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COMO CONSTRUIR Estruturas de concreto 1. Concepeao (© material concreto armado resulta da combinagao de uma matriz alcalina composta de cimento, agregados, eventuais aditivos c dgua, ‘com um reforgo de barras de aco, Nessa combinagio destacam-se trés compatibilidades: quimica, fisica e mecinica. Quimica: 0 ago ‘do se corrsi no ambiente alealino do concreto, Fisica: ago e concreto tam deformagées muito semelhantes devido as variagbes térmicas, Mecinica: 0 aco resiste bem a tragio, completando esta deficiéncia do conereto. A matriz de conereto deve resistir aos esforgos de ‘compressio ¢ conferir protegao quimica a0 ago, de forma que matriz € reforgo estejam perfeitamente aderidos entre si A estrutura é a parte resistente da construgio, formada por um conjunto de elementos como lajes, vigas e pilares. As estruturas correntes de concreto armado destinam-se as edificagées residenciais, comerciais cindustriais. Sua concepcdo envolve a aplicagio de conhe. cimentos da tcoria das estruturas para a determinagio dos esforgos solicitantes ¢ da resisténcia dos materia. Executada por engenheiros calculistas ou projetistas de estruturas, ‘ssa atividade transformou-se, nos Ultimos anos, com o uso de compu tadores. Ao lado de inegaveis ganhos, surgiram também problemas decorrentes do uso incorreto dos softwares existentes por pessoas nao habilitadas. Os programas utilizados partem do pressuposto de que a estrutura analisada apresenta caracteristicas comuns as demais estruturas usuais. Na medida em que novas técnicas construtivas ppossam alterar detalhes importantes da concepeao estrutural, esses programas nao consideram tais aspectos. Disso podem resultar estru- {uras com problemas de funcionamento estrutural. Um exemplo a diminuigdo do travamento de pilares ao nivel dos pavimentos, por supressio ou disposigao incorreta das vigas, originando estruturas ‘com graves problemas de instabilidade global 2. Livros bésicos ¢ non 25 ‘* NBR-6118 — Projeto ¢ Execugdo de Obras de Concreto Armado, ‘*CEB-FIP Model Code 1990 — Boletim de Informagio n: 203 a 205 do Comité Euro International du Beton # NBR-S732 e NBR-S733, —Cimento Portland Comum — Especificagdo —Cimento Portland de Ata Resistencia Inicial — Es- pecificagaio ‘ NBR-S735. —Cimento Portland de Alto-Forno — Especiticagao © NBR-5736. — Cimento Portland Pozolinico — Especificagao © NBR-5737 —Cimento Portland Resistente a Sulfatos — Especi- ficagao ‘eNBR-7211 — Agregados para Concreto — Especificagio @ NBR-7480 — Barras ¢ Fios de Ago Destinados a Armaduras para Concreto Armado — Especificagao {BR-11578 — Cimento Portland Composto — Especificagao IBR-11768 — Aditivos para Concreto de Cimento Portland — Especificagao 2654 —Conereto — Controle Tecnoldgico de Materiais Componentes — Procedimentos Concreto — Preparo, Controle ¢ Recebimento — Procedimento ‘eNBR. @ NBR-12655 3. Elementos do projeto estrutura! 7 projeto devera compreender memorial de caleulo, desenhos de execugao e outros documentos complementares. Deverd ser clara- ‘mente indicada a resisténcia caracteristica fek do conereto, o tipo de ago € a localizagao de cargas importantes. E fundamental uma perfeita integragao do projeto estrutural aos demais projetos de ar: Parte 1 quitetura, hidravlica, ar-condicionado ete. Com a utilizagdo dos computadores é frequente a apresentagio do memorial através de uma listagem de dados de entrada e saida, Nem sempre so apresentadas todas as informagdes, tornando- necessario 0 auxilio de uma meméria preliminar explicativa Diante da evolugio da tecnologia do concreto e dos agos, as estruturas tendem a ficar mais esbeltas, com grau de deformabilidade cada vex maior. Por isso, ¢ preciso dispor de verificagdes apuradas di deformacées, considerando-se a propagacao de fissuras nos compo: nentes fletidos, a retragio e a deformagio lenta do concreto ou as dilatacoes térmicas. Em dltima instancia, as deformagées da estru: tura devem ser compativeis com aquelas admitidas por alvenarias, pisos rigidos, caixilhos, tubulagSes hidrdulicas ete ‘Assim sendo, os principais elementos a serem considerados no pro- jeto estrutural sao: ‘shipétese de célculo (contraventamentos, graus de engastamento, continuidades etc.) ‘# cargas permanentes ¢ respectivos coeficientes de ponderagao; «# cargas acidentais (vento, recalques diferenciados, deformagées tér- ‘micas, impactos, excentricidades etc.) e respectivos cocficientes de ponderagio; ‘eresisténcia caracteristica dos materiais ¢ respectivos coeficientes de minoragio; dimensionamentos das segdes existentes; ‘* eventual verificagao da estabilidade global da estrutura/prevengdo contra ruptura progressiva; ‘ecalculo das deformacoes dos componentes estruturais (rotagoes, torgdes, encurtamentos, flechas etc.) e verificagao da sua implicagio ‘com outros elementos da estrutura e da obra (paredes, pisos ete.) ‘eventual previsio de contraflechas em componentes fletidos « verificacdo das aberturas de fissuras ‘ecventual previsio de juntas de dilatacao/detalhes construtivos especificagao de materiais; fe desenho dos componentes estruturais, ao nivel de cada pavimento (planta de formas) ddesenho das armaduras para cada componente estrutural ‘¢ quantificagio do concreto ¢ do aco; ‘s planos de concretagem e descimbramento quando essas fases apre- sentarem repercussdes importantes no funcionamento da estrutura; « previsdo de cobrimentos compativeis das armaduras, seja em fun- a0 da durabilidade e/ou da resistencia a agdo do fogo. 4. Especificacao dos materics LT © concreto armado compée-se de uma matriz, que & 0 conereto, 1 partir de cimento, agregados, agua, eventualmente aditivos e adi ‘es, e de um reforco de barras de aco em posigdes estrategicamente designadas pelo projetista, Especificar os materiais significa decidir sobre as caracteristicas da matriz de concreto, tratando, inclusive, de todos os seus constituintes, assim como sobre os requisitos do “esqueleto” de ago, m4. Cimento A normalizacdo brasileira apresenta nove tipos diferentes de cimento sua escolha, distribuidos em seis normas diferentes. Alguns desses tipos so subdivididos em classes de resisténcia, o que aumenta 0 numero de classificagées para mais de duas dezenas, 0 tipo CP I — 0 tipo de“cimento bsico denomina-se Cimento Portland Comum (observe que a palavra “Portland” aparece em todos os tipos, mostrando que os outros so sempre “derivados’ deste), Ele contém a matéria-prima fundamental denominada Clin- FICHA TECHNE 2 ial COMO CONSTRUIR quer Portland e adigio de gipsita, indispensavel para regular o tempo de pega. Este cimento fundamental tem a designagao CP I. Tolera-se ‘a adigao de até 5% de pé calcdrio a0 cimento portland comum, mas entao ele € obrigado a portar um "S” a mais na designagio, tendo inscrita, na sacaria, a sigla CPI-S. 0 tipo CP 1 — Com a recente tendéncia da industria nacional em colocar teores de adigées maiores ao cimento portland comum por rmotivos mereadolégicos, a normalizagdo adaptou-se, criando o ci ‘mento portland composto, que leva sempre a sigla CP II. As adigoes podem ser: 6% a 10% de po calcario com a sigla CP II-F; 6% a 14% de pozolana ¢ 0% a 10% de pé calcdrio com a sigla CP I-Z; ¢ 6% a 34% de escéria de alto-forno © 0% a 10% de pd calcério com a sigla CP IE. Nao se deve confundir 0 CP II-Z nem o CP II-E com os cimentos portland pozolanico ¢ portland de alto-forno, que so 0s que contém as adigdes em quantidade mais significativa Otipo CP I — A escéria de alto-forno granulada éo mais importante subproduto da industria siderirgica. E um material que, moido e ativado, apresenta propriedades de cimento hidréulico. Como 0 ci- mento portland comum € um excelente ativador quimico para a ‘escOria, a mistura de clinquer portland, gipsita, 35% a 70% de eseéria © 0% a'5% de po calcério devidamente mo‘dos leva a denominagao cimento portland de alto-forno e a designagao normalizada CP III €estampada na sacaria. 