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A Psicologia do Design de Interiores é um ramo recente da Psicologia Ambiental.

Baseia-se em
resultados de pesquisas científicas e em experimentação. O fundamento essencial dessa área é o amplo
universo de investigação neurocientífica das emoções humanas. Dito de outra maneira, ocupa-se de
entender como os Psicologia do Design de Interiores: Em Busca de Uma Arquitetura da Fe...
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seres humanos reagem, no nível emocional e cognitivo, à forma com que os espaços interiores –
residenciais e comerciais, individuais e coletivos – são organizados. A partir disso, a Psicologia do Design
de interiores visa contribuir para que os lares e estabelecimentos comerciais sejam espaços promotores
de bem-estar e qualidade de vida. Não se pode confundir a Psicologia do Design de interiores com a
Ergonomia. Enquanto a Ergonomia volta-se para a criação de ambientes funcionais, a Psicologia do
Design de interiores tem a árdua tarefa de tentar criar ambientes mais felizes, espaços que
priorizem as emoções e as vivências positivas.
Ainda, a Psicologia do Design de interiores também tem sido utilizada para auxiliar profissionais
do mercado imobiliário na venda e alocação de imóveis, principalmente no que diz respeito à decoração
das casas a serem negociadas. No canal de TV à cabo A&E há um reality show, Sell This House (Casa à
Venda), no qual o designer Roger Hazard utiliza os princípios da Psicologia do Design de interiores para
ajudar pessoas a venderem seus imóveis. Similarmente, os mesmos conhecimentos têm sido utilizados
por lojas que trabalham com artigos de decoração para promover uma melhor adequação dos produtos
ao perfil e às necessidades e expectativas do cliente.
A Psicologia do Design de interiores foi o primeiro passo no sentido de utilizar os conhecimentos
propiciados pela Psicologia Positiva na Psicologia Ambiental. Ou seja, a primeira tentativa de promover
felicidade a partir da interação homem-ambiente. Apesar de ter sido a primeira, essa vertente não é a
única a ocupar-se de tornar meros moradores em habitantes mais felizes. Recentemente, surgiu nos EUA
a onda do happy décor!
O happy décor segue a enxurrada de propostas, em todos os âmbitos da cultura contemporânea,
que prometem a felicidade num pacote bem arrumado. Da perfumaria à culinária, da literatura ao setor
bancário, quase todas as formas de produção humana nesse início de século têm adotado o discurso da
felicidade prêt-à-porter. Tendo por resolução produzir felicidade com cores intensas e ambientes
profusamente iluminados, o happy décor surge como a alternativa da hora para quem quer decorar a casa
e, ao mesmo tempo, se sentir em dia com as as mais recentes tendências de comportamento e estilo de
vida contemporâneas…Afinal, só no ano de 2007, 100 instituições americanas ofereceram cursos sobre a
felicidade.
Mas não é só de fast-self-h(elp)appy-décor que vive o mundo da arquitetura. Alguns estudos,
bem mais sérios, na área tentam entender a relação entre arquitetura e felicidade. O filósofo Alain de
Botton, por exemplo, publicou um livro, em 2007, sobre o papel da arquitetura na promoção de felicidade.
Em seu
livro, A arquitetura da Felicidade, o autor nos convida a abrir os olhos para essa curiosa relação,
raramente percebida. Botton defende que o que buscamos numa obra de arquitetura não está tão longe
do que procuramos num amigo. Ao construir uma casa ou decorar um cômodo, as pessoas querem
mostrar quem são, lembrar de si próprias e ter sempre em mente como elas poderiam idealmente ser. O
lar, portanto, não é um refúgio apenas físico mas também psicológico, o guardião da identidade de seus
habitantes.
Assim como Botton, outros estudiosos procuram levar a sério a investigação da relação entre
felicidade e
arquitetura. Dentre eles, há psicólogos sociais, experimentais, evolutivos e ambientais como
Gary W.
Evans, da Universidade Cornell, em Nova York, que realiza estudos profícuos na área. Num
deles, Evans identificou que o bem-estar numa moradia é, em grande parte, dependente da possibilidade
que os moradores têm de fazer mudanças na casa. Para ele, essa autonomia decisória quanto à
organização da casa cria um elo emocional entre o morador e o imóvel. Não é a toa que a as pesquisas
sobre satisfação com a moradia apontam para o fato de que os proprietários costumam ser mais
satisfeitos com seus lares do que os inquilinos. Evans também conseguiu demonstrar que determinadas
mudanças nas características
da casa podem melhorar a percepção subjetiva dos moradores e dar lugar a sentimentos
positivos. Ele concluiu, por exemplo, que a falta de privacidade numa casa contribui para o estresse. A
sensação de perda do espaço individual pode ser originada por elementos como paredes muito finas,
janelas mal posicionadas e varanda muito aberta.
A necessidade de privacidade é um aspecto recorrente nos estudos sobre os efeitos do ambiente
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bem-estar subjetivo das pessoas. Por exemplo, os psicólogos Oddvar Skjaeveland, da
Universidade de Bergen, na Noruega, e Tommy Gärling, da Universidade de Gutemburgo, na Suécia,
defendem que deve
haver áreas de transição entre o espaço privado(a casa) e o público(a rua), para transmitir
segurança e tranqüilidade. Seja como for, identificar os fatores que promovem bem-estar, sentimentos e
emoções
positivas, sensações agradáveis e satisfação com o lar tem sido a meta dos psicólogos
envolvidos na formulação de uma arquitetura da felicidade. Com isso, o foco da casa passa a ser o
indivíduo e não
apenas conceitos abstratos de estética ou funcionalidade.
Como defende Botton, o autor do livro Arquitetura da Felicidade, esses dois aspectos não são
independentes nem excludentes. Ou seja, para ele, as construções não deveriam ser
desenhadas apenas para funcionar de tal ou tal modo, mas também para refletir um ideal de beleza e
transmitir mensagens.
Segundo o filósofo, a funcionalidades essencial dos prédios deve ser a psicológica. Um banheiro
que não funciona direito incomoda tanto quanto um que não atenda à função estética e expressiva.
Talvez, por isso, os estudiosos da arquitetura da felicidade afirmem que para que alguém seja feliz com
sua casa não é preciso gastar rios de dinheiro. Respeitar as características e particularidades do morador
já é um passo. O outro é respeitar as necessidades inerentes à nossa condição biológica. Deixar a luz
natural adentrar a casa, por exemplo, não serve apenas para aquecer os ambientes e realçar as cores
das paredes, tecidos e móveis, mas também para ajudar o nosso organismo a regularizar os ciclos
cotidianos dependentes de hormônios – como o ciclo vigília-sono – e isso, coincidentemente, melhora o
nosso humor

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