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Delimitando o problema:
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Texto publicado no livro “O TRABLHO EM SAÚDE: Olhando e experienciando o SUS no cotidiano”;
Merhy, E.E.; Franco, T.B. et al; HUCITEC, São Paulo, 2003.
2
S Prontuário
Pré-consulta
aberto?
N
S
A oferta de serviços ao usuário depende da consulta
médica. Não havendo acolhimento, os outros profission
Funcionário têm pouco a oferecer (ex. ações programáticas). Assim
Usuário
chama? têm o seu trabalho estruturado exclusivamente pelo sab
espera
médico e nunca por seu próprio conhecimento e
habilidades.
Túlio Franco
Para a consulta à tarde, o usuário tem de estar previamente agendado (o que deve ter
sido feito pela manhã). Há ainda um esquema para “furar a fila”, que são usuários
encaminhados por pessoas que detêm influência no mando político da cidade, herança ainda
de uma velha cultura e identificado pela equipe como um problema. Vale registrar que esta
não é prática oficial da administração municipal, este procedimento é feito contrariando sua
orientação.
Verificada a existência de vagas, os usuários são encaminhados para a consulta.
(Aqueles que ficam excluídos da consulta, se estiver “debilitado”, questão que é verificada
pela auxiliar de enfermagem da recepção, esta tenta encaixá-lo no horário do médico ou é
encaminhado para o serviço de urgência do Pronto Socorro. Caso contrário, esse usuário tem
que voltar, na madrugada, para a 1a. fila a fim de tentar conseguir agenda no dia seguinte).
Depois dos procedimentos de rotina, em torno da providência de prontuários, se realiza a
consulta médica.
Discussão:
próprios usuários. Contudo, esta ação não tem potência para mudar o quadro geral de baixa
oferta e exclusão de grande parte de usuários.
O processo do atendimento é sumário, burocratizado, exigindo grandes esperas dos
usuários, aumentando sua carga de sofrimento. Após a realização da consulta, o usuário volta
à recepção para orientações e outros encaminhamentos necessários.
SAÍDA Saída
Discussão:
certa crise em torno desta questão. O fluxograma revelou com toda nitidez o problema que
estava então, sendo discutido.
Além de um viés filantropo, operando sobre a questão dos medicamentos, aparece
uma outra lógica estruturante na organização deste serviço, qual seja, os interesses
racionalizadores/administrativos/financeiros, partindo de algum lugar do governo, no sentido
de economizar recursos com medicamentos. Esta questão, pelos relatos oferecidos, foge à
governabilidade da Secretaria de Saúde. Problema este, combinado com outro, o da
desorganização do fluxo no fornecimento de medicamentos, a falta de uma lista básica que
orientasse a prescrição, tornou caótica esta questão.
O outro serviço demonstrado nesta etapa diz respeito à Unidade de Exames
Laboratoriais. Após a prescrição dos exames pelos médicos, e do usuário ter ido à recepção
em busca de orientação, a auxiliar de enfermagem verifica se o exame é de urgência. Se for,
é imediatamente encaminhado ao Laboratório de Análises Clínicas para coletar o material
naquele mesmo instante. Após realizado o exame, o usuário é encaminhado ou para a 2a. fila
para retorno ao médico ou para a 1a. fila de madrugada, para pegar nova “ficha” e agendar
novamente uma consulta médica, para ter o acesso ao resultado do exame. O critério entre
uma e outra opção “de fila” é do médico, carecendo portanto de uma intervenção do gestor
do SUS, estabelecendo norma do serviço, que pudesse padronizar estes
encaminhamentos/fluxos, no sentido de favorecer o usuário nesta questão.
Se o exame não for de urgência, o usuário é orientado a voltar ao Laboratório no dia
seguinte, em horário pré-fixado (entre 13 e 16 hs.) para agendar e posteriormente fazer a
coleta de material. Após a coleta de material, repete-se o mesmo fluxo anterior.
Discussão:
3
Pegar uma nova ficha para retornos denuncia grave problema no acesso à
consulta. Os motivos indicados para isso são:
Indisponibilidade de consultas médicas.
S Falta de horário médico.
Volta para 1a.
