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as Pablico-Privadas (sbdp/Direito GVMalheiros Eto = Coord, CaRL0s Aki SUNDFELD » Sto Paulo, 2ed., ia da Lei 8.987/1995 (Parte Navara Paavo Estatuto da Cidade (sbdp/Malheiros Editores, Si Paulo, 3° ed, 2010) ~ Cords. “Abilson Ase DaLLatte Sexaio Fenea? STE? (sbdp/Malheivos Ei POS) Cgy. Into m. Coureaa Anak Vane Econdmico (sbdp/Malheiros Editores, Sio Paul ~ Coord. Cantos Art SUNDFELD Ped. 38tir, 9.78411999 ¢ Lei Paulista ed 2* tir 2006) ~ Coors 2 (shdpiMalheiros Editores, Canvas ARI SUNDFELD © Cassio Coord. Atuais(sbapIMalheiros Editore, 2003) ~ Coords. Cassio Scasvineita BUENO © PrDxo PAULO De ra (Artigo 68 do ADCT. ‘Cultural Palmares/Ministério da Egbhee sbdp CARLOS ARI SUNDFELD DIREITO ADMINISTRATIVO PARA CETICOS LHEIROS ITORES HI! Hi os DikEiroay Capitulo 3 PRINCIPIO E PREGUICA? 7.8. Jogos de ‘armas de espertos ‘as para aplicar prinet. es. 12. Mas cabe ans isprude ial. 14. compeséncia judi sao de compet ios. II. Nem sempre a competéncia ¢ dos jt 16.0 poder que a lei delega a tomar do legistador. 17° O dnus da compe- ‘encia nos conflites distributivas. 18. Caso en que 0 ‘Pecialnente responsdvel. 19. Aten eis de mi Usando principios para néo deci ‘principios para ignorar a lei, 23. Os 1. Contra a farra dos principios ipios vagos podem justificar qualquer decisio. 0 € opor-se a essa deterioragao da qualidade do res, 2012). © pres eles se contrapoe. A PRINCIPIO EPREGUICA? 6 © profissional do Direito, ao construir solugSes para os caso: tem um dever analitico. Nao bastam boas intengdes, nao basta intui ‘do, néio basta invocar ¢ elogiar prinejpios; é preciso respeitar o espa- 0 de cada instituigao, comparar normas e opgdes, estudar causas e consequéncias, ponderar as vantagens e desvantagens. Do contréirio viveremos no mundo da arbitrariedade, nao do Direito, Opondo-se & maré, este artigo sustenta a tese de que, ao deliberar com base em textos normativos de extrema indeterminagio (em prin- cfpios), 0 juiz tem de suportar 0 dnus da competéncia e 0 onus do regulador ade Como néio hé fundamento algum para a presungio absoh que € do Judiciétio, e néo de outros 6rgdos, a competéneia para c x tuir solugGes juridicas especfficas a partir de principios, sua interven- tio em cada caso depende de elementos especiais de ordem institucio- nal que a justifiquem, € eles tém de ser identificados pela decisio (nus da competéncia). Ademais, a simples pertinéncia do principio ao caso nao é bastan- te para justificar a soluco especifica, sendo indi vel formular de modo explicito a regra geral que se vai aplicar,justificando-a com lise profunda das alternativas existentes, de seus custos e, ainda, de seus possiveis efeitos positivos e negativos (Gus do regulador). 2. Princtpios: indeterminagao normativa extrema Na cidade de Sio Paulo, ao se resolver acabar com a pol visual publicitéria, a “Lei Cidade Limpa”, apés menciot fusas como o direito nara erescent sfisticagao, usando opretexto eo charme da teoria que além de puro vol 10>A. ADMINISTNTH RA CETICDS tos privados custeiem obras vidrias para compensar seu impacto no. irinsito: “Quando a implantagio de um empreendimento particular determinar a necessidade de execuyo de obras ou servigos relaciona- hipstese Mas a aparéncia € enganosa. O fato descr preciso que 0 outro. Dizer se aluo &, ou m io é incomparavelmente menos polémica que avaliar se o novo edificio exige, ow ni, intervengées visrias, e estabelecer sua dimen- sto, Eim virtude do elevado niimero de interrogagdes sem resposta. 