismos têm uma
química muito mais complexa que qualquer outro sistema químico conhecido.
4) Ela é dominada e coordenada por moléculas poliméricas, formadas por
subunidades de compostos químicos ligados entre si por suas extremidades, com
propriedades específicas que permitem aos organismos crescer, reproduzir-se e
manifestar todos os comportamentos característicos da vida.
As células vivas são constituídas por compostos poliméricos de alto peso molecular,
assim como proteínas, ácidos nucléicos, polissacarídeos, lipídeos e outra gama de
materiais (gorduras, poliidroxibutirato, glicogênio). Esses biomateriais constituem a
maior porção dos elementos estruturais de uma célula viva. Por exemplo, uma típica
parede celular bacteriana é composta por polissacarídeos, proteínas e lipídeos; células
citoplasmáticas contêm proteínas principalmente na forma de enzimas catalíticas e,
organismos eucariotos têm o núcleo de suas células formado por ácidos nucléicos,
sobretudo na forma de DNA. Além destes polímeros, as células contêm outros
metabólitos na forma de sais inorgânicos (Ex. NH4+, PO4-3, K+, Ca+2, Na+, SO4-2),
metabólitos intermediários (piruvato, acetato) e vitaminas. A composição elementar de
uma típica célula bacteriana é de 50% carbono, 20% oxigênio, 14% nitrogênio, 8%
hidrogênio, 3% fósforo, 1% enxofre, e em menor quantidade de K+, Ca+2, Na+, Mg+2,
Cl, e vitaminas (Figura 2.1).
Proteínas são as moléculas orgânicas mais abundantes dentro de uma célula viva,
compreendendo cerca de 40 a 70% da massa seca total da célula. Proteínas são
polímeros feitos a partir de monômeros de aminoácidos. Tipicamente, elas possuem
peso molecular de 6.000 podendo chegar a várias centenas de milhares.
Os aminoácidos são como blocos para a construção das proteínas e é composto pelo
menos por um grupo carboxila, de característica ácida, e um grupo amina, de
característica básica, diferindo um dos outros pela estrutura de seus grupos-R ou
cadeias laterais.
carbono-α
Os aminoácidos têm sua porção ácida (-COOH) e seu grupo básico (-NH2). O grupo
ácido é neutro em pH baixo (-COOH) e negativamente alterado quando em baixo pH (-
COO-). Em valores intermediários de pH os aminoácidos tem grupos carregados
positiva e negativamente, sendo então dipolares. Moléculas dipolares são chamadas
de dipolo.
A estrutura tridimensional de uma proteína pode ser descrita sob quatro diferentes
níveis (Figura 2.9):
artificiais.
A amilose é caracterizada
por ser insolúvel a água e
constitui cerca de 20% de
uma molécula de amido.
O componente mais abundante na maioria dos lipídeos são os ácidos graxos, que são
formados por hidrocarbonetos de cadeia longa (hidrofóbicos), com um grupo carboxila
no final (hidrofílico). Um ácido graxo típico pode ser representado por
A lista com os ácidos graxos mais comuns é mostrada na Tabela 2.3. A cadeia de
hidrocarbonetos de um ácido graxo é hidrofóbica (insolúvel em água), mas o grupo
carboxila é hidrofílico (solúvel em água).
Gorduras são ésteres de ácidos graxos com glicerol. A formação de uma molécula de
gordura pode ser representada segundo a reação:
Os fosfoglicerídeos têm uma estrutura familiar ao das gorduras, com uma única
diferença, o ácido fosfórico substitui o ácido graxo e é esterificado á glicerol.
Membranas biológicas contêm fosfolipídios e outros lipídios polares.
Outra classe de lipídios que tem uma grande importância tecnológica são os
poliidroxialcanos. Em particular o poliidroxibutirato (PHB) é de interesse tecnológico,
pois pode ser usado para formar uma folha polimérica limpa e biodegradável. Em
algumas células o PHB é formado como um produto de reserva energética.
Nucleotídeos são os blocos que constroem o DNA e o RNA e ainda servem como
moléculas de reserva energética e agentes redutores. Os três maiores componentes
de todos os nucleotídeos são o ácido fosfórico, pentose (ribose ou desoxirribose), e a
base (purina ou pirimidina). A Figura 4.1 retrata a estrutura dos nucleotídeos e as
bases purinas e pirimidinas. Duas das principais purinas presentes nos nucleotídeos
são adenina (A) e guanina (G), e as três principais pirimidinas são timina (T), citosina
(C) e uracila (U). Ácidos desoxirribonucléicos (DNA) contêm as bases A, T, G e C, e
ácidos ribonucléicos (RNA) contém as bases A, U, G e C. Esta é a seqüência base do
DNA que carrega a informação genética para a síntese de proteínas.
