Você está na página 1de 224
PRINCIPIOS DE. CIENCIA DOS MATERIAIS ae WAC" PRINGIPIOS DE GIENGIA DOS MATERIAIS i titulo original: ELEMENTS OF MATERIALS SCIENCE A edicdo em lingua inglesa foi publicada pela ADDISON-WESLEY PUBLISHING COMPANY, INC. Copyright © 1964, by Addison-Wesley Publishing Company, Inc. direitos reservados para a lingua portuguésa pela Editora Edgard Bliicher Lida. 1970 134 reimpresséo - 2000 | E proibida a reproduedo total ou parcial aetna sem autorizegiio escrita da editora EDITORA EDGARD BLUCHER LIDA Rua Pedroso Alvarenga, 1245 ~ cj. 22 04531-012 ~ S. Paulo — SP = Brasil Fax: {Oxx11) 3062-2707 |: eblucher@internetcom.com.br e-mat Impresso no Brasil Printed in Brazil EDITORA AFILIADA Prefacio Antes de ter sido publicada a primeira edicio déste texto, a matéria ensinada nos cursos de Materiais de Construcio sofreu profundas alteragdes. As apresentagbes empiricas ¢ as descrigdes dos materiais © de suas propriedades deram lugar & apresentacao e andlises mais sistematicas. Uma ciéncia dos materiais, baseada na fisica e quimica das estruturas internas, estava se desenvolvendo. A primeira edigdo déste livro de texto tentou apresentar aos estu- dantes de engenharia os principics basicos desta nova ciéncia, de uma forma introdutéria. Embora se possa dizer que éste objetivo tenha sido completemente atingido, seu uso nas salas de aula mostrou algumas modificacdes, adigdes e supressdes desejiveis. Além disso, recentes avangos na ciéncia dos materiais néo podem passar desapercebidos. Os fatéres acima levaram a uma revisio que constitui éste “Elements of Materials Science”. Antes de tentar uma revisio, o autor discutiu, com muitos outros engenheiros ¢ profes- séres de engenharia, a melhor forma de ensinar a Ciéncia dos Materiais. Deveria haver um curso geral para todos os engenheiros ou um curso especial para cada curriculo de engenharia? Estas discussdes, reforcadas pela experiéncia do autor no ensino, levaram 4 conclusio de que um curso geral sdbr2 materiais é vantajoso em muitas escolas ¢ departamentos. Como © curso é analitico, os mesmos argumentos usados a favor de cursos gerais para introducio de fisica e quimica podem ser usados a favor de um curso de introcugao sébre materiais. Ninguém sugere que engenheiros mecinicos eletricistas ou de outros tipas necessitam de cursos separados e distintos de quimica e fisica. A mesma conclusio, aplicada a um curso geral sobre materiais, tem uma excego légica: se um certo curriculo necessita de outras ciéncias bésicas como fisico-quimica ou fisica moderna, pode ser desejvel ter-se um curso de materiais especialmente adequado, a fim de aproveitar esta base maior. ‘A segunda edigdo déste texto, tal como a primeira, esta dirigida especificamente aos alunos de cursos de engenbaria que tiveram quimica geral ¢ que estejam tendo, concomitan- temente, fisica geral. Embora nao apresenta o rigor encontrado nos cursos de fisica do estado sdlido, éstz texto tenta ser sistematico. © Cap. 1, aqui tal como na edigdo anterior, é uma introdugao destinada a orientar 0 leitor no estudo dessa ciéncia de engenharia ¢ a familiarizd-lo com a terminologia aplicavel as propriedades dos materiais. Os capitulos que se seguem so concernentes 4 estrutura in- terna dos -nateriais ¢ 4 dependéncia de suas propriedades com as virias estruturas. A se- qiiéncia dada vai das estruturas atémicas para as estruturas grosseiras, do simples para o mais complexo. Esta seqiiéncia — de dtomos para cristais, para fases. para mictoestruturas ¢ finalmente para macroestruturas — é légica tanto cientificamente como pedagdgicamente, pois as estruturas ¢ propriedades