Você está na página 1de 6

História

Jihad afegã

A Al-Qaeda teve seu embrião na Maktab al-Khadamat (MAK), uma organização


formada por Mujahidin que lutavam para instalar um estado islâmico durante a Guerra
Soviética do Afeganistão nos anos 1980. A organização foi inicialmente financiada pela
CIA. Osama Bin Laden foi um dos fundadores da MAK, juntamente com o militante
palestino Abdullah Yusuf Azzam. O papel da MAK era angariar fundos de tantas fontes
quanto possível (incluindo doações de todo o Oriente Médio), para treinar pessoas de
todo o mundo para a guerra de guerrilha e para transportar os combatentes para o
Afeganistão. A MAK foi custeada em sua maioria com doações de milionários
islâmicos, mas também foi abertamente auxiliada pelos governos do Paquistão e Arábia
Saudita, e indiretamente pelos Estados Unidos, que direcionou grande parte de seu
apoio através do serviço de inteligência paquistanês ISI (sigla para Inter-Services
Intelligence). Durante a segunda metade dos anos 1980 a MAK era um grupamento
relativamente pequeno no Afeganistão, sem combatentes afiliados, apenas concentrando
suas atividades no levantamento de fundos, logística, habitação, educação, auxílio a
refugiados, recrutamento e financiamento de outros mujahidin.

Depois de uma longa e cara guerra que durou nove anos, a União Soviética retirou suas
tropas do Afeganistão em 1989. O governo socialista afegão de Mohammed Najibullah
foi rapidamente destituído em favor de partidários dos mujahidin. Com a falta de acordo
dos mujahidin na escolha de uma estrutura governamental, sua anarquia sofreu as
consequências de constantes mudanças no controle de territórios problemáticos,
sucumbindo sob alianças insurgentes e discórdias entre líderes regionais.

Ultrapassando os limites do Afeganistão

Perto do fim da Guerra Soviética do Afeganistão, alguns mujahidin quiseram expandir


suas operações para incluir alguns esforços islâmicos em outras partes do mundo[carece de
fontes?]
. Algumas organizações sobrepostas e interralacionadas foram formadas para
suportar estas aspirações.

Uma dessas organizações seria eventualmente chamada Al-Qaeda, fundada por Osama
bin Laden em 1988. Bin Laden quis estender o conflito para operações não-militares em
outras partes do mundo[carece de fontes?]; Azzam, por outro lado, quis manter-se focado em
campanhas militares[carece de fontes?]. Após o assassinato de Azzan em 1989, a MAK dividiu-
se, com um número significante de membros se juntando à organização do bin Laden.

Guerra do Golfo: o início da inimizade com os Estados Unidos

Seguindo a retirada soviética do Afeganistão, Osama Bin Laden retorna para a Arábia
Saudita. A invasão iraquiana no Kuwait em 1990 pôs em risco o comando da Casa de
Saud pelos sauditas, tanto por dissidentes internos quanto pela iminente possibilidade de
um futuro expansionismo iraquiano. Face à massiva presença militar iraquiana, os
sauditas eram melhor armados, porém defasados em número. Bin Laden ofereceu os
serviços de seus mujahidin ao Rei Fahd para proteger a Arábia Saudita do exército
iraquiano. Mas do ponto de vista estratégico, fossem os iraquianos expulsos do Kuwait,
a Arábia Saudita seria a única ligação terrestre possível para forças internacionais
inibirem uma invasão iraquiana.

Depois de muita deliberação, o rei saudita recusou a oferta de Bin Laden e optou por
deixar os Estados Unidos e as tropas aliadas montarem acampamento em seu país. Bin
Laden considerou a decisão um ultraje. Ele acreditava que a presença de estrangeiros na
terra das duas mesquitas (Meca e Medina) profanaria solo sagrado. Depois de criticar
publicamente o governo saudita por acolher o exército estadunidense, Bin Laden foi
exilado e teve sua cidadania saudita revogada. Logo depois, o movimento que viria a ser
conhecido como Al-Qaeda foi formado.

[editar] Sudão

Em 1991, a Frente Nacional Islâmica do Sudão, um grupo islâmico que tinha ganhado
poder recentemente, convidou a Al-Qaeda à deslocar suas operações para dentro de seu
país. Por vários anos, a Al-Qaeda gerenciou vários negócios (incluindo negócios de
importação/exportação, fazendas, e empresas de construção) no que pode ser
considerado um período de consolidação financeira. O grupo foi responsável pela
construção de uma grande auto-estrada de 1.200 km conectando a capital Cartum ao
Porto do Sudão. Mas também gerenciou alguns campos onde aspirantes foram treinados
ao uso de armas de fogos e explosivos.

