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O imaginrio e os alimentos
O cru e o cozido
Os povos bizarros e selvagens que vivem Oriente do mundo cristo so vistos pelos
enciclopedistas como comedores ferozes "que se alimentam de carne humana ou de animais
crus", escreve Honorius Augustodunensis no sculo XII. Na ndia, ainda segundo ele, certas
pessoas cozinham assim seus pais idosos, enquanto outros "comem os peixes crus de
verdade e bebem gua salgada do mar". Cru tambm a dieta dos cavaleiros que se
tornaram loucos e foram entregues prpria sorte na floresta que, assim como o Oriente,
um depsito de fantasmas e de medos para a Idade Mdia.
A carne abundante nas mesas dos sculos XIV e XV. Consideram-na como a fonte
de toda a fora e tambm de todo o mal. o alimento de referncia para os senhores
feudais, que reservam a si, em propores cada vez maiores, o resultado da caa, e que
consomem muitos animais de matadouro ou de galinheiro. Mas, aos olhos dos telogos, a
carne pode acalorar o comensal e assim conduzi-lo luxria. "A carne alimentada de
carnes", j declarava um bispo da Alta Idade Mdia.
"Antes que o rio entre no Egito, as pessoas que tm esse hbito jogam suas bolsas
abertas no rio, noite, e, quando chega a manh, nelas encontram essas mercadorias
vendidas a peso e para c trazidas, isto , gengibre, ruibarbo, madeira de alo e canela. E
diz-se que essas coisas vm do paraso terrestre, onde o vento as faz cair das rvores, do
mesmo modo que faz cair o galho seco nas florestas de nossas regies."
Colheitas fantsticas
Os alimentos da fome
Alm dos limites dos campos e dos jardins, os bosques, prados, matagais e cursos
d'gua ofereciam produtos para colheita, caa e pesca. Mas os senhores rurais acumulavam
restries a seu uso: as florestas so transformadas em reservas de caa e as represas dos
rios formam lagos onde os peixes so objetos de uma explorao racional e intensiva.