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MINISTERIO DA EDUCAGAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Escola de Engenharia Departamento de Metalurgia SOLDAGEM A ARCO ASSISTIDA POR PRE-AQUECIMENTO INDUTIVO. LOCALIZADO. William Todendi Dutra Trabalho de Diplomagio Orientador: Professor Dr, Ivan Guerra Machado Porto Alegre 2015 Dedico este trabalho primeiramente aos meus pais e depois a todos que vao em busca de seus sonhos, que ndo se lamentam e sim vdo atris de solugdes. “O cientista ndo é 0 homem que fornece as verdadeiras respostas; & quem faz. as verdadeiras perguntas”. (Claude Lévi-Strauss) ii ii iii AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer ao professor Ivan por ter proporcionado a oportunidade de realizar este trabalho no laboratério que coordena, bem como suprir com todo apoio técnico necessario & realizagio do mesmo. Aos colegas do LS&TC que me ensinaram muito, e também aprenderam comigo em um trabalho mituo de aprendizado e companheirismo, e também aos colegas da UERGS com quem muito aprendi. ‘Nao poderia deixar de lembrar da UFRGS em si, a qual proporcionou a mim o ensino superior de exceléncia, ao Departamento de Metalurgia e todo seu colegiado altamente capacitado ¢ & todos os demais departamentos da Escola de Engenharia bem como dos institutos de Matematica, Fisica e Quimica que foram essenciais 4 minha formagao. ‘Um especial agradecimento a0 pessoal da Induetotherm, Sr. Sérgio Spoltti por ceder um pouco de seu tempo para resolver problemas com equipamento, bem como do técnico Robson por realizar o try-out comigo. Para minha namorada Franciele Hasmam pela ajuda nos detalhes finais da realizagio deste. iii SUMARIO LISTA DE FIGURAS. LISTA DE TABELAS.. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS... RESUMO...... ABSTRACT. 1. INTRODUGAO E OBJETIVOS. 1 2. REVISAO BIBLIOGRAFICA...... . os 2.1 AQUECIMENTO POR INDUGAO ELETROMAGNETICA. 2 2.1.1 CAMPO ELETROMAGNETICO.... 2.1.2 LEI DE FARADAY-NEUMANN-LENZ. 2 2.1.3 TRANSFORMADOR... 2.1.4 CORRENTES DE FOUCAULT E EFEITO JOULE, 3 2.1.5 SISTEMA DE AQUECIMENTO POR INDUGAO. 2.2 SOLDAGEM TIG: PROCESSO E PARAMETROS. 6 2.3 SOLDAGEM MIG/MAG: PROCESSO E PARAMETROS 2.4 PROCESSOS DE SOLDAGEM HIBRIDO. 13, 2.4.1 DESCRIGAO DO PROCESSO. 2.4.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS EM SISTEMAS HiBRIDOS DE SOLDAGEM. 14 2.4.3 SISTEMA HiBRIDO DE SOLDAGEM A ARCO ASSISTIDO POR AQUECIMENTO INDUTIVO 15 3. MATERIAIS E METODOS......csescsssectcnenetnnenenentnnenenennananeses 3.1 MATERIAL UTILIZADO. 17 3.2 PREPARAGAO DOS CORPOS DE PROVA PARA SOLDAGEM. seco 18 3.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS. 18 3.4 MATRIZ DE EXPERIMENTOS. esse 3.5 PREPARAGAO DAS ANALISES. 24 4, RESULTADOS E DISCUSSAO. 4.1 COMPARAGAO TIG vs TIG+INDUCAO EM AGO ASTM A36, 26 4.2 COMPARACAO MIG vs HiBRIDO (MIG+INDUGAO) EM. iv ACO SAE 5160..ccseoe a 27 4.2.1 INSPEGAO VISUAL E MACROGRAFICA... 128 4.2.2 PERFIS DE DUREZA E MICROGRAFIAS... 233 38 5. CONCLUSOES. 6. SUGESTOES PARA TRABALHOS FUTURO6....... see 7. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA. 40 LISTA DE FIGURAS, Figura 2.1 diagrama de um sistema de aquecimento indutivo... Figura 2.2 Equipamento para soldagem TIG [Marques et al., 2009] 7 Figura 2.3 Equipamento de soldagem MIG/MAG [Marques et al., 2009}... Figura 2.4 esquema de soldagem hibrida em tandem. 18 Figura 3.1 fonte IMC DIGIPLUS A7 450... 18 Figura 3.2 painel do equipamento de aquecimento indutivo. 19 Figura 3.3 sistema de movimentagao dos corpos de prova Tartilope V4......s0useneenn20 Figura 3.4 Montagem do sistema hibrido em tandem. 2 Figura 3.5 desenho esquemitico da montagem em tandem do sistema hibrido TiG/indugdo e seus principais pardmetros de montagem. 