Retornos?
fila
Providencia o
Transporte
N
Formulário não disponível na UBS, demonstra certa burocratização
do serviço, organização não centrada no usuário, criando
S
Especialista S
dificuldades adicionais no acesso à especialidade de alto custo. Por Tem
retorna o Vai p/ consulta
consequência, aumenta sua carga de sofrimento. transporte?
laudo
SMS Usuário S
S Médico
Encaminha p/ fornece retorna à UBS Usuário Encaminha p/
assinou
SMS formulário? p/ médico retorna à SMS consulta
form.?
assinar form.
S S
Médico
S N preenche
Alto Tem Surge
Especialista?
custo? formulário na vaga? vaga?
UBS
S N
Encaminha-
mentos? Encaminha S
Formulário Encaminha
para Fila de espera
preenchido? para a SMS
S hospital
Procedimento
Ambulatorial?
Encaminha O fato de haver encaminhamentos para outra UBS, demonstra um cardápio reduzido
para de serviços ofertados por essa UBS. Sendo assim, cumpre de forma inadequada sua
UBS Rosário missão, pois há produtos que poderiam ser aqui ofertados e não são, reduzindo
sobremaneira sua resolutividade. A consequência direta é o aumento da dificuldade de
acesso, baixa resolutividade, aumento da demanda na outra Unidade.
Túlio Franco
Descrição:
11
Discussão:
Nota-se que sendo o procedimento de alto custo, o caminho do usuário é bem maior
de percorrer, visto que o formulário neste caso, pelo protocolo estabelecido na Secretaria de
Saúde, é de controle restrito desta, não sento permitida sua guarda pela Unidade Básica e
nem mesmo o preenchimento pelo médico, o que reduziria enorme esforço do usuário e
garantiria agilidade no acesso a procedimentos de alta complexidade/custo. Novamente fica
demonstrado os interesses dos profissionais ou mesmo da instituição se sobrepondo aos
interesses dos usuários, na organização dos serviços.
Outro encaminhamento que se realiza aqui, diz respeito àqueles de natureza
ambulatorial, em procedimentos que não são realizados pela Unidade Básica Central (aqui
analisada) e são portanto encaminhados ou ao Pronto Socorro do Hospital ou à outra
Unidade Básica, para que atendam ao usuário.
Isto revela uma baixíssima capacidade de oferta de serviços da Unidade Básica de
Saúde Central.
que a formulou e seu conhecimento do trabalho assistencial. Este conjunto dão corpo e
conteúdo ao Fluxograma.
Se mostrou uma ferramenta potente para perceber os problemas existentes no serviço
de saúde, a partir de um olhar sobre os processos de trabalho. Os problemas, indicados pelo
fluxograma aqui descrito, são um ponto de partida importante para planejar os serviços,
especialmente, as ações referentes à mudança do modelo tecnoassistencial.
A ferramenta revela, como todo processo, o dinamismo deste, ações em movimento.
Questões antes não percebidas pelos trabalhadores, até porque estavam desacostumados a
olhar o problema de saúde, a partir do ponto de vista do usuário, se mostraram como
importantes questões a serem enfrentadas.
GESTÃO DO CUIDADO
Para discutir esta questão, tomamos o caso do Projeto Terapêutico para usuários,
portadores de hipertensão arterial (doença com maior prevalência na população do
município), que buscam assistência na Unidade Básica de Saúde Central de Luz-MG.
O “Projeto Terapêutico” foi aqui definido como o conjunto de atos assistenciais
pensados para resolver um problema de saúde. Neste caso, o relato deste projeto terapêutico
se deu em reunião da equipe da Unidade Básica de Saúde, usando da memória e do
conhecimento destes profissionais em relação à assistência e ao seu processo de trabalho.
Nota-se uma articulação entre o projeto terapêutico e as práticas assistenciais (tecnologias)
em uso.
Atendimento individual.
1ª consulta médica.
Retornos ao médico a cada 3 meses (casos graves) ou 6 meses (casos moderados e leves).
Orientação, realizada pelo médico na 1a. consulta.
Controle de Pressão Arterial (PA) e orientação, a critério do usuário, feita pelo
profissional disponível quando aquele procura (Aux. de Enfermagem ou Enfermeira).
Exames laboratoriais.
Dispensação de Medicamentos.