0 segundo preceito tem tum grat de indeterminagio bem maior 4 primeiro. Quando se ose dh E por que se indeter referi de trai de normativo das singelas hg menos texto, hit menos el 10611988, principio", mas logicamente equilibrado") ou outro qu damento” da Repubblica)” 3. Como achar normas dentro de principios? Por convenggio, chamamos de principios textos que somos leva niio nos revela a norma que supostamente & Debates: sobre pr este exemplo: “a satide € direito de todos ¢ dever do jos so travados quase sem texto (como istaclo™. |< mesmo, aqucla frase € anosma (ond pata © probiema de saber que prestay do 2 fornee ‘Quem nistrador po gado a fe wera “declaregao de prine encontrar as 4. Principios que sito normas principais sgerais” 0 rativo, do tributario, do 5. capa o DIREITO ADMINISTRATIVO PARA CETICOS go aderiu, ao prever prinefpios da Administra- que se est querendo destacar nao é a indeterminago, mas a importincia da norma, Nessa linha, os administrativistas louvam o “principio da motiva- iio” para falar de exigéncia bem especifica, nada indeterminada: os ivos, para serem vilidos, devem ter uma exposiglio formal de motivos. E principio por ser relevante (principal), no por ” siio mesmo formulagées io do interesse publi icas quanto ao rigor na invalidagiio de ‘gdes por vicios formais) Quando se diz, entre publicistas, que os prinefpios t&m prece- déncia, ou que so mais relevantes que as regras, nfo se estd refe- de extrema indeterminagao, mas importantes (as normas principais; os prine{pios) siio mais portantes que © menos importantes (as normas secundérias; as re~ ras), de modo que se hes deve dar a importancia que tm (mais i ci de controle da Administea- sto. ‘norma principal”. E um exem- PRINCIMIO E PREGUICA? “ 5. Voltando aos princtpios que sao normas iniciais ), para poderem funcionar. Neste t6pico estou tentando conhecé-las um pouco m \efpios nfo precisam necessariamente ser es que, claro, se esteja disposto a adr normas de outra origem. Em comparagaio com os principios escritos, os no escritos em io suplementar de sua identificagHo, mas esse igares-comuns, aos quais no vale mt Ninguém tem grande disposicao para negar que seguran- «a, boa-fé € proporcionalidade sejam prin mesmo sem lei!” No STF, que usa com frequéncia a seguranga juridica como fun- to de suas decisdes (por exemplo: para manter em seus cargos RATIVO PARA CETICOS: Na discussao de cfpios ocultos 1s em Direito também tém seu papel os prin- ‘Sio princfpios cu ‘a ordem da Politica, da Be tas — embora niJo s6 por eles -mativos, mesmo sem serem apresentadas com nome de “prinet- pios juridico OSTFem teny ade de restrigées a igo 1 divertida lépide pelo Prefeit ‘ow a repressio de prosti jo Paulo, por obra de um delegad arbi- prevendo um poder geral de parler sobre as pessoas, para e Textos ocos podem se. existindo pritica e consenso anteriores em tor vos que iverem de acc veer norma a ver com © cleo B PREGUICA? 14 palavra mais exata que no ambi “quilombos™? 1c do Dircito, pritica e consenso ante © reguladores se cdindo «que a vida dos ju re gerar novidades, in ea gragal oda dos princiyios no direito piblico em pr neipios no di Ses prin -ipais. 7. Por que hé tanta inde Ha como ~ € por ¢ os 6 DIREITO ADMINISTRATIVO PARA CETICOS indeterminagées nos textos, pois hé razdes cla- ras para adoté-las. A “Lei Cidade Limpa”, que mencionei no infcio deste texto, veio 4 proposta original do Executivo foi aprovada ios nos imSveis foram proibidos ~ ¢ isso sim- os. © 05 antincios py plesmente porque se quis e se pode proil Mas o que se ter querido com a outra nei, a que exige 0 pagamento de obras visi lo? E impossivel diz8-lo com exatidao: ela langou muitas per- guntas e as deixou sem enfrentar —e isso certamente para acomodat, no texto, interesses antag6nicos. ‘Indores usam muito essa técnica de misturar claros ¢ es- de modo muito incompleto, por meio de cl indeterminagao, em formulages como motivo hist6rico principal dessas indeterminagées todas talver Idade prt inte fazer redagdes mais varios assuntos espinhosos a linguagem da a vida nem o PRINCIPIO & PREGUICA? @ que casos € importante igualar pessoas? Que fatores podem justifi- cat diferenciagées? Que graus de diferenciagio so aceitaveis? O texto nifo responde a nada disso. Claro, respostas podem ser cons- de decisées dificeis. 