Na unidade seguinte iremos discutir mais detalhadamente a via dos nucleotídeos na
energética celular. Os trifosfatos da adenosina, e com uma menor extensão os da
guanosina são as principais moedas energéticas de uma célula. As pontes de fosfato
no ATP (adenosina trifosfato) e GTP (guanosina trifosfato) são ligações de alta
energia. A formação destas ligações de fosfato ou sua hidrólise é o primeiro meio pelo
qual a energia celular é armazenada ou utilizada. Por exemplo, a síntese de um
composto que é termodinamicamente desfavorável pode ser acoplada a hidrólise do
ATP à ADP (difosfato) ou AMP (monofosfato). A reação acoplada pode ocorrer em
uma amplitude muito maior desde que a diferença de energia livre (∆G) venha a ser
mais negativa. Em reações que liberam energia (por exemplo, oxidação de um
açúcar), a energia é capturada e armazenada para a formação de uma ligação de
fosfato em uma reação acoplada onde o ADP é convertido a ATP.
Além de ser uma via importante na energética celular, os nucleotídeos são importantes
monômeros. Os polinucleotídeos (DNA e RNA) são formados pela condensação de
nucleotídeos. Os nucleotídeos são unidos pelos carbonos 3’ e 5’ dos anéis de
açucares sucessivos por ligações fosfodiéster. As estruturas do DNA e RNA são
mostradas na figura 4.2.
2.6.1 DNA
3. As duas cadeias são mantidas unidas por ligações de hidrogênio entre os pares de
bases. Adenina sempre se pareia com timina (duas ligações de H); guanina sempre se
pareia com citosina (três ligações de H). Esta característica é essencial para a função
genética do DNA.
2.6.2 RNA
A principal função do DNA é carregar a informação genética nas seqüências das
bases. A informação genética do DNA é transcrita para moléculas de RNA e
traduzidas na síntese protéica. Os moldes para síntese do RNA são moléculas de
DNA, e as moléculas de RNA são moldes para a síntese protéica. A formação de
moléculas de RNA a partir do DNA é conhecida como transcrição, e a formação de
peptídeos e proteínas a partir do RNA é chamada de tradução.
A maioria dos produtos formados por organismos é produzida como resultado de sua
resposta às condições ambientais, como nutrientes, hormônios de crescimento e íons.
As necessidades nutricionais qualitativas e quantitativas das células são determinadas
para otimizar o crescimento e a formação de produtos. Os nutrientes requeridos pelas
células podem ser classificados em duas categorias:
2.7.1 Macronutrientes
1. Os elementos traço mais amplamente requeridos são Fe, Zn e Mn. O ferro (Fe) está
presente na ferredoxina e no citocromo e é um importante cofator. Ferro ainda age em
vias regulatórias de alguns processos fermentativos (e.g. deficiência de ferro é
necessária para a excreção da riboflavina pela Ashbya gosypii e a concentração de
ferro regula a produção de penicilina pelo Penicillium chysogenum). Zinco (Zn) é um
cofator para algumas enzimas e também regula algumas fermentações como a da
penicilina. O manganês (Mn) é também um cofator para algumas enzimas e faz a
regulação do metabolismo secundário e a excreção de metabólitos primários.
3. Elementos traço que são raramente requeridos são B, Al, Si, Cr, V, Sn, Be, F, Ti,
Ga, Ge, Br, Zr, W, Li e I. Estes elementos são necessários em concentrações menores
que 10-6 M e tóxicos a altas concentrações, como 10-4 M.
Alguns íons como Mg2+, Fe3+, e PO43- podem precipitar no meio nutritivo e se tornarem
indisponíveis para a célula. Agentes quelantes são usados para formar compostos
solúveis com íons precipitantes. Agentes quelantes contém certos grupos
denominados ligantes que se ligam a íons metálicos para formar complexos solúveis.
Os principais ligantes são grupos carboxila (-COOH), amina (-NH2), e mercapto (-SH).
Ácido cítrico, EDTA (ácido etilenodiaminotetraacético), polifosfatos, histidina, tirosina e
cisteína são os agentes quelantes utilizados mais comuns. Na2EDTA é o agente
quelante mais empregado. O EDTA pode remover alguns componentes de íons
metálicos da parede celular, como Ca2+, Mg2+ e Zn2+ e pode causar a desintegração da
parede celular. O ácido cítrico é metabolizado por algumas bactérias. Os agentes
quelantes são adicionados ao meio de cultura em concentrações muito baixas (por
exemplo, 1mM).
http://www.biology.arizona.edu/biochemistry/biochemistry.html