21 Figura 3.6 fluxograma de preparagdo das amostras para andlise. 25 Figura 4.1 mostrando a macrografia dos corpos de prova H2 (i esquerda) e 72 (@ direita).... 26 Figura 4.2 visio geral do cordao de solda do experimento JH1 mostrando inicio do fendmeno de humping... Figura 4.3 Experimento M1 mostrando uma trinca na regido marginal direita do cordio de solda (referente 4 diregio de soldagem, de baixo para cima na imagem). Figura 4.4 Experimento M2 mostrando a trinca na regio marginal direita da solda (referente & diregdo de soldagem, lado superior da imagem). Figura 4.5 Experimento M3 mostrando uma trinca na regido marginal direita do cordio de solda (referente a diregdio da soldagem, lado superior na imagem). 29 Figura 4.6 Visio geral do experimento Mil, ndo evidenciando trineas aparente: 30 Figura 4.7 Visio geral do experimento Mi2 evidenciando trinca longitudinal no comeso do cordio de solda 30 Figura 4.8 Regio inicial do cordio do experimento Mi2i apresentando trinca longitudinal semelhante ao da Figura 4.7... 30 Figura 4.9 Visio geral do experimento Mi3, ndo apresentando nenhuma trinca aparente...31 Figura 4.10 Amostras M1, M2 ¢ M3 cortadas e evidenciando trincas.... Figura 4.11 Desenho esquematico das dimensdes avaliadas: W - largura, R- reforgo e P— penetragao. Figura 4.12 Corpo de prova M3 mostrando a trinca da fratura inicial (@ direita) e a trinca detectada na macrografia (indicado pela seta), 32 vi vii Figura 4.13 Trinca detectada no corpo de prova M3 durante a macrografia, apresenta 33 34 ‘mesma origem e caminho que a trinca inicial surgida no lado oposto do cordao.... Figura 4.14 Perfil de durezas para as amostras MI e Mil... Figura 4.15 Perfis de dureza para as amostras M3 e Mi3. 34 Figura 4.16 Perfis de dureza comparativo das amostras M2, Mi2 e Mi2i... Figura 4.17 Zona Afetada pelo Calor da amostra M2 mostrando microestrutura 100% martensitica, Figura 4.18 Zona Afetada pelo Calor da amostra Mi2 mostrando a formagao de martensita e bainita superior. 36 Figura 4.19 Zona afetada pelo calor do experimento Mi2i mostrando microestrutura de martensita revenida, 36 Figura 4.20 Maxima dureza vs Energia do processo de soldagem 37 vii viii LISTA DE TABELAS TABELA 3.1 - Composigio quimica do ago estrutural ASTM A36 e do ago mola SAE 3160....sscescsseessseessseeesseesssiessssnenenintntnnesntinnenannsninananesnnesses sonal TABELA 3.2 - Composigao quimica do arame ER70S-G utilizado na soldagem MIG.......19 TABELA 3.3 - Pardmetros de montagem em tandem do sistema hibrido TIG/indugao. ....22 TABELA 3.4 - Matriz de experimentos bead-on-plate em ago ASTM A36: codificagao ¢ parémetros. 23 TABELA 3.5 - Matriz de experimentos de juntas soldadas em ago ASTM A36: codificagdo e parametros. 24 TABELA 3.6 - Matriz de experimentos das juntas soldadas em ago SAE 5160: codificagao e PATAMetPOS.......seseeeeeesseeetnnnnenenee 24 TABELA 4.1 - Anilise dimensional e comparativo dos cordées de solda... viii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Coq - carbono equivalente ASTM - ASTM International SAE ~ Society of Automotive Engineers E campo elétrico ou FEM — forga eletromotriz ‘n— campo magnético N —niimero de espiras I- corrente elétrica R= resisténcia elétrica — tempo 8 —profundidade de penetragao pr —permeabilidade relativa £— frequéncia medida em Hertz (Hz) p—resistividade ohmica W — medida de poténcia U -tensio elétrica RESUMO Este trabalho tem por objetivo estudar os efeitos metalirgicos causados pela utilizago de um sistema hibrido de soldagem & arco assistido por um pré-aquecimento indutivo localizado na regio da junta a ser soldada. © trabalho se desenvolveu em duas etapas: primeiramente avaliar os efeitos de processo na soldagem de juntas em ago ASTM A36 com o