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Segunda parte Politica, moral, direito Capitulo 3 Politica e moral |CONCEITO DE POLITICA significado clssico e moderno de politica Derivado do adjtivo de pais (polities), sgnificando tudo aquilo ve we refere cidade, e portanto 20 cidadio, vil, piblico e também pcivel e social, 0 termo "politica" foi transmitido por influéncia da {onde obra de Arstételes, inttulada Politica, que deve ser consi © primelro tratado sobre a naturez, as Fung6es, as divisties do Esta ln. sobre as vias formas de govern, predominantemente no signifi. edo de arte ou cidhcia do governo, isto 6, de reflexdo, no importa se “Com intengdes meramente descrtivas ou também presriivs (mas os ‘os aspectos sio de dificil dstingio), sobre as cosas da cidade, Ocor- “fe, wim, desde origem, urna transposigao de aigificto do cenjsaty ‘le coisas qualificadas em um certo modo (ou sea, com um adjetivo, {julificativo como "poltico"} para a forma de saber mais ov menos “oganizado sobre esse mesmo conjunto de coisas uma tansposigso no siferente daquela que dew origem a termos tals como Fisica, estética, “economia, éicae, por timo, cbernética, Durante séculos, 9 terme “politica” foi empregado predominantemente para indicar obras Aeicadas 20 estudo daguelaesfea de atividade humana que de algum Thal faz referéncia As coisas do Estado: Politic methodice digesta, pia dar um eslebro exemplo, 0 titulo da obra através da qual Johannes hone pennies anehleeaeremanearesisde ashen | Na era moderna, © termo pendew o seu significedo original, tend sido paulatinamente substituido por outras expresses tis como “ci cia do Estado", “doutrina do Estaco",“ciéncia politica, “filsofia pol tica” etc, para enfim ser habitualmente empregado par indicar a ativ dlade ou o conjunto de atividades que tém de algum modo, come term de referencia, a pis, isto é, 0 Esado. Dessa aividade a pis ora & sujeito, donde pertencem a esferada politica atos como o de comand (eu proibit) algo, com efeitos vinculantes para todos os membros lum determinado grupo socal, 0 exercicio de um dominio exchisiy sobre um determinado terrtéro, ode legislar com norms vslidaser ‘omnes, 0 de extra e distribuir recursos de um setor para outra sociedatee assim por diante; ora abjeto, donde pertencem a esfrs politica ages tis como conguistar, manter, defender, ampliar, ref ‘ar, abater, derrubar 0 poder estatal etc. Prova disso & que obras q Continuam a tradicio do tratad aristotéico recebem por titulo, steulo XIX, Filosofia do dieito (Hegel, 1821),Sistema da cincia Estado (Lorena von Stein, 1852-56) elementos de ciéncia politica (Ma 2, 1896), Doutrina gral do Estado( Georg lellinek, 1900). Cons em parte o significado tradicional a pequena obra de Croce, Elem di politica (Elementos de politica) [1925], na qual “politica” conserva significado de reflexio sobee a atividade politica, e, portanto, ests lugar de “elementos de filosofia politica". Prova uteri € aquela se pode inferir do costume, que se imps em todas as linguss on dlifundidas, de chamar de histéra das doutrina, ou das ideas politi ‘ou também, de modo mais geral, do pensamento politica, bist ‘que, se houvesse permanecido invariadoo significado que nos ch dos clissicos, deveria ser denominada hist6ra da politica, por analo com outras expressbes tals como hstriadafsia, ou da esti ¢tica: costume também acatado por Croce, o aval na obra citada, int Perla storia della flesofia della politica’ [Pela historia da filosofia politica] o capitulo dedicado a um breve excursohistrico das dot ras politicas moderns, ios que permitem conseguir ot feos desde (Rul) Se pun dese eis o domino sabre otros homens (alm do dominio Bie» natures), poder € define or comouima resto entre dol oa qua im impte ao outro» propria vrtade, determinando- ev, ragado comportaents as coro «dominio sobre ot h- hs no €geainente fi em mesmo, nas melo pase ote ae po unagen’ ou msiseatament,ocefetin desde’, de modo tint do domino abe» natures, a deiniio de poder come jn 4 posse dos meios (dos quais os dois prinipais slo 0 dominio bre os ontros homens e o dominio sobre a nctureza) que permiter fr, exatamente,“alguma vantage”, ou 6 “efeitos desejados". “jovler politico pertence & categoria do poder de um homem sabre ou “Wo bomen (no do poder do homem sobre a nastera). Pst relagio de “Povcr¢ expressa de mil mancira, nas quai se reconhecer expresses ica da inguagem politica: como relagdo entre governantes e gover- os, entresoberanae sites, entre Estado evidados, entre coman- pe obediéneia etc. Hi vérias formas de poder do homem sole 0 homem: © poder Jiico € apenas uma delas. Na tadicio clissica, que remonts espect sente a Aristételes, eram consideradas sobretudo trés formas de jer: © poder paterno, o poder despético eo poder politico. Os erté c diferenciagio foram, nos diferentes periodos, distintos. Em issteles,vislumbra-se wma distincio com base no interesse daquele favor do qual & exercido © poder: © poder paterno & exercido no jteresse dos Filhos, o desptico, no interesse do senbor,o politico, no © interesse de quem governae de quem é govermdo (contudo, somente * lferencindas por sua vex exatamente por sero soder exercdo no inte= ‘clo governante), Maso critério que acabou afnal prevalecendo na istic dos jasnaturalistas foi aquele do fundamento ou do princi- de lgitimagdo (que se encontra formulado com clareza no capitulo 1 do Segundo tratado sobre o governo civil, de Locke): 0 fundamento A tipoogiacléssica das formas de poder Peto cometido (nea hipstese neste caso €equela do pristoneio de O conceto de potica,entendida como forma de stivdade ou png errs que perdew uma guerra injsta), do poder cil, consenso. A ‘humana, esti estreitamente ligado a0 conceito de poder. © poder fo “Woes tx motivos de justificagio do poder corespandem as tr6s ex: definido tadicionlmente como “consistente nos meis pata se ob fostescliscas do fundatiento da Gbrigagde ex natura, exalt, lg aea eae eee (EIabRS) Le AS eas ae siags see ‘ex contractu, Nenhum dos dois eitérios, contudo, permite individuae © cariterespectfico do poder politico. De fato, ue o poder politica caracterize, em comparacio com o paterno eo despético, pot se volta para os interesses dos governantese dos governadios ou por se fund sobre o consenso, € um cardter disintivo nao de qualquer govern, apenas do bom governo: ndo € urna conotacio da relagio politica ene ‘quanto tal, mas da relao politica correspondente ao governo co deveria se Na verdade, os escritoes politicos sempre reconhecera tanto governos paternalisas quarko governos despaticos, use, | jesus evoludas, porque através eles, e dos valores que eles die {nslem, ou dos conhecimentos que eles emansm, cumpre-se 0 proces to le sucializagio necessério& cocsio integrcio do grupo. O poder "folic, enfim, funda-se sobre a posse dos irstrumentos através dos | jis se exerce a forgafisca (armas de todo tipo e grau): 6 0 poder tie no sentido mais estrito da palavrs. Todas as ts formas de po- Ur wnstituem e mantém uma sociedade de dosiguais, isto 6, dividida | ne Fcos pabres, com base no primero, entee sapientes e ignoran- jf, com base no segundo, entre fortes efraces, om base a0 terceiro _ yonevicamente, entre superiorese inferiores. Enguanto poder cujo meio espeifico & a forga —entenda-se, como © yeveinosadiante, oso exchasivo da forca —, que & 0 meio desde sem- ve mais efieaz para condicionar os comportamentos,o poder politico ‘1 qualquer Sociedade de desigusis poder supremo, isto &, © po- ler a0 qual todos 0s outros esto dealgurn modo subordinados: poder © spativo de ato é aqsele 20 qual recorre qualquer grupo socal (a classe Spoon de qualquer gue sci), em inn int, comm entre pai filhos, ora da relagio entre senhor e estravos, 0 ‘quai nlo sio de fato meaos governos do que aqueles que agem pel bem piblicoe se fundam sobre oconsenso, A tipologia moderna das forma: de poder Ao objetivo de encontrar o elemento espesifice do poder politica, parece mais convenienteo critériode classifieago das vris formas da poder que se funda sobre os meios dos quai se serve osujeito atv c relasio para condicionar © comportamenta do sujito passive, Cox base neste crtério, poder-se distnguir trés grandes tipos no dmb do conceit ltissimo de poder. Esses tipos si: a poder econico, poder ideoldgico eo poder poitce.O primeira é aquele que se vale posse de certos bens necessirios, ca assim considerados em uma sit ‘so de escasez, para induziraqueles que no os possuem a ter ut ‘erta conduta, Consstente principalmente na execugéo de um cert tipo de trabalho, Na posse dos meos de producia reside uma enorme fonte de poder por parte daquelesque os possuem em relacdo aque {que nfo possuem: 0 peder do cxefe de uma empresa deriva da po sibilidade que a posse ou a disponbilidade dos meios de produ Il dé de obter a venda da forca-trabalho em troca de um saltio. Em geval ‘qualquer um que possua abundénce de bens € capaz de condicionar comportamento de quem se encoxtra em condigies de penta, ara vés da promessa e atribuicio de compensacées. O poder ideolégica Funda-se sobre ainfluéncia que as déis formuladas de um determin ddo modo, emtidas em determinadas circunstincias, por uma pesso investida de uma determinada autoridade, difundidas através de detee ‘minados procedimentes,tém sobre a conduta dos consociedos: dese tipo de condicionamento nasce a importincia social em cada grupo of hordinagdo que a expropriagzo dos meios de producio cra nos expro- Flos em relagio aos expropriadores, no o2stante a adesio pasiva in vlores de grupo por parte da maioria dos destnatéios das mens gens ideoldgicas emits