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Jp catvno bt sousa onceito e Natureza i da jociedade Politica 1.8 PARTE A SOCIEDADE POLITICA, SEUS ELEMEN. TOS COMPONENTES E PRINCIPAIS ‘CARACTERISTICOS ‘As expressOes “sociedade politica” “sociedade civil” se equivalem na ctimologia: “politica", de POLIS; “civil”, de CIVITAS. A palavea origin’- fia, grega ou latina, tem a mesma signifiagio: Cidade, designando nio 2 URBS, mas 3 comunidade ‘organizada policamente, ito é 0 que hoje chama- mos de Estado (1). Para decerminar exatamente © conceito © 3 a3- tuceza da sociedade politica, lembremos antes de mais ‘nada 0 conceito de sociedade em gota. Em primiro lugar, 0 fim: pos como nos sina 2 filossfia fin € prmvca das caus.” Reaparer feequentemente aa Linguagemn dos ertores de boje ttm expeestio muito antiga dat mais sugeivas para Indicar o fim, 2 razdo de ser de qualquer soce- dade: 0 ber coon Sociedade Euma cennifo de pesons, quer dizer de seres racionais."Tornow se lise + dfinigio de jesoa formulads por Botcio, oflsnofo que, no c= Gre, procarava 4 conselgio da Filosofia para bala. tnizar seus sofvimentos. (Pasoa} ccevia Boéeo. ‘ma substnciaindridoal de natueza tadonal, 36 {te pessoas hi sodedads, Os anima gepiies,co- fo a8 abebas ou os castores, nfo consitaem veda {sca soiedad, pos The fale @ conbecimento do fim Socal ea colaborarfe voluntiia paca aleanc-lo (2) ‘Chegamos astm 2 tesco elemento de toda ciedade: a nito moral, quer dizer resltante da pet tien de actos raionais¢ lives, Sem claborasZo Yo- luntisia des scios do. pode aver socedads. E dléo de voluntira, tal claboragio deve ser peemi~ tent oquendo sed, por exemplo, como ajantamen- {ode pesoat noma pra, nim eto, Um testo NNéo we deve confundirsociedsde com mulidso. 2 pr ge in Pe heer otra i ae {ue te consume, portant, sores intent Pal {Rec orem das tre een) © apertea ays Todas esas notas do conctito genérico de socie- dade devem natacalmente existir no conctto de soi dade civil ou politica. Resta saber quais as nota peciicas dite iltimo, Analisando:se os divetso tipos de sociodade po- livica enconteados accavés das histéria, torna-se ici perceber em todos éles alguns caractetisticos funda Os primsros dessstipos, pela sua maior simpli cidade e tambem pela ordem cronologica, si0 a aldcia fea tito. Socedade de pequenas dimensbes, a tibo Se Funda em vinculos de parentesco, Quanto 3 al- deia, & muicas vézes um tipo intermedifrio entee a fa mailis ea tribo, Caracetiza-e pela localizagSo te forial, em torno do mercado ot da cidadels, sargindo ‘quasi sempre no centro do uena Svea de tera culivada, SociSlogos evolucionistas falam-nos d+_hor a, sociedade rodimentar e indiferenciada, cujos ‘membros estariam de tal mado absorvides pelo odo colerivo que nem sequet teriam consciénda de sua existéncia pessoal, Desse caos origins teriam szide, 208 poucos, as sociedades heteroge ‘eas em que os grupos familiares se foram constiul ddo ati chegae 2os clis matronimicos ou patronimicos f depois $= pequenas familias agropadat em aldcias Uma tcanstormagio em tudo semelhante 20 proces. 40 evolutive do cosmos, 3 formacio dos mundos Doriandor da nebulosa primitiva e & difernciagio das fapéies segundo o quadco tracado em esquemas sim: plifeadores ¢ arbitriios. (© portnlado da hords € uma bipétese absurda, ‘gerads pelo naturalismo socielégico do nosso tempo. Repelemno a hstvia e etnologia, dos povos malt anigor «dor sl tum pressupostoideologico que tem conta so relato biblico da eiagio do homer e da consttukio da pri. amcia tociedade por Deus (1) Partindo, pois, da ali jbo, podemos considera of diverts tipos de sociedade politica na fotdem em que ssucederam histicamentee vemos tntio formareme confederaio de tribes 2 cidade, fo Tmpésio «a Nacio, A trib, desenyolvendo-se em orno de um mismo tconco, di origem 3e socelades patina. A cidade pode ser constituida por ma Confedragio de tibos que tomna edentiia, Ou- teas vézes,€ formada por Familias de procedénia dic era auociadae num mesmo lol Bala POLIS ¢ 2 CIVITAS dos antigos. © limp, no sentido em aque aqui o tomamos, spretenta-nos tm Yate organi smo administrative ¢ 2 cntealizgio. politica com 0 predominio de um pove sBbre outos, sea es pove Alominante deesrotura tribal e putareal_(Impér do orient, de organiza citsdina (Impétio Ro- ‘manor predominio de uma “cidade” sobre outas ¢ {bre ottrorpovos) on de formagio nacional (Leap tio Brit da Nagio & ‘que pedoriaments se entende hoje por Exo, po- ‘ese ehletivs ds da eto, combina Crm oa SQ liga, mostra que «famkln‘monogamen pre de alo h gama plan exstia erase ete frm scat ‘alto do text prado ef Gem 2 2 3 endo neste cato também haver associagio ou con- Aederasdo de Estados (2). Em fdas eis formas de soda poitea um fato resulta desde logo patente. O individuo nunca ted abandonado a si mesmo ou aos poderesabsolutos fs comunidade oral. Pertence sempre a um geupo familia ques integra no todo socal além disso faz parte de outros agrupamentor sabrepostos ou de qual- {Quer modo relacionados entee si. (3). ‘Com efsito, aplicsndo-se aqui os elementos aci- ‘ma discriminados como partes l6gicas do conceito de fociedade, devems fazé-lo levando em conta 38_pe- ‘llridades dstinivas do tipo de sociedade cua fisio- fomia nos interssa agora tracer. Os cementos j measonadonndiam-a0s aan, sa Final da sociedade (bem comum), 2 e2usa material fess) ch curs tonal Galle oa). Pla tando a causa efiiente, cuja determinacio nos faz co- ace 3 oigem da soidade, Tanto 2 caus final ‘como a cis eficente sao causas extrinsecas i formal ea causa material ca foto nréviment oconbedimeta ds sare de ae se, to. do su consttuivo saa Sacodader orporter ce imaen ca junapostn™ (in LEMON RSA BE Hs eye nt Gavsar de 300, PassTita! rien cee a eins consttigéo de qualauer coisa depnde do fim para at fea, A forma de um lnseumente se ma Conforms fin age dina. Se to com ‘onsidrasio do fim ese tratando do set soa cut ‘atureza nos ecpard por completo se no vers presente ararfo de sex socidade ‘Alm discs clementos, tems gue considera