8. Jogos de poder em torno de principios ia © poder cons isas para realizar seu: Quem tem influé dos consegue obter do resses. J4, 08 poderes em formagao se valem da indeterminago normativa como uma arma na luta pela afirmagdo. Os preceitos da rica Petrobris e dos frégeis quilombolas mostram isso com nitidez: para a empresa, uma norma bem precisa; para os outros, palavras vagas. exemplo de “upar espacos, ia a substituigao de ums antiga lei, membros da eorporacao para que a nova re- dagiio passasse a punir, como “ato de improbidade administrative”, a wing dos ever hhonestidade, imparcialidade, legalidade e leal- ragio contra agentes puiblicos, sempre di imprensa, em busca de apoio da opinio py gies do sistema. Elas siio necessérias aos jogos de sociedade. 20. Lei federal 8.42 “ prinefpios da admis 0 DIREFTO ADMIN DPARAC u PRINC Combater a edigio de cléusulas nor cterminadas ou 10. Divisio de competéncias para aplicar princtpios combater sta ampla utilizaco como fundamento de decisses concte- tas so posigdes possfveis, com seus fortes ¢ fracos — que podem, claro, ser defendidas com argumentos Kigicos Acmunci to da Rept tuito de gua a0 Agua e dignidad de uma regra de er “0808 Asieape jade da pessoa humana” como fundamen- para dar direito ao abastecimento gf spar alguna relagio entre uso de basta pars firmer a existéncia 9. Principios como armas de espertos ¢ de preg Ke do proprio texto . ormativo consi indeterminag no pods ser superada Uircaticonn fei aera Ba polo Eales de, i as noreniliaied Prive ab tieuicietéa processos, prinefpios serem usados com muita frequencia. O proble- Te ae te ea esforgo criador. Logo. ma ni esta neles, mas na comodidacle que podem oferecer para os eugene tat t ro & pergunta : com es a espertas € para os preguigosos. formulada. 0 oport suas dividas, ta, cujo interesse é adiar eter foca em jufzo apenas 0 pi nente 0 pagamento de como os meiro hi réncias mi esperto, de «le sua pretensiio didvida so: humana em 0s jufzes 3 de seus, lade de ympeténcias a superii pertos © preguigosos sempre existiri teza fique oc em qualquer extrapolar 0s ti ificar seus te é um modo indire- tex ele seus advo: 2 DIREITO ADMINISTRATIVO PARA CETICOS Ardem juridica ampliou-se gigantescamente, ¢ passou a distri- buir direitos de modo indeterminado e aberto. Ela nio se em algum passado, a atribuir e proteger direitos especificos confetir, a grupos € pessoas, direitos em construcdo. Parte importante da ordem juridica atual se dirige ao | blico € 4 OJudicidrio tem, claro, =) ses das autoridades legi K 12, Mas cabe aos proprios juizes a autolimitagao E qual deve ser 0 papel do Judicidrio na ordem jut porines? Qi igo € as leis 0 dizem com regras, mas sobretudo com principios!”* E perturbador: cabe ao pr6 interpretando esses textos, a autodefinigo ¢ a autolimitagio! A maior ou menor disposigio dos juizes para usar prin ‘mo base de dlecisfio tem a ver com o papel politico que, em cada potese, escolherem para si, nZo somente com questdes de racio: leterminado tem, ou nfo, valor norm: deve ser jo, vale pouco argumentar com teo! > mais priticos: medem as dificuldades de decidir e de jus! lumbram as consequéncias do que vio fazer. s. Juizes sfio are vis- gue leva suposicao de q cia ecnipotencia, PriNctrio £ PREGUICA? a “O que precisar igir deles 6 a revelagio sincera do que os move ¢ 0 permanente aprofundamento de sua andlise, normas gerais novas para suprir omissGes do legislador; néio podem administrar;* e os jufzes nfo podem impor prestagées positivas ao Estado com base em normas programéticas.” Atos