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1.

INTRODUÇÃO
1.1. PERÍCIA
Conceito: É o exame hábil de alguma cousa, realizada por
pessoa habilitada ou perito, para determinado fim,
judicial ou extrajudicial. (GONÇALVES, 1968, p.7).
Utilidade: O conceito pacífico da perícia é que juizes e
interessados pedem o testemunho e os subsídios dos
técnicos para decidir e resolver. (D´AUREA, 1962, p. 152).
Prática: Perícia é um instrumento especial de constatação,
prova ou demonstração, científica ou técnica, da
veracidade de situação, coisa ou fatos. A perícia é feita para
suprir a insuficiência de conhecimentos
específicos sobre o objeto da prova.
Pode-se solicitar o procedimento pericial numa ampla e variada gama
de situações e para os mais diversos segmentos do conhecimento
humano. Isto pressupõe que, a priori, qualquer situação, coisa ou fato
seja factível de perícia, quando questionada perante juízo ou fora dele.
Exemplos:
- Desapropriação de terras por órgão federal, para construção
de rodovia. A desapropriação se
baseia em laudo de avaliação de terras por perito judicial e assistente
técnico. Com base no laudo pericial determina-se oquantum das
terras, benfeitorias etc., para a indenização correspondente.
- Acidente automobilístico com vítimas. O juiz ou a parte
interessada podem solicitar nomeação
de perito (engenheiro mecânico), para produção de laudo que constate
a existência ou não de falha mecânica, a fim de provar a quem cabe a
culpa do acidente – se ao motorista, por imperícia, imprudência ou dolo
eventual, ou a uma falha mecânica do veículo.
1.2. PROVA
Conceito geral: A prova é a soma dos fatos produtores da
convicção, apurados no processo (SANTOS, 1983,
p.13).
Utilidade: A prova visa, como fim último, a incutir no espírito
do julgador a convicção da existência do fato
perturbador do direito a ser restaurado. (SANTOS, 1983, p.2).
Na perícia: A busca da verdade formal quanto aos fatos,
interessa ao perito, já que a ele será cometida a
responsabilidade funcional de trazê-la para os autos do
processo.
Na prática: A prova, no significado comum e geral, visa a
demonstração da verdade ao passo que a prova
específica processual civil limita-se à produção da certeza
jurídica. (BONUMÁ, João).
1.2.1. Prova Pericial
Função:A função da prova pericial é a de transformar os fatos
relativos à lide de natureza técnica ou científica,
em verdade formal, em certeza jurídica.
Conceito: É a demonstração que se faz - o modo - da
existência, autenticidade e veracidade de um fato ou ato.
Juridicamente, é o meio de convencer o juízo da existência do fato em
que se baseia o direito do postulante. Os recursos de que se utiliza a
inteligência, para a percepção da verdade, constituem a prova
(SANTOS, Moacir Amaral).
Na prática: A prova tem por finalidade demonstrar a verdade
ou não-verdade de uma afirmação. (Milhomens,
Jônatas)
A verdade negativa ou positiva, a cerca dos fatos interessa ao
magistrado, quando, ao sanear determinado processo, percebe estar
envolvida matéria técnica, cuja certeza jurídica só pode ser alcançada
mediante produção de prova pericial.
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A favor: “Tendo o magistrado elementos suficientes para o
esclarecimento da questão, fica o mesmo autorizado a
dispensar a produção de quaisquer provas, ainda que já tenha
saneado o processo, podendo julgar antecipadamente
a lide, sem que isso configure cerceamento de defesa”
(jurisprudência CPC T.Negrão, p.413 “22”).
Contra: “Não há julgamento antecipado após deferimento e produção
de prova pericial, que conduz à audiência em
que, eventualmente, haverá oportunidade de esclarecimentos do
laudo e debate oral de questões suscitadas no
p
rocesso”. “A nomeação do perito não é mera faculdade do julgador; é
imposição legal, não podendo o juiz voltar
s
obre seus passos, para considerar desnecessária a prova.”
(jurisprudência CPC T.Negrão, p.414 “22”).
Restrição na perícia: Ao perito não é permitido externar, em
seu laudo, sua opinião pessoal sobre o que se
questiona nos autos do processo judicial. Ao Perito cabe
unicamente relatar os fatos tal
qual os observou.
Metodologia:Quando a matéria a ser periciada é parcial,
alcançável, examina-se tudo, ou seja, a totalidade do
Universo sob exame.
Quando a matéria é demasiadamente ampla, sem
possibilidade de alcançar-se o objetivo pela
totalidade, utiliza-se a amostragem, mas com exceção.
A prova é a concretização, técnica ou científica, do alegado.
Siga os exemplos:
- Acidente de trânsito com vítima fatal = o laudo pericial
constatou existência de falha
mecânica grave (rompimento de barra de direção)antes do
acontecimento do evento, podendo ser, este, o motivo do acidente;
perícia acolhida e não contestada; descaracterização do crime de dolo
eventual.
- A desapropriação de terras para construção de estrada
federal gerou uma indenização
considerada insuficiente, por parte do expropriado. Em contestação a
essa deficiência, este entra com solicitação de revisão doquantum
definido pelo órgão federal como indenização de suas terras. Para
tanto, o juiz nomeia perito judicial (engenheiro) para que proceda à
reavaliação da propriedade e, com base no laudo, define o valor da
indenização devida pelo órgão expropriante.
1.2.2. Ônus da Prova
Aplicação: Segundo o Art. 333 do CPC, a obrigação de provar
cabe: I – ao Autor, quanto ao fato constitutivo de
seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito
do autor.
Fatos Jurídicos: é todo acontecimento, voluntário ou não, que pode
ter conseqüências jurídicas ou de conservar,
modificar ou extinguir relação de direito.
(Segundo Amaral Santos, p. 152): FATOS CONSTITUTIVOS – São aqueles
que têm a eficácia jurídica de dar vida, de fazer nascer, de constituir a relação
jurídica (ex.: propriedade imobiliária sobre a qual se reclama indenização por
desapropriação); FATOS EXTINTIVOS – são aqueles que têm a eficácia de
fazer cessar a relação jurídica (ex.: prescrição do direito reclamado; no caso do
processo de apropriação indireta com indenização da propriedade, a prescrição
se dá em 20 anos, caso o autor – o expropriado – não reclame o seu direito
dentro desse prazo);FATOS
IMPEDITIVOS – São aqueles que impedem que decorra de fato o efeito
que lhe é normal, ou próprio, e que constituia
sua razão de ser; FATOS MODIFICATIVOS – são aqueles que, sem
excluir ou impedir a relação jurídica, à qual são
posteriores, têm a eficácia de modificá-la:
O Art. 333 do CPC distingue duas modalidade de contestação dos
fatos jurídicos constitutivos:
1ª - O réu não só nega os fatos constitutivos articulados pelo autor
como também alega fatos que extinguem ou
impedem aqueles.
2ª - o réu reconhece os fatos constitutivos mas alegafatos que
extinguem, impedem ou modificam a relação j urídica.
Conceito:Quem afirma ou nega determinado fato é que tem o
ônus, o interesse de oferecer ou produzir as
provas necessárias que entende possam vir a corroborar com
as alegações oferecidas.
Na prática: O dever de provar compete a quem alega, ou
afirma determinados fatos da causa.
Constatação:Quem busca a proteção da justiça depara com a
necessidade de produzir suas provas.
Quem oferece provas mais convincentes fatalmente obterá
sucesso.

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