sistema de aquecimento indutivo formando um processo hibrido, com a montagem em tandem, junto a uma tocha de soldagem TIG. Em segunda etapa, os testes realizados visaram avaliar os efeitos metalirgicos sobre a geometria da solda, o perfil de durezas e microestrutura formada, através da soldagem de juntas pelo proceso MIG em comparagdo com o sistema hibrido (MIG+Indugo), sobre um ago SAE 5160. Todas as juntas dos sis jemas hibridos mostraram penetrago maior devido a0 pré-aquecimento indutivo auxiliar o metal base a elevar a temperatura proxima ao ponto de fusdo. As soldas feitas no ago SAE 5160 realizados pelo método convencional MIG apresentaram trincas, jé as realizadas pelo sistema hibrido nfo apresentaram nenhum tipo de falha, A avaliagio do perfil de microdurezas mostrou um gradiente muito maior desta propriedade no proceso convencional para as 3 velocidades de soldagem utilizada, porém € importante notar que para a velocidade mais alta, 0 sistema hibrido aparentou uma tendéncia de se igualar ao sistema convencional quanto as geometrias e durezas medidas. Por iiltimo, foi avaliado a utilizagdo de um po: aquecimento indutivo em uma amostra de soldagem do sistema hibrido, a de velocidade intermedidria, a qual mostrou uma queda significativa de dureza em relago as outras de mesma velocidade de processo. xi ABSTRACT This work aims to study the metallurgical effects caused by using a hybrid arc welding system assisted by an inductive pre-heating located in the region of the joint to be welded. ‘The work took place in two stages: first to analyze the effects of the process by welding joints in ASTM A36 steel with a induction heating system forming a hybrid process, in a tandem assembly with the TIG welding torch. In the second stage the tests were intended to evaluate the metallurgical effects on weld geometry, the hardness profile and the formed microstructure, by welding the joints with MIG compared with the hybrid system (MIG+induction) on an SAE 5160 steel. All joints welded with the hybrid system showed greater penetration due to inductive pre-heating at the base metal, which helps to raise the temperature near it melting point. Welds made in SAE 5160 steel by the conventional method MIG showed some cracks, however, those carried out by the hybrid system did not show any failure. The evaluation of the microhardness profile showed a much larger gradient of this property in the conventional process for the 3 speeds used for welding, but it is important to note that at the highest speed, the hybrid system appeared a tendency to equate the conventional system in the geometries and hardness measurements. Lastly it was evaluated using the inducti ve post-heating in a welding sample of the hybrid system, the intermediate rate, which showed a significant decrease in hardness compared with the same other process speed. 1, INTRODUGAO E OBJETIVOS Em face de um mundo mais globalizado e competitive, cada vez os desenyolvimentos no Ambito académico ¢ industrial focam na otimizagio dos processos de fabricagdo, seja motivado pela escassez de recurso ou pela diminuigio dos custos de produgdo, A necessidade de se produzir mais em menos tempo, desde a primeira metade do séeulo XX, faz com que novos processos de fabricagdo sejam investigados.e novas tecnologias sejam desenvolvidas. Dentre as etapas dos processos de fabricagdo mecinica, se destaca a unido de materiais por meio de soldagem, um tipo de conexdo (geralmente entre pegas metilicas ferrosas) permanente, baseada na agdo de forgas em escala atomica. Processos de soldagem como o TIG (Tungsten Inert Gas) e MIG (Metal Inert Gas) sio de grande importincia em setores onde a qualidade da junta soldada seja alta, quase livre de