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Uma primeira questão a ser observada, diz respeito ao modo sumário como se
produziu o projeto terapêutico no grupo de discussão. Isto reflete em grande medida, a
forma como são realizadas estas ações, igualmente sumárias, onde não há citação de relações
acolhedoras e nem mesmo interação entre as diversas ações que compõem o projeto
terapêutico.
Sobre o projeto terapêutico e as práticas de saúde manifestos aqui, por se tratarem de
um processo de trabalho medicocentrado, uma primeira questão a considerar diz respeito à
ação estruturante exercida pelo saber médico, sobre o projeto. Podemos assim dizer que ele
se encontra no centro das definições da terapêutica a ser adotada. As outras
ações/necessidades do projeto terapêutico, são também demandadas pelo médico, através da
sua compreensão do problema de saúde deste usuário. Neste sentido, este projeto terapêutico
é formulado a partir do patrimônio de conhecimento existente no profissional médico,
considerando que em grande medida se deu por sua formação acadêmica, referenciada no
modelo hegemônico de ensino médico, embasado nos princípios “flexnerianos”. Há uma
simplificação do problema de saúde, que neste contexto, aparece como tendo sido
determinado por alterações no corpo biológico ou melhor dizendo, circunscrito ao campo da
clínica, sendo que a sua causa pode ter uma determinação social, psicológica ou de outra
natureza, que nesse processo permanece ignorada. Portanto, projeto terapêutico deste perfil,
propõe uma intervenção que é simplificada no seu conteúdo, na medida em que não há o
reconhecimento da multicausalidade na produção da doença e desta forma, outros saberes-
fazeres não são chamados a comparecerem neste projeto terapêutico e nas práticas por ele
demandadas.
Quando mencionamos que outros campos de conhecimento deveriam estar inseridos
nos projetos terapêuticos, interagindo entre si, estamos falando não apenas do saber técnico
estruturado, mas também de outros saberes que dizem respeito à produção de ações
acolhedoras, de relações intercessoras entre profissionais e usuários, de responsabilização
para com o seu problema de saúde, de tecnologias próprias para o trabalho de promoção e
prevenção à saúde, que contribuem para a autonomização dos usuários para “viverem a vida”
(Campos, 1992). Ou seja, os problema de saúde são suficientemente complexos, e requerem
para sua resolução, projetos terapêuticos igualmente complexos, onde a soma de diversos
saberes articulados têm potência para resolvê-los efetivamente. Isto requer atos assistenciais
produzidos pelos profissionais de saúde, seja pela habilidade das suas mãos, pelo
conhecimento patrimoniado no seu cérebro ou a capacidade em perceber o outro como uma
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combinação fina entre as ações programáticas e aquelas que se resumem aos necessários
cuidados individuais.
Como já mencionamos, o projeto terapêutico hegemônico, não é pensado para
estruturar atos assistenciais centrado em trabalho de equipe, mesmo que diversos
profissionais se envolvam no mesmo caso. Isto porque este envolvimento como é dado hoje,
é formal, normatizado, burocrático, visto que o trabalho de cada um se organiza de forma
compartimentada. A relação entre os profissionais, ao invés de solidária, é de natureza
hierárquica, onde um detém o saber e por conseqüência o fazer (o médico, em relação aos
outros trabalhadores; a enfermeira em relação às auxiliares de enfermagem, etc...) e os outros
têm seu trabalho estruturado por este saber-fazer “superior”. O projeto terapêutico
compartimentado, refletindo ações e procedimentos que são produzidos por cada Unidade de
Produção da Unidade Básica de Saúde, aparece no caso aqui estudado, da seguinte forma:
Para a Unidade de Recepção, o usuário aparece como mais um problema, ou seja,
consome uma “senha” para consulta, limitando o já racionado número de consultas a serem
ofertadas aos demais. Como cabe à recepção administrar o acesso às consultas, racionando a
oferta, a presença do usuário (qualquer um) produz de imediato uma certa tensão na
recepção. Esta tensão encontra uma “linha de fuga” que aparece através da ação de alguns
profissionais, ao indagarem àquele usuário que foi excluído do atendimento no dia, tentando
perceber se o seu problema de saúde é urgente. Se confirmar que sim, este profissional
aciona o Pronto Socorro do Hospital para o atendimento daquele usuário. O trabalho na
recepção ainda é dividido entre o agendamento de consultas, no limite das vagas existentes, e
a orientação aos usuários.