Em 1996, Osama bin Laden foi convidado a se retirar do Sudão depois que os Estados
Unidos impingiu um regime de extrema pressão para que ele sua expulsão, citando
possíveis ligações dele com a tentaviva de assassinato ao Presidente Hosni Mubarak do
Egito enquanto sua carreata acontecia em Adis Abeba. Há uma controvérsia sobre se o
Sudão ofereceu entregar bin Laden para os Estados Unidos antes de sua expulsão. O
governo sudanense nunca fez realmente esta oferta, mas estava preparado para entregá-
lo à Arábia Saudita, que se recusou a recebê-lo.

Osama bin Laden deixou finalmente o Sudão em uma operação bem planejada e
executada, acompanhado por cerca de 200 de seus seguidores e suas famílias, que
viajaram diretamente para Jalalabad, Afeganistão, no final de 1996.

[editar] Bósnia Herzegovina

A separação da Bósnia da multicultural federação da Iugoslávia e a subseqüente


declaração da independência da Bósnia e Herzegovina em outubro de 1991 abriu um
novo conflito étnico e quase religioso no coração da Europa.

Na Bósnia e Herzegovina havia várias etnias diferentes, com uma maioria nominal
muçulmana, mas com números significantes de outras etnias, como a Sérvia, que é
cristã ortodoxa e Croácia, que é católico romana, distribuídas pelo seu território. Ela se
constituía em um grande porém fraco componente militar da antiga Iugoslávia, e a
desintegração iugoslava acabou deixando alguns sérvios e croatas dentro da Bósnia,
suportados pelos seus estados adjacentes emergentes, engajados em um conflito triplo
contra a porção Bósnia dominada.

Veteranos árabes radicais da guerra contra os soviéticos no Afeganistão buscavam na


Bósnia uma nova oportunidade de defender o Islã. Cercados em dois frontes e
aparentemente abandonados pelo oeste, o regime bósnio ansiava aceitar qualquer ajuda
que pudesse conseguir, militar ou financeiramente, incluindo a vinda de várias
organizações islâmicas, sendo a Al-Qaeda uma delas.[7]

Vários associados a Osama bin Laden (mais notadamente, o saudita Khalid bin Udah
bin Muhammad al-Harbi, vulgo Abu Sulaiman al-Makki) se juntaram ao conflito na
Bósnia,[8] mas enquanto a Al-Qaeda deve ter inicialmente visto a Bósnia como uma
possível ponte que lhe permitiria a radicalização dos europeus muçulmanos para
operações contra outros estados europeus e os Estados Unidos, a Bósnia deve ter sido
secularizada por gerações e seu interesse em lutar estava amplamente limitado a
assegurar a sobrevivência do estado nascente.

O "Mujahidin da Bósnia" (que compreendia amplamente os veteranos árabes de guerra


Afegã e não necessariamente os membros da Al-Qaeda) eram operados como uma
ampla força autônoma dentro da Bósnia central. Enquanto sua bravura no combate
inicialmente atraiu um pequeno número de bósnios nativos para que se juntassem a eles,
sua brutalidade e o crescente número de atrocidade cometidas contra civis chocaram
muitos bósnios nativos e repeliram novos recrutas. Ao mesmo tempo, suas tentativas
vigorosas em "islamizar" a população local com regras sobre indumentária e
comportamentos apropriados foram amplamente repudiadas e desconsideradas. Em seu
livro O Jihad da Al-Qaida na Europa: a ligação Afeganistão-Bósnia, Evan Kohlmann
resume: "Apesar dos esforços vigorosos para ‘islamizar’ a população muçulmana da
Bósnia, os nativos não podiam ser convencidos de abandonar os porcos, o álcool e
manifestações públicas de afeto. As mulheres Bósnias persistentemente se recusaram a
usar o hijab ou seguir os outros mandamentos para o comportamento feminino,
prescritos pelo extremo fundamentalismo islâmico."