defeitos (no caso do primeiro) e a alta taxa de produtividade (no caso do segundo) sejam requisitos basicos. Uma vez que 0 processo de soldagem se baseia na fusdo do material base por meio de um arco elétrico, o presente trabalho propée a utilizagio de um sistema de indugdo eletromagnética como assistente no aquecimento localizado da junta entre as duas pegas precedendo 0 arco elétrico ¢ assim auxiliando alcangar temperaturas proximas 4 de fusio do material, bem como diminuir os gradientes de temperatura ao longo da pega. Sistemas de aquecimento indutivo ja vém sendo utilizados nos setores de fundigdo ¢ tratamento térmico hd muitas décadas. As méquinas que exercem esta fungdo aliam boa precisio de controle dos complexos circuitos eletrénicos, com eficiéncia energética, grande seguranga ¢ estabilidade de operagao. Baseados nestes processos ¢ sistemas, o trabalho busca investigar as propriedades metalirgicas de um “Sistema Hibrido de Soldagem a Arco [Jerald Jones, 2015] assistido por pré-aquecimento indutivo localizado”, analisando a morfologia do cordio de solda (geometria da zona fundida ¢ termicamente afetada), a penetragdo da solda e o perfil de durezas quando necessario. 2. REVISAO BIBLIOGRAFICA 2.1 Aquecimento por Indugio Eletromagnética 2.1.1 Campo Eletromagnético E um campo de influéncia magnética surgida de correntes elétricas ou de materiais magnéticos (relacionados a0 momentum magnético de particulas elementares, 0 spin). Em sistemas elétricos surge da variagdo da corrente elétrica (observada por Oersted ¢ descrita por Biot-Savart) em um condutor, portanto existem apenas na comutagdo de uma corrente continua ou na existéncia de uma corrente alternada, 2.1.2 Lei de Faraday-Neumann-Lenz Também chamada Lei da Indugdo Eletromagnética, é a lei que explica a interag’o entre campo magnético e elétrico. E uma das quatro equagées de Maxwell que regem o eletromagnetismo clissico e composta pela unido de diversos prineipios. Primeiramente, em 1831, Michael Faraday, em sua Lei de Faraday, disse que “a corrente elétrica induzida em um circuito fechado por um campo magnético & proporcional ao mimero de linhas do fluxo que atravessa a drea envolvida do circuito, por unidade de tempo”. Ji em 1845, Franz Emst Neumann & transereveu na forma matemética a forga cletromotriz igualando com o negativo (contribuigio de Lenz) da variagao do fluxo magnético no tempo: Onde o fluxo P ppode ser definido, dentro da drea que esté sofrendo a interago, [[ Boas 550) como: dy Usando a definigo da FEM, aplicando o diferencial e escrevendo na forma integral do teorema de Kelvin-Stokes : ¢ E-dé=— a “dA OE = Sendo E 0 campo elétrico induzido, dl é um elemento infinitesimal do circuito A contribuigdo de Heinrich Lenz se dé por que segundo ele “o sentido da corrente 6 0 oposto da variagdo do campo magnético que a gera”. Isso significa que a indugdo sempre se dé com 0 intuito de manter 0 campo com a mesma diregdo e magnitude, Caso 0 campo magnético aumente, surge uma corrente que gera um campo contrario, tentando impedir esse aumento, Se o campo diminui um efeito inverso acontece. 2.1.3 Transformador Inventado em 1831 por Michael Faraday, sdo dispositivos que funcionam de acordo com a Lei da Indug&o Eletromagnética, consistem de duas ou mais bobinas (enrolamentos de fio, geralmente de cobre esmaltado) um niicleo para condugdo do campo magnético. Baseado no principio de Biot-Savart de que uma corrente elétrica produz um campo magnético e na lei de indugdo de Faraday-Neumann-Lenz de que um campo magnético variével dentro de uma bobina induz. uma tensdo elétrica nas extremidades da mesma e que a tensio na mesma é diretamente proporcional a taxa com que varia 0 flux magnético no circuito, Ou