Para a Unidade de Controle e Produção de Prontuários, o usuário representa um
número, que o identifica e facilita ao recepcionista encontrar este documento, sem o qual, a
consulta não se realiza. A missão desta Unidade é simplesmente burocrática, da guarda e
organização dos prontuários. Em uma organização mais otimizada desta Unidade, ela
poderia oferecer outros produtos, como dados de morbidade ambulatorial, informações em
relação às prescrições para maior controle da sua eficácia, informações que contribuíssem
para o controle de custos, e outros produtos gerados a partir dos recursos de informações,
contidas nos prontuários. No entanto, na atual forma de organização, esta Unidade tem sua
missão bastante reduzida.
Para a Unidade de Produção de Consulta Médica, aquele usuário é mais um entre
os demais, e nesta Unidade tem sido estruturado seu projeto terapêutico. Daqui partem as
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Conclusão:
como operam os profissionais de saúde diante deste problema, assim como os projetos
terapêuticos elaborados para sua resolução.
É importante ressaltar que a discussão do projeto terapêutico revela os problemas
relacionados ao processo de trabalho, mas sobretudo o uso do patrimônio de conhecimento
existente na equipe para resolverem problemas de saúde. Este patrimônio de conhecimento
se inscreve entre o “núcleo de conhecimento especializado”, de cada profissional, e o
“campo cuidador” que é comum a todos (Merhy, 1998). Ora, em um processo de trabalho
medicocentrado, a quantidade de conhecimento dispendida para atender às necessidades de
saúde dos usuários, é mínima, visto que para a produção do problema de saúde é pensada de
forma restrita à causalidade biológica, às alterações no corpo anátomo-fisiológico. Por outro
lado, em um processo de trabalho multiprofissional-centrado, a quantidade de conhecimento
dispendida para resolver os mesmos problemas são em volume muito maior, visto que
trabalha-se neste caso com multi-causalidades na produção da doença.
Ao que parece, a análise dos serviços a partir de Projetos Terapêuticos, reflete em
grande medida a relação entre as “três valises” (expressão usada por Merhy, 1999, para
figurar as três categorias tecnológicas), que por sua vez revelam as tecnologias de trabalho
em saúde, na produção da assistência. Aliás, isto é o centro desta análise, combinado com o
patrimônio de conhecimento gasto na resolução dos problemas de saúde.
Outro aspecto importante a ser comentado, propriamente sobre a análise deste serviço
de saúde, diz respeito ao fato de que na produção da assistência, a partir de cada “Unidade de
Produção” da UBS, o usuário é focal, não havendo inter-ação entre elas. É como se
interviessem sobre “múltiplos usuários”, saídos de um mesmo corpo, ou um mesmo Ser, que
se apresentam a estas Unidades. Nunca o usuário se apresenta por completo, com um corpo
doente, sobre o qual se produziu uma carga social, relacionada ao seu modo de vida, ao
ambiente sob o qual está inserido, usuário este, que detém uma dada subjetividade, produto
das suas relações, sua história e percepção do mundo das coisas e do mundo das pessoas.
Deste conjunto formam-se múltiplos fatores que produzem seu quadro mórbido. Os projetos
terapêuticos atuais, que perpassam as diversas Unidades de Produção das Unidades Básicas
de Saúde, desconhecem estas questões, na medida em que apenas imaginam partes do que
deveria ser um processo. Assim, hoje operam peças de uma cadeia produtiva de assistência e
não a cadeia de assistência à saúde, como um conjunto articulado.
A compartimentação da intervenção sobre o problema de saúde do usuário, expressa
pela autonomização de cada Unidade de Produção da Unidade de Saúde, caracteriza um
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projeto terapêutico dividido e configura um modo de operar o cuidado, que não está centrado
no usuário, mas em outros lugares como os interesses privados das corporações, da
“institucionalidade”, da razão instrumental que opera sobre a lógica administrativa (manter
os custos com saúde congelados em um certo patamar) ou econômica (mantendo a lógica da
produção de procedimentos para o cuidado aos usuários). Esta lógica, muitas vezes não é
determinada na esfera do município, mas existe como uma cultura que é transmitida em
cadeia aos gestores dos serviços.