pela clase dominance, apenas o emaprego da cs tac sev sinda que apenas em cme xeon, piper Insubordinacdo e. desabediéncia dos submetslos, como a experiéncia historica peova com abundantes exemplos. Nas relagdes entre grupos ‘ovis distintas, nfo obstante a importincia cue possam ter a ameaca + iy execucio de sancdes econémicas para induzir o grupo adversrio a Uksstir deur certo comportamento (nas relaes intergrapo tera menos {olevdncia 0 condicionamento de natureza ideolGgica),o instrumento ifecisivo pars impor» prépria vontade € 0 usoda forg, guerra. Essa distinggo entre os principis tips de poder social pode ser ‘ovamente encontrada, embora expressa de diferentes manciras, na isloria das teorias socials conterporineas, mas quaso sistema socal gm seu todo aparece direta ou indiretamente articulado em tres bsistemas principas, que so a organizao das forgas produtivas, a ‘rpanizacao do consenso, 4 organizacio da coacio. Também.a teoria is srxiana pode ser interpretada do seguinte modo: a bese real; owes de treet momene dee cm de res Sa Eo momento do dominio mae noe nor * espiritual (aquele que hoje ch; martes Ue como mocha emporl sempre interprets ames ae node sini) eda ys amar Bropriamente polis) Tana a dcceoma garam pode calc Pa “h ‘Tan:o na dicotomia tradicional bah ane sporal) quanto na dicotornia ma tc a terprete con conttaMOs ws tes formas de. oir ene ad Soi momentos. A diferenga exch ne MOS [wore quando os indvidvesrenunciam 20 drito de war cad qual Friis orga que os torn igus no estado de natureza para deposit ms de uma nica pessoa ou de um sic corp que de agors em Me srk o nico autoriado a usar a forge no intrese dees. sta Ispotese astrataadquir prfundidade hstricanateoria do Estado {Wo Nar ede Engels, segundo a qual as instiuigbes politica em uma tee dvidida em classes antag6nicas tim por principal Fangio _armiticque a classe dominante manteahaopropao dominio, objeivo “fe nio pode ser alcancado, dado atagonismo de classe, sno me- res ogaact sonic car da fra onoplds (e€ py nso que cade Estado 6, e no pode debar de ser, uma dtadur) lente sentido, tomowse jessica a defnizio de Max Weber: “Por lo devese entender una empress institucional de carter politico feoria tradicional m tno fato ue 0 poder ng momento principal € 0 idcologcg, ee sr apale® eondmico-politco & concehido se Eee 8 sentido Ay qual —e na medida em que — o apaato aminitrativ leva adiante eindretament do per epireu ooa ‘io cesso una petensso de manopac coro fica leptin, Principal podei econtmico, no somite en em vita aplengo din pois”! Esa defini tor entemporinea. Em wm dos © case hugar-comum na ciéncia pots Mcologic eo poder poco refleem nrg Wr ds relases de prod, = djs manats de ciéncia politics mais conceitados, G-A. Almond eG. “Ih Powell escrevem: “Concordamas com Max Weber quanto ao fato de je a Tors fisicalegitima 60 fio condutor ds ago do sistema politico, poder politico Que a possi = Mil ue The confere a sus particular qualicae eimportnca ea sus veo edad de rcce orga ej clement ‘eréncia como sistema, As autorades pfs, e apenas es, tim 0 ss outras formas de poder nao sigan om ‘irwito predominantemente aceito de usar « coergao de exigir obe- ss iitniatom base nla), Quando falamos de sites police Pode police en de politicos resus aod loe e ‘ ia, mas ndo suficiente para a ey ca doped RHE® fet com conser de war an Pe ali, Ne afer (ama ascii de dlngentr eet um bande de pg | jos todas as ingeragdesrelativas ao uso ou ameaca do uso da coergio fice legitima” A supremacia da forca fisicacomo instrumento de po- ler sobre toda a outras formas de poder (ertre as quis as das princi “fis, além da foga Fisica, io 6 dominio sobre os bens, que dé hgar 20 “prder econémico, e 0 dominio sobre as ideas, que d lugar 0 poder - Mileolégico) pode ser demonstrada se consderarmos que, por mais que ‘hn maioria dos Estados histricos © monopélo do poder coativo tenha niabiade gue €0resutado dem proces oe? ca onanism Scena, em fen cnoth ep css rcs 80 cs posse as dominantes", segundo conheida frase de Mare, “so a isda lisse dominante"), dos deuses paris 3 regio civil, do Estado con- Kores © benefciri Tce nee vot Wd Mee Te 4 of ‘esse monopsio, Na hiptese hl no do Eat ee hobbesiana, fessional &religdo de Estado, ¢ na coacentracio e direcionamento d atividades econdmicas principas, hi eontudla grupos politicos organi «dos que puderam consentir na desmonnpolizacso do poder ideologico «do poder econimico (disso é exemplo o Estado liberaldemocritico ce ‘acterizado pela liberdade do dissenso,embora dentro de certo limites « pela pluralidade dos centro de poder econémica). Mas ni hi grup social organizado que tenha até agora podido consentir na desma napalizacin do poder coativo, venta auc nigificara nada tne fim do Estado, e que, enquanto tal, contiuira um verdadero salto qu ltatvo para fra da histsra, no reino sem tempo da utopia. Algumas catacteristicas habitualmenteatribuidas 20 pode poli —e que odiferenciam de qualquer outra forma de poder —-si0 cons aitciadireta da monopolizacdo da forg no dmbito de um determin do terstorio em relacéo a um determinado grupo social. Sdo ela exclusividade, a universalidade ea inclsividade, Por exclusiva e tende-se a tendéncia que os deteatores do poder politico manifest de nio pesmitir, no seu ambito de dominio, a formacio de grupos ‘mados independentes, ede subjugar, ou desbaratar, aqueles que fore se formando, além de manter sob vigilincia as inflragdes, a inge is ou 35 agressbes de grupos politicos externos. Esta caracteristica dlistingue © geupo politico organizado da “socetas” de “latrones" (9 “latrocinium® do qual falava santo Agestinho). Por universldade en tende-se a capacidade que tém os detentores do poder politic, ape nas eles, de tomar decisesleytimas e efetivamente operantes py ‘toda a comunidad com relagio a dstibuigio e destinagio dos recuse 508 (nio apenas econtmicos). Por inclisvidade entende-se a possibile dade de itervir imperativamente em cada possvelesfera de atvidad dos membros do grupo, encaminhando-os para um firm desejado of Aistraindowns de um fim nio-dorsjado esrvés do instrumented oe «dem juridica, isto €, de um conjunto de norma primiras volkadas pa ‘os inembros do grupo e de normas secundiias voltadas para os functo nériosespecilizadas, autorizados a intervr no caso de violagio das ric ‘ciras Isto nao significa que © poder politico ni imponha limites a ‘mesmo. Mas sio limites que variam de uma formacio politica p jutro: um Estado teocriticoestende o priprio poder &esfera religiosa, cenquanto um Estado laco se rende dante dels; assim também, unt Estado coletivsta estende o préprio poder a esfera econdmica, enquan {00 Estado liberal clissico dela se afast, © Estado oniincusiva, isto, 0 Estado part 0 cual nenderaa tafein dv'etkloe hac 0 fim da pottca Medd ole pci dpi om db “got ee perder egestas ies tele ove DUS Secitt nose none ch rere eee tet aer nua cm gered Seoul ec pe os ae Weg profes pts scone no © fs circunstncias preeminentes para um dado sr, social (ou p ne ta) ervey em ela SRP neu noc sence Sms a tence eng de prea Pr AUST es Cos ong rns cb Pea Se ec wen peters eee ec hm lp “Fert, «mo menos um fm gue cmprecnde fos os ih 110s e possa ser considerado o fim da politica: os fins da politica sic eu sta insisténcia no meio mais 1 crema ac Pie mre ee e.g See mos una vera Mx Weer: “Rao € pose Fea eT mpenos alent “Moin de eceps (3 Re peer ce Se seem ie tl smone meneame) se mine Pr aor dey cae SEF, _F Chavet do nelle no mpd coo gu se aoe fn tne Spo Fc rte Poe eeu defen paella vengbe dum Estado com os outros Estados, Ese fim € mini, por «Ee condt sine qt nom para a ealagio de todos outs His Eee tl Mean prio he Set SNE gap Marto set lo =n Aten do mat cit falar da ordem como fim mio di ‘que um dos fins possiveis da politica, um fim que apenas alguns dos podem razoavelmente perseguit. A politica como relagdo amigo-inimigo Entre as mais conhecidlas e dscutias definigdes de politica d ‘0s considerar aguela de Carl Schmit (retomada e ampliada por Julien Freund), segundo a qual a esfera de politica coincide com a esfera ‘lag anyo-inimigo. Com base a nessa defini, campo de orgeam « de plicasio da politica seria oantagonismo, ea sua Fangio consist na atividade de agregar e defender os amigos e de desagresar e com ‘eros inimigos. Para reforgar a sua definiio, fundada sobre uma o ‘so fundamental (amigo-inimigo), Schmitt compara-a as deinigSes de ‘moral, de arte etc fundadas, também elas, sobre oposigSes fundamen {ais tais como bom-mau, belo-eio et. “A espectficadistingSo palit 8 qual € posstvel reconduzir as agbes e os motivos politicos,» ist So entre amigo einimigo(..). Uma vez que no € derivavel de ost ‘ritérios, ela coresponde, para a politica, aos crtériosrelativamente ‘utdnomos das outras oposigdes: bom e mau para a moral, belo fe Para a estética,e assim por diante”.’Drasticamente, Freund express Se'nosseguintestermos: “enquanto houver politica, la diviird a cles tividade em amigos einimigos™. E comenta: "Quanto mais uma opos So se desenvolve em direc & distin amigo-inimigo, mais se toa politic. A caracterstca do Estado é suprimir no interior do seu ib to de competéncia a divisio dos seus membros ou grupos internos amigos ¢ inimigos, com o objetivo de nie tolear sendo as simples rive lidades agonisticas ov as Iutas dos partidos, ¢ reservar ao govern @ ireto de designar o inimigo extereo, (..) Fica portanto claro que # ‘9posigéo amigo-inimig & politicamente fundamental io ulntante a pretensao de valer como definigio global do fend ‘meno politico, a definicio de Schmitt considera a politica segundo una Perspectiva