seja, na bobina priméria é gerada uma corrente elétrica que gera um campo magnético, o qual é conduzido pelo macleo do transformador e permeia a segunda bobina que acaba por ter uma corrente induzida em seu enrolamento porém no sentido contririo da primeira, Para uma tensdo ou FEM ¢; na bobina 1 e ¢2 na bobina 2, assim como Ni Ny espiras nas respectivas bobinas, ¢ o fluxo é igual para as duas, logo: a= nite dt diz 7 & &y ot oN, Assim a razo entre espiras e tenso, nas bobinas serd: &2_ N, & ™M Correntes de Foucault e Efeito Joule Também conhecidas como correntes parasitas, so as correntes induzidas em um material metilico relativamente grande quando submetido a um campo magnético variavel. Em alguns casos as correntes de Foucault geram calor no condutor através da dissipagio por efeito Joule, ou efeito térmico, devido a resisténc! interna da pega. O efeito pode ser descrito por: Q=P-R-t onde: * Qo calor gerado por uma corrente constante percorrendo uma determinada resisténcia elétrica por determinado tempo, © 1éacorrente elétrica que percorre o condutor com determinada resisténcia R. Réaresisténcia elétrica do condutor. © £8 a duragdo ou espago de tempo em que a corrente elétrica percorreu ao condutor, 2.1.5 Sistema de Aquecimento por Inducio Na indistria, os prineipios bisicos de aquecimento por indugdo so conhecidos ¢ aplicados desde 1920, Durante a Segunda Guerra Mundial, a tecnologia desenvolveu-se rapidamente para atender as necessidades urgentes da guerra, para um processo rapido ¢ confivel de endurecer pegas metilicas de motores (aquecimento para tratamento térmico) Mais recentemente, 0 foco em técnicas de manufatura enxutas ¢ a énfase na melhoria do controle de qualidade levaram a uma redescoberta da tecnologia de indugio, juntamente com 0 desenvolvimento de controle preciso ¢ de componentes de estado s6lido nos geradores de poténcia. As taxas de produgio podem ser maximizadas, pois a indugdo funciona rapidamente, ¢ o calor é desenvolvido diretamente e instantaneamente no interior da pega, chegando em casos extremos & temperaturas de 100°C em tempo menor que 1 segundo. A eficigncia desse tipo de sistema também pode chegar nos modemos conversores aos 90%. Em geral os beneficios do uso do aquecimento indutivo sao: © Elevadas densidades de poténcia, o que toma rapido aquecimento; © Possibilidade de aquecer regides selecionadas e determinadas de um componente; © Preciso controle de temperatura; s sistemas consistem basicamente de um oscilador eletrénico de frequéncia controlivel, pois existe um efeito pelicula, ou skin effect em inglés, onde as correntes de Foucault circulam pela periferia do condutor e quanto maior a frequéncia de oscilago do campo magnético mais superficial ¢ a circulagdo da corrente e portanto mais superficial ¢ o aquecimento, podendo assim focalizar os efeitos de temperatura em uma regio mais restrita ou mais global apenas com alteragdo da frequéncia de oscilagdo do circuito Definindo pela equag: Sendo: 8 ~ Profndidade de penetragdo, em (metro); p = Resistividade 6hmica do material, em (Ohm.metro); ur Permeabilidade relativa do material, adimensional,; = Frequéncia nominal do Gerador de Indugéio, em (Hertz). ‘A energia gerada por unidade de volume da pega a ser aquecida é diretamente proporcional 4 frequéncia de ressondncia do circuito, & permeabilidade magnética do material ¢ a0 quadrado da intensidade do campo magnético na superficie da pega. A poténcia também depende das dimensdes da peca em relagdo a profundidade de penetragio da corrente induzida, Este fator fornece a extensio da faixa das frequéncias de funcionamento que serio usadas para cada processo industrial que utilize aquecimento por indugdo. Acoplado a isso, um transformador de