a sutordade, principio de unidade social, far da ef tiva eoordemgio das vontadesindvidans em wna do bem comuim. Tod socedade eqoer nace, ‘mente ‘uma autoridade, sem cif a¢30 unifiadocs Ceordenadora nem a sos fins! vera alangad nem 2 cao formal tearing comer ‘Apliquemos, pois, eter cementor 2 socedade poten Causa final é bem comum das pessoas reunidas poticca ou civlsene. Pata abst em que conte © bm comum,& precio, antes de mals nada, ter peters {a finadade pewosi do homem,. Cau efits & © prdprio omer, que pela mia ako forma today 25 fotedades de qoepartipa, Esta caumlidae eficens {pode dase pea vontade livre do homem (soe des puramente volanisias) om entSo por tna inl ‘agdo natural, que nip exclu a Hberdade. "A sade: dda poles resulea di tendenia natural do homem para 2 vide em comm € 9 temo a que Se diigem pect eee eee aS Sake ie ee {incia ds caneMorarso do fm 0 ratfo-de'er'aa soca rp as sociedades mate simples, epecitmente a fami- is @) ‘A forma da scedae politi, como de toda s- cintade, non € Jad pla propria unto dos sus mem- thos, pela an coopctaio vluntiia tm vinta do ee. po comum, pores conjogacio de esforgoe que 3 at Fovidace tras sfetva e asepta prmanentement: 500 tima determinads ordenaeo jars (1) a aua matéria de que se consti? [Agol ests om ponto nevrigico na conceprio da soxiedade iil lates errs se em cometido porno evar em conta devidamente qual 2 atta cee {ata nas comunidades poitesmente organizadas Come ficou dito, aunca v8 oindivivo toad sem inulos sais em face 41 CIVITAS. Toda Soriedade politica € uma sociedade composta de ou- tos srupontes undo ene sc abrdnados 20 rca cnstitel aims dese iclon soca me ores unificando-os aa promecugio do bem comm “a ausa material da socedse polls ext nas familias nas ontas assoc, aatarais ou voloats- fias aueacompoom, Esteves desis ageepaments, ubordinados 4 ums antordade prema, que o indic Video se integra na vida roca. Por outrat palavras, Meciedade poles ni teruts de uma simples soma de inividuoy, sua matéia nso consate na massa Snorfs dos Gdsdios. O Estado ¢ preedido de uma GStrtaca socal organiza que oleae apergéa ajo fundomento natural histo nfo ert na ao for individoossoltros, nem tio pouco na organi zo da coletviade pelo poder central, mas no di amismo dos grupos soci sutSnomos convergindo pata umn communias conmanitatum. Podamos pon ain ina soda pol «2; conjunto de famine ede outros propo, organ ‘os jcdcament sas dingo ems stare central suprems, O Estado € a socedadepottca mais dsonvoli- da, Sopseagrupamentos de longa formacse stick ‘to emate€ uti sempre wna nacionalidade ples. ‘mente consituida (2). Sorgeno terme desa forma fe bye dar nai sincere, Rete lependenesconstituem ac em Estado, eo Estado pode ‘esti como a opnizat pols tuna im toda socedace pois © partialament 90 Estado eacontamos on avin erates 1) — Plaralidade de grupos. 2) — Formacio histérico-natural, 3) — Organizacio dos bens particulars, 4) — Unidade interior doe vincalos soci coordenacio exterior. Passemos a um breve exame de tais propriedades, 51.2 — Pluaidade de grupos bvio que sm plualidade de pesoas nfo poe braver ocedade Ma sociedad police sapot lem ado ana oratnady eto. Asim © qu typi Aas ber eta sacateade alee yaa a ‘lpte de Eset, o Batado aaa erin ¢“peramificngie, Heron ee ee ath = da ploralidade de pessoas, plualidade de grupos. E” fama sociedade composta de outras menorss. Entre estas merece particular atengio a fami A familia se tem chamado a “célula socal”. Comparando-se a sociedade a um grande oxganismo, sem cit no exagizo dos que a identiicam em tudo aos torpor vivos, pode re verificar que a familia ak exerct tama foncio anilogs 3 da célula num todo orginico. A cilala € unidade vital, Consticui um centro ‘elativamente 2utBnomo de vida, se bem que imper- feito, pois necessira, para subsstic, das enerpias que sicculam por todo 0 oganismo. Entretanto, estas fnergias, por sua vez, resultam do trabalho das clulas Sesimilando os elementos indispensaveis 3st ta de todo 0 corpo. 'A familia €anidade social. Como a cua € ile tima paccela de vida, em que se decompée o complexo forginico, assim tambem a familia, na ordem social, constitu o nécleo fundamental da comunidade. Rew ‘nidas as familias, formam a sociedade civil on pol ‘que geralmente comprevnde tambem outros agcupa ‘mntos. Estes ageupamentos, porém, variam de s0- tisdade para sociedade, de €poca para época. Poder ‘smo deixar de existc, eomo se di com as sociedades politics mais elementate, 2 tibo, a aldeia, simples teanides de familias, © niclco familiar existe som- ‘it, a ado se em sociedade decadentese profundamen- fe alteradas 20 intimo de x02 constituigio, casos es pporidicos ¢ pasiagceos. A familia & primeiea das Soviedades ea mais natural, Decorte da prépria cons- fituigio do ser humano ¢ da diferenga de sexos, orde- nada & conservacio da espécie. ae No paralelo eatee 2 familia ea eilula, ‘entre a so- dade ¢ 6 organismo vivo, cumpee notae uma grande Giferenga. A célula redor-se 3 simples parte de um todo, nio tem vida prépria. A familia, pelo contra tio, éum organismo completo, visando a perfeigio t- tal do homem, isto é, preparanda-o para alcangar fodos os bens da nacareza racional, bens que 2 soci dade eivil deve ajudat conseguir na ordem Fisica, in- telectual e moral. A autonomia da familia como cen tro de atividade socal &, pois, muito maior que a da cll como centro de atividade biolégiea.Invstin: ddo-se no plano do espirtual edo temporal, a famil fordena o homem pata o bem de sua natureza de ma- ncira muito mais completa que o Estado (1). E’, poctanco, a familia o primdico ambito rocal para o homem. Normalmente, ¢ aa familia que se ocma a pecsonalidade de cada individu, pela Tammi lia que os individuos se integeam na vida socal. "Mas esta integracio so faz tambem através de on- ‘ros agrupamentos, entre os quais se destacam part culaemente os agrupamentos profissionais, O traba Iho dever printordial do homem manifesta 2 ped pia condigio de sua natureza. Em comsequéncia do er re ema eee ap nen