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Assim, no estudo de Brandelli, pode-se verificar várias nuances do jogo discurso que
são importante para que o autor exponha a sua intencionalidade e ao final tenha
conseguido alcançar os seus objetivos, que nada mais é que apresentar as suas
idéias de modo a envolver o receptor e estabelecer um diálogo. Vale ressaltar que ,
para que isso ocorra, é necessário ter elementos para uma boa comunicação.
Deste modo um dos traços do homem é ser subjetivo, desta forma, é puro engano
confiar que alguém possa produzir um texto, dizer algo ou dar uma opinião sem
revelar sua subjetividade. Por isso que “[...] em toda e qualquer circunstância, o ser
humano sempre é subjetivo [...]” (Andrade e Gabriel, 2005, p.96).
Deste modo, essas marcas no texto trazem uma concepção de idéias, valores e
moral, como um posicionamento extremo de quem enuncia quanto os fatos que
estão no texto para ser discutidos.
Logo, no texto em análise, o autor usa de forma explicita como sujeito no texto a
subjetividade marcada, em virtude de expressar o seu posicionamento quanto a
decisão do tribunal. Isso pode ser verificado na passagem do texto logo abaixo.
Neste caso o autor usou o verbo “devotarmos” na primeira pessoa do plural, com
efeito para o TU-interpretante de explicitar o seu posicionamento, isto é, de dizer
diretamente qual é a sua opinião. Dessa forma, Brandelli, encontra-se em uma
posição não neutra e também longe da imparcialidade. Logo, pode-se concluir que
um dos seus objetivos é persuadir o leitor a ter uma visão critica semelhante a sua,
em relação à decisão do tribunal.
impessoais. Andrade e Gabriel (2005, p.97) explicam que “[...] o sujeito não é o
centralizador absoluto da subjetividade, deslocando seu foco para duas outras
perspectivas no discurso – ou assumirá outras formas de paradigmas da pessoa ou
desempenhará outros papéis discursivos.”
Brandelli, em dois momentos, deixa transparecer a sua subjetividade, mas desta vez
ele não permite que seus pensamentos fiquem explícitos. Podemos observar, essa
subjetividade não-marcada no seguinte trecho:
Neste momento o autor também deixa transparece a sua opinião quanto ao caso,
“será sempre possível”. Nesta passagem, Brandelli, coloca para o TU-interpretante a
sua opinião quanto à possibilidade de haver alteração do nome e deixa clara a sua
opinião sobre os possíveis casos.
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Com relação à intertextualidade, Andrade (2010, p.111) diz que “[...] um texto não
existe solitário, ao contrario, ele é fruto de outros discursos que compõem o universo
em que está, ou melhor, ele dialoga com outros textos.”
Por isso, é muito comum, quando escrevermos, citar outros textos que já estudamos
ou conhecemos, com a intenção de respaldar, dar mais credibilidade a nossas
idéias.
Como resultado, uma vez que produzimos tal argumentação estamos simplesmente
fazendo uma retomada de idéias que vimos antes em outros autores. Portanto,
quando nós pronunciamos, estamos citando uma variedade de textos, que, de certa
forma, mantém um dialogo com outros textos.
Nessa passagem, o estudioso, usa a intertextualidade direta para dar mais respaldo
e credibilidade ao seu artigo, para o TU-interpretante. Além disso, deixar claro que o
conceito tem um respaldo maior por ser palavras de outro jurista.
Cabe ressaltar que a quantidade de citação que o autor fez não foi exagerado.
Ademais a obra em análise, de Brandelli, possui citações de forma equilibrada e
essas sempre estão acompanhadas de uma análise do que foi dito.
A exploração das citações também está bem feitas, há um raciocínio lógico, uma
seqüência e um estudo bem aprofundado quanto ao tema. Além disso, Brandelli
explorou a base legal, citando algumas leis e jurisprudência, e também alguns
doutrinadores que detém credibilidade e legitimidade para falar do assunto.
Porém, apesar do texto possuir esses pequenos erros, isso nada compromete com a
compreensão, que o receptor terá da obra ao lê-la. Logo, podo-se concluir que
Brandelli consegui emitir as suas idéias, estabelecendo uma comunicação com o
TU.
2. APLICAÇÃO
Assim, de acordo com a temática, Maria Helena Diniz (2010, p. 209) nos explica
que o nome individualiza a pessoa na sociedade e permite reconhecê-lo, inclusive
no meio familiar e, por esse motivo, que ele é protegido juridicamente.
Diante do que foi exposto acima, é que a ação da família Silveirinha, no qual
pretendeu realizar a supressão desse patronímico, teve a decisão negada, pelos
juízes e desembargadores. Nesse caso, as crianças, filhos de Rodrigo Silveirinha
Correa, sofriam constrangimento devido ao ato ilícito que o seu pai cometeu na
Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro e que foi imensamente divulgado por todos
os meios de comunicação. Dessa forma, com a intenção de fazer cessar todos os
transtornos sofridos pelos seus filhos, foi pleiteado a alteração, com a substituição
do sobrenome paterno pelo materno.