poténcia é responsive por dar carga a0 sistema e controlar a intensidade do campo eletro-magnético. Uma bobina especialmente desenhada para aquecimento da regido desejada faz 0 papel final do sistema, tendo ela a fungdo de enrolamento primério de um transformador enquanto a pega a ser aquecida fimciona como secundatio. Elementos auxiliares so necessérios para fazerem corregdes de casamento da induténcia do sistema bobina/pega, de otimizagao dos fatores de poténcia reduzindo assim perdas, também de seguranga no isolamento da saida do gerador. A figura 2.1 mostra 0 esquema de um sistema de indugdo. A bobina é confeccionada geralmente em cobre por ser um bom condutor elétrico € térmico, sendo utilizado um tubo de cobre para permitir que Agua circule em seu interior ajudando na refrigeragdo e mantendo seu fator de qualidade, as im garantindo a maxima transferéncia de energia. Entrada de energia Gerador Estado Solido Eficiencia 95% Transfermader de isolasao dis Ssida do Gerador i Cabos de Transmigio Capacitor de Acoplamento a CargsiCorrecao do Auto Transformador de Snida pars Acoplamento da Carga Barramento do indutor Indutor ey Pees Aquecida Figura 2.1 diagrama de um sistema de aquecimento indutivo Além dos efeitos causados pelo efeito Joule relacionado as correntes de Foucault, existe ainda uma parcela de aquecimento por efeito de histerese sa acontece quando da inversio dos dominios magnéticos do metal pela ago da inversdo da polaridade do campo magnético gerado na bobina de indugo que reagem a fim de manter o sistema em equilibrio, porém gerando um tipo de friegio atémica interna que faz com que seja gerado calor, clevando a temperatura da pega. No aquec wento de agos este efeito tem pouca importincia pois ao chegar na temperatura Curie, 0 ago se tora paramagnético, ento 0 aquecimento por histerese se toma praticamente nulo. Quando se geram correntes de Foucault 0 ago passa a se comportar como uma resisténcia elétrica ¢ 0 calor gerado € proporcional a R*E, sendo R a resisténcia total do circuito e Ia intensidade de corrente, Quanto mais alta a temperatura, menor serd o efeito de aquecimento por correntes de Foucault, 2.2 Soldagem TIG: Processo e Parimetros 0 proc 10 de soldagem TIG (tungsten inert gas) ou GTAW (gas-shielded tungsten are welding) consiste na unio de pegas metilicas através de seu aquecimento e fusdo por jo entre o eletrodo de tungsténio nao consumivel e as pegas a unir. A protecdo da poga de fusio e do arco elétrico é feita através de uma atmosfera de gés inerte ou mistura de gases inertes. A soldagem pode ser feita com metal de adig&o direto na poga de fusdo, ou sem, no caso de um proceso autégeno, © modo de operagio mais usual é 0 manual. A automatizagio do processo no apresenta dificuldades, 0 que permite obter um sistema de soldagem TIG com operagio semiautomatica ou automitica. © equipamento utilizado na soldagem TIG consiste basicamente de uma fonte de energia elétrica, normalmente um transformador retificado, uma tocha de soldagem refrigerada a ar ou Agua, um cilindro de armazenamento do gas de protecdo eo sistema de abertura do arco que pode ser por alta frequéncia ou sistema lift arc. A figura 2.2 mostra esquematicamente uma representacdo de um equipamento tipico do processo de soldagem IG Tocha Gas Barco Pega Fonte Figura 2.2 Equipamento para soldagem TIG [Marques et al,, 2009] A proteedo gasosa, no processo TIG ocorre através de um fluxo de gas inerte, que parte do bocal da tocha, circundando 0 eletrodo de tungsténio, em diregdo a poga de fusio. Em alguns casos especiais, gases nao inertes podem ser utilizados em pequena quantidade, misturados com gas inerte [Kou, 2002]. © gis além de proteger a poga de fusio de contaminagio pelo ar