mais grosseiras dependem das carateristicas estruturais mais finas. Tem-se material névo na area anteriormente negligenciada das imperfeigdes estruturais € movimertos atémicos e dois importantes rearranjos 20 texto: (a) O comportamento elé- trico € introduzido mais cedo nesta edigdo que na primeira, o que p2rmite a consideragao de propriedades elétricas simultaneamente com as mecdnicas nos Caps. 6, 7, 8, n0s quais slo discutidos os metais, polimeros € materiais cermicos, respectivamente. (b) © compor- tamento em servico, que ocupava os uiltimos cinco capitulos da primsira edigdo, foi conso- lidado com parte do material coberto em um capitulc sébre a estabilidade dos materiais em servigo. A parte restante da discussio s6bre o comportamento em servico foi incluida nas segdes precedentes s6bre propriedades dos materiais metalicos, poliméricos e cerimicos. Estas modificacdes permitem uma apresentacHo mais logica ¢ eficiente. Os problemas que servem como exemplos ¢ aquéles colocados no fim dos capitulos foram revistos € os menos pertinentes foram abandonados em favor de novos. Todas estas alteragdes se originaram no resultado do desenvolvimento nas salas de aula pelo autor e seus associados. Tendo em mente que um livro de texto como éste deve satisfazer as necessidades de escolas variadas, o autor tentou superar um problema majoritério com que freqiientemente se defronta 0 professor: uma limitagio de tempo que torna necessario o abandone de certos tépicos. O autor indicou aquéles t6picos, exemplos e problemas que podem ou néo ser con- siderados, a critério do instrutor. Os alunos que nao estudarem o raterial opcional nao terdo dificuldades nas secdes que se seguem. Aquelas segdes e subsegdts assinaladas por um ponto (.) contém material que nao é pré-requisito para as segdes posteriores no assinaladas. (Entretanto, éste material pode ser necessaric para outras segSes opcionais). Portanto, os instrutores tm elementos para ajustar o tempo de acérdo com as nevessidades. As secdes assinaladas contém (a) ilustragdes de interésse em engeaharia (como as jungdes ¢ — n), (b) certos tépicos novos ou mais avancados que nfo eram encontrados na primeira edigio (por exemplo, a relagdo entre os coeficientes de difusio e a temperatura) 2 (c) tépicos incluidos na primeira edicdo, mas dispensaveis em um curso com tempo limitado (por exemplo, pro- cessos de grafitizagao). Um livro como éste no pode ser projeto de um ‘nico homem. Embora seja impossivel agradecer, individualmente, a ajuda dos colegas de Universidade e dos grande nimero de estudantes que contribuiram, a seu modo, para éste livro, o autor deseja agora expressar sua gratiddo a todos éles, assim como Aqueles colegas de outras instituigdes, os quais ofere- ceram seus comentirios, sugestdes e corregdes a primeira edico. Na revisio déste texto, cada uma destas sugestdes foi considerada, Devem ser dirigidos agradzcimentos especificos ao Professor W. C. Bigelow (Universidade de Michigan) ¢ ao Professor Mortis Cohen (“Mas- sachusetts Institute of Technology”) que trabalharam em estreita colaboragdo com o autor. A ajuda de Miss Delores Gillies em Ann Arbor ¢ do pessoal da Addisca-Wesley em Reading foi também inestimavel. Ann Arbor Fevereiro de 1964 L.HV. Vv. Prefacio da Edicao Brasileira “O campo de ciéncia dos materiais vem se desenvolvendo rapidamente devido ao reco- nhecimento de que principios cieatificos idénticos se aplicam as propriedades dos metais, dos materiais inorginicos ndo-metilicos ¢ dos materiais organicos. No passado, tecnologias individuais foram desenvolvidas para materiais diferentes, porque ésses principios amplos € sua