A assinatura do Acordo de Washington, em março de 1994, pôs um fim ao conflito


Bósnia-Croácia. Enquanto o "Mujahidin da Bósnia" continuou a lutar contra os sérvios,
o Acordo de Paz de Dayton de novembro de 1995 acabou com aquele conflito e fez com
que os lutadores estrangeiros debandassem e deixassem o país, ficando a ajuda
condicionada a isto. Com o apoio do governo da Bósnia, forças da OTAN entraram
efetivamente em ação para fechar suas bases e deportá-los. A um número limitado de
antigos mujahidin, que tinham ou casado com nativas da Bósnia ou que não puderam
achar um país para o qual pudesse ir, foi permitido ficar na Bósnia e eles foram
agraciados com a cidadania bósnia. Mas com o fim da guerra na Bósnia, muitos
veteranos comprometidos e endurecidos pela batalha já haviam retornado a territórios
familiares.

[editar] Retorno ao Afeganistão

Após a retirada soviética, o Afeganistão esteve efectivamente sem governo por sete
anos, e sofreu com lutas internas constantes entre os antigos aliados, os vários grupos
mujahidin e seus líderes.

Durante toda década de 1990 uma nova força começou a surgir. As origens do Talibã
(literalmente "estudantes") está em crianças afegãs, muitas delas orfãs de guerra e
muitas que haviam sido educadas na rede de escolas islâmicas que expandiu
rapidamente (os madraçais) tanto em Kandahar quanto em campos de refugiados na
fronteira entre Afeganistão e Paquistão.
De acordo com o livro bem referenciado de Ahmad Rashid, Talibã, cinco líderes do
Talibã se formaram em um único madraçal, Darul Uloom Haqqania, Akora Khattak,
perto de Peshawar que está situada no Paquistão, mas que era amplamente frequentada
por refigiados afegãos. Esta instituição refletia a crença Salafi em seus ensinamentos e
muito de seu financiamento veio de doações privadas de árabes ricos, para os quais bin
Laden oferecia continuidade. Quatro outras figuras de liderança (incluindo o líder
Talibã persseguido Mullah Mohammed Omar Mujahed) frequentaram um madraçal que
possuia fundos similares e influenciaram o homólogo em Kandahar, Afeganistão.

Os laços entre os árabes afegãos e o Talibã eram profundos. Muitos dos mujahidin que
mais tarde se juntaram ao Talibã lutaram ao lado do guerrilheiro afegão Mohammad
Nabi no grupamento de Mohammadi Harkat i Inqilabi na mesma época da invasão
russa. Este grupamento também se beneficiou da lealdade de muitos lutadores árabes
afegãos.

Os conflitos internos contínuos entre as várias facções e o a falta de leis que se


estabeleceu após a retirada soviética permitiram que o crescente e bem-disciplinado
Talibã expandisse seu controle pelo território afegão, e assim eles estabeleceram um
subterritório o qual chamaram Emirado Islâmico do Afeganistão. Em 1994
conquistaram o centro regional de Kandahar e conseguiram rápidos avanços territoriais
logo após, vindo a conquistar a capital Cabul em setembro de 1996.

Após o Sudão deixar claro, naquele ano, que bin Laden e o seu grupo não era mais bem
vindo, o Afeganistão controlado pelo Talibã (com conexões pré-estabelecidas entre os
grupos, uma maneira similar de encarar os relações mundiais e amplamente isolado da
infuência política e militar dos Estados Unidos) garantia uma localização perfeita para o
quartel general da al Qaeda.

Cerca de duzentos seguidores de bin Laden e suas famílias partiram de Khartoum para
Jalalabad por volta de 1996. Logo em seguida a Al-Qaeda gozou da proteção do Talibã
e uma certa legitimidade por parte de seu Ministério da Defesa, apesar de somente o
Paquistão, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos reconheceram o Talibã como
o legítimo governo do Afeganistão.

Os campos de treinamento da Al-Qaeda no Afeganistão e na fronteira com o Paquistão


podem ter treinado militantes muçulmanos do mundo todo. Apesar da percepção de
algumas pessoas, os membros da Al-Qaeda são etnicamente diversos e estão conectados
pela sua versão radical do Islã.

Uma rede sempre crescente de apoiadores usufruia desta forma de um refúgio seguro no
Afeganistão controlado pelo Talibã, até o grupo ter sido derrotado por uma combinação
de forças locais e tropas norte-americanas em 2001. Ainda acredita-se que Osama Bin
Laden e outros líderes da Al-Qaeda estejam em áreas onde a população é simpatizante
ao Talibã no Afeganistão, ou ainda em tribos na fronteira com o Paquistão.