meteees era are aces ae eerie cuca ca eunee mee eee eer tere ‘er da Nagdo, dz Ragn ou da Clave Proleténal i ie ‘pecado, tornou-se pena imposta por Deus a Adio ¢ 4 todos os seus deseendentes. O dominio do mundo fisico, que nos deu o Criador, 96 0 conseguimos pelo trabalho, E 36 pelo trabalho podemos assgurat 2 ‘propsia subsistincia (2). Dai aimportineia da pro- fussao na vida de cada bomem, definindo-the 2 situa- 20 social, 0 modo de ser de cada um na sociedade ‘vil, 0 estado (status) dos individuos, A profissio Sproxima or que a exercem, di-Ibes uma certs ments lidade comum, identifica-os pelos mesmos objeivos fo trabalho. Sendo assim, nao admira que haja uma fendéncia ‘noe trabalhadoces de determinada pro- fissio para se associarem tendo em vista 0 aperfeigoa- ‘mento do oficio,a defers dos proptiosinteveses e uma teprssentasio perante 0 poder do Estado. Eis por que a organizagio corporativa da socie- dade € algo que corresponde a propria natureza das ‘Se nas sociedades politicas mais simples, 2 plu ralidade de grupos quasi sempre se reduz 4 plutali- ade de familias, nas sociedaces mais desenvolvidas furgem css agrupamentos prolssionaise ainda ou- tras asrocagSes cajo carater voluntirio € mais acen- fend, ssosgis au no conergondom ata 3 nagées natuais (20 contriria dos gremios profs SSonais ¢ mais ainda da familia) mas que manitestam. fi forga expansiva da socabilidade humana. Outea formacio natural que poderiamos ainda citar ¢ 0 mu- nicipio ou 3 comuna, earaterizada pela coabitasio no mesmo teritéri. Sabemos como se deu a for- fmacio das cidades na dade Média, germes de Twa Ge. my 8 Sas nee Poca nice ae one TEL aoe seen a aan Eee eter tae ee roa ree oe Spee eS Lapeer Sa en eee peg en ut ntiee eae ara al eee peas ee ee cae nee See eet aie ere ee Poop Upeopec tenth ee ae, coal 8 a Leas ace ga NASPETION ta tm oy Pana, Prt eden eres ec oem ee are gain he a Lee eet eaye eee um relate stefan ne demi et racers sre © on si fo Bea i ismo politico que o seu poder unifica vem completat fa sirie de manifestagécs da vida soral jf organizada antes dis. Qualquer sociedade politica supde pelo ‘menos a vida social das familia, unidades fundamen- da coletividade. Nio pode haves éeto mais geos- sider a Sociedade politiea um con duos despeendides de outros vinculot Socais preexistentes. 5 2 — Formagbo hitiio- natural Do que precede podemos concluie que as soccda- des politica se constitacm através de um processo his {rico que, partindo da familia, chega 20 Estado como ‘ermo final. 'No decurso da histria, o Estado se sobrepSe 20s agrapamentos socais anteriores. E' 0 que obscevava ‘escorts Fergusson, no século XVIIL isto & ma mes- sma época em que Rousseau, com o seu sistema abstra- {0, prescndia das raizeshistérieas do Estado, consi- derando-o como s¢ f6sse ctiagio ex-nihilo da vor tade dos homens. No mesmo sentido, jf Avistételes ensinava que Extado se sobrepoe 3 familia e 2 ultrapasis. Asto- ‘modernos, como Haller, tém mostrado 2 genese Sociedades politcas nas familie que se associam, io desenvolvimento de um tonco familiar que se ponds, qual arvore frondosa, dando origem 3s 1s patria. Essa formacio histérica é 20 mesmo tempo uma ‘0 grupos menores que vio compor politica tendem para uma comunidsde ene sais ampla, rectamam a existéndia de um podee mais forte capaz de protegé-los eicazment,ertabilizam nt ‘ma organizagio jurdica as telagSes cada vez mais com pilexas desenvotvidas entre seas membres, Eo dinamismo interno da eyolugio histérie da- ‘gues grupos que os leva & sociedade civil plenamente oastituida, dotada de imperium ou soberania politica, Hi, por vezss, formagSes socias amplas mas ainda in consistentes, esbogor do futuro Estado. Eis por qu ‘tos autores distinguem @ Estado da tociedade sendo esta uma societas sine imperio. 0 eao de a. Aristétcles, na “Politiea”, © Santo Tomas de Aquino, no “Governo dos Principes”, dizem que a POLIS ou CIVITAS é 3 “comunidad perfeica” ser eapaz de aleangar o seu fim sem doutras sociedades (2). E’ auto-safi ‘quica. As familias podem preceat do auxilio do Es. tado (tal €0 caso, por exemplo, de ima familia ine stente) mas o Estado se basta asi proprio. Estee texistico do Estado, 2 mais completa das acids po licicas, ni existe ainda em organizagées elementares como a tribo, E justamente para chegieem 4 esta Pao i pe Crier ees =, ARISTOTELES, rowin, Lyre 1,12, SANTO 70 as Bei AQUING, on oeutrge ar acre regi pr ‘imum Livto Erte sap, f (Gee obra go Aqunense es Exner Sue Baio Pe @ Anda Wes des Sant, ee auto-suficiéncia, os agrupamentor_mais simples ten- dem 3 CIVITAS (1). Corresponds, pois, a sociedad politica a uma tendéncia natural das outras sociedades que a consti- tuem. ‘Surge para satisfazze plenamente a inclinagio social da natutezs humana. © Estado, como nota muito bem Jllineck, nio uma formagio mecamente natural, nem x6 wma for- ‘macio histérica. Ambor estes aspectos conjugamse na petspectiva sociol6gica em que procurasmos sat- Dreender o seu aparscimenio EE desse caraterhistico, resulta a grande impor- dda tradigio na vida politica das sociedades, Que f pode esperar de tum pove subitamente clevado 3 precedida de uma formagio hi ‘um Estado artifical, caja For- aso aberra das leis da histor so oe fein aloe, Gnas a, eigen ae errs = 5 3° — Organnag dos bens pata Cada um daqueles grapos sociis tem seus prios inetese que devem harmonizar-e para o bem ‘da comunidade, subordinando-se 20 interessecoletivo. ‘Assim como hi tim bem comam da familia e de «ada grapo socal, hi um bem comum de toda a socie dade politics. E este deve ser compreendido & ma- facta de uma organizagio dos bens particulares — ‘bene dos individaos « dos grupos menares — que s¢ ncegram no todo social (1). 