O projeto terapêutico expresso aqui, se mostra extremamente empobrecido pelo
cardápio restrito de serviços que são ofertados para a resolução do problema de saúde do
usuário e resulta muitas vezes em inseguranças para “viver a vida”, o que faz com que os
mesmos, busquem permanentemente a Unidade de Saúde (leia-se o médico) em busca de
assistência, resultando enorme demanda evitável. Se o projeto terapêutico resultasse em
integração entre as Unidades de Produção e interação entre os profissionais, com ações
multi-centradas nas diversas causalidades do problema de saúde dos usuários, possivelmente
se produziria uma outra realidade em relação à assistência aos usuários e a capacidade
resolutiva dos serviços de saúde.
relações, da análise institucional, vigilância à saúde, entre outros que se inscrevem nos
saberes obtidos de modo informal. Estes saberes só se realizam concretamente, se houver
processo de trabalho multiprofissional, que opere em grande medida a partir do trabalho vivo
em ato, em relações intercesoras, onde toda a energia criativa encontra espaço para se
manifestar no processo produtivo (Merhy, 1997; 1999).
Inversão dos processos e das tecnologias de trabalho; Inverter o processos de
trabalho, significa mudar toda a lógica de organização da força produtiva, o que
concretamente vale dizer que as funções de cada trabalhador, seu posicionamento no
processo produtivo, a forma como se posicionam os saberes-fazeres para a realização da
assistência, devem estar direcionados para o atendimento às necessidades reais dos usuários.
O reordenamento dos processos de trabalho deve estar associado à inversão das tecnologias
de trabalho, que de centradas nas tecnologias duras e leveduras devem passar a centrar-se
nas tecnologias leves e leveduras, conforme discutido nesse texto. Estas mudanças são
capazes de configurar um novo modelo de assistência.
Ambiente organizacional favorável a mudanças no plano micropolítico, o que
requer a adesão dos profissionais de saúde em relação à nova proposta de organização da
assistência. Sem a adesão dos trabalhadores de saúde, não se realiza mudança duradoura e
em profundidade nos serviços.
Ambiente institucional favorável a mudanças, o que significa adesão de atores
sociais que controlam recursos estratégicos para a viabilidade do novo modelo assistencial.
Em um município, o prefeito é ator social e político importante, pelos recursos que controla e
portanto sua adesão tem se mostrado muito importante para a governabilidade do projeto.
Isto não é um pré-requisito ao nosso ver, na medida em que os trabalhadores de saúde, a
partir dos seus micro espaços de trabalho, podem acionar dispositivos que criam processos
instituintes que se movimentam no sentido da mudança do estabelecimento. Os próprios
Projetos Terapêuticos Cuidadores podem servir de dispositivos. Contudo, o cenário ideal é o
que consegue uma articulação fina entre a intervenção no espaço micropolítico e boa
performance no cenário macropolítico, o que é capaz de garantir alta governabilidade ao
novo projeto.
Bibliografia:
1. Baremblit, G., “Compêndio de Análise Institucional e outras correntes”, Ed. Rosa dos
Tempos, Rio de Janeiro, 1992.
2. Campos, G.W.; Chakour, M.; Santos, R.C. “Análise crítica sobre especialidades médicas
e estratégias para integrá-las ao Sistema Único de Saúde (SUS) in Cadernos de Saúde
Pública, ENSP; Rio de Janeiro, 1997.
3. Campos, G.W.S.; A Saúde Pública e a Defesa da Vida; HUCITEC, S. Paulo, 1994.
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18. Merhy, E.E. A Saúde Pública como Política -um estudo dos formuladores de políticas;
Hucitec, São Paulo, 1992.
19. Perfil dos Médicos no Brasil; Vol. I - Brasil e Grandes Regiões; Relatório de Pesquisa
realizado pelo Conselho Federal de Medicina, Federação Nacional dos Médicos,
Associação Médica Brasileira e Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1996.
20. Schraiber, L.B., “O Médico e seu Trabalho”, Ed. Hucitec, S. Paulo, 1993.
21. Silva Jr. A.G.; Modelos Tecnoassistenciais em Saúde - o debate no campo da saúde
coletiva; Hucitec, São Paulo, 1998.