adminis. vente pode voltar & dda presungao de validade (ou le- s, Envolve uma postura de autoconten- ‘um reconhecimento da preferéncia dos Podetes democraticamente mentagio legislativa, ao conirrio de outras,autoexe Distinguir uma catego ju uma fonte de debates. Atualmente a prépria expressio jo fora de moda, embora a cia por tris dela normas pr nue relativamente presente. DIREITO ADMINISTRATIVO PARA CETICOS reito outras diretrizes, que so meras ilust 44.4 competéncia judicial para aplicar principios néo sv presume © que quero suste 8 ito piiblico, os fpios, o primeiro ¢ © a, que considere a nece: ‘menos, segundo a tatais. A motivagaio deve, a cade vea, ser elementos especi 4 fm suma, compcténcia. © mus de legitimar a pré Meu argumento € que pi ervengéo judicial io de pr Hes que ento de sua pe 16.00 poder que a lei delega ao juts » poder que o juiz quer tomar do legislador jo da competéneci 1s nfo pode ser dada por 8. CE art. 31.9 6 CC. 927, par 10 ADMINISTRATIVO PARA CETICOS “erradicar a pobreza” € 0 resposta razodvel & que, néio na necessidade do bem pi (Como a propried: com base em pri parega melhor. A diferenga caso da responsal ha indeterminago das normas: ambas sio vagas. Qt sobre responsabilidade a partir de um ¥¢ um principio para construir um regime surpando a funcio do legislador. 17.0 énus da competéncia nos conflitos distributivos Em alguns temas juizes tém adotado postura bastante a ‘Vale por todos o exemplo das ages, ajuizadas em nome do ia para ampliar a iHa & essencial que também reflitam sobre os pot is efeitos negativos de sua intervengio na matéri 18. Caso em que 0 Judiciério é especialmente responsdvel O STF, invocar algemas quando, entre 0 itude do uso de 8, no estiver “jus- 33. CF, art. 3°, UL Ele interferiu no assunto por entender muito perigoso para o P: ‘0 costume policial de constranger com algemas e por suspeitar que 0 'vo, por conta do “clamor popular” contra os “bandidos”, ja- nesta hipétese, a atitude do Tribunal de criar slativas a respeito, sem se aferrar a uma visio intervengao era o fato de caber a0 lidade tltima pelas prises efetuadas pela Polf- ~ fazendo sentido, em fungao disso, que produzisse alguma nor- ivo s sistemiticos) e do Legislativo (falha eficdcia de direito fundamental) tuagdes do género, a Corte competéncia, explicando (falha em corrigir abusos p em editar norma indispensdvel saber qual seré sua visio ticar seus critérios, nao teremos como controlé-los. regras que produzirio. normas precisas € uma Fotografias. Ni is Sempre diriio 0 contrério, por razies mais ou ‘© amianto eta, incot lo, mesmo impli as autoridades j menos Sbvias. O STF, ao decidir q logo explicou que isso e VO se retine paua diver ie : em fo rever sua jut de armas, por exemp| goes - em tese pode i « DIREFTO ADMINISTRATIVO PARA CETICOS Dias depois, o Juiz reconhece a “evidente contradigo” em que andou caindo, ora dizendo uma coisa € depois o oposto. E ai escothe uma das opinides que defendera (a tltima) ssa sintética e surpreendente frase: na quanto a punigdo $6 de que haveria unanimi nfo € verdadeiro, segundo porque o préprio Juiz era exemplo da fal- ta dev idade, pois nao conseguia chegar a um acordo sequer consigo mesmo, $4 Este caso é mais um, dentre uma infi tros, em que o texto da motivagao da decisio judicial é muito frégil e, assim, gera a * asso de que processos podem ser julgados de modo bem super- i Mas o que interessa destacar aqui no é tanto esse problema, que & bem conhecido, e sim que'o uso retérico de pri : vem sendo um elemento fac coragem de refutar, ¢ muita gente se sente conelusdes bem concretas apenas recitando férmulas de preferéncia muitas delas ~ como se ei 'vagbes € discussdes que ficam nesse plano de -ntes para concluses coneretas. A razio 6

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