'Nio 6, pois, a simples soma dos bens particular [Nem se deve entender a1 organizagio como a absorgio dos incereses particulates por uma espécie de Levia~ than toralitcia [A pessoa humana precisa da sociedade para o seu pleno desenvolvimento. Come dissemos, 2 fami 2 primeira das sociedades, €necessira para a propria ce ss poem gaa ee ee eee ees Fant ocr ae Samia) devernin fat em sore Sot ACY UNS Sy Beko, “iss én verdad eos a eat sate weapeis ta frdee a Saale {Bele pointy © plea, dewentcest doe, Gon ‘Heaaa'sl Saber stv ee pg Bde ne cia do homem ¢ & @ ambiente onde sua pee Sonalidade se forma para a vida. Mas as familias pre- tisim do auxilio mitao paca preencherem peciita- ‘mente sua missio, pacticularmente no que diz rex to 3 satisfacio das necessidades materais do. indivi- dduo, A CIVITAS vem dar satisfacio plena a tat ne- ‘esidades, Por onde se vé desde logo gue deve a CL- VITAS proporcionar 0 bem estar das familias e dos individuos. "A sociedade po Thumana. E quando se diz que o Estado, sociedade po- Titca mais desenvolvida, € um termo fina, isto signi fica no que soja 2 finalidade 2 qu se destina o homer sim o cemate de um process histdrico, 0 aperfeicoa- mento da socedade na sua evolugio para uma existin- tia suco-soficiente, Esta auto-suficiéaca se ordena fo bem dos grupos socais, em primero lugar da fami {por ai 30 bem dos individuos. Donde 0 tincipo de que o Estado existe para o homem © nio sbomem para 0 Estado. ‘Afim de tornaeefetiva a consccucio do bem co- yam, cumpre, porém, ao Estado ordenac os bens par~ iculares (hens do individuo ou bens comuns dos gra- 108) harmonizando-ot para a todos ser assegurada cexistencia digna. Cab, pois, 20 poder piblio, fs ordenacao politica da socedade, evita, segundo xigencias da jostica socal eda justia distebutiva, donna ezoitico de alguns geupos ou class 50” ‘que acarete prejuize para oateos (1). ee ek rete ees eee al 4.42— Ualdade itr don vinon scala « ‘oordnsieeat Se em toda tocicdade existe a convergénca. de ‘vontadesindividuis para bo fin, o mesma deve dat= Sena sociedad polite. Nest, pocem, nao trata Spenat de convergtcia de indvidos colaborando d- ‘etamente uns com es ution. Coopeann na co Secagfo do bem comum es grepos que formam 0 odo totetiv,representadon pels reapeivssutoridade loc) computa. Estabele- ani 3 oxdem soil. Ord supe coxdenagfo para um fim. Donde oeacever Guido Go- tll eo proeminene 3 possi do fim na d- {euminagio da otdem socal, que poder existe vision tines de sokdade em funcio dos vétos fis scas ave se pout proces. Por exemplo, de repos tempos, cloctseo fim principal da secede dul fu ns fora politea ou no Tuer eondmico ot m3 hee dvi ete em comequeacsiesuram se slimes milaistas, mereanlista, Hbeaiy ec.” (2). "Mass, como vimos, 3 socedadeexlate para soreeee desenvolvimentapesoal do bomem, ca, aalidade Gltima transcende os fins sodais, seo Estado fxiste para o homem « nio.0 homem para o Estado, Yeon Peivpol i bas TELA, Horde wns orem soi, Bar segne-se que a verdadeira ordem social hi de tender 3 conservacio ¢ 20 aperfegoamento da pessoa humans. Donde o dizer 0 mesmo suitor: “A ordem socal ba feada nos valores da pesoa exige que tado quanto teja institucional (p. ex..0 Estado, a escola, et.) estejam a servigo da pessoa, Nio se insttui a escola para a escola, mas pasa a vida, para a formagio da pessoa, ¢ idéntics argumentacio se pods desenvolver a respeito do Estado. “A defesa militar, 0 beneficio econdmico, a i Iberdade civil, ete. podem entrar no quadro de uma oF. dem social, mas nio podem ser considecados como fins Absolutos «exclusives. porém como insteumentos pos tos, servico da conscrvacio, do desenvolvimento e do Aaperfeigoamento da pessoa, a qual pode, com estes ¢ ‘otros miios, realizar uma ordem temporal em hat- Imonia com 2 ordem eterna, isto &, em harmonia com (0s deverss as aspragSes espiritusis da pessoa” (1). Por isso mesmo a5 rlacSesexistentes entre os bo- eanidos polities ou ivilmente no. decorrem Tuma solidarcdade mecinica. Nat familias que gam 2 sociedade civil hi uma profunda e intima so- dade esucatedagulacomunhio de vids Got ‘ommnis vitae, ama comunicagso de dirtitos di- 8 e humans (2). Tal consortiums ou comunhio espirtor qu existe entre os cOnjugese se perpetia at ass de Nata to Sal SoS Paps io Ia) brah 3A Sedu se Mogae i ps arse om lana ot haan ar comma. centee pais filhos, aio & evidentemente tio profunds ta sotiedade civil. Entretanto, pela subordinagio do firm da sociedade civil 3 finalidade pessoal do homem, tambem nesta sociedade os vinculos sociais ¢ formam por uma afinidade espcieual de sees eriados para um fiesmo fim superior, a procurarem na vida social as Condi ou circunstincise exteriors que Ther possi bilitem aleancar a felicidade para a qual naturalmen- re tendem, feliidade relativa, nesta vida, mas condu- cents 3 pesfuts bemaventuranga, na outrs. Dai a importineia da amizade para cimentar os vinculos sociais. Nao & 96 0 interise, a procura dos bbens que satisfacam necessidades de ordem material ‘que aproxima os homens. A vetdadeica convivencia fbumana, a ordem social perfeita funda-se necesat ‘mente no amor ¢ encontra sua garantia exterior no di tito sto &, na ordem juridica estabeleida sanciona- «ds pila autoridade pics, ‘Como nos mottra Iiminosamente Pio XII, na ‘Mensagem de Natal de 1942, nio bi oposicio ou al- ternativa: amor ou direto; mas sintes fecunda: amor dinsito, (© direto assegura a coexistincia pacifia dos ‘homens, submetendo ab eelaSes sociais 2 uma regala- smentacio que deve baseat-se num critéio objetive de justia “astiga ¢ seguranga — objecivos precipuos a ‘ordem juries — #30 elementos indispencavsis para 4 paz socal. Afim de garanti-los numa dada socie- dade, 2 ordem jusidica deve se acompanbada de uma ‘angio sem a qual seriam inoperantes a8 norm: ridias.”E" pela forca coercitiva que o poder pablico faz prevalecer ais normas contra oF qus, eanegredin= Sane ddo-as, peeturbam 2 ordem social, Donde o catatee eoativo do dircto nas sociedades polities. Sendo um instramento para a rcli comum, 2 ordem juridia positiva deve por sua vez Subordinar-se 35 exigéncias decorrentes da finalidade [pessoal do homem, 3 qual o bem comum se subordina, “K lei positiva fandamenta-se aa lei natural. E. fendo 0 ditito clemento indispensavel em toda socie- lade (ubi socictas, ibi jus), tle j8 existe