0 tipo CP IV — As pozolanas s40 materiais silicosos de clevadas finura ¢ desordem cristalina. Tém a propriedade de se combinar com certos produtos da hidratagao do cimento portland comum, formando material cimentante. Dessa forma, uma pozolana pode aumentar a resisténcia de uma mistura contendo cimento portland, comum ou substituir parte deste, mantendo a mesma resisténcia para o conjunto. Cimentos que contém clinquer portland, gipsita, 15% a 50% de pozolana ¢ 0% a 5% de pé caledrio sao chamados As classes de resiténcia — Além da sigla composta de letras algais- mos romanos, 0s tipos de cimento ainda sio obrigados a apresentar, na stcaria, um nimero em algarismos arabicos, que pode ser 25, 32 ou 40, conforme se espere, no ensaio de resistencia & compressio fem argamassa normal, a resistencia aos 28 dias de no minimo 25 MPa, 32 MPa ou 40 MBa, respectivamente. Sao excegdes os cimentos CP V-ARI, cuja resisténeia principal de controle € medida aos sete dias ‘A Tabela 1 apresenta conceitos para quem quer selecionar 0 seu tipo de cimento em relagdo aos principais fatores para a escolha. ‘Além da Tabela 1, aconselhamos a andlise dos resultados de ensaios conforme a Tabela 2a elaboraco de diagramas de dosagem compa- rativos e ensaios especificos para coneretos com os cimentos em questao. 42 Agregados (Os agregados sio considerados inertes, isto é, pelo menos em tese no sofreriam reagées quimicas como ocorre com o cimento, a 4gua, 108 aditivos e as agdes do concreto. Sao subdivididos em grauidos (dimenso maxima acima de 4,8 mm) e mitidos (abaixo de 4,8 mm); podem ser naturais (seixos rolados, pedra britada, areias de rio, areias de cava, pds de pedra impropriamente chamados “areias art ciais”) ow artficiais, euja composigao quimica ou mineralégica é decorrente de processo de producdo conduzido pelo homem, como por exemplo as argilas expandidas e as escdrias de alto-forno resfria~ as lentamente ao ar. les nao tém a fungio de apenas preencher espaco para economizar ‘cimento; sem os agregados teriamos sérios problemas de retracéo. 'A qualidade do agregado interfere na resisténcia © na deformabi- Jidade do concreto, além de influir em sua condutibilidade térmica, resisténcia ao fogo'¢ massa especifica Classificagao dos agregados (NBR-7211, antiga EB-4) cimentos portland pozoldnicos e levam na sacaria a designagio CP 0% ana eee i Fie osasos nia Sy . 4 Ted ae 2 © tipo CP V —O cimento portland de Alta Resistencia Inicial ira} um Cimento Portland Comum especialmente preparado para apre- pra Sentar resistncias mais altas a bainas idades. Assim como 0CP 3 6% Gress TS, cle pode conter até 5% de p6 ealedio. 3 ona Outro: Esti do di lizagao do ci rr q me Jutrostipos — Esta em curso revisio da normalizagéo do cimento eras portland Resistente a Sulfatos, que poderd ser um tipo especial de 3 Mize EPS, ovamiacs pn CE Mle CP IV. que sepreanten = a obras em ambientes com sulfatos. O IPT esté estudando um cimento a eee sa, sem clinquer portland a base de esc6ria de alto-forno; além desses, . Weeecers ha os cimentos de alvenaria, que ndo devem ser usados estrutu- 12 24 4863 8.5125 192592 cor ae, See Figura ‘oetua gama rn) semana gts Tabela 1 Escolha o seu tipo de cimento Cimento Poros oa "Baim | Alora | Porainico | Ata reisnce | Relirm comm wersraa) | compontowonciisrs) | “esis se | “inca ee | ssutsos wencras | wansraey | (wansrss) | Tenses) or _[ eis [oper [orne[orna| com | cpw | cpv—an | foemasewawintawe] a fw fw |e |e |= 5 5 7 Protagéo as armaduras . . . . = . = = = Mult tavorave! ieeeieenienran| ne saree) cele [om : . = I ravorivl [encontrado no mercado % ks a a A ba z fi £ neutro Enabucese orenecral | rm eam Dare? w a 3 ¥ Scape | Preco para o consuidor . . . = = = = . IM Destavoravel et vestnca = 28 | —— Hrs frist laine a 5 = = Norma em rao, asta een, elgnsio ane no Resistencia aos sultatos = = = = = ee ee = = = = Scroorseagan FICHA Estruturas de concreto Compra — A escolha do fornecedor deve levar em conta que o agregado atenda aos requisitos minimos da EB-4 ou NBR-7211 (ver ‘Tabela 2), ¢, preferivelmente, que uma dosagem experimental com- parativa prévia indique vantagem técnico-econdmica (veja no préxi- ‘mo mimero como fazer a dosagem). A norma de agregados ¢ relativa- ‘mente flexivel, tolerando agregados que comprovem desempenho satisfat6rio. Mesmo se algumas exigéncias nao forem atendidas, é possivel, por exemplo, trabalhar com granulometria, teores de mate~ Tiais pulverulentos, argila em torrdes, indices de forma e Abrasdo LLos Angeles, fora da norma, mas geralmente a custa de um consumo mais elevado de cimento; a comprovagao do desempenho satisfat6rio & feita preferencialmente num laborat6rio, ‘Tabela 2 — Condigdes exigiveis para agregados segundo, a NBR-7211 (antiga EB-4) spree — Arenteiito hare miso moran nonres7 wmigonevrgenea Mara pure 8) NORTE

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