[editar] Início das operações militares contra civis

Em 23 de fevereiro de 1998, Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri do Jihad Islâmico


do Egito instituíram a fatwa sobre a bandeira da Frente Islâmica Mundial pela Jihad
contra os judeus e os crusados dizendo que "matar americanos e seus aliados, civis e
militares é um dever individual de todos muçulmano capaz de fazê-lo." Apesar de
nenhum dos dois possuírem credenciais islâmicas, educação ou estatura para instituírem
uma fatwa de qualquer tipo, isto parece ter sido desconsiderado no entusiasmo do
momento. Este também foi o ano do primeiro ataque de grande porte atribuído à Al-
Qaeda, o bombardeio à Embaixada dos Estados Unidos em 1998 na África do Leste,
resultando em um total de trezentos mortos. Em 1999, o Jihad Islâmico do Egito uniu-se
oficialmente à Al-Qaeda, e al-Zawahiri se tornou um confidente íntimo de bin Laden.

[editar] Ataques de 11 de setembro

Após os ataques de 11 de setembro atribuídos por autoridades à Al-Qaeda, os Estados


Unidos começaram a constituir forças militares e a se preparar para atacar o Afeganistão
(cujo governo protegia a organização de bin Laden) como resposta. Nas semanas que
precederam a invasão dos norte-americanos, o Talibã ofereceu por duas vezes entregar
bin Laden para um país neutro para que fosse julgado, com a condição que os Estados
Unidos provassem a culpa de bin Laden nos ataques. Os Estados Unidos, entretanto, se
recusaram e logo depois invadiram o Afeganistão, e, junto com a Aliança Afegã do
Norte, depuseram o governo Talibã.

Como resultado desta invasão, os campos de treinamento do Talibã foram destruídos e


muito da estrutura de operação atribuída à Al-Qaeda foi desmantelada, apesar da forte
resistência que permaneceu no país e do fato de seus líderes principais, incluíndo bin
Laden, não terem sido capturados. O governo norte-americano agora afirma que dois
terços dos princiapis líderes de toda Al-Qaeda de 2001 estão sobre sua custódia
(incluindo Ramzi bin al-Shibh, Khalid Sheikh Mohammed, Abu Zubaydah, Saif al
Islam el Masry, e Abd al-Rahim al-Nashiri) ou mortos (incluindo Mohammed Atef),
apesar de alertar que a organização ainda existe e batalhas entre as forças dos Estados
Unidos e o Talibã ainda continuam.

[editar] Actividade no Iraque

Osama bin Laden primeiro se interessou pelo Iraque quando este país invadiu o Kuwait
em 1990 (o que levantou preocupações sobre o secular governo socialista iraquiano
incluir em seu alvo a Arábia Saudita, pátria de bin Laden e do próprio Islã). Em uma
carta enviada ao Rei Fahd da Arábia Saudita, bin Laden ofereceu mandar um exército
de mujahidin para defender a Arábia Saudita.[9]

Durante a Guerra do Golfo, os interesses da organização se dividiram entre a rebeldia


contra a intervenção das Nações Unidas na região e o ódio ao governo secular de
Saddam Hussein, expressões de preocupação pelo sofrimento pelo qual o povo islâmico
no Iraque vinha passando.

Bin Laden se referia à Saddam Hussein (e aos Baatistas) como o mal, um adorador do
demônio ou capeta, em seus discursos e gravou e escreveu pronunciamentos, pedindo
ao povo do Iraque que o depusesse.

Durante a invasão do Iraque de 2003, a Al-Qaeda teve um interese formal maior na


região e dizem que foi a responsável por organizar e ajudar ativamente a resistência
local nas forças de coalizão de ocupação e a democracia emergente. Durante as eleições
iraquianas em janeiro de 2005 a Al-Qaeda se responsabilizou por nove ataques suicidas
em Bagdá, capital daquele país.

Abu Musab al-Zarqawi, fundador da Jama'at al-Tawhid wal-Jihad e suposto aliado da


Al-Qaeda, se juntou formalmente à Al-Qaeda em 17 de outubro de 2004. A organização
começou a adotar o nome de "Al-Qaeda na Terra entre os dois Rios: Iraque", ao invés
do antigo nome Jama'at al-Tawhid wal-Jihad. Na fusão al-Zarqawi declarou lealdade à
Osama bin Laden.

Você também pode gostar