noe grupos iis que precedem a formagio do Estado, cmbora tenha 0 carater sistematico e perfeitamente coat fo que alcanca nas sociedades politcas mais desenvol ‘Cada um distes grapes tem a sua ordem jut fnterna que se integra na ordem juidies do Ee- ‘Mas este aspecto da questio nos Ievaris muito Como io é objetivo das presentes contide- ‘9 magno problema das relacées entre o Estado 6 dircco, fgamos ponto aqui, pasando a examinae, contraste com 0s principios jf indicados. a con- io individualista da sociedad e do dirsto, 2 PARTE CONCEPCAO INDIVIDUALISTA DA SOCIE- DADE E DO DIREITO, lividvalismo no é apenas um sistema pol Jou uma doutrina juridia. Apresenta ot mais v2- aspectos, desde o individualismo eeligioso, que ‘esenvolve na linha do protcstantismo 3 partie de utero, até 0 individualismo literfrio, que, oriundo 35 tempos renascentstas, atinge © seu climax com © ‘Nia resta davida que a concepgio individuslis- da sociedad « do dircto tem dominado a vida po. ea do mundo ecidental desde 2 Revolugio Fran- © proprio coletvismo, que hoje surge como a ‘negacio, € um tributirio do individualism. Fiear precsamente ar linbas mestras de um tl io, sem Ie cracaro histérico e sem examinar ‘por uma das diversas modalidades que tom revsr- ‘Bio & tarefa de todo impossivl Com efit, ba dois nomes represcntativosd ialismo,cuja interpretaio tedris da ordem :0- f juiica nos di a conbecer a verdadeieafilosofia Sistema de idéas, ou melbor, desta Weltanschau- Sio ces Rowsssau ¢ Kant Roussiau ¢ 0 grande inspirador do individual revolucionitio de 1789, ¢ portanto dae democ clas liberais modcrnas nascidas sob 0 signo da Revo Ingio Francesa. Diss alguem, com sxpiito ¢ aerto, ue osofists de Genebra foi a causa “formal” da Re- volucio. A irresponsabilidade dos goveenantes de n= tio na Franga, a frivolidade ¢ 9 mondanismo ds no- breza decadente na vida de core, a situacio financciea angustiosa, as diffeuldades provacadas por negécios ‘mal patados com o estrangcito, tudo isto fornecia 0 smatetial inflamavel. Rousseau serviu de estopim, E se causa eficente da Revolucio Francesa se deve bus- car nas sociedade secretae, nae “socstés de pense” ¢ nos “clubs”, & sobretudo na doutrina individaaises de Rousseau que encontramos a idtia sabvecsiva de ae eva ete pets pra ate onc wie Rousseau é, porém, um romintica, homem do sentimento, ov antes da sensbilidade egoistica deago- vernada.Leva-se pela imaginacio doentia.. Deva- nia, Cerra os olhos propositadamente 20s ftos.E perde-se em contradicts de toda sorte, que tornam ex- tremamente Seduo compreender, decifrar 0 que es: Kant, a expresso mixima do subjetivismo mo: derno, nfo obstante suas afinidades com Roussao, tspecialmente no fondo sntimentalia e na deifica: ho do eu, & enteetanto um expsedlador tereno, fio, hhomem da v2230, quest forna, por isto mesmo, 0 fils s0fo do individualismo, Sua concepedo da ordem mo- ‘ale do diteito d&-nos uma sstematizagio cosrence do individvalismo jaridic, taga novos sumos no dom rio do pensamento, eft: até hoje de maneira de. isiva na mentalidade de um grande aGmero de joists Ba Ouigamos, pois © que esas figuras tio singular: mente represetativas mos dizem 2 tespeito da sack dade politica e do ditto. 512 — Rousreau os concensie individualist do sociedad aes L’homme est né bee ot partout i est dens les fers esta primeira frase do capitulo primeico,viex ean Jacques Rousseau, em seu lio Du Conteat $o- al, todas 8 consequinciae do. sistema af ssbocado. Tea a filosoia social do liberatismo pende disse jogo de palaveas. ‘A condicio primitiva ¢ natural do homem, se- ‘gundo o pensador gencbrino, £3 de uma total indepen- incia. Nesse hipotitio estado de naturezs o homem seria bom e feliz. Surge a socedade, corrompe-s¢ 0 Thomem. Perde a libesdads natural, comeca a. viver sob of fersos, Tal ida se encontea principalmente em dois pe- ‘quenos ensaios de Rousseau: 0 i citsda “Contraco Social” «0 “Discurso sobre a origem da desigualdade fntre os homens”. No meio de muitas incoerincias, fo que fica do seu pensamento, servindo de fundamen- ‘ 3 Weltanschawsing do liberaismo, & bi [pbtese do homem naruralments bom. inspirada ne bon da exaltagio romantica (1). eS a ee oe eis Seo homem & por natureza bom, quando aban- dosade as mesmo, sea socedade que o corsompe, srg gr ofl un sostnd pin nm tipo de organizacto em que slam proporconada cada tm ze condioes pars recuperaraguea Hberdad, ecso diminuir 0 mais pomivel os viaculo so. eoogio da aucoridade, preefo exerci tobee © individao peor agropamentor Assim, tendo pet digo a "iibecdade natural” € 9 tei ilimitado sabre todas a coisas, o homem gana a "ibedade vil” « 2 proprsdade de tudo quanto postu. Nes termice al supremo de toda 4 oxpatizagio socal hi dest 3 liberdade (2)- ‘Ensinando que o homem & um ser natoralmente sociavel Arst6ts nfo fara mals do que epeti uma verdad decenso comam. Vem Rowsean «contests, dizendo ques socedade civil revulta de um contrat, ds vontade live dos homens nfo de wim inclinasso favor, © homem. 2 seu ver, € matuaimene inde Pundente esoberano, Nao pode partipar de uma 30. Gelade tendo consetvindo esa soberania natural. Encanto, como nio podeia manta no et do individual, em virade do confit ques etabele Stora iad petra met gerade pl cis apicacte dot ee eo, Erol wn clussto mee pha. rag See ea eek Shae hee ion, HTC pag 41-16) ae sin ete um indivi «ov demas devs post fo estado coletivo,gragas 3 uma convencio pels qual todos abdiquem desta foberama individual a pla Tibedide do etado de nararezs —para consi oat soberano caitiva talc, o Eade Diz textualmente Rousseau: “Suponbo os homens chegados um tal ponto em que ob obsticalos 3 sua contervacio no estado de fatuteza prevalecem, pela soa tesstani sobre a Tor, ‘88 aue cada individuo pode empregar para manteess tate crtado, Entio estado primitivo nao pode mats jogo humano peter se no moi “Ors, como nio podem os homens gerarforat novas, mas tio somente unre dug at jf extn tles nfo tém outro meio pata x consetvar sendo for. mar por agegacio uma soma deforqas