aplicabilidade gera’ nao havia sido reconhecida. Recentemente, desenvolvimentos em metalurgia, ceramica, fisica e quimica tornaram possivel estabslecer uma tentativa para os fundamentos gerais da ciéncia dos materiais, transcedendo os detalhes da tecnologia corrente nesses campos. Em particular, 0 notavel sucesso que a metalurgia tem tido, correlacicnando as propriedades dos metaise ligas com as respectivas propriedades estruturais, levou a adocaio dessa metodologia para materiais cerdmicos, semicondutores, materiais plasticos e outres tipos de materiais polimerizados”. (Publicagdo do Departamento de Metalurgia e Ciéncia dos Ma- teriais do “Massachusetts Institute of Technology”, 1961). Dada a natureza interdisciplinar do assunto ¢ a origem norte-americana do livro, foram usadas, como base para a tradugzo para nossa lingua, além da consulta a especialistas, as seguintes obra James L. Taylor ~ “English-Portuguese Metallurgical Dictionary’, Institute of Hispanic American and Luso-Brazilian Studies, Stanford University, California, 1963. Werner Gustav Krauledat ~ “Notagao ¢ Nomenclatura de Quimica Inorganica”, Cam- panha de Aperfeigoamerto € Difusio do Ensino Secundario, Ministério de Educacio ¢ Cultura, 1960, Instituto Nacional de Pesos e Medidas — Quadro de Unidades Legais no Brasil — Deereto n.° 52.423 de 30 de agésto de 1963, Rio de Janeiro, 1964. Associagao Brasileira de Normas Técnicas. — Terminologia de Material Refratario — TB-4. Glossitio de Térmos da Indistria de Refratarios — TB-13. E nossa intengio, ao apresentar a edicdo brasileira da obra de Van Vlack sébre Ciéncia dos Materiais, j4 conhecida ¢ utilizada entre nés ha varios anes, tornar clara a necessidade da existéncia de livros, em lingua portuguésa, que fornecam aos estudantes das Universidades Brasileiras 0 conhecimento modemo para os estudos fundamentais de materizis. Visamos, assim, uma posterior aplicagao na utiliza¢do pratica de materiais de construcio em enge- nharia civil, mecdnica, metahirgica, quimica, naval, aerondutica, de minas, de eletticidade, eletrénica e outras © qual é fundamental ao desenvolvimento tecnologico brasileiro. Persio de Souza Santos Professor Titular, Dept.° de Eng. Quimica da EPUSP e Chefe da Segio de Ceramica do Instituto de Pesquisas Tecnologicas do Estado de Sao Paulo — Caracteristicas exigidas nos materiais usados em engenharia 4-1 Introdua ............ 1 1-2. Propriedades mecdnicas 2 13 Propriedades térmicas . ft 7 1-4 Propriedades elétricas 9 1-5 Propriedades quimicas . i 1-6 ‘Propriedades dpticas uM 1-7 Custo vn ll Ha I-8 Medida das propriedades de interésse em engenhatia :............ uw 2 = Ligagéo quimica A ESTRUTURA DOS ATOMOS 2-1 Introdugdo ........, 18 2-2 Néutrons, prétons e 2létrons 18 2-3. Massa etOmica e niimero atémico iN 20 2-4 © Niimeros quinticos 20 2-5 © Notacio eletrénica . 22 ATRACOES INTERATOMICAS 2-6 Introdugdo .... 0.2... 25 2-7 Ligagdo i6nica ........... 25 28 Ligacdo covalente ....... 26 : 2-9 Ligacdo metalica . 30 ul 2 Combinagao dos varics tipos de ligagao 31 11 Forgas de Van der Waals ..... Se 32 © Tépicos opcionais. COORDENAGAO ATOMICA 2-12 Introdugao 2-13 Distaneias interatémicas . 2-14 Raio atémico ¢ idnico 2-15 Numero de coordenagio SUMARIO 2-16 Generalizagbes relativas as propriedades. 2-17 Tipos de materiais 3 - Arranjos atémicos . ESTRUTURAS MOLECULARES 341. Introdugio 3-2 Niimero de ligacdes.. .. 3-3 Comprimentos e energias de ligacdo. 3-4 Angulos entre ligagdes .. 3-5. Isémeros if i 3-6 Hidrocarbonetos saturados - 3-7 Hidrocarbonetos insaturados 3-8 Moléculas poliméricas . ESTRUTURA CRISTALINA 3-9 Cristalinidade 3-10 Sistemas cristalinos 3-11 Cristais citbicos ... 