atmosférico, protege também o eletrodo nao consumivel, pois apesar deo tungsténio fundir & altas temperaturas, a sua oxidagdo ocorrer em temperaturas bem mais baixas. Durante a operagao, o eletrodo deve se manter na cor prateada, do contratio, ha fuga de gas no sistema, 0 gis é impuro, ou o restante de gés que permanece no bocal no se mantém ali até que o eletrodo resfrie [Machado, 1996]. ‘Uma das principais caracteristicas dese proceso & 0 controle da energia transferida para a pega. Ocorre por meio de um controle independente que o operador tem da fonte de calor e do metal de adigdo, 0 que torna o processo adequado para soldagem de pegas de pequena espessura. A auséncia de esedria durante o processo de soldagem permite uma visdo clara da poga fundida para o soldador, ¢ nao ha presenga de fumos que sejam nocivos. O arco elétrico se mostra bastante estivel, concentrado e suave, adequado para produzir soldas com boa qualidade e acabamento, se os parimetros forem bem selecionados. Além disso, mesmo na soldagem com metal de adigo, 0 arco elétrico no gera salpicos, pois ndo ha transferéneia de metal ja que o calor da poga de fusdo & que funde o metal. ‘A desvantagem desse processo reside na baixa taxa de deposigao, que implica numa operagZo mais demorada, se comparada com outros processos de soldagem. Sua ‘operagdo também depende da destreza do operador do que outros processos de soldagem a arco. Nao é um processo adequado para ambientes turbulentos, com correntes de ar ¢ ventos, pois estes podem interferir na protegdo gasosa da poga de fusdo ¢ do eletrodo. Devido ao alto custo, somente & empregada em soldagens especiais, de met ferrosos € de agos inoxidaveis, na soldagem de pegas de pequena espessura ( 1 a2 mm) e no passe pdes © dutos. de raiz na soldagem de tubul: ‘A fonte de energia é do tipo corrente constante ou tombante, onde uma grande variagdo na distincia do eletrodo até a pega causa uma pequena variago na corrente de soldagem, comum em processos manuais. © mais comum ¢ a utilizagdo de polaridade direta, ou seja, utilizando corrente continua com 0 eletrodo na polaridade negativa, onde a penetragio é mais profunda, devido ao calor estar concentrado, em sua maioria, na pega que reduz a necessidade de refrigeragdo da tocha, e a largura do cordio é reduzida. Ha basicamente trés modos de abertura do arco, a utilizagdo de uma fonte de alta frequéncia que cria um arco piloto com a finalidade de quebrar 0 comportamento dielétrico do ar, um segundo método tal qual a abertura de arco em processos de soldagem por cletrodo revestido onde o eletrodo & “riscado” na pega, mas que pode provocar inclusdes de tungsténio no metal de solda, diminuindo assim a tenacidade da junta ¢ 0 reduzindo a vida util do eletrodo. Um terceiro método, utilizado em fontes mais modernas e chamado de lift arc consiste em encostar o eletrodo na pega e quando este é afastado {interrompe-se 0 contato) o sistema eletrénico enxerga a mudanga em fragdes de segundo e © arco se inicia, Assim nao se corre 0 risco de inclus es de tungsténio na pega ou de desgaste do eletrodo ja que a corrente s6 se estabelece depois de desfeito 0 contato entre os dois A corrente de soldagem ¢ um dos principais parametros, com a maior influéncia na penetragdo do cordio de solda. Quanto mais intensa a corrente de soldagem, maior a penetragio. Porém na soldagem manual, quanto maior a corrente maior a dificuldade em controléela, requerendo uma maior velocidade de soldagem, Operagdes com altas correntes so mais adequadas em sistemas mecanizados, semiautomiticos ou automaticos. Correntes muito baixas, por outro lado, podem causar falta de fusio ¢ baixa penetragao, além de

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