que pons pr Yalcer sobre» resist, willis segundo Une objetivo cfai-las air coordenadamente “Bata soma de Forgas 35 pode nascer do concurso de muitos; mas sendo a fora libesdade de cada ho. tiem 0s primciosinstrumentos de sna consevagio, como poderio homem empentits sem se prejudieat asi mesmo e sem negigenia ox cidados que deve a Bia, de sua condi matral, de son propia eid WS. 5. ROUSSEAU, Dv Conrat Sect, 11,6. VE os EE’ o que se deve procurar com 0 “contrato #0 cial”, E tudo ested entio, segundo Ronsseau, em "char uma forma de assoclagio que defenda e prote- jn com toda 3 forea comm a pessoa ¢ os bens de cada Bssocado e pela qual cada um, unindo-se a todos, nio ‘obedeca entftanto seni si mesmo e permaneea tio livee quanto era antes” (1). ‘Acordem socal, fundada em tal pacto, “é um di- reito sagrado que serve de base a todos 0s outros", diz Rousseau; mas, actesenta, este diteito no vem da nacuceza e sim das convencées (2). Reconbece que a mais antiga das sociedades, “a natural” (sc), €2 familia. Entrecanto, os filbos sG stioligadas 20s pais enquanto precsam destes pa- aa conservacio da propria vida. Passando esta neces- sidade, rompem-st 03 Vinculos naturais. Tor: ida independente tanto os filhos isentos da obedién cia devida 208 pais quanto os pais lives dos cuidados devidor 208 filhos. Se continuam 2 viver juntos, € pela vontadereciproca eno mais por uma rlacio na corre me tom rats ot aie San eet eee ee CSS ower te feat ee eee {Ene rene empre chase mb comme partie tae A pvépria familia, rgundo 0 seu ponto de sta, 8 se mantem por logon contatuns (2). id om fama quent Roa Gdase mara. food’ we drt com todas Se ma sea, aren sonata fm on Sequéncia Iipes das premise aclas por Rousta, ‘A sociedade civil on poles ormase plo pacts 20, ial mediante cus concisio os indivkues alenam 2 toda a comunidades lierdade on soberans pe mitiva, consivuindo assim o Estado (3)- W_ Fisalmente, devemos neta que o contrat social significa um acordo de vonades individuals ¢ asi 4 Sotidade pita paras seconesbida como vant fico de indvidvosunidosdrersmente ene sie 830 tavés dis familias ¢ uteos grapos sodas. Rous. sau manifesta aa ogtis pores grupos quando Se ed ba ata "Bal ytd ie ae ib gue atts St, get declara: “€ preciso qus no baja socedade parcial no Esado" (1). Foi cectamente ouvindo essa Hii ‘que os legsladores da Revelugio Francesa supt 38 corporagdes de oficio, com a famosa lei Chapels, 4 1791, realizando assim o esquema individvalisia dda sociedade. Extintas as ordens sociais —- Clero, Nobreza e Povo — negado 0 reconhecimento oficial da Iptejana vida pablica da nasio,fechadas as corpo- rages, a sociedad politica redzia-st 3 massa amocta ‘dos individaos em face do poder soberano do Estado, poder tnic, incontrastavel, absoluto, ‘Comesa 6 antagonismo entre o Estado ¢ in ‘duo, caracterstico das democracias modernas, ¢ insta tase o regime de massas:.massas desorganizadas. de individuos, nas democracias individualistas; massas ‘organizadas pelo Estado totalitirio, nas democracias coletivitas que apatecerio mais tarde numa sucessio histriea muito compreensivel [Naturalmente entre ambos do), — escreve Marcel Waline — "no bavia terceiro termo, pois nfo mais existiam 08 “corpos intermedia ios” segundo a expressio cara aos Revolacionavos: a Revolugio comecou por fazer tabua 1382, s0b in Fluéncia do ep iualista, de todas as com nidades que podiam interpér-se ents: 0 individuo © (0 Estado; e se mais tarde, no decurso do século XIX, foise obrigado a tolera, sob a prestio dos factos, 0 restabelecimento de alguns desscs corpos intermedi fos, a doutrina individualista, forada assim a bater TT tom, a, eH oaths fem retiada, encontraria uma escapatéria na celebre Teoria da fiegio da personalidade moral.” Se existem pestoas juridicasalem dos iadividuos, comecou-se en io a dizer, é por uma pura ficgio imaginada pela be- Aevoléncia ov a fraqueza do legisiador., Mas ete nic deve esquecer-e de que tal perronalidade moral dos ‘orpos ou comunidaaes € sua eragio voluntitia, tb. ‘iia, que por conseguinte esta na tua dependéncia ‘A qualquer momento o legislador pode por temo ‘sa tolesincia, suprimindo disceicionaciamente a pet. sonalidade fictici. Nao hi, pois, motive paca pre~ ‘ocupasées com aquees corpos intermediitios, em o século XVILi ¢ principios do XIX: nao existem ‘outros dieitos senio 0s ao individuo ¢ os do Esta. 40" (1). ‘A sociedade politica resulta de um contrato entre 1s individuos que cedem a sua soberana em bencfcio sda coletividade, “A soberania coletiva, concenttada ‘nas mios do poder piblico que a detem e exerce, deve Soxresponder & vontade geral dos individuos, | Esta vontade geral” — umm dos conceitos mais nebulosos fem Rousseau, que lhe di virios econtraditéras signe cagées — se apura pelaseleigées. Donde o sult versal com base no voto individual « disto. © iuftagio universal € um corolitio da concepeio indi. iualisa que faz da sociedade civil uma soma dein ividuos resultante de um livre acordo entre eles. Resumindo, podemos esabelecer um paralelo en- (0s caractetistcos da sociedade politics, tal como 4 ncebe 0 individualismo, ¢os ateibutos antetiocmen- G) MARCEL WALINE, Zinittatome ett Dro, Bd entre fae ae te indicados em ansliveabjetiva de tal conceito. Te- Concent obi ‘ociedode pli Concepeie individuaista do eciedade pelties! 