3-12 Cristais hexagonais 3-13 Outros reticulos cristalinos 3-14 Diregdes no cristal 3 Planos cristalinos . © Analises por raios 3X 3-17 Seqiiéncias de empilhamento 3-18 Polimorfismo (Alotropia) 3-19 Cristais moleculares .. . ESTRUTURAS NAO CRISTALINAS (AMORFAS) 3-20 Introdugdo Gases .. Liquidos Vidros .. . FASES 3-24 Fases cristalinas e amorfas 4 ~ Imperfeigdes estruturais e muvimentos atémicos AI Tnirodugsio MAMMA nnM Mau 34 34 36 37 4 a2 45 45 4B 4B 4 50 50 51 33 34 58 39 6 62 6 0 0 1 7 n nD B 4 Dv FASES IMPURAS 42 Solucdes 4-3 Solugdes s6licas em metais . 4-4 Solucdes sélidas em compostos iénicos . ‘5 Co-polimerizasao .. IMPERFEICOES CRISTALINAS 4-6 Introdugao . 4-7 Defeitos pontuais ...... 48 Defeitos de lisha (Discordancias) 4-9 Fronteiras . beet ee eee MOVIMENTOS ATOMICOS 4-10 Introducio 4-11 Mecanismos de movimentos atémicos . 4-12 © Distribuicio de energia térmica . 4-13 Difusdo atomica 4-14 Coeficientes de ifusio .. 5 - Estruturas e processes eletrénicos S-1 Introdugio ..... CONDUTIVIDADE ELETRICA 5-2 Definigées 3 Condutividade iénica . 5-4 Condutividade eletréaica 5-5 Isolantes . 3-6 Semiconduteres ...... 5-7 Resistividade eletrénica “Versus” temperatura ENERGIAS ELETRONICAS 5-8 Introdugao H 5-9 Bandas de energia . COMPORTAMENTO MAGNETICO $-10 Introdugdo 5-11 Ferromagnetismo . “ 5-12 Campos magnéticos alternados © Supercondutividade . COMPORTAMENTO OPTICO 5-14 Opacidade ¢ transparéncia S-1§ © Luminescéncia ....... 79 30 84 85 85 86 88 90 92 94 95 Pn 98 105 105 106 107 109 109 113 113 114 118 119 121 123 124 125 6 - Fases metdlicas ¢ suas propriedades Goll Mlatroducao Mane Lea MMUE Le eae METAIS MONOFASICOS 6-2 Ligas monofisicas 6-3 Microestruturas ...... DEFORMACAO DOS METAIS 6-4 Deformagio elastica dos metais. i 6&5 Deformagio plastica de cristais mesdlicos . 6-6 Deformasio plistica nos metais policristalinos . 6-7 Propriedades dos metais deformades plasticamente 6-8. Recristalizagio .. RUPTURA DOS METAIS 6-9 -Introduydo .. MW 6-10 Fluéncia (“creep”). yan 6-11 Fratura . LA 6-12 Fadiga .. 7 ~ Materiais orgénicos e suas propriedades 71 Introdugdo a 7-2 Massas moleculares ........ MECANISMOS DE POLIMERIZAGAO Introdusdo ..... Polimerizagdo por adigao Polimerizagao por condensacao Degradecdo ou despolimerizacao . gare ESTRUTURA DOS POLIMEROS 7-7 Introducao . 7-8 Forma das moléculas poliméricas . 1-9 Estéreo-isomeria . 7-10 Cristalizacao i 7-11 Ligagdes cruzadas .. 7-12 Ramificagao .. . DEFORMAGAO DOS POLIMEROS 7-13 Deformacio elistica de polimeros 7-14 Deformacio plastica de polimeros.. 130 130 131 135 138 145 146 147 152 153 155 157 164 164 167 168 172 174 175 175 177 179 179 181 COMPORTAMENTO DOS POLIMEROS 7-15 Comportamento térmico . 7-16 Comportamento mecinico . f TAT Proptiedades elétricas dos materiais organicos . TAB Reagées quimisas de materials orginicos. 8 ~ Fases cerdmicas e suas propriedades 874i hineroducso | auMuM nae FASES CERAMICAS 8-2 Exemplos de materiais ceramicos ...... 8-3 Comparagdo entre as fases ceramicas e nao-ce-Amicas ESTRUTURA CRISTALINA DAS FASES CERAMICAS 8-4 Introdugo . i 8-5 Compostos de empacatamento, fechado . 8-6 © Estrutura dos silicatos . 185 186 189 191 199 199 200 201 201 206 EFEITO DA ESTRUTURA NO COMPORTAMENTO DaS FASES CERAMICAS 8-7 Introdugao 8 Materiais ceramicos dielétricos « 9 © Semicondutores ceramicos . 1 1 0 Materiais cerimicos magnéticos ...... a 8 8-1 8-11 Comportamento mecdnico dos materiais ceramicos « 9 - Materiais polifasicos relagdes de equililibrio 9-1 Introdugao RELACGES QUALITATIVAS DE FASE Solugdes versus misturas heterogéneas Solubilidade.. Diagrama de fases. Faixas de solidificagao . Equilibrio........... & Py ah RELAGOES QUANTITATIVAS DE FASES 9-7 Composigies de fase........... 9-8 Quantidades relativas de fases .. 