unilateral, ainda que importante, que é aquela do particu lac tipo de confito que por sua vez dstingura a esfera das agdes pol ticas. Em outras palavras, Schmitt e Freund parecem estar de aceeda ‘quanto aos seguintes pontos: a politica tema ver com a cnflituoeidad ‘humana; hi viriostipos de conflitos, sbretudo conilites agonstcos | UT. rl i Dv tet, Mande 194 eg Ini, ena de plc eon cbt Moncey 1852 ( onlitosantagonisticos: a politica cobre o campo em que se desenvl: om confits antagonisticos. Que seja esta a perspectiva a partir da ‘ual se posicionam os autores ctados, parece nfo haver dvida, Para Schmitt: "A oposigdo politica & 2 mais intensi extrema de todas, ¢ | ulquer outra oposicio concretaé tanto mais politica quanto mals se proxina do ponto extremo, aquele do agruparnenta com base nos con: _ ‘© smigo-inimigo™* Para Freund: “Qualquer divergéncia de inte | ses (.) pare a qualquer momento transfornerse ern rvalidde vs 1m conflito, esse conflto, a partir do monrento em que assume 9 “to de uma prova de forca entre os grupos que representam esses, Intcresses, vale dizer, a partir do momento que se afirma como lita de | fotéacia, toma-se politico". Come podemoe verficar nas passogens todas, 20 defini a politica com base na dicotomia amigo-inimigo, ex. | #5 autores tm em mente que existem confitos entre os homens € | Shire 05 grupos socials, e que entee estes confitos hi alguns dstintos | le todos 0s outros devido a sua particular intensidade; a estes dio 0 | home de confitos politicos, Contudo, tio loga se compreende no que ‘Synsiste essa particular intensidade, e portantono que a rela amigo | nimigo se distingue de todas as outras relagies conflitantes de alo | sjuvalenteintensidade, percebe-se que o elemento distintiv esté no {ito de que sio conflits que nio podem ser rexalvidos em itima ins. _ hoviasendo com afore, ou pelo menos, que justifieam, por parte dos | Wontendentes, 0 uso da forca para pr fin & centenda. O conflito por ‘pxceléncia a partir do qual tanto Schmitt quanto Freund extrapolarem ‘us espectivas definigdes de politica é a guerra, cujo conceito com | eende tanto a geerra externa quanto a guerre interna: ora, se uma fsa € certs, €que a guerra 6 aquelaespécie de -onflito que se caracte- lua eminentemente pelo uso da forca. Mas se isso € verdade, defini: ‘ho de politica em termes de amigo inimigo née é cen absvhe non = tivel com aquela, dada anteriormente, que fi referencia a0 mono | Polio da forga. Nao apenas nio é incompatiel, como dela é uma | rspeciicagio,e portant, em slima anise, uina confirmacio. Exatar | inente porque o poder politic € distinto do instrumeato do qual 36 serve para alcangar os propria fins, e esse instrumento éaforcafisica, | le € aquele poder a0 qual se apela para solucionar os conflites ue | lo-solacio teria como efeito a desagregacio do Estado ou da ordem internacional, sendo estes exatamente os conflits nos quais, postanda © s oscontendentes um diantedo outro, a vita mea &a mors td mpolticas (ou apoliticas) eag8es poticas que si imorsis (ou amor A descoberta da distineso, ue ¢ atrbuida,correta ou incorretamente 8 Maquiavel, dafo nome de maquiavelismo a toda teoria da politica q sustente e defenda aseparacio entre politica e moral, é com freqiénci tratadla como problema da autonoma da politica. O problema avanga pari passu com a formagdo do Estado moderno e com a sua grad ‘emancipagio da Igreja, chegando, nes casos extremas, inclusive & inago da lgreja ao Estado e, corsequentemente, 3 supremacia ah soluta da politica. Na verdade, aquile que chamamos de autonomia dl politica nada mais € que o reconhecimento de que o critério com bas ‘no qual se considera oa ou mi uma aco politica (e nio nos esquecda _mos de que por ago politi se enter, de acordo com © que ft dit até aqui, uma acio que tera por sieito on abjeto apis) €distnto dy ‘ritério com base no qual se conscera bos ou mé uma agio moral Enquanto o crtério com base no qual se julga uma agio moralment bos ou ma €0 respeitoa uma norma cajo comando é considerad c Fico, independente do resultado da igo ("fa¢a 0 que deve ser feta acontega 0 que tiver de acontecer"), ritéria coms base no uals jul uma agio poitcamente boa ou mi € para e simplesmente o resultad (Casa 0 que deve ser feito para que acontesa acuila que voce conte") Os dois critéros io incompardves, Essa incomparabilidad cexpress-se mediante a afirmacio de que em politica vale a maxim fim justfica os meios”: maxima que encontron em Maquiavel uma suas mais fortes expresses: "(..) e nas agbes de todos os homens, :maxime dos principes, onde nao hd juz0 a0 qual reclame, ofha-seo fim Faga portnto um principe de modo vencer e manter 0 Estado: € 6 meios serio sempre julgades honrosos,e por tos louvados" [0 pri 2, XVIII. Ao contririo, na mora, a mixin maguiavélica no vale, ‘que uma ago para ser julgada moralmente hoa deve ser cumprid com ‘enum outro fim além daquele de cumprir o proprio dever. Uma das mais convincentes intempretacies desta oposigdo & 8 tingio weberiana entre a ética da conscgio ea ética da responsabild de: "(..) hi uma diferenca incomensiravel entre o agit segundo a me xima da ética da conviegio, a qual em termos religiosos soa: “O crst ‘age como um justo e remete o éxito is mos de Deus’, co agi segund #mima da Cicada espomatiade, sound qual ¢ Preto fe ponder pelas conseqéncias (prevish i. =. Bp as tier ao tus oeioe Masque toes a sess de eens ede er morea pun farce Foca ec rds cata nas Uoages uaa oro rsd nvr eas rprevanaies dae Bee sis osee ignstotaedoen cunien ume core rien mesenger de minso shonem de © opr Pace de cea de oar sterem de Scinlorde de eena Oat Miao gs paca ar neoresé ont ne 9 Pees ends crane rschnde dorsda A Heer sea cits rexieos onde bem, cua sal Pst drt plo deer na ela gus deve ft Se rae canna perp ea ceo so quot re ya mberon dead querer ple Com ere fu corerondem dosconcets devine, sla Pthics ae c ee" sguen dupes fre o ban moe (em Plast oiy,cagucsmeuancin emauenee 9 cpa Pio yicpe tors prec qs wands mo pene tep hapa" Fe eke Tet cede om sve de mane eo @ politica como ética do grupo (Quem no quisge se render & constatacio da incomensurabilidade “esas das éticas e quiser tentar entender arazio pela qual aquilo que justlica em um certo context no Se justifica em outro, deve se “pontuntar entdo onde reside a diferenca entre esses dois contextos. A fesposta & a seguinte: 0 ritéio da ética da conviegio & comumente _finpregado para julgar ages individuais, enquan:oocritério da ética da “sponsabilidade é comumente erapregado parajulgaragGes de grupo, “aio menos cumprides por um individuo em aome au por conta do “Jedprio grupo, sea ele 0 povo, as a nacio, ua ‘geja, ow a clase, 04 0 {rtido etc. Em outros termes, pode-se dizer que & diferenga entre orale politic, ot entre ética da conviegioe étca da responsailida- de, corresponde também a dferenca entre éica individual e ética de | ghopo. A proposigio incial, segundo a qual aquilo que éobrigatério na F jnorul nem sempre € considerado obrigatério na politica, pode'ser tence, Pensemos na profunda dferenca no juiaa que fldsofo, tesla 0s, morlistas apresentam em relaco 3 violencia secundo se trate de ‘um ato de violencia cumpride por ur individuo isodo, ou pelo grupa social a0 qual o mesmo individuo percence; em outras palaras, seguns do se trate de violéncia pessoal, geralmente, salvo casos excepcionaiy condenada, ou de violencia das insttuigdes, geralmente, salvo caso 4 excepcionais, justficada. Essa diferenca encontea sa expicagio consideragio de que no caso da vilEncia individual, quase nunca pode recorter a0 critério de justfeszéo da extrema ratio (exceto aso da legftima defesa), enquanto nat relagdes entre grupos o recu 3 justificagio da violencia como extrema ratio € habitual, Ora, ara pela qual a violencia individual ndo éjustficada esta precisamente fato de que ela 6, por assim dizer, protegida pela violencia coletv tanto que é cada vez mais aro, no limite do impossivel, umm caso emt {que 0 individuo isolado encontre-se na stuacia de precisarrecorrer violencia como extrema ratio. Se ito € verdade, disso decorre importante conseqiéacia: a injustifiacio da violéncia individual ‘pousa em altima instancia no fato de que €aceita, porque justficada, violéncia coletiva. Em outras palavras voléncia individual no & nex: cessira porque basta aviolénciacoleta: a moral pode assim se p tir ser severa com a violéncia individual porque repousa sobre a aceitas ro, anda que o mals loos, send 0 Exado a cole no Irtos ako peau de expresso epoca Mas cad ver que um grup Be ci ge em ss propa defers contra outro grupo, selena Ac dita daqola geanente vids pare os ndvtoe sua ca rant que respond mesna lois Gatano de Estado, Asin a0 Wiss rate de nado, a historians scena, de onde como terpos flares, or uma uo de pri, or uma aio de asec de Bech, oe Foprecntan, o cuce nore, mas ares mesma fa on a mesmasconseca, 0 principio da autonomia da plfica, fiend come autonomla dos princpion eds vera de apo gue film pats o grupo como ttaldade em rage regs gu vale B peso nd ne grupo W Pica e poLtTica | Como 0 problema se apresenta ‘Os debates cada vex mais freqlentes que vemos hi alguns anos na | tsha sobre a questio moral repropsem o velho tema da relagio entre fo de uma convivéncia que se sustenta sobre a prtica continua di "sora e politica. Velho tema e sempre novo, porque nlo existe questio violencia coletiva "oral, em qualquer campo que soja proposta, que teaha encontrado ‘A oposigéo entre moral e politica desse modo entendide, como op: lina solusio definitiva. Embora mais célebre pels antigidade do debe- siglo entre étics individual eétiea de grupo serve também para forne: a (pela autoridade dos eseritores que dela partiiparam, pela variedade cer uma ilustragio e uma explicagio da secular disputa em torno da ths argumentos adatados, pela importincia da materia 0 problema da ‘ratio de Estado". Por “razdo de Estido” entende-se aquele conjunt lacio entre moral e politica néo € diferente do problema da rlacéo de princs fntre moral e todas as outrasatividades do horiem, que nos induz justifcadas se cumpridas por um individuo isolado nia sfo apens Unlor habitualmente de uma ética das relacbes cconémicas, au, como justificadas mas em alguns casos de fata exaltadasegloifcadas secu | deorreu com freqdéncia nesses anos, do mercade, de uma ética sexual, pridas pelo principe, ou por qualque: pessoa que exerca o poder em me uina éica médica, de uma ética esportivae assim por dante, Tata rome do Estado, Que o Estado tenha razbes que o individuo nio tom | 4¢, em todas estas diferentes esferas da atividace humana, sempre do ‘ou nio pode fazer valer & um outro modo de colocar em evidencia _inesmo problema: a distingso entre aquila que & moralmente licto e dliferenca entre politica e moral, uma ver que essa diferenca refere ‘ujuilo que é moralmenteilicito, 0 distinto critério com base no qual so julgadas como boas tt més (0 problema das relagdes entre éticae politica € mais grave porque ag6es nos dois diferentes mbites. Aafiemacio de que a politica /experiénca hstérica mostro, pelo menos desde a contenda que p65 saaio do Estado encontra uma perfeia correspondéncia na afirma | Antigona a Creonte, eo senso comum parece ter pacificamente aceito, de quea moral 6 razo do individu, Séo dus razdes que quase nunca ue © homem politico pade comportar-se de medo disforme da moral coincidem: antes, da sua oposicéo alimenta-se a secular histéria do.co omum, que um ato ilicito na moral pode ser coneiderado e spreciado ‘com, 0 eédligo, ou © sistema normrativo, da conduta moral. Quand ‘Maquiavel atribui# Césimo de Medici (¢ parece apravar) «afirmatia de que os Estados nio se governam com 0 pater norte nas mos, ‘mostra considerar, e dé por admitido, que 0 homem politica néo pod desenvolver a propria apio seguinde os preceitos da moral dominant ‘que em uma sociedade cist coincice com a moral evangélica. Chegan do aos nossos dias, em um bern-conhecido drama, Les mans sales, Jean Paul Sartre sustenta, ou melhor, faz.com que um dos sews personage sustente a tese segundo & qual quer desenvolve wma aividade polit nao pode deixar de suar as mios (de barro ou mesmo de sangue), Ass, por mais que a questo moral se apresente em todos os ca pos da condurta humana, quando se apresenta na esfera da politica as ‘me um eariter pariculrissimo, Em todos os outros campos, 9 qu ‘moral consiste em discutir qual sera conduta moralmente lita, vice versa, qual seria ilkta,e, por ventura, em uma moral nio-rigors ‘qual seria indiferente, nas relagbes econdmicas,sexuais,esportivas, ent _médico e paciente, entre professor» aluno,¢ assim por diante. Ad cuss versa sobre quas seriam os p-incipis ou a reras que respecte jente apresentads o problema moral em politics. Mas com uma dife- mente mais inconseqientes do me “ilo, nunce se chegaré a sustentarconscienteeracionalmente a imor Hinde do mercado, mas no miximo a sus pré-moralidade, ou valclade, ou se, nem tanto a sua incompztibilidade com a moral Naturalmente, ¢ problema das relagbes enire moral e polit nico apenas se concordamos em considerar que exista uma morale “ w acetamos, em geal, alguns preceitas que a caracterizam. Pata co: ‘orslar quanto dexisteacia da moral ede alguns precitos muito gera tives como nemtinem laedere, positives como sium cuiguetibuere, = ih & necessirio concordar quanto a0 seu fundamento, que é 0 tema Mos6lico por exceléncia sobre o qual sempre estiveram divididas, & “tontinuardo a dividi-se, as escolasflosfica. A relagdo entre éticas e Arorias da ética & muito complexa e podemos aqui nos limitar a dizer ‘vamente os empreendedores ou os comerciantes, os amantes ou os = ue o desacordo quanto aos fundamentos aio prejudica 0 acordo quan- juges, 08 jogadores de paquer ox de Futebol, ox médica eos crus © (os eogras fundamentas ‘0s professres, deveriam seguir no exercicio de suas atividades. O | Convém no entanta precisar que, quando se fala de moral em rela feralmente no esté em discussio € questao moral em si, ou mela "jo politica, referime-nos & moral socal e nio 8 moral individual, & se existe uma questio moral, se, em autras palavras, ¢ plausiveldiscutt oral que concerne portanto&s acSes de um idividuo que interferem © problema da moralidade das respectivas condutas. Tomems, |p esfera de atvidade de outrs individuos nio Aquela que concerne ‘exemplo, 0 campo, no qual hi anos ferve entre moralsta um debat “i acies relatives, por exemplo, a0 aperfeicoamento da prSpris perso particularmente vivaz, da ica médicse, de modo mas eral, da bottica “fulidade, independentemente das conseaiéncias que a pracura desse a discusio & animadisima no que ancerne &licitude ou ilicitude "ideal de perfeigio possa ter para os outros, A tice tradicional sempre certosatos, mas nio passa pela cabeca de ninguém negaro proble “fern distingio entre os deveres para com os otros € os deveres pa msi isto €, que no exercieio da atvidade médica sara probleras _ onsigo mesmo. No debate sobre o problema de moral em politica vem todos aqueles que deles se ocupam estio habituades a considerar _ Wail exchisivamente os deveres para com os tos. Is, e, 20 consideré-los como tas, ertendem-se perfeitemente entre 3 mesmo que ndo se entendam sabre quas Sejam os principio ou Tegras a serem observadas ou apicadas. O mesmo acorre na tual disd ‘custo sabre a moralidade do mercado. Somente Is onde se sustent {que-e mercado como tal, enguanto mecanismo racionalmente perfeitoy ‘embora de uma racionalidade espontines endo reflexiva, ndo pode se submetido a nenhuma ayaliagio de ordem moral, 0 problema é ap sentado de modo semelhante aquele através do qual foi tradicional agdo politica pode ser submetida ao juizo moral? Diferente do gue ocorre nos otros cemposda conduta humana, na “esfera da politica o problema tal como foi tradicionalmente apresents- ‘do nio se refere tanto a quais seriam as agbes moralmenteliitas & _ sis seriam as ages moralmenteiicitas, masse tera algun sentido |_jopor o problems da lietude ox da ihc moral da agdespolitias F Thago um exemplo que ajudaré a entender a diferenca mais do que uma Tiatase de um mapa certamente incomplete imperfet,poray ésté sujet posiblidade de um diplo ero: com rela else Jo dos tpas de slucioe com rela 3 incluso das diversas slug neste ou maquele tipo. O prineiro erro € de natureza conceltual Serundo, de interpetaio hisricaTatnse, portato, de ur map que devers certamente ser revista ca uteriorescbservagtes, Nas, extant are po eer somenty a primi ent dium, antes de aventrae em um terreno pouco conhecid, ek conhecer todos os caminhos que 0 erconem “Tos os exemple fram extaos da sofia poltica mod de Maguiael em late verdadecve a grande festa plitce 1a Grecia, masa dscussio do problema das laces entre éica tica tomas prticularmente agus com a formagio do Estado mod no rece pela primeira vex term que nunca masa abandon anda de Estado" or qual motivo? Apresento algumas eases, embora o faa og muita eautela.O dualismo entre a e politica & um dos aspects d grande oposigo entre Iprejae Estat, um dhalsmo que nie pod "ascer sendo da oposigSo entre uma institig cuja isso € ens ‘pregar, recomendar leis universais da conduta, que foram reveladas py Deas, uma instituigioterrena cj tarefa assegurar a order erm ral nas elagces dos homens entre i A opsigo entre etc ¢ pol 1a era madera consist, na verdade, desde o inicio, na eposigioe sao poli “ia, sto, do resultado, entdo o problema moralmnuda completamen- 4 mon iste a pedis daqueles que deenvavem uma eg pl Emu Estado pr-crsto, onde no este uma moral nstecionalad ie aspecto, invertendo-eradalmente.O Tong debate sobre at pe Estado €un.comentii, que darou sds, sexta afirmaclo 8 oposgio € menos evidente. O que nfo significa que o pensament : ‘fo o ignore: basta pensar na opsicio entre as leis noveseits, Jeremptéra ¢ incomtestavelmente veridica: na a¢é0 politica contam “hos prinepios, mas as grandes cies. ‘uais se remete Antigona, e as leis do tirano. Mas no mundo gre ‘io hé uma moral, hi vérias morais. Cada escola filo6fica tem a 3 Voltando 3 nossa tipologia, depois dessa premiss,acrescento uma ‘moral. © problema de relaczo entre morale politica, If onde hi m “egunca, Das doutrinas sobre étcae politica, que enumerare,algumas morais com as quais se possa confrantar a agéo politic, ‘in valor predominantemente prescritivo, uma vez que nio preten- qualquer sentido preciso. Aquilo que suscitow o interesce do pens gn oferecer uma explicacio para a oposigio, mas tendem a darthe a solucdo prética. Outras tem um valor predominantemente analiti- ‘mento grego nio foi tanto o problema da relagdo entre ética e politi a, mas o problema da relagio entre bom governo e mau govern, | fo, ma ver que tendem ndo a sugerit como devaia ser solucionada a partir da qual nasce a distingio en:te 0 rei e 0 tirano, Mas € um lcio entre eticae politica, mas sim a indicar qual 6a rao pela qual distingio no interior do sistema polio, que nfo diz respeit & rela ‘oposcda existe, Acredita que o fato de nio se ter levado em conside- so entre um sistema normativo, como a politics, eum outro sister Fagio a diferente funcio das teorias tenha acarretado grandes confu es. Por exemplo, slo faz séatido sefutar ume doutrina preseitiva ormativo, como a moral. O que oceree, 40 contrério, no mundo ri tho e pés-cristdo. Tiicenclo cheervacSes de tipo reallsta, assim como nfo fax sentislo apiath ns pessoais ou dos conflites da sociedade feudal; sobretudo quan ‘ssa vontade de poténcia& colocada a servigo de urna fé regis lichote sabre a rszio de Estado explode no period das guerras {ilyisas. O opesigéo entre morale politica revelase em toda a sua snaticidad quando aces moralmente condeniveis (pensemos, para rane exemplo, na noite de S40 Bartolomes, louwada, ali, por Sith clos maquiavélicos, Gabriel Naudé) sio curpridas em nome da te mesma, origindria, nica, exclusiva, da ordem moral do mundo, ie ¢ Deus. Pcde-se também acrescentar urna terceita rao: somente no século V1 aposigio ¢ asumida como problema também prtico,¢s6 entio In vez mais, € © principe, de Maguiavel, em particular capitulo VIII, que comesa com estas palavras fatss: "Quanto sea louvével em, » principe manter af, vivendo com integridade e ndo com astci, nlquer um compreende: nfo obstante, a expericia mostra que, em sss tempos, fizeram grandes coisas equeles principes que a fé tives jum em pouca canta". A chave de tudo é a expressio "grandes coisas". f comecarmos a discutir acerca do problema da ago humana, nfo do nto de vista dos principio, mas do ponto de wsta das “grandes co ‘ma politico, ou sistema de normas que derivam da vontade do sab ano legitimado pelo contrato social. Poderiamos adueit muitos a ‘mentos: para Hobbes, os siditosnio tem o direito de julgar aqui justo eijusto porque isto cabe apenas ao soberano,e sustentar qs suiito tenha o direito de julgar © que 6 justo e injusto € consider uma teora sediciosa, Mas angumento fundamental é que Hobbes tum dos poucos autores, talvez 0 dinco, no qual no hd dstingbo principe e trano: e nio hi essa distincio porque ndo existe a posi Sade de distnguir o bom governo co man gaverno. Enfim, jf que t referi 8 oposicio entce Igreja e Estado como oposicio determin para se compreender o problema darazio de Estado nas séculos XVII lembro que Hobbes rei Ire aa Estado: as leis da Ipreja leis apenas enquanto acetas, desejadse reforcadas pelo Fstado. Hob nnegando a distingo entre Igeeja e Estado, e reduzindo a Igreja 20 B do, elimina a propria rio da oposizio isa freqigneia com que se vé em situagdesexcepcionas se com- iy com © homem cormum: essa freqiéncia deve-se a0 fato de que pera em um contexto de relagSes, em especial com 0s outros 50- ins, no qual a exceeso ¢elevada, por mais au possa ser consider vontradit6ri, a regra (mas contraditério nfo & porque aqui se trata Yoga no sentido de repularidade, e aregularidade de um comporta- contro no invalid a regra dada). Mesmo que possa parecer ie» dcerogacdo € sempre vantajosa para o soberano (e precisamente ‘antagem foi vista com hostilidade pelos moralistas), também pode ntecor 0 contréro, ainda que mais raramente:a derrogacio de fato i age extensivamente porque permite 20 scherano aquilo que & jalente proibido, mas pode também agi restrtivamente porque feo cumprimento de ages que a homem comum sto permitidas oblese oblige. Sobre a importincia histrica desse mativo dejustficcSo nfo pre- 9 gustar muita palavras. Os teSricos da razdo de Estado, que flores- pm a0 longo do século XVII, 20s quais se deve a mais intensa e inaareflexio sobre o tema das relacSes entre politica e mora, eram freqiiénca juristas, foi para eles natural aplcar 2 solugdo do Hema, que Maguiavelcolocara na ordem do dia com uma solucio ramente dualista, como veremos em seguida, principio bem co- evido para os jurists da derrogacio por circunstincias excepcionais N estado de necessidade, Desse modo, conseguiam salvaguardar 0 incipio do c6digo moral nic e, a mesmo tempo, ferecer aos sobe- argumento, para suas acBes cumpridas com vilacio daquele lio unico, que serva para encobrr aquele “vuko demoniaco do po- que Maquiavel havia com eseindalorevelado, Jean Bodin, escritor no ¢ jurist, incia a sua grande obra, De la République, com urna vectiva contra Maquiavel (inveciva que era de praxe pars umm eseri= ‘rstdo), mas Monde trata da diferenca entre © bom principe © © se pode considerartirknico 0 governo que ise usar de mes violentos, como massacres, ondenagSes de exi- 901 confiscos, ou outeosatos de forca e de amas, como necessare te ocorre no ato de toca oi sestabelecimento de um regime"s Tro- ‘¢ restabelecimento de regime sio precisamente as circunstinclas Teoria da derrogacio Segundo a teoras do monismo flexivel sistema normative & 6 € € moral, tenha ele o proprio fundamento na revlacio ou na reza a partir das quais a razio humana & capex de exter com pias forca leis univerais de cordata, Mas essa leis, precisament pela sua generalidade, nio podem se aplicadasa todo ox casos. NEO lei moral que ndo preveja excecbes em circunstncis partcularesd regra “no matar falha no caso da lgitima defesa —vale dizer, no ca fem que avoléncia € o «nico emédin possvel para a violencia nag particular circunstincia —, com baie na méxima que expressameat ‘ou tacitamente éacolhida pela mato-a dos sistemas normativos mo €juridicos: vim vi reellar ier. A eara"nbo mente” falha, por ex oo plo, no caso em que o filado am movimento revolucioniro & detid ‘ exiger-the que denuncie seus companheiros, Em todo sistema ju dico é mixima consolidada que lex specials derogat general Esta -xima €igualmente valida na moral, enaquela moral codificada quee contida nos tratados de teologia moral para uso dos confesses. 4 Segundo a teoria que estou expendo, aquilo que parece & prime vista uma violaio da ordem moral, comet pelo detentor do pe politico, nada mais € que uma derrogacio a lei moral cumprida em tt ‘ircunstinciaexcepcional. Em outraspalaras, o que jstifica a violagi 6a excepcionalidade da situacio na cual o soberano viu-se operandagil trata de curar as priprias moléstase submeter-se a uma operasio gh sggica,chama um homem honest (..), € todos chamamm e busca pprocuram para si médicos € cirugides, honestos eu desonestos q Sejam, contanto que hibels na medicina e na cirurgia (..), nas cols dda politica pedem-se, 0 contriric, ndo homens politicos” — hhamens que saibam desempenhar seu bravo oficio de politicos, a ccento eu —, "mas sim homens honestes, dotados, no méximo,, atitudes de outra natureza”. E continua: “Porque € evidente que: efeitos que possa eventualmente ter um homem dotado de ca dade e genio politico, se dizem respeito a outrasesferas de ativid torné-lo-o impréprio aquelas esferas, mas nod politica" Go de chamat a atengao para o terma "impréprio", que fax pensar, ‘oposigdo, em uma "peopriedade” da politica, que nio 6 evidentem teaquela da moral ve problerna maquiavélico da relagio entre éticae politica, parece tir que a diferenca entre os dois momentos seja uma ciferenca nyicamentehierérquica, mesmo que nem sempre que muito cla fats sejam as suas consequéncis. Uma acto polities contrévia 3 el deve ser condenada? O que significa ser lita na sua esera part- Bie s depois se admite que existe uma esfera normativamente supe So penguntas 3s quas € muito diffe responder, Croce retornou Hs tem infnitas vezes. Aqui me refio a uma passagem que esti no line ittulado exatamente Etia epolten, ra qual ele insite neste 0: a busca da politica é a busca da utldide, dos negdcios, das pyocigoes, das lutas,e nessascontinuas guerns,indviduos, povos€ ls mantém-se viglntes contra individuos, povas, Estados, em jhados em mantere promover a prépria exist2nca,respeitand a de len apenas enquanto benefice a sua prépris. Depois, continvando prio raiocinio, adverte que & preciso evtar equfvaco comum de Ber wna forma de vida da outa. Exora a reetir as toes ralizagdes © a considear falso a priori qualquer disso que esteja wencido de discernir entre a politica ea moral, porque a vida polit Bev prepara a vida moral, ow € ela mesina instrumento de forma de iy moral. Em suma, na dialtica crociana, que & dialética no dos Hjostos, mas dos distintos, onde umm é superior s0 outro, morale poi- (so interpretadas como dois dstintos e, como se vé na kina parte echo, a politica fica embaixo, e« moral, em cima, ‘Ao conteitio, Hegel, mesmo admitindo a exstencia dos dois sste- , considera hierarquicamente superior 9 siema politico, © nessa jevioridade do sigtera politico encontra um stim argumento de icacio pars a conduta imoral do homer politico, se ¢ enquanto estiver conforme a uma norma superior da qual deve ser considera- absrogada, e portanto invalida, uma norma da sistema normative Gnlerior com ela incompativel. Para dar os habituais exemplos escola 36 No sistema normative de um grupo de latrones, ou de piratas ou salteadores", ou, por nio?, de ciganos, para néo falar da mafia, otra, et similia, que Fazer parte da nossa experiéncia quotidian, te uma norma que considera iit o furto(entenda-se, das coisas pertencentes aos membros do grupo), é evidente que a norma que pibe o furto, existente no sistema normativo considerado inferior, leaquele do Estado, ou da grea, ox da moral dos no-pertencen~ to grupo, deve ser considefada implictamente ab-rageda,enguanto Jpmpativel com uma norma do sistema normativo considerado supe A teoria da superioridade da paitica Passo agora da concepsie de monismo atenvado ou corrgi rmoralidade & uma s6, mas a sua velidade falha em situagSes excep ais ow em esferas de atividade especins", 2 1uma concepcio de dual ddeclarado mas aparente. Peco um pouco de tolerdncia para com e insistente referencia a categorasjuriicas, mas também neste caso fem meu aunilio um bem-conhecido principio jurisprudencial, qual quando duss normas se scbrepem, bem dizendo, em ord hhierirquica, se sto antinémicas, a superior prevalece. ‘Com rela ao problema das rlacées entre moral e polit das solugdes possveis € conceber moral e politica como dois sist ‘normativesdistintos mas néo totalmente independentes um do out ‘sim colocadas um sobre o outro 2m ardem hierérquica. Natural te uma solugio deste tipo pode ter duas versoes: dos dois sist normative, o moral é superior ao 2eltco, ou, enti, politico & Fioe ao moral, Da primeira verso pode-se encontrar um exempla: acteristic na filosofa prética de Croce, da segunda, na de Hegel sistema de Crace, economia e étca sS0 dois distntos, ndo sio ‘postos nem colacades no mesmo plano: a segunda € superior primg ‘a enquanto pertencente a0 momento do Espirito que supera 0. ‘mento inferior. A politica pertence&esfera da economia endo esl de ética Isso nio quer dize que “superar” sigifique ser superior t tbém em sentido axiolégico, mas de Fato, toda ver que Croce oe quedil | Asin mesmo: a necessidade ndo tem lei. Um velho ditado afirma que ‘no se pode obrigar uma pessoa 3 cumpre uma aio impossvel. Coma ‘esina ligica deve-se afirmar que nio se pode praibira mesma pessoa le liver aguilo que & necessrio. Tal como o estado de necessidade Iicoinpativel coma abservncia dos comandes, assim também o estado © le novessidade €incompatvel com 2 observincia de proibicbes. A con- | akcragio do estado de necessidade estéestreitamente ligada 2 consi “ lracio do resultado: aqullo que torn “objetivarnente necessria” uma ilo & consideré-a a Unica possivelcondicéo para a reaizacdo do tim = thscjadoe julgado bom. E, de fto, 0 mesmo Smiov conch previs © selmwente que, nio obstante a "forma cruel” que assumiu a uta pela © crntrlzago, este era o prego a ser paga pelo progressoe pela liber | ho ds “forcas da reacio da estagnacio" ® Fala-se de Ivan, mas a Inente logo corre para Stalin. E Yanov de fato comenta: "Usando a ‘esa analogs, um historiadar que sustentasse que a RGssia soietica ovanos 1930 estava realmente saturada de taicfo, que todo o pessoal ygente do pas participava de um compl6 contro Estado e que sub- ‘jygasso das camponeses durante a coletiizacio eo apego dos opers- © je dos empregados a0 seu trabalho eran ‘histricamente necessiri" > wbrevigncia do Estado, seria obrigado a justificar moralmente' ter- oy total e0 Gulag. ‘Uma iltima consideracio, Todas essasjustifiegSes tém em comum ounbuigéo das regras da conduta politica categoeia das normashipo- | tities, seja na forma das normas condicionadas, do tipo "Se €A, deve © ser 8", coma & 0 caso da justficago com base naelagio entre regrae fxcecto,seja na forma das normas técnicas ou pragmticas, do tipo "Se oct quer A, deve BY, onde A pode ser um fim apenas pessivel ou peso necessirio, como em todos os outros cass. Essa exclusio dos ~ inperativos eatepsricos da esfera da politiea coresponde, de resto, 2 | pinizo comum segundo a qual a conduta des homens de Estado & _ iuiala por regras de prudéncia, entendidas como aquelas das quis nio Aeriva um deverincondicional que prescinda de qualquer consideraglo du sitsagio e do fim, mas apenas um dever a ser observado quando se "orifice aquela determinada condicéo ou para arealizagio de um de- | erminado fir, Para esclarecer esse tratado essencal das teorias moras sls politica nada parece mais adequado do que este pensamento de Kant, a0 qual se deve a primeira e mais completa elaboracio da dstin- ‘lo entre imperatvos eategsri¢os e imperativos hipotéticos: “A politica como principio exclusive da acio do soberano e, portanta, do jut positivo ou negativo que se possa emitr sabre ela, Olhanda bem, tan bbém a justifieagio fundada na especiicdade da étice prfissional, nossa segunda variago, deriva de um itido predominio do fim com ritéro de avaliagéo: © que caracterizs de fato uma profssio em si &@ fim comum a todos os membros do grupo, a sade do compa para médico, ou a satde da alma para osacerdote’ Ente esses Fins pris nas especficos &perfetamente leetio incluie ma terceira forma d snide, n3o menos importante do que ar outrasGuas, asalus rei publ ‘como fim proprio de homem politico. Enfim, também a primeira vat ‘io, aquela Fundada na derrogacio em caso de necessiade, que & ‘meu ver, 2 mais comum, e € a mais eemum porque &, tudo somado, menos escandalosa ou a mais aceitével para quem se coloca do port de vista da moral comum, pode ser interpretada como um desvio eto caminhe devido ao fato de que prosseguir na reto camino nage Ja particular cicunstinciaconduziria« wma meta diverse daquela p posta ou, de resto, a nenhuma meta Valeria apena submeter a prova tos esses mativos de justifies (6 outros eventuais)diante de um easy histrico conereto, um dag les casoslimite, bem representados pela figura tradicional do tirana fem que a disparidade entre a conduta que a moral prescreve par hhomem comum ea conduta do senhor da politica ¢ mais evidente esses casos exemplares & 0 reinado de Wan, 0 Terrvel, que suscita ‘um intenso ¢ apaixonado debate, js secular, na historiografia russ sovitica, Assumo este caso — mas poderie assumir outros — nfo ap porque é realmente um caso-limite, mas sabretudo porque sobre ele pode ler uma douta ¢ ampla sintese no livo de unt historiador Sensivel 20 problema que nos interessa.” Na deFesa daquele que considerado 0 fundador do Estado ruse, os motivos de jstificagio a aqui examinados comparecem todas, ce maneira mais ou menos exp cita, Sobretudo o primeiro, o estado de necessdade, eo cltimo, 0 sultdo obtide. Mas todas essaséustae causae mantémse unidas consideracio da grandisidade do fim, que equivale exatameate is “grat des coisas” de Maguiavel. Um dos historiadores considerados, I. Smirno, fala de ‘necessidade objetiva do exterminiofsico dos prin pais representantes das familias hosts, aristocriticas ou boiardas"2 livagio ou no desse fim especifico: bom governo & aquele de tiem persegue o bem comum, mau governo € aquele de quem persegue 0 bem pr6prio. )& politica € superior a moral? Mas € assim nio qualquer politica, smas samente aquela de quem realiza em urna determinada épo- cc histérica 0 fim supremo da atuacso do Espirito objetivo, a politica do hers os do individuo da Historia universal 1) 0 fim jusifca 0s meios. Mas quem justificao fim? Ou sera que ‘fim, por sua vez, ndo precisa ser justificado? Qualquer fim 20 {qual se proponha um Komem de Estado é um fim bom? Néo Aleve haver um critéro ulterior que permitadstinguir entre fins bons fins maus? E no deveriamos indagir se os meios maus ‘porventura no corrompem também os Fins bons? 5) Aética politica € a éica dos resultados e nda dos principios. Mas, dle todos o5 resultados? Se se quer distinguir entre resultado & resultado, nfo seria necessirio remontar uma vez mais 20s prin Cipios? .possvelredusie 0 bom resultado 20 sucesso imediato? ‘Os vencidos estio sempre errados polo tinco motivo de terem sido vencidos? Mas o veneido de hoje no pode ser 0 vencedor ‘de amanha? Victrix causa deisplacut /Seavicta Catoni, Catdo hii pertence & Histéria? E assim por diane. E assim por dante diz ‘Sede prudentes como as serpentes'; a moral acrescenta (com condigiolimitadora) 'e simples como as pombas™. Obsernagies erticas Que fique bem claro que todas esas justificagSes (valham aqui aque valham, mas contd devem valer alguma coisa, se represents tamanha parcela da filosoia politica da era moderna) néo te eliminara questzo moral em politica, mas apenas, partindo exatament da importincia da questo, a especifiarthe os termos, edelimitar a fronteiras. Eu disse que se deve jusificar o desvio, nfo a regra, ‘© desvio deve ser justificado exatamente porque a regra em todos ‘casos em que o desvio nfo ¢ justificivl continua a valer. Nio obst todas a justificagdes da conduta politica que desvia das regras da ‘comum,o tirano continua trano,e pole ser definido como aquele a ‘conduta no consegue ser justficada por nenhuma das teoris que, c tudo, reconhecem ma cert autonomia normativa da polities em {Go 3 moral. Maquiavel, emboraafirmasse que quand se tata da de da pétria nfo deve haver nenhurn tipo de consideracio de "pedo cede cruel, condena Agétocles como trano porque as suas cruel ‘ram "mal usadas’. Bodin, anteriormente lembrado como ur do estado de excegso,ihstra em algumas paginas famosas a diferen Retomando brevemente as vérias tor 1) Vale também para a teoria do estado de necessidade que a exe ‘lo confirma a regra exatamente enquanto excesto, para, ‘alesse sempre ocrtéro da ‘io mais haveria excecio ‘do mais haveria rege, Se o deseo deve ser consentido somente se for justficado, significa que se tem por pressuposto que ex tam desvios nio-ustifcdveis e enguanto tl, inadmissives. 2) A ética politica € a ética daquele que exerce sividade politic ‘mas atividade politica na concepgio de quem desenvolve 0 prio aegumento partindo da consderagio de que a ética profs sional nlo é o exerccio do poder enquanto tal, mas do_ pod problema da legtimidade do fim | Todas esses penguntas no so uma resposta, ms judam acompre= © ver em qual dirego se deve buscar a resposta,e essa reo no € uel da idoneidade dos meis, mas aquea da legitimidad do fim “Ain problema ndoexchi 9 outro, mas se tata de dois problemas dis- “intose convétnroanté-los bem stints. O proslema da idoneidade dlosmeios se aprsenta quando se que emit im juizo sobre a eficien- = {i do governo, que € claramente tum juizo ténio, eno mora: um = joverno eficientenio & por 3 6 um bom governo. Esse uo ulterior "ose contenta com aralzagio dof, mas perganta: qual fn? Reco- | nhecido como fin da ago politica a salvacio da nitria, ou o interesse para a realizado de um fim que €0 bem comum, o inert era, cw o bem comm (contraposts 8 sade do governante 0s inte- eoetivo ou gerl. Ndo€o goverso, maso bom govern. Um dog esses particulars, ao bem proprio), juz, no mais sobre a done riteriosradicionasecontinuamente enoradoe para distingul glue dle dos meio, mas sobre a bondade do fim, é am verdadeioe pré- ‘bom governo do mau governo€ exatamente a avallagdo dara fio jut mora, inde que —Peas razies adusids por todas teois I slicactonistas de uma moe dstinta ou em parte distinta da raceal B siscurso terminaria aqui se em um Estado de direto, como €0 tits Repbliea tana, sobre cujascondigoes de safde nasceram Flexses,além do juizo sabre a efciéncia edo juizo mora ou de I politica, como procure explicar até aqui, nfo howvesse sobre a Fpltica também um juizo mais propriamente jurdico, vale dizes, ormicae on ndo com as aormas fundamentais da Constituicio, ficas da ago politica, da chamada “rao de Estado", que evocs ef dls snistos pelo mau uso que del fo feito, ainda que em s indiqueuniementeascaractriticacstinivas da éiea poltca, a polltcandose sutra em absolut, como qualquer outs gio I $upostamente livre do homem, 20 jiza do cite e do io, em onsite o juza morale que ndo pode ter confundida como ful ‘neo ou ideo, Pade-se apresentaro mesmo protlema tami noc temas i tes. Admitamos mest ques a0 police tena de algun moda «fo coma conquista,aconseragfo © xampligio do poder, do poder do homem sabre o homer, de dnico poder no qual ecco Ce, nds qu em cima instance icto de recorcr orgs (ei aque ditingue o poder de Alexandre co poder do pirat, que ese d na easiness ihtradas considers a congista, a conervegio es ampliogdo do come bens em si mesmos: Nena considere que o objetivo da palltce sj. poder pelo poder, Parao proprio Maquiavel, aio tia “ioral” (moral em ego 8 roral dos pater noster) spenas se tem por fina grandes cosas", ou "a sade da pati" seguir o poder pelo pode signifcaria vansformar um meto--que 6 {al deve ser julgado pelo ertrio do fm — em um fm ema Mesma para quem consLderaa go palca como urna a las tal ela nfo €instrumento pare qualquer fim que o hemem pola Comprara em persegui. Mar, uma vez feta a distingio entre ur bom eu fim mau, uma dingo a ual nfo esapou nenhuma ds relago entre moral e politic, ¢invtvel dsinguir a ado pall boa da ago politica mi, o que sgnifia submetéla um juan Pensemos emum exemple, O debate sabre» questo moral dre to, com feghnca eespeciamenten Ta ap tere corre a toda suas formes, previa, de es, plo codigo penal sb dle crimes em Fung de interese pada em ato de faverecin peculato, extorfo, ecéter,c,eapefcamente, cm referencia fxclurivt a homens de pedo” 20 tema quc coum er denon dos percenuas. Basta um breve reflero para dare conta de quo toma moralmente ita todo forme de corupeio pte (deeanded lado lo juice) € 2 feedameataisime presungso de que 0 rem paltico que se dea corromper colocau'oiteresse invidl Frente de iterese coletive, 0 bem pripro frente do bem com ee es xa Enre vi cpus de Estado de die sta uo deine come govern Us eis contaports 29 coe homens e que entende o governo das is no sentido do sores mar menor onfrmidade ds as do Ext Dudu pare integionte do pode soberano ase si os partidos, Pino ds Constuigoe as principe do Ext de deta pode Une ao st, que se repete Uo feqientereste no atl debate Iie inonreaie consttucional ede rita atdemocrtics, que Megs dar um exemplo,no caso do abuso dos decrtorle, de yao de confing name para derbi posi 2 I ec cancerme aes prio, na pris dosrcgmern,” qu viola fh panes fandamentais do Emad de dete, 9 vsbiidade do co contol dose exerci Meso que com freqiiéncia a polémica politica néo faga a distin- jena ron juz cog todos os trés sob a tats "ques losers jtzs, juan da eficinea, juzo da legtimidade Mn matspropiamente moral (que também podera ser chamado ye), adreo qyal me detive exclusvamente,dever st rant Mntints por rages de claezaanalitica e de asibuiio de respon- in Fs eR hn oa ros slg os ie sion Set de dos injustos; suaviza as asperezas, pe fim & insaciedade, domestics violéncia, seca ainda em sew desporta as flores da loacur, cori sentengas injustas,mitiga as obras de soherba, apaga as aces das di soes discordes, abrandaaiea da contend funesta; abixo dele todas coisas so bem reguladase sibias"” Eunomia-disnomia € um clssice par de opostos que inclu em seio tantos outros, uma verdadeira e propria "grande dicotomia", serve para designar com um Gnico tra, e abracar com um nico al ‘todos os pares de contrarios mais comuins da linguagem politica dem-desordem,concérci-discérdi, pao guerra, moderacio-insoléng brandura-violéncia,justica-injustica, sbedoria-insensater, Taos tetizados por serem axiologicamente bem definidas le wma vex Pa todas, endo que um dos dais termos tem sempre um significada tivo, 0 outro sempre um significado negativo — dliferentemente tantas outra antiteses da mesma linguagem politica, em que os termos poxiem ter significado axiolgico diferente segundo as do nas as ideologias, como pablico-prvado, sciedade de natureza-sogh dade civ, direito natual-diceita postivo, Estado-antiEstado. ‘Tocara aos filsofos refletir sobre essas duas condlcSes opos viver social, o Estado bom edesejave, o Estado mau eindesejave,p encontrar alguns citriosgeris de dstingio entre um e outro que mitissem ir além da mera descriglo dos dois Estados ¢ das suas sense desvantagens, chezando a def ncio, ou a0 conceito, de um ‘través da lcio dos clissicos considera que tenham emergida tancialmente dois ritérios principais de distingio entre bor gov ‘mata governo que, embors tenham silo com freqiéneia empress ‘modo impréprio, remetem um ao outro a0 longo de toda a hist ppensamento politico. O primeiro: hom governo é aquele do govern {que exerce 0 poder em contormidade com as leis preestabelec inversamente, mau governo € o governo dagquele que exerce 0 po sem respeitar outra lei exceto aque dos seus prSprios capricho segundo: bom governo & aquele do governante que se vale do prop poder para perseguir 0 bem comum, mau governo & o governo dag que se vale do poder para perseguir aber préprio. Deles derivamy 4 figuras pias do governante odioso: 9 senhor, que dé lesa st mesm autocrata no sentido etimol6gico da palavra;¢ o trano, que usa 0 os sfaver seus propio panes, 0 deseoslictos dos gus fla Iho no IX hveo da Republica | De bas as inerpretagde,o pensamento rego clisic nos de Bsns vextoscandnicos (digo “eandnicos” no sentido de que, ret jos do seu contexto histrico, tnnarsm-se verdaderase prprias fis que podem ser usadas nas mais diversscrcunstncas). No te vefere 8 submis do governane sles, € exemplar um texto nico extraido da quarto livro das Leis (imlependentemente de erarmos que o mesmo Pato, no Fico, stenta a ese contri Tame! aqui de servidores das leis dqueles que ordinariomente nados gvernantes, no por amor 3s novis denominases, mas ue consiero que desi qualidade sobretdo depende a sslagso ina dascdades, De fat, onde lees submetda aos goverantes priv de autoridad, veo a prota ruina des cidades onde, 20, Vino, Ici €senhora das govemantes e 0 governantes si seus prise, ej a salvag das cidadese sobre elas o acumula-e de to- hens que os deusescostamam conceder as cdades" (7154) | Aor também, comecando a falar das constiuigdes mondquicas, tle apresenta problema da elago entre alse os govertantes, fowna de dlema. "E mals convenient sents governados pelo Jr hornem on peas melhores les. A favor do segundo termo, cles enuncia wma maxima qu trd multe éxito: “A let af tem es que necesariament se encontram em cada alma humana” (Fo- 12863). E enunca esta maxima com base na observa, tam- ‘ota Fundamental, de que a le oferece“prescrgbes gras" E, no io, o pensamegto police octdental deve a Artéelessobretudo und lserpeetacdo do bom gover, squcl que ape o bor 9 povernante com base no criteria do bem comm oposto ao bem i. A famosa elasfcao das constituighes em tr juss ees fvruptas alse precsamentedesse eritro: Quando um nic, pou (i maioia exercem o poder tendo em via oineresse comm, ifivse entio necessariamente as conmtuigdes jst; quando wm nk 1 poueos, ou a maria exercem o poder em seu interes privado, i entiaosdesvios” (1279). Ty flava de dass inerpreagées, mas qualquer um pode ver que so Go eiferentes a ponto de nio ser posvel elacionar uma 3 0 govern das es & bom se as leis forem as, slo boas seis visa ao bem comm. Ps outro ld, meor modo, mai sea ee ee ‘outta, ¢ esse distinto acento permite diferenciarcorrentes ou dire diferentes do pensamento politico A superioridade do governo das leis sobre o governo dos homes ‘uma ds grandes idéias que retornam todas as vezes em que € disc #8 problema dos limites do poder, como fica basante claro a partied passagem aristotélica citada, por uma rezio formal e outra matek Formalmente,a lei dstingue-se de comanda pessoal do soberano sun generalidade (Avistételes fala de "prescrigdes pers") € a c ‘stica com base na qual a lei, quando é respeitada também ek xovernantes, impede que estes faaam valer @ prpria vontade pes ‘mediante disposies expedidas segundo as necessidades, sem sderar os precedentes nem tampouco as cispardades de tratamento i © comando particular pode produsir. Substancialmente, ale, por ‘origem, sea elaimediatamente derivada da natureza ou media tradicio, ou pela sabedoria do grande legislador,e pela sua dura {empo, nao est submetida a transformar-se das paixses,e pet ‘como um depssito da sabedoria popular ou da sapiéncia civil que cde as mudancas brusas, a prevarcasées do poderoso, 0 arbi “sic volo sic iubeo". Essa oposigdo entre as paixdes dos homens, particular dos governantes, ea aséacia de paso das les est, al ‘mais, no fundamento do tépos no menos clissco de lei identi ‘com @ voz da razio, principio e fim de toda a tradicio jusnat ‘que, ame ver, parte dos antigo eckega, sem interrupyses, no ob autorizadase respeitéveis opinides em contriri, aos moderns, sando pelo pensamento da Idade Média, que neste caso rel elo de ligagdo entre nés e os amigos e Aantes de qualquer outro, devemos a Gierke o tese, etomada} monumental histria do pensamento politico medieval dos ‘em Carlyle, de que a iia dominante na teora ena pritica dos go so século IX ao século XII, tenha sido a supremacia da let sobre homens. Dess idéia deriva o dever do goverante de governat sei sles, sejam elas as les divin ou raturais, a leis consuetudlind aguelas fundamentas,estabelecdas pelos precursores: deve, elt do no juramento ritual no momento da subida a0 trono, desert leges’. Referemse a ee, limitandorme a duas citagbes essencais cas respectivamente de uma ob filoséfica e de uma obra jut © maior tratado politico escrito antes da redescoberta da Pll arittélcs, 0 Policraticus, de Johs de Salisbury (meados do sécil XII), € 0 primeiro imponente trataco de direito inglés, o De legibuu) iv dl sua obra eu capitulo I, inttulado Dedlifferentiaprincpis et Ml et qui sit princeps, comeca assim: "Est ergo tirann et princiis tliflerentia sola vel maxima: quod hic lei obtemperat, et elus Ni populum regit, cuius se credit ministrum’ Em uma outea -nvexplica que, quando se afirma que oprncepsé legibus soluaus, isnilica que lhe seja cto cometeratos iusto, mas simplesmen- ue cle deve ser justo no por temor 3s pens 6 que no hs nit Wn dele que tenha © poder de puni-o), mas por amor 8 jv “publica utilitats minister et aequitatisservus es princeps vleafirma que os destinatérios dos comardos do rei podem ser ou servos, Bracton observa que enquanto ns € outros esto sujei- 80 1,0 ei ndo estdsueito a ninguém além de Deus, porque o rei ltura no reine, e, se assim fosse, que “par in pareranon habet imperium’ logo em seguida, em uma passagem dest nada a assumir quase fips c Tonga de regrae a qual se voltario, nos anos da Guerra Civil es, tanto as fautores do rei contra parlamento, quanto os fastores sperlamento contra re, detalha: “Ipse autem rex non debet esse homie, sed sub deo et sub lege, qu lex fact regems". Eum pouco i liane: "Non est enim rex ubi dominaturvoluntas et non lex” (0 principio aio estéausente no perioda do sbeolutsmo e nos Iuga- fone ele se manifestou. Exceto em Habbes, que rejeita a distingso re eietirano, o principio segundo qual osoberano Glegibus sous ic &tomado 20 pé da letra: para Jean Badin, considerado com razio ior teérico do absolutismo,o soberano legibas olutus ests livre das i positvas, que ele mesmo emite, ou ds leis cua vaidace depende, 1 n9 caso dos costumes, da sua tolernci, mas nfo das leis dvinas ais que no dependem da sua vontade (entre as leis naturtis hi lis que concernem ao diveita privada, isto &, propria, cmt fstcessses),edas leis fundamentais do reine, em virtude das quais \ poder € ur poder néo de fato, mas lito, Para que a suberdinacio do soberano 3 lei tenha a mesma forga nt Str con ‘que queria governar demas. Se cu precisasse escrever urna hist esta ida, a ela oporia como mixima as palavras com que Thorn Paine nici 0 seu Commom Sense (1776): "A sociedade & produzid pelasnossas necessidades, eo gorerno, pela nossa maldade . A p 'meira protege, o segundo pune™.” Depois, no nosso século, os papel se inverteram: bom-governo tornou:se cada vez mais o governo minh ‘mo, aquele que deve ocuparse de hem-estar dos seus cidadiose dev fo apenas adminstrarajustica mas também subministrla, isto, te lum principio ou crtérfo de juste nett proprio com 0 objet de equiparar as fortunas ou ao menos redistribut-las, © mau-govert ‘cada vez mais passou a ser considerado o Estado que dexa fazer e dei passar, tendo sido denominado — com um termo religioso, como qu ‘para acentuar 0 juizo negative —“agndstico”. [Nos ikimos anos, os termos-ciave da teeria do governo mudaram ‘outra vez: nio se fala de bom goresno e mat! governo, tampouco de governo méximo e governo minimo, mas de governablidade: ingovernabilidade. O problema en:rou com impeto nos nossos debat cotidianos, sobretudo desde que surgi, em 1975, o relator da missio trilateral, La orst della danocrazia, tracendo como subticl Rapporto sulla governabilita delle democrazie (Relatério sobre governabitidade das democracias)* O problema &conhecido: nas soc dades livres, parte da sociedade civil um niimero de questoes dig 20 sistema politico muito superior & capacidade que qualquer sistem politico tem, mesmo o mais eficiente, dea elas responder. Da si fens do sistema sobrecarregado que emperts, da sociedade bloquead ‘ou do homenzinho dos Tempas madernos que segue aflto linha ‘montage que avanga mais veloz ce as suas tenazes, icando cada mals para tris até perder a luz da racio, Para além de velha antites ‘entre bom governo e mau governo revela-se uma nova antes, tale sinds mais diamtics, entre yoverro e no-governo, entre um tm ro (un gubernator) que bem oi mal ainda segura 0 timo com 25 pe prias mios, um timoneiro ao qual faltam no as boas intengoes (ali boas intengSes ele tem de soba, mas os instruments adequadosp continuar a navegs boisol, as cartas nduticas — enquant mar for de tempestade. Paradaxaimente, o mau governo sempre considerado um excesso de poder; hoje, a0 contririo, a tendéncia _jonsiderd-lo uma falta. No como poder demasiadamente forte que “juloca toda voz de liberdade, suprime todo cissenso, regula do alto = Wels as coisas — como na Turquia segundo a expressio icistiea de Maciiavel, “por um principe e todos os outros servos"? —, mas, a0 | soto, Como um poder demasiadamente fraco que jf no consenue | Jesnlcr a miriade de conflitos que laceram a sociedade, e os conilitos ‘ywltiplicam-se e acumulam-se, e quando se sokciona um, surgem ou © vos vem, e formam-se, como dizem hoje alguns estudiosos, governs {piciais que impedem 0 governa central de desempenhar sua propria ‘Misidade, de slecionar as questées ede alcancaros fins propostos para “ful situagio, como se, dia ap6s dia, se tomassecada vez menos princi- ve todas os outros, enhores”” © Vnquanto por mau governo entendeu-se o arogante exerccio do wer 0 problema fundamental da flosofa poltca permanecew aque [— 0hU6ULrrC—_C uso do poder, mas sim no seu ndo-uso? Qua seré a tarefa da teoria sii? Retornar a0 governo minimo? Mas isto € possivel?Insstr no inho do governo mximo e reforgélo? Mas & desejavel? No & a © yimcia, a estrada da rentncia a0 Estado do bern-estar, que na Itai & Jul denominado, quase para denegrio, assstercial, ao Estado que a8- “oyu a jostica Socal alémn da Nberdade? Nao é a segunda a via que mdz inevitavelmente ao Estado totalitirio, e 1984 esté préximo? So esss as duas perguntas fundamentais de nosso tempo. Ber) set ye terminar um dlscurso com perguntas deina um gosto amargo na 2x2. Mas continuo acreditando que ¢ preferve fazer perguntassérias ferecer respostas fevola. E de resto ndo é verdade — mais urna _pergunta — que um dos sinais premonitéros di nossa crise € que, no ‘psante © aumento vertiginoso dos nossos caahecimentas, hé ainda “lemasiadas perguntas as quis no conseguimes oferecer uma respos |p? “Tlvee seja capaz de responder apenas quem — permitam-me ret "har as palavras de Max Weber — sentir com paisdo, agir com senso de sponsabilidade, enfrentar a prova e o desafio de olhar 0 futuro com "ohedoriae prudéncia SRS ee He a i i ie 0 poder politic isto €, 0 poder exercida na pals (que em greg fea “cidade”, defini pelo proprio Arstteles como comunidade jpaliciente de individuos que convivem em um territéio). Virios Bh» critérios em cada situacio adotados pata distinguir esas tres nyse poder. O mesmo Aristteles utiliza ocritério das pessoas no rsse das quais se exerce 0 poder: o paterno, no interesse dos fi 5,» senborial, no interesse do senhor, 0 politico, na interesse de is as partes da relacio, que é o chamado “bem comm” (bonum mune). Na era moderns, quando John Lacke (no inicio do Secondo to sul governo civile [Segundo tratado sobreo governo cil, 1690) Jno querer enfrentaro problema da distincdo entre o poder do pai ye os filhos e do capitzo de uma galera sobre os galeotes (que & a cle escravidio do seu tempo) em relacio 20 governo civil, susten (0 primeiro repousa sobre a geracio (ex natura), 0 segundo sobre ito de punir (ex delicto) e 0 terceito sobre 0 consenso (ex actu). Essa tripartiio das Formas de poder tove também uma gran- Jmportincia histérica porque permitin fazer adistincio entre o bom ern eo mau governo: com efeito, duas formas tradicionai de mas 0 so tanto 0 governo paterno ou patriarcal, no qual o governante ‘Somporta com os siditos como se fossem seus fils (e, poranto, ) se nunca atingissem a maioridade), quanta © governo despstico 1 prego despétes significa senhor [padronel), no qual o governante. os seus sditos como eseraves. Patriarcalsmo e despotismo so, oulsaspalavras, formas degeneradas de poder politico porque no 0 ‘Capitulo 4 Politica e direito [AS FRONTEIRAS DA POLITICA, 1. Caracteristicas do poder politico Geralmente usamos o termo “politica” para designar a esfera aches que faz alguma referencia direta ou indireta 4 conquista texercicio do poder kimo (ou supremo, ou soberano) em uma com dade de indviduos sobre urn terns. ; Na determinacio daquilo que estéincluido no &mbita da poi rio se pode prescindi da indvidsacio das relaes de poder que ‘ada sociedade se estabelecem entre individuos e entre grupos, en dido © poder como a capacidade que um sujeito tem de influenc

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