4 Unidas inmior e sorte. | Coostensto exer « to eter ‘ei Estes dois sltimes atribucos toroar-se-io_mais patentes 3 vista do que nos resta dizer sobee a con fepgio individualista do diceit, 5 2° — Kant x concep indivduait do dirito Como nota Solar, “o recurso 20 contrato para cxplicat a origem da socedade e do Estado era cons: aquincia Logica do pressuposto individualista. S60 individuo, enquanto sr dotado de 12230, pode limiae 2 sua natural berdade ¢ eventualmente reauncar os seus direitos naturais, confiando a outros a tatefa de regulamenti-los, A origem contratoal da soccdade edo Estado impiicava a dsterminagio de dansulas cen ‘entes a conciliae a iberdade, os direitos do homem no fotado de matateza com as exigincias racionais de uma focisdade politica” (1). ia dat ato otate, ths Snppiely Toray 3 —m— Por outess palivras, 2 sociedade, uma vez cons- titwida, tom sae exigincias indediniveis aio pode ‘manter-se sem que os individuos se resignem a softer tuma limitagio na sua prdpria atividade. A liberda~ cde de cada tm deve ser entendida dentro de uma ese- ta que nio prejudique a igual liberdade dos outros, Portanto, of dittites que todos teazem do estado de natureza 86 podecio dat por diante set exercidos desde aque nio violem as condigGes estabelecidas pela autori- dade social para promover uma tal conciliacio das Ii- hoerdades, Daj a concepeio de ordem juridica segundo 0 in- dividvaliemo: am conjunto de normas tendo por fi 4 harmonizacio das liberdades individuas. Tal concepsio acha-se jatematizada tna obra de Kant, tis larga prevalece em todo o pensamenta jaridico burgats do século XIX ¢ ‘hega até 08 nostos dias. © kantismo & por excen- fina filosofia dessa: mentalidade liberal © formalista sinds hoje dominante em cetos ambientes. Apresenta- hos o positivisme juridico sob uma de suas feigdet mas acitas pelos juestas, muitas vezes feem alguns que talvez nunca tenbam lido Kant mas tseio imbuidos dos principios kantianos disseminados plas academias pelos tatados e compéndios. Kant define o dieito como 0 conjunto das con digGes em virtudes das quais a iberdade de um pode coexistc com a liberdade de outro segundo a Ii getal 1a liberdade Diz ainda: "E' justa toda acio que nio € ou ‘euja maxima nio 6 um obsticulo 20 acotdo da liber- dade de acbitrio de todos com a liberdade de eada um segundo les universai” (1). ‘ama concepelo formalista¢ mecani- cista da ordem joriica, come passames a demonstrat, — Formalioms Dizer que a liberdade, na vids social, deve ser Timitada, precisando cada umn, 30 exeret os Ses pro- prios dititos, respeitar of alheios, & expresat tina verdadeelementare indiscacivel da céncia jaciica, 8 questio est em saber qual 0 crtéro para essa limitagdo ¢ para 2 formulagio legal das dics, ‘Sendo ése critério © bem comum considerado em fan. ‘io da finalidade pessoal e ttima do homem, temos 31 lum elemento objetivo 20 qual as acSes humanas de vvem ser ordenadas e que fornece 30 legislador um meio seguro, para distinguie as aces jstas da injustas, Pela Ii natural edivina, 6 homem 2 ordenado 20 seu fim dltimo e a ordem jutidica da sociedade deve fun arse nas exigincias dessa ordenacio superior. Sendo, porém, escopo fundamental determinan- te da ordem jaridica a simples coexsténeia das liber ddades, segues que, além disse objetivo, mio hs uma norma supzvior seevinda de base a0 lesislador pata ‘stabelecer a TimitagSo da atividade humana pelo d= ca teduzida a uma conciliagio de libeadades, isto & de forgas antagénicar. Passt a tee um valor meraniente formal. AS iis yalem en ‘quanto asseguram aquela conciliagio e assim pret [OE EANT — Primes aétuphangues du Dro, tah, hi, Pits a ea —ae chem perfeitamente o seu fim. A razio de set do di s6-em assgurat a4 condigGes externas pata ‘© exeteicio da liberdade. Seja qual {6r 0 conteid dar rnormas de direto, elas tea sempre rubstinca juri- ica desde que efetivamente harmonizem 32 dades (1). i — Mocanicame Assim, pois, Kant concebe 0 dicito como um istema que permite ou posbilta a cocxistncia dos vidvios harmonizando-Ihes ay relagSes externas pela egulamentacio ou coordenacio dss liberdades, Race rere pee, Geese en at ic Beran nab Mad, Dg ote HBnacdutss, ‘Desde que tentannos sstabolecio precios wnver havin er Iaiefons, wemor irmad am ‘resi fore Apiaen_ Omens te fen tr ete ae) A coexists bamans socal ¢ hatmonizagio ds teddies so" certamentereton, consequéadas 4 ondem jv, ‘taro dito noo eae er Seocnimenit nino. “Ar celgbr ene nabs exter tas des homens sk conadeadss por Kast como as tage etre ov corpor que se atnem © teplon se undo let mecca” litt formse tna weds: ir merit social, m stoma de ages ett 08 dbo comparavel ao stead lags ease x tmovimentos dos. corpor etsbeecot pea etnies Tikay Tanto aim ¢ gm, pa Kae aml cones so das ages segunda si anita ds ied deve Shree pela coaglo,¢ caraceitco exendal ds Momas juin eel exatamente ete denen cote Stive () ‘a, potemoy nttcaer poznmin, able 9 rept seg Sead Boas mecca ced ite whe aja ae ea toa Pb. Bat a Kane gral Bends de a eps Steet Mau aot roe Sec ee 22 ee Soe eee Ce ae Sa Estari agindo injustamente quem opazee obs- ‘culos a uma agfo coordenads com outs de acdrdo ‘com a Tei universal da liberdade, pois tais obsticulos nnio podem subsistic com a liberdade wniverslizada, ‘A mixima da acio obstaculizadora nio & suscetivel de universalizacio, quer dizce nio pode ser transfor ‘mada em imperative a nfo ser que se dstrua a pr6pria liberdade. Por conseguinte, codas a6 véess que mt ‘certo uso da libeedads vem contradizer a universal aude desta, toraa-te injusta, deve ser superada pela sancio. Donde concluir Kant pela afirmagio de que 0 di. tsito eatrto consiste na “possibilidade de uma coucio eral e reciproca”, com o escopo de assegurat o livse arbitrio de cada tim dentro do tespeito 3 liberdad: ‘universal Assim 0 individualismo kantiano faz do bem omuum o resltado da conciliagio ds iberdadese, por fanto, a soma dos bens partieulases. Uma idfia pca- ‘mente formal e quantitativa fealizada praticsments pela coordenagio exterior ¢ mecinica das ages hu A sociedade deixa de sor considerada como algo que vem completar 2 agio dos individuos, favorecen Ashes 0 seu desenvolvimento. peseal. Passa 3 set vista como um obsticulo3Iiberdade,sendo esta a fon te de todo o bem para o homem, consoante a liso de Rousieas. Os bens particulares nio se integeam no bbem da comunidade, ese & que deve resultar da mixi ma liberdade dada a eads individao nam regime de conciliagio de liberdades, ee As lierdadesem choase. A sociedad, um obs siculodiberdade natural 0 diet, pats conciag tses antagonism. : Tala concep ani fea is imas comgnnn mito de Rei. ndividao e Exado defrontame nts flotofa pitts inimigos natos. A autoridade deixa de