28 equitirie|!a ULAMUNN LIGAS FERRO-CARBONO 9-10 Introdugio . os 9-11 O diagrama de fases Fe-C. PR iH 9-13 Nomenclatura dos agos 215 216 219 220 221 229 230 232 234 234 235 237 239 241 242 245 250 DIAGRAMA DE FASES PARA SISTEMAS COM MAIS DE DOIS COMPONENTES 9-14 © Diagramas terndrios .......... 00.22.0000 WAMU Sra Pe Sis Clee cea eae NU a A 252 10 — Reagdes no estado sélido 10-1 introduc) yen Pen REAGOES NO ESTADO SOLIDO 10-2 Transformagdes polimérficas 269 10-3 Reagdes eutetéides . 270 10-4 Solubilizacdo € precipitago em s 21 VELOCIDADE DE REAGAO- 10-5 Introdugdo ... i 272 10-6 Efeito da temperatura na velocicace de reagio ... 272 10-7 Transformagao isoférmica....... mt I i 279 10-8 Contréle das velocidades de reagao ... 281 FASES METASTAVEIS 10-9 Introdusaio 2 10-10 Martensita. Uma fase 2 10-i1 Martensita revenida :. 2 \ 11 ~ Modificagées de propriedades através de alteragées na microestrutura 291 291 11-1 Introdugaio 11-2. Microestruturas polifisicas .... «. PROPRIEDADES “VERSUS” MICROESTRUTURAS 11-3. Propriedades aditivas 11-4 Propriedades interativas ... CONTROLE DE MICROESTRUTURAS B13) ered) NE Pee 0 11-6 Tratamentos de recozimento ... PH a Hi 11-7 Tratamentos de precipitagio (ou envelhecimento) .. HED TORE 11-8 Processos de transformagao isotérmica . 307 11-9 Tratamento de témpera e revenido ... 308 11-10 Endurecibilidade 3u 11-11 © Processos de grafitizagao 317 12 - Estabilidade dos materiais nas condigdes de servigo 12-1 Estabilidade em servigo ............2.. UNE CORROSAO. 12-2. Introdugao Be Corrosio por dissolugao Oxidagao eletroquimica . Potencial de eletrodo .. Células galvanicas .......... Tipos de cé-ulas galvanicas .. Sumario do mecanismo de cortosio galvanica Prevengio da corrosio. Camadas protetoras . - Meios de evitar a formagio de pares galvanicos Protegio galvinica i OxIDACAO 12-13 Introdugio Ha 12-14 Envelhecimento da torracha 12-15 Oxidagdo de metais ..... ESTABILIDADE TERMICA 12-16 Introdugio 12-17 Dilatagio térmica e tensdes internas. 12-18 © Ruptura térmica .. ALTERAGOES PELAS RADIACOES (“RADIATION DAMAGE") 12-19 Introdugdo a 12-20 Alterac es:rutural .... 12-21 Alteragées de propriedades 13 — Materiais compostos 13-1 Macroestruturas .. MATERIAIS AGLOMERADOS 13-2 Introdugao . a 133 Tamanho de particula .. 13-4 Propriedades relacionadas com volume aparente . 13-5 Conereto 13-6 Produtos sintetizados . MODIFICACOES DA SUPERFICIE 13-7 Endurecimente superficial 13-8 Superficies compressivas .- . 13.9 © Revestimentos de protecdo . 13-10 Superticies para fins elétricos >> .. 325 325 326 327 329 333 338 339 339 342 345 345 345 346 348 348 351 353 353 358 364 364 367 368 370 372 376 378 378 378 MATERIAIS REFORGADOS 13-11 Materiais reforados por dispersio . 13-12 Reforgamento por fibras 13-13 Concluséo ...... 4.0... Apéndice A. Constantes selecionados . Apéndice B. Glossario de térmos aplicados ¢ materiais .........- Apéndice C. Comparagio entre as escalas de dureza ........ Apéndice D. Tabela de elementos ....... Apéndice E. Propriedades de alguns materiais usados em engenharia ... Apéndice F. Estruturas orginicas de interésse em engenharia ........ Apéndice G. Lista de plisticos de interésse em engenharia ..............