Todavia o Tribunal Superior do Rio de Janeiro, não acatou a decisão, pois levou-se
em consideração o princípio da imutabilidade que, segundo eles, não poderia ser
violado, além dos dispositivos 56 a 58 da Lei de Registro Público (Lei 6.015/73).
Contudo, é pacificado, que há situações que essa inalterabilidade do nome pode ser
flexibilizada, como expõe Farias e Rosenvald (2009, p. 218):
Dessa forma pode-se observar que os componentes, que proferiram essa decisão,
não levaram em conta que esse princípio, dependendo da situação, não precisa ser
aplicado de forma tão rígida, como foi realizado no caso em discussão.
Assim, esse artigo, estabeleceu uma possibilidade da pessoa alterar o nome. Apesar
de está descrito, que somente pode ocorrer no prazo decadencial, a jurisprudência e
a doutrina, assevera que esse artigo pode ser aplicado a pessoas que se encontram
em situações excepcionais e que essa mudança pode ser realizada de forma
imotivada, como afirma Pamplona Filho e Gagliano (2009, p. 123) “[...] para o
exercício desse direito postetativo (alteração do nome no primeiro ano após a
maioridade civil), não exige realmente a lei uma motivação peculiar para a
pretensão.”
Ainda na mesma lei, no art. 58, diz que o prenome será definitivo a não ser que se
possua justa motivação. Destarte, essa norma também permite a alteração de uma
parte do nome.
Por tais razões, é possível verificar que o caso das crianças que possuem o
patronímico Silverinha, pode ser solucionado por meio da interpretação do princípio
da imutabilidade relativizado e também pelas exceções que os artigos da Lei
6.015/73 apresenta. Sobre esse assunto Andrade Neto (2005, p.116) relata que:
Por esses motivos é que foi possível verificar, em um caso semelhante ao da família
Silverinha, a decisão a favor do pedido de supressão do patronímico realizado por
Kayena Coletti Lazzarin. Essa sentença ocorreu na Apelação Cível n. 2007.036594-
5, de Chapecó, Santa Catarina que teve como o Desembargador Monteiro Rocha
relator e julgador dessa ação de alteração do sobrenome.
No processo, Kayena Coletti Lazzarin alegou que desde o seu nascimento, seu pai,
Sr. Cláudio Afonso Lazzarin, nunca teve uma relação sócio-afetivo com ela, embora
tenha tentado por diversas vezes ter uma aproximação paternal.
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Relata ainda, que ela está grávida, e que o pai de seu filho não irá assumir a
paternidade, deste modo, é obrigada a registrar o nome de seu filho com o
patronímico de seu pai, Lazzarin, o que não deseja.
Dessa forma, o juiz considerou o argumento da apelante, não com base na proteção
da instituição familiar, mas nos reais motivos que levou Kayene a pedir a alteração
do seu sobrenome. Não obstante, o Tribunal de Curitiba também considerou os seus
argumentos válidos e que esta não havia outra intenção, como interesse de lesão à
terceiros ou de realizar a mudança por um mero capricho.
Convém lembrar também, que a dignidade humana, nos dois casos a serem
analisados devem ser considerados. Em consonância com essa temática Sarlet
(apud, FACHIN E PIANOVSKI, 2008, p.102) conceitua que:
de lado e seguir a letra da lei sem ao menos tentar entender todo o contexto que o
caso concreto apresenta.
Portanto o nome é um instituto, que por ser carregado de significados tanto para
pessoa que a porta quanto para todos os outros indivíduos da comunidade, deve
possuir respeito e consideração, pois as suas regras e princípios estão garantidos
na Carta Magna brasileira. Não resta dúvida, que essa relevância, faz-se ainda
maior, quando o ser humano está em desenvolvimento, como é o caso dos filhos de
Rodrigo Silveirinha Correa. Para a criança e o adolescente, o nome, além de
distinguir perante toda a sociedade, demonstra a família que pertence e por esse
motivo que carregar um patronímico que traz consigo transtornos e problemas, que
muitas vezes não é nem consigo ser mensurar por eles, faz-se tornar um destruidor
dignidade humana, o que torna a pretensão dessa família mais que legítima.
Sobre essa situação, é possível verificar também, no Código Civil, o artigo 12, que
trata dos direitos personalíssimos no qual pode-se exigir, por via judicial, que cesse
a ameaça ou lesão, ao direito da pessoa.
semelhante a proteção ao nome. No artigo 15, diz que todo menor de idade têm o
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoa humana em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas leis.
De acordo com esse artigo, a situação das crianças com o patronímico paterno
constrangedor, tem os seus direitos assegurados também, o que oferece, desta
forma, mais respaldo para a pretensão tanto de Kayene quanto dos membros da
família Silverinha.
3 REFERÊNCIAS
Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 1. Teoria Geral do Direito
Civil. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
FARIAS, Cristiano Chaves e ROSENVALD, Nelson. Direito Civil: Teoria Geral. 8ed.
Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2009.