fer considerada natralmentebenfazejs paca os sd Song er vis como seo hol cp cn 3 de ago deve vexttngise 0 mais posvel a ‘no preudieat»libedads dos dadaoe Dai cha: tmado “Exadojeriaco”intando-s® 9 mante aor don plea extra fszcndo 0 poicamento di ibe ides Dai embum o sentido do devo constitu Sal modano que se deenvolve em tormo desta ia cents 2 prteio sor into individais conta © Sitio do pode. Ber or Ido, 0 invokes em face do Endo, ona er negads a eepreengso els os sean nerntiton” © Ia Enalime reduc a socedndecvila om agegado de n= dividsor. E em logar dagacls agropamentos nau- Sse wurgem on partidos politicos, manipulando 0 - faigio « tansformando > democraca numa perétia fuera cv aeobereads plo dito, NOTAS SUPLEMENTARES 1 —coxcerTo DE BEM comuM © bor coma, fins efits, 6 prosperidae pi a que Cathrein assim detine: “compen dng Coady, ‘equridas para que todos os membres da seledads pecay fonseruir diretamente por uma felcdade tenporal’y Quanto posivl completa «sahordinada so fom dings th Nese complexo de condigdesdlstingue 9 mesma ase «segues elements 4°) — A ordem jordiea (garaatis dos direitos de da um), 2) — Abundinsia suteiente de bens expirteais © ‘A orem jurien 6 poetalads pola pépria eatrutora natural da sociedade (vet) Sem 4 garmiti doa dling nio seria posivel aniogurar a eonviveneis dow home ‘Tratase de uma eonditio sine qua now da vila soe io taste, entretano, aseegurar a costistinels hi mana, (0 home quer viver wiver bem, como obesity Aristtces, “Avila socal hd de propondonae the as coe ics externas ara’. seu nperfzomento: ints or ons sbundinelaaaficiente de bens epircuis mato ‘conceto de bem comm sei formula afasta-nos o indvidualisno do seilizm. "Os adepion te eat Ataliamo juizam see necessrio supsinie ev strouree es Jags socials para que o Pome, no leno oso dese thee dade, pos tornarse fein Ob speialatan, as contre fonsideram a soctedade a fonte de toda o°o bets eee G omen. ‘A verlaio 6 que 0. homem sltnen © sew bem eter “lretamente« por listo pele sous eaorgun paso, GV. cami, 5. 3.— Phcnoptia moat x om, a ras tocietideo auxila mediante as cols favoravels ‘ve Ihe oferece,"Avsocledade 6, pol, um eomplomento do rope hamem na busca da pete "Noten nn mesma definiio sta analog metafricn: “membros oveinicos da toledada”. ‘Tal expresso se r<- fore aus hamens nfo at euput, individualmonts consid dos, mas nos grupos setts Ge que faze parte e pelos ‘trie contituem a aeledade est,” Mambeos oryanicos Ala tciodade elit a eosenelalmento as fain, acide: {almente oe outrs prupese emotaments os indviducs. 1 — i Do ESTADO Daf resulta concepeo hisirca e natural do fim do Eta, ‘Nib consists 0 fim do Rstado exclsivamente na tu- tote da ordom Juridica ("Ratado Judi” do Horalismo ant, Locke, Humboldt e qutroc).”-Nao busta a garantls dos diretee ‘pare quo te obtain pronperidade pile ‘isso cst apenas a parte negativa do bem comum. 0 Tx ‘doy organiando peliteaments a sciedade, dove contr Ulr'pars que se realize plenamente m rasao te ser da lla foci to para qu ts condos externas neceeaias & neervagéo'® 0 aperfleoamento dos iuvitves © dos (upon sual seam propocionedas sodas, ‘Mas o bmn extar femoral que 0 Bxtadg eve promo~ vor nip um fine em 6 Subordivse 80 im titimo da ‘estos humans, com coum universe. er & um ine Baste viendo aa indivi, nem umf de aloe abso, um. fim infra-talenie com exigenclas ‘ropes dando origtm&cndemn do bem comm tempers nue o Exady hers ata astride serene came 3 {az S igreja un orem do bom comm eaptetua” Fes fScin ‘efetadas ag douteins que atsibuem ‘um valor ‘bucuto no firm deta, deste Maguiavel com ais foira Ge soncsber a “rasta de Estado" 36 aos Hatados fotaldsiow da nose époes. II FUNGOES DO PODER POLITICO 0 poder, nas soeledade politicas, deve exsensialment= assogutar #ondemy protege os driton man deve tae ae erate eects pnt eee Steers cal aaa at te Rien canseor ene nicer Suess i ec ep Rint ce nen ens oma oa eee es Lee Se eaaaees ae aiarno kaa cies ee a eee, ee Spence eee eee coe cameron oe oo Spal ea spas ee eee rene fo eee ee eee ee Ee. eatareae enact See epee Een’ ss ee aarp oe Soe ae eee Dla plas condises parlors da stiedade Pigatemee amen poet eee Sonu eee Dian, Seneca ae eee ere pie ceatades sarin ae Saige a aes eee peepee re ie a nee RT wpe maser Daircone meres ee sabes res, Assim é que o Estado deve por exemplo, prestar om ‘ux especial te fais indigentes, 20 passo que we fae lias ata fl. Delo dizer Cattreln que eabe no Estado proporeiona ft membres da socedade ox hens capitis raterais ‘due nie pasta ser alemngados pol ailvidade ds parte fos (lee elt) A acto socal do poder politic fm, pte {ant am enraiersupletiva Ursa perfeta ordom socal & suela em qe fais es grupos sedals chegam & tums sufetnsiarelativn que torna postvl sedusir 20 mi imo as fanedes do Eto no que eoncerne ao exeresin Aaibut atvidado social Claro que @ perfelta natomitee nein munca Thes wer aecossivel Hats proprio da CIVTTAS, « communiter perfects. 1V — SOBBRANIA PoLtTICA, A autordade 6 clemento mprescndivel em toa = sedate: E'prineipso de untae ssa ora eft operas de ados para a bem comm. Para ease ‘chmanter orem sah acefdro gue haus poer ‘tuperior dp vontaden oiidusl,capSz de promorer 8 ‘cro datas em vita do fim coma Tag sccicdades pitas, a entoridade revstese do 1m eo epee Bama suloidae independenta ‘prema, 2 qual se aujetan as ores antorMates exits a, into an sotordndeniierney doo divers eros “A autoridade suprema cindependent no stad diay soborann. A soberatia€ um entacteticn da autovidade Folea” Eo pole de ducidr eins ineanea eds Inport auns doce ple fore ‘a brn enrol alien de sera ero ner fe con, 0 muito is de am dia astro son eigrs ot Seales ara ‘els em loro da sua natures aaibuiges usifica 9 3 Gi Joueph de Maistre: Ta snunoreinets eee ate commeie Nie. INDICE 1 Pare ~ 4 sociEDADE pourIea, seus rte. 53° — orvanzgso dor ben pariares ~ eerlnteto dear nt ae Pace — CORCEECAG INDIUIDUALISTA DA BOCKE 12 — notes do pater poitice 1 — Soteraia poten " Boy ees

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