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Avtoto pataicio SUZE Oh dole ell si de pane ‘Mia even ells Le merece di Pig ‘GABRIELE DANSUNZIO (_ ,, Nips doit. Come mais oto die io ceca da 4 Sure €2 minha absurda vaidade se recusa cer que ca me esquega, onhowe pensar com na pended win satiate (Kosei a um ender ae Ns kina omer cls om uma coragem simply, como main Since, qucia cnr eShop paseropond eae ‘me ito, ere um projects de wsido range nai baa su dna devico pda ena Gum death Une pen ser com romance com hai um gro maga deter ocr Se tives oped econaacee deca ne oa a yung ie pois forgoso convencer-me que a minha pobre Suze — “era ei ao ia mim mesos morte ore a Sur ogy ac odie ao, ooo mea emperaneno act oer ee t2do0 me se ex sng rou tn dba aps > porcuaaprig devine cuts aon com gum de ae ‘Amora (Gee poste que moma erase neg ