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Operagoées Unitarias na Engenharia Quimica A engenharia quimica 6 definida como"... a aplica- ¢40 dos principios das ciéncias fisicas, juntamente com 0s principios da economia e das relacoes humanas, aos, campos que sao diretamente pertinentes aos processos @ 0s equipamentos de processos nos quais se tratam subs- tancias visando a provocar modificacées de estado, de energia ou de composigao...”. "* Esta definigao, bastante vaga, intencionalmente ampla e indefinida no que se refere & amplitude do campo abarcado. Possivelmente, sera tao satisfat6ria quanto qualquer outra definicao apresentada por um engenheiro quimico pratico. Deve-se observar que se realgam, de forma consideravel, os pro- cessos e os equipamentos de processo. O trabalho de muitos engenheiros quimicos seria denominado, com maior propriedade, de engenharia de processo. © proceso pode ser qualquer conjunto de etapas que envolvem moditicagoes de composigao quimica, ou que envolvem certas alteracées fisicas no material que esta sendo preparado, ou processado, ou separado, ou purificado. O trabalho de muitos engenheiros quimicos envolve a escolha das etapas apropriadas, na ordem apropriada, para formular um proceso capaz de concre- tizar uma operagao de manufatura quimica, ou uma sepa- ragao ou purificacao quimicas. Em virtude de cada etapa que constitui um processo estar sujeita a variagoes, 0 engenheiro de processo deve também especificar as con- digoes exatas de realizacao efetiva de cada etapa ‘Amedida que a concepcao do processo evoluie que o equipamento deve ser projetado, o trabalho do enge- rnheiro quimico deségua no do engenheiro mecanico e no do engenheiro civil. A transferéncia da responsabilidade principal do engenheiro de processo para 0 engenheiro mecanico pode ocorrer, satisfatoriamente, em diversas etapas do projeto, e por isso é impossivel definir uma area nitida na qual a responsabilidade deve ser atribuida ao engenheiro quimico, ou uma etapa na qual o engenheiro mecanico deve assumir a responsabilidade sobre o equi- pamento. A época da formulacao da definigao mencionada acima, as ciéncias fisicas citadas eram, principalmente, a quimica e parte da fisica classica. Com 0 progresso da compreensao dos modelos matematicos dos processos quimicos, 0 tratamento da quimica e da fisica dos proces- 808 passou a ser expresso em forma nitidamente mais matematica. O crescente emprego da termodinamica, da dinamica dos fluidos e de técnicas matematicas como as do calculo das probabilidades e da estatistica, a tecnica matricial e a das variéveis complexas tornaram-se uma caracteristica da pratica da moderna engenharia quimica Na maior parte dos processos que esto sendo conduzi- dos em larga escala, no entanto, a quimica foi previa- mente determinada e as modificagées fisicas pertinentes a preparacao e a purificagao das misturas reacionais exi- gem estudo consideravelmente mais amplo que a propria reacao quimica. A aplicagao frequente dos principios da fisica e da fisico-quimica é indispensavel nas etapas do processo que envolvem modificacoes fisicas como a v porizacao, a condensacao ou a cristalizagao. Com a cor- porificagao do processo numa fabrica, o trabalho do en- genheiro quimico unifica-se com o do engenheiro meca- nico projetista, ea ciéncia da mecanica assume papel de importancia crescente. O engenheiro quimico especiali- zado em equipamento deve ter um conhecimento pro- fundo e extenso sobre mecdnica dos materiais. Todo o trabalho de um engenheiro deve ser quantita- tivo e a matematica constitui, por isso, uma ferramenta fundamental para ele. Infelizmente a nossa compreensdo da matematica é, em grande parte, confinada a matema- tica linear; da mesma forma, e também desafortunada- mente, as moléculas quimicas raramente comportam-se de acordo com as regras da matematica linear. Os calcu- los de balancos de energia e de massa, que sao funda- mentais em qualquer investigagao de quaisquer proces- sos, podem ser comumente expressos, com fidedigni- dade e precisao, em termos da matematica linear, desde que sejam exciuidos das consideragoes os processos atémicos e nucleares. Na analise econdmica para deter- minar as condig6es de operacao mais lucrativas — e na contabilidade das receitas de vendas e da distribuig&o da renda entre os lucros @ os custos, incluindo-se as substi- tuigdes na fébrica— os cAlculos mateméticos séo univer- sais, ‘A existéncia ou a andlise de um proceso implica a existéncia de um produto a ser fabricado e pelo qual certos consumidores esto dispostos a pagar. O produto deve ser entregue numa certa quantidade, satisfazendo certas exigéncias de qualidade, e a um preco aceitavel pelo consumidor. Simultaneamente, 0 produto deve co- brir o custo dos materiais, da mao-de-obra e do eq mento, envolvidos na fabricacdo, e contribuir ainda para um lucro superposto a todos os custos. Muitos materiais produzidos pela industria quimica sao planejados, e as fabricas respectivas sao construidas, antes de que o mer- ado potencial seja desenvolvido. Para um produto com- pletamente novo, é preciso estabelecer certas estimativas do volume do mercado e a fabrica deve ser dimensionada proporcionalmente a este volume. Os aspectos referentes as relagdes humanas na en- genharia quimica nao sao, em geral, acentuados no trei- namento dos estudantes universitarios em virtude da ‘grande quantidade de informagées técnicase de métodos que o estudante deve dominar. A auséncia da abordagem destes problemas pode ser que seja um erro, pois os fracassos de engenheiros iniciantes provocados por pro- blemas pessoais séo pelo menos cinco vezes mais tr quentes que os fracassos decorrentes de um treinamento técnico deficiente. Todos os engenheiros deve com- preender que a indistria onde trabalham exige o esfor¢o coletivo da totalidade do pessoal. Informagao valiosa pode ser conseguida com operadores, que tém formagao educacional limitada, mas que ja observaram processos semelhantes. O pessoal que tem “vivéncia” de uma ope- ragao ja observou, com toda a probabilidade, agoes efeitos, e aprendeu métodos de controle precisos que nao podem ser abordados ou descritos apenas pela teoria formal. O trabalho de engenharia de melhor qualidade s6 pode ser feito com a consideragao apropriada de todos os fatos disponiveis, independentemente das suas origens. Um processo novo, ou a melhoria técnica de um outro ja existente, projetado sem a consideracao devida aos ope- radores, esta, em geral, destinado ao fracasso. A partida da operacao de uma fébrica nova, ou a instalagao de uma modificagao técnica, seré muito mais tranquila e muito mais barata se 0 pessoal da operacao compreender os objetivos visados e estiver convencido da corregao dos ‘seus principios. ALGUNS CONCEITOS BASICOS Antes de tentar descrever as operacbes compreendi- das num processo quimico, é preciso introduzir diversos conceitos basicos que devem ser apreendidos para que seja compreensivel a descrigao das operagées. Equilibrio Para qualquer combinago de fases num sistema existe uma condigéo em que a taxa de troca de certas grandezas do sistema (usualmente a massa ou a energia, num processamento quimico) igual a zero; esta combi nacdo dos estados das fases é denominadao equilibrio do sistema, Para todas as situagdes em nao-equilibrio, a dife- renga entre a concentracao de uma certa grandeza, exis- tente numa certa condicdo, e a concentragéo que a mesma grandeza teria no equilibrio, constitui uma forca motriz, ou uma diferenca de potencial, que tendeaalterar © sistema no sentido do atingimento do equilibrio. Por exemplo, conhece-se, de forma geral, a tendéncia de a energia térmica fluir de uma regido de concentragao ele- vada — de um corpo quente — para uma regio de con- centragao baixa — um corpo frio. Analogamente, ¢ bem sabido que a energia elétrica tem a tendéncia de fluir de uma regido de potencial elevado para uma outra de po- tencial baixo, de acordo com a lei de Ohm (I = E/R). A tendéncia de o Acido acético fluir de uma solucéo de Acido acético em agua para uma fase etérea em contato com a solugdo, & uma tendéncia menos conhecida. A descrigao deste equilibrio € consideravelmente mais complicada que a afirmagao da igualdade de temperatu- ras que descreve o equilibrio daenergia das moléculas. As substancias fluem das regides de elevada concentragao (atividade) para as de baixa concentracao (atividade), da mesma forma que 0 calor e a eletricidade fluem das re- gides de alta paraas de baixa concentragao nassituacdes que mencionamos acima. A expressao da condicao de equilibrio familiar a todos no que diz respeito a energia elétrica ou térmica. A “concentragao” desta energia & expressa diretamente como uma voltagem ou uma temperatura. Por isso, dois corpos num mesmo potencial elétrico (voltagem), ou numa mesma temperatura, estarao em equilibrio em rela- G0 a estes tipos particulares de energia. No caso do equilibrio entre um liquido e o seu vapor, 6 razoavelmente conhecida a curva da pressao de vapor. A curva exprime, ‘em unidades de pressao, a "concentracao” do vapor que esta em equilibrio com 0 liquido puro, quando os dois estéo numa temperatura determinada. No caso de uma mistura liquida, 0 equilibrio deve existir entre a fase li- quida e a fase vapor no que diz respeito a cada um dos Componentes e a todos eles em conjunto. Numa mistura bindria a relacao é relativamente simples e descreve a concentracao ou pressao parcial de cada constituinte na fase vapor que esta em equilibrio com um liquido com uma certa composicao, numa temperatura bem determi nada. Como € dbvio, 0 vapor tera composigao diferente quando estiver em equilibrio com liquidos de composi- 6es também diferentes. As expressoes do equilibrio em misturas multicompostas, entre a fase liquida e a fase vapor, ou entre duas fases liquidas com solubilidade par- cial de uma na outra, so mais complicadas. Em cada caso, a condicéo a ser satisteita é a de que o potenci quimico de cada constituinte temo mesmo valor em todas as fases que estao em equilibrio num determinado sis- tema. Forga motriz Quando duas substancias, ou duas fases, que nao estao em equilibrio, sdo justapostas, hé tendéncia de ocorrer modificagéo que provoca uma aproximagéo no sentido da condigao de equilibrio.-A diterenga entre a condigao existente e a condigao de equilibrio é a forca motriz que provoca esta modificagao. A diferenca pode ser expressa em termos das "‘cohcentragoes” das diver- sas propriedades da substancia. Por exemplo, se a Agua liquida com teor baixo de “concentragéo” de energi isto é, com temperatura baixa— for colocada em contato como vapor de agua com elevado teor deenergia—istoé, com temperatura alta — haverd uma transferéncia de ‘energia da fase vapor paraa fase liquidaaté que aconcen- tragao de energia seja a mesma em ambas as fases. Neste caso particular, se a quantidade de liquido for grande em comparagao com 0 vapor, as duas fases transformam-se em apenas uma, com a condensagao do vapor a medida que a sua energia for sendo transferida para a agua Ii- quida fria. O sistema final seré constituido por uma quan- tidade maior de agua liquida, numa temperatura mais elevada que a inicial, e uma quantidade menor de vapor de Agua. Esta combinacao atinge 0 equilibrio com rapidez, numa temperatura em que a pressao de vapor daaguatica igual & pressao da fase vapor. Uma linha semelhante de raciocinio pode ser seguida para 0 caso de dois capacito- tes elétricos, com diferentes "‘concentragdes” (isto 6, com diferentes voltagens) de energia elétrica. Quando os dois sao acoplados eletricamente, a energia elétrica flui da regido de concentracéo mais elevada para a de menor concentragao. Os dois capacitores ficarao na mesma vol- tagem, uma vez atingido o equilibrio. Um tipo menos conhecido de forca motriz ¢ a que atua quando se coloca em contato uma solucao de écido acético em agua com éter isopropilico. As trés substan- cias separam-se, usualmente, em duas fases liquidas, cada qual contendo uma certa quantidade de cada um dos trés componentes. Para se descrever 0 estado de equillbrio é preciso determinar a concentragao de cada uma das trés substancias em cada uma das duas fases, Quando duas fases, que nao estéo em equillbrio, sao reunidas, ocorreré uma transferéncia andloga a transf réncia de energia elétrica e térmica que mencionamos acima. O resultado sera uma transteréncia do éter isopro- pilico para a fase 4gua-dcido e a transferéncia da agua e do acido para a fase etérea, até que 0 potencial de cada constituinte seja idéntico nas duas fases. Nao ha uma expressao cémoda e simples para 0 potencial quimico; por isso, identifica-se habitualmente 0 equilibrio pela quantidade de massas por unidade de volume, ou seja, pela concentragao. A concentragéo massica nao ¢ uma definigo rigorosa, mas as funcdes mais exatas e mais complicadas —atividade, fugacidade, fungao de Gibbs — exigem mais conhecimento de fisico-quimica do que pre- tendemos usar nesta altura. No exemplo precedente, a concentragéo massica de cada componente é diferente em cada uma das duas fases em equillbrio. Em todos os casos que discutimos acima, o poten (concentracdo) de uma substéncia ou mistura num certo estado, comparado com o mesmo potencial no equilibrio,, mostra que ha uma diferenga de potencial que é uma forca motriz, que impele o sistema a modificar 0 seu es- tado até atingir o equilibrio. As forgas motrizes, ou dife- rengas de potenciais de energia ou de massa, tendem a provocar modificagées a uma taxa (temporal) que é dire- tamente proporcional a diferenga entre 0 potencial e 0 potencial no equilibrio. A taxa com que o sistema se altera na diregéo do equilibrio é um dos tépicos principais a ser coberto neste livro. Separagées Como ¢ claro, a separacéo de uma solucéo, ou de outra mistura fisicamente homogénea, exige que haja uma transferéncia preferencial de um constituinte para uma segunda fase que possa ser fisicamente separada da mistura residual. Ilustram este efeito a desumidificagéo do ar pela condensagao ou pelo congelamento de parte da umidade, ou 0 uso de um solvente liquido que é insold- vel no material inerte nao extraido. Na operacao de sepa- ragao pode estar envolvida qualquer de duas fases que tenha uma distribuicdo preferencial dos constituintes & que pode ser facilmente separada do restante. E possivel que seja muito dificil separar duas fases sélidas; um Ii- quido e um gés, ou um s6lido, usualmente, séo separados com facilidade: dois liquidos com densidades aproxima- damente iguais e sem tensdo interfacial podem resistir a todos os meios praticos de separagao, a menos que se altere uma das fases. Configuragdes de fluxo Em muitas operagoes de transteréncia de energia ou de material, de uma fase para outra, 6 necessério colocar ‘em contato duas correntes de fluido para que possa ocor- rer a modificagao no sentido do equilibrio de energia ou de massa ou de ambos. A transferéncia pode ser realizada com as duas correntes fluindo na mesma diregdo (isto 6, com escoamento paralelo). Quando se usa o escoamento Paralelo, o limite da transferéncia que pode ocorrer esta firmemente determinado pelas condigées de equillbrio que serdo atingidas pelas duas correntes que se poem em contato. Porém, se as duas correntes forem justapostas fluindo em direg6es opostas, a transferéncia de massa ou de energia pode ocorrer com intensidade consideravel- mente maior. Esta configuracao de fluxo @ conhecida como escoamento em contracorrente. Como exemplo, é possivel prever qual a temperatura atingida quando se permite que uma corrente de mercério quente e uma outra de Agua fria entrem em equillbrio simplesmente mediante um balango térmico que leva em conta as quantidades relativas das duas correntes, as respectivas temperaturas iniciais ¢ as capacidades calor ficas. Se as correntes escoam simultaneamente de um mesmo ponto de afluéncia para o mesmo ponto de efluéncia, a temperatura de equilibrio esté definida e a respectiva variacao esta indicada esquematicamente na Fig. 1.12. Quando as duas correntes fluem em direcoes ‘opostas — por exemplo, delxando-se o merctirio escoar descendentemente através de uma corrente ascendente de égua— 6 possivel fazer com que a corrente atluente de mercirio quente eleve a temperatura da corrente efluente da agua de arrefecimento até um valor superior ao da ‘temperatura da corrente do mercurio que sai do equipa- mento trocador de calor, conforme esta no esquema da Fig. 1.1b. O principio da contracorrente é usado em mi tas operacées da engenharia quimica, para possibilitar maior transferéncia de uma certa propriedade, a niveis mais elevados que os atingiveis num dnico equilibrio entre correntes paralelas postas em contato. Operagao continua e operacéo descontinua Na maior parte das operagdes quimicas de proces- samento é mais econémico manter 0 equipamento em ‘operagao continua e permanente, com um minimo de perturbagées ou de paradas. Nem sempre esta situagao é conveniente nas operagdes de pequena escala, ou em ‘operagdes onde a agéo da corrosao obriga a reparos freqdentes, ou gracas a diversas outras razées particula- res. Em virtude da maior produtividade do equipamento que opera continuamente e do prego unitério mais baixo Que dai decorte, é em geral vantajoso operar 0 equipa- ‘mento de forma continua. Isto quer dizer que o tempo néo é uma varidvel na andlise de um destes processos, exceto durante os periodos, relativamente curtos, de partidae de Parada. A taxa temporal de transferéncia ou de reacao & importante na fixacao das dimensdes e da capacidade necessérias do equipamento, mas se espera que o de- sempenho seja 0 mesmo hoje, amanha ou no proximo ano, se as condigées operacionais permanecerem as mesmas. As condig6es ndo S40 constantes ao longo do sistema, em nenhum instante, mas as condigdes num Ponto fixo particular so constantes com o tempo. ‘Quando se tem que processar pequenas quantidades de materiais, 6 muitas vezes mais conveniente carregar 0 equipamento com toda a carga necesséria, efetuar 0 pro- cessamento e remover os produtos. Esta operagao ¢ des- continua ou em batelada. Uma operacao que varia com 0 tempo é dita tran- siente ou ndo-permanente, em contraste com o estado permanente, no qual as condig6es sao invariantes com 0 tempo. O restriamento de uma pega de ago num trata- mento térmico, ou a produgao de cubos de gelo num refrigerador doméstico, s80 exemplos de operacées ndo-permanentes. Nas operacdes descontinuas quase Que todo o ciclo & constituido por uma partida transiente seguida por uma parada também transiente. Numa opera- ¢40 continua 0 tempo durante o qual prevalece o tran- siente de partida pode ser extremamente pequeno em ‘comparagao com a operacao em estado permanente. A anélise das operagées transientes, ou das descontinuas, & usualmente mais complicada que a da operacao em es- tado permanente. Gragas a maior simplicidade e a ampla ‘ocorréncia das operacoes em estado permanente no pro- cessamento quimico, o tratamento introdutério se faz em termos de condigées invariantes no tempo. A anélise da operagao transiente ¢ diferente da do estado permanente apenas pela introdugao da variével adicional de tempo. Esta variavel complica a anélise, mas nao a altera no essencial. OPERAGOES UNITARIAS Os processos quimicos podem ser constituidos por uma sequéncia de etapas muito diferentes, que tém prin- cfpios fundamentais independentes da substancia que esta sendo operada e de outras caracteristicas do sis- tema. No projeto de um processo, cada etapa a ser usada pode ser investigada individualmente se forem identifica- das de per si. Algumas etapas so reagoes quimicas, en- quanto outras s40 modificacées tisicas. A versatilidade do engenheiro quimico deve-se ao treinamento em de- compor praticamente um processo complicado em eta- pas fisicas individuais, denominadas as operagoes unité- Tias, e em reacées quimicas. O conceito de operagao, unitéria, na engenharia quimica, esté baseado na flosofia de que uma seqiéncia amplamente variavel de etapas Pode ser reduzidaa operacées simples, ou areacdes, que 80 idénticas independentemente do material que esté sendo processado. Este principio, que se tornou evidente aos engenheiros de vanguarda americanos, durante 0 desenvolvimento da industria quimica nos Estados Uni dos, foi apresentado pela primeiravez, com clareza, por A. D. Little, em 1915 Quaiquer processo quimico, qualquer que seja a sua escala, pode ser decomposto numa série coordenada do que se podem denominar "agées unitérias”, como moagem, misturago, aque- cimento, ustulagao, absorgao, condensagéo, lixiviagéo, precipi tagao, cristalizagao, filtracdo, dissolucao, eletrélise etc. O ni mero destas operagées unitarias bésicas nao é muito grande © relativamente poucas delas esto presentes num proceso parti cular qualquer. A complexidade da engenharia quimica provem da diversidade das condig6es, como a temperatura, a presséo etc., sob as quais as agdes unitérias devem ser realizadas nos diversos processos, e das limitacbes dos materiais de construgdo © do projeto dos equipamentos, impostas pelo caréter fisico e quimico das substancias reagentes.* A lista original das operagées unitérias, mencionada acima, contém uma dazia de agoes, nem todas das quais consideradas operagées unitérias. Desde aquela época foram acrescentadas outras a uma taxa anual modesta, que aumentou nos anos mais recentes. Ha muito tempo ‘840 reconhecidos como operacées unitérias 0 transporte de fluidos, a transferéncia de calor, a destilagdo, a umidi- ficagdo, a absorcao de gases, a sedimentagao, a classifi- cago, a agitagao e a centrifugagdo. Nos anos recentes, com o aumento da compreensao das novas técnicas—ea adaptacao de técnicas antigas, mas raramente usadas — aumentou continuamente 0 numero de separacées, de operacées de processamento ou deetapasnamanufatura ‘que podem ser usadas sem uma alteragao significativa em Processos que cobrem ampla diversidade. Esta é a base de uma terminologia de “operagées unitérias” que nos ‘oferecem uma lista de técnicas que nao podem todas ser cobertas num texto de dimensbes razoaveis. Muito freqdentemente ocorrem modificacées quimi cas no material que esté sendo destilado ou aquecido. NO He Hu How =| “0 I} A Ty 8 Af H04<—T > Ht Temperate 0, Hig Terperatura @ Fig. 1.1 Escoamentoe temperatura num contactor. (a) Correntet aralelas, (b) contracorrente.

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