-- 379 380 380 384 385 307 398 404 407 413 CAPITULO 1 CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 1-1 INTRODUGAO. Todo engenheiro-mecanico, civil, eletricisia oir de outra especialidade — esta vitalmente interessado nos materiais que Ihe so disponiveis. Quer seu produto seja uma ponte, um computador, um veiculo espacial ou um automével, deve ter um profundo conhecimento das propriedades caracteristicas do comportamento dos materiais que vai usar. Considere-se, por exemplo, a variedade de materiais usados na manufatura de um automével: ferro, ago, vidro, plasticos, borracha, apenas para citar alguns. E, somente para 0 ago, ha cérca de 2000 tipos ou modificagdes. Com que critéria ¢ feita a escolha do material adequado para uma determinada peca? Ao fazer a sua escolha, o engenheiro deve levar em conta propriedades tais como resis- téncia mecénica, condutividade elétrica ¢/ou térmica, densidade e outras, Além disso, deve considerar o comportamento do material durante o processamento e o uso, onde plasticidade, usinabilidade, estabilidade elétrica, durabilidade quimica, comportamento irradiante sio importantes, assim como, custo € disponibilidade. Por exemplo (Fig. 1-1), 0 ago para um pinh&o motor deve ser facilmente usinado durante o processamento, mas, quando pronto, © pinhao deve ser suficientemente tenaz para resistir a severas condigdes de uso. Paralamas devem ser feitos com um metal que seja facilmente moldavel, mas que devera resistir 4 defor- magio por impacto. Condutores elétricos deve suportar temperaturas extremas ¢ a carac- teristica “corrente/tensio” de um semicondutor deve permanecer constante por um longo periodo de tempo. Muitos projetos avanzados em engenharia dependem do desenvolvimento de materiais completamente novos. Por exemplo, o transistor nunca poéeria ter sido construido com 08 materiais disponiveis ha dez anos atris; 0 desenvolvimento da bateria solar requereu um névo tipo de semicondutor; ¢, embora os projetos de turbinas a gas estejam muito avan- cados, ainda se necessita de um material barato e que resista a altas temperaturas, para as pas da turbina. 2 PRINCIPIOS DE CIENCIA BOS MATERIAS Fig. 1-1. Pinhdo motor terminado. Esta engrenagem deve ser usinada durante a produgao e antes de ser usada, suas propriedades devem ser alteradas a fim de torné-la tenaz. (Cortesia de Climax Molybde- num Co.) Desde que, Sbviamente, é impossivel para o engenheiro ter um conhecimento detalhaa dos muitos milhares de materiais agora disponiveis, assim como manter-se a par dos novos desenvolvimentos, éle deve ter um conhecimento adequado dos principios gerais que governam as propriedades de todos os materiais. Comeraremos nos familiarizando com alguns térmos ¢ medidas usados em engenharia e, em seguida, consideraremos (1) a estrutura dos materiais ©, @) como as propriedades dos materiais so afetadas quando em uso, i Nossoestudoda estrutura vai incluir desde as caracteristicas possiveis de uma observacdo direta até aquelas submicroscépicas; desde as pegas componentes até os gros e cristais que compéem as mesmias ¢, até mesmo, as particu‘as subatémicas que determinam as proprie- dades do material. Nosso estudo das condigdes em servigo incluiré os efeitos da sclicitagao mecdnica, temperatura, campos elétricos ¢ magnéticos, caracteristitas quimicas do meio circundante e exposigao a radiagSes, 1-2 PROPRIEDADES MECANICAS. Provavelmente a primeira propriedade de um mz- terial que nos vem a mente, pafticularmente quando em conexao com estruturas to grandes como pontes ou edificios, & a resisténcia mecinica. Outras propriedades mecanicas so elas- ticidade, ductilidade, fluéncia, dureza e tenacidade. Cada uma delas est associada habilidade do material resistir a f6rgas mecénicas. Mas, o engenheiro‘nem sempre deseja que seus mate- riais resistam a tédas as deformagées; uma mola, por exemplo, deve elongar-se quando solicitada por um esfér¢o, embora nfio deva persistir nénhuma deformagao permanente apés a retirada da carga. Por outro lado, o material usado para o paralama de um automével deve ficar permanentemente deformado durante a operagao de mokiagem. A fim. de se ter uma base comum para fazer comparagées entre as propriedades estruturais £08 efeitos das condigdes em servico nas mesmas, vamos primeiramente definir alguns dos térmos mais comuns em engenharia. Tensdo é definida como a forga por unidade de area ¢ é expressa em libras por polegadas quadrada (psi)' ov em quilogramas fora por centimetro quadrado (kgf/cm?) ou por mili- metro quadrado (kgi/mm?). A tens&o é calculada simplesmente dividindo-se a farca pela area na qual atua. Exemplo 1-1 Qual a pega solicitada por maior’tens&o: (a) uma barra de aluminio, de segZo reta 0,97 'N. do T. psi= “pounds per square inch”. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NDS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 3 mm x 1,21 mm solicitada por tima carga de 16,75 kgf ou (b) uma barra de aco de seco cir- cular de diémetro 0,505 mm sob uma carga de 10,8 kgf? kgf (mm) (mm) 16.750 971,21) 10.800 @/4)0,5057 Resposta: Unidades: kgf/mm? Calculos (a) = 143 kgf/mm? ib) = 54 kgf/mm? Como efeito da tensio, tem-se a deformacdo. O engenheiro comumente expressa defor- magio em uma de duas maneiras: (1) 0 nimero de centimetros de deformacao por centi- metro do comprimento, ou (2) o comprimento deformado como uma porcentagem do com- primento original. A deformacao pode ser eldstica ou plastica. Exemplo 1-2 Em uma haste de cobre sio marcados dois tragos que distam entre si 50 mm. A haste é tensionada de forma que a distfincia entre os tragos passa a ser de 56,7 mm. Calcular a deformagao. (mm-mm) _ mm _ porcentagem _ om mm mm 100 com 56,7 - 50,0 50,0 A deformagao eldstice é reversivel; desaparece quando a tens&o & removida. A defor- macio elistica € priticamente proporcional 4 tensdo aplicada (Fig. 1-2). O médulo de elasticidade (médulo de Young) é o quociente entre a tensao aplicada e a deformagao elistica resultante. Ble est relacionado com a rigidez do material. O médulo de elasticidade resultante de trago ou compressio é expresso em psi ouem kgf/mm?. O valor déste médulo é primordialmente determinado pela composicio do material (Apéndice E) e € apenas indiretamente relacionado com as demais propriedades mecanicas. Resposta: Unidade: Caleulo 0,135 emjem = 13,5% Tensio—> vB ‘Tensio. Deformagao— ‘Deformaga0—> 12, Relagdo elastica tensto-deformacdo. A CFig. 1-3. Relagdo plastica tensio-deformagio. A deformacao elistica € direramente proporcional “deformago plastica que se segue 4 deformacéo & tensio. elistica inicial nfo € reversivel. A deformagao eldstica contizua a aumentar durante a deforma- do plastica, -nas é reversivel. (Compare com a Fig, 12) 4 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS NATERIAIS Exemplo 1-3 Se o médulo médio de elasticidade de um ago é 21.000 kgf/mm’, quanto se elongard um fio de 0,25 em de didmetro ede 3 m de comprimento, quando solicitado por uma carge de 500 kgf? exsio deformagao j Unidades: kgf/mm? — "e/a" em/em 500/(7/4)(0,25)* deformagio deformagio = 0,0043 em/em unidades: (em/em(em) = em Deformagio total = 0,0043 x 300 = 1,29 cm Respesta: Médulo de elasticidade (it) CAlculo: 21.000 = Deformasao pléstica é a deformac&o permanente provocada por tensdes que ultrapassam © limite de elasticidade (Fig. 1-3). A deformagdio plastica é o resultado de um deslocamento permanente dos atomos que constituem o material e, portanto, difere da deformagao eldstica onde os atomos mantém suas posigdes relativas. Ductilidade & 2 deformacio plastica total até 0 ponto de ruptura. Assim sendo, 0 seu valor pode ser expresso como alongamento e nas mesmas unidades de deformagio. Um com- primento comum (embora no universal) para a medide da elongagdo ¢ $0 mm. Comé mos- trado na Fig. 1-4, o comprimento considerade é importante pois a deformacao plastica nor- malmente é localizada. Comprimento de medida Alongamento 200 mm 22,5% 50 mm 560% Fig. 1-4. Elongagio versus comprimento de medida. Como a deformagao final & localizada, 0 valor da elongagdo nao tem significado, a menos que se indique © comprimento de medica. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIA'S USADOS EM ENGENHARIA 5 Uma segunda medida da duciilidade ¢ a estricedo que # a redugio na area da segio reta do corpo, imediatamente antes da ruptura. Os materiais altamente dicteis sofrem grande redugio na area da seco reta antes da ruptura. Este indice é sempre expresso em porcentagem e é calculado como se segue: Estriegio (1-2) Relagdes tensio-deformacdo. Agora é possivel ser mais especifico sdbre 0 efeito da tenso na deformagio. A Fig. 1-5 mostra, grificamente, esta relagao para diferentes tipos de materiais, sendo que, para todos, tem-se um intervalo de deformacdo elistica. © material correspondente 4 Fig. S-1a ndo deforma plasticamente antes da ruptura; € um material de comportamento frdgil. Um material diictil tem um limite eldstico (ou limite de proporcionalidade) além do qual ocorre deformagao permanente. A capacidade do material resistir 4 deformagdo plastica € medida pela tensdo de escoamento que é determinada pela relago entre a forca que inicia a deformacdo permanente ¢ a area da segio reta. Em materiais tais como 0s agos doces, ¢ limite de escoamento ¢ bem definido pois, para uma dada tensiio, © material escoa, isto é, ocorre deformagao plastica sem praticamente aumento na tensio (Fig. 1-5b). Em outros materiais, nio ocorre um escoamento propriamente dito; neste caso, define-se um limite convencional de escoamento que corresponde A tensao necessarie para provocar uma deformac&o permanente de 0,2% (ou um outro valor especificado) (Fig, 1-5c). L Re oe iii L. Ru} a fe ail 02% eu EL PM a LE. 5 - e & Deformaséo Deformagio 92% Deformagdo -—-Deformacio @) o () (@) Fig. 1-5. Diagramas tensio-deformagdc. (a) Matetial nio dutil sem deformacdo plastica (exemplo: Ferro fundido). (b) Material dutil som limite de escoamento (exemplo: ago de baixo carbono). (¢) Material dati! sem limite de escoamento nitido (exemplo: aluminio). (4) Curva verdadeira tensio-deformagio versus curva convencional L. Ru. = Limite de ruptura, L. Re. = Limite de resisténcia, LE. = Limite de escoamento, Elong. = Elongaciio, X = ruptura. limite de resisténcia a tracdo de um material é calculado dividindo-se a carga maxima suportada pelo mesmo pela area da segdo reta inicial. Esse limite, tal como os demais, € expresso em unidades de’ tensdo. Deve-se notar que o limite de resisténcia @ calculado em relagdo a area inicial. Essa é uma observagao importante, particularmente para os mate- riais dicteis, pois os mesmos sofrem uma redugao de area quando solicitados pela carga maxima, Embora a tensio verdadeira que solicita 0 material seja calculada considerando-se a rea real (Fig. 1-Sd), a tensio tel como definida anteriormente é mais importante para o engenheiro, pois os projetos devem ser feitos com base nas dimensdes iniciais. Em vistude da 4rea da seco reta de um material dictil poder se reduzir antes da ruptura, © limite de ruptura pode ser inferior ao limite de resisténcia. Por defini¢ao, ambos sao calculados considerando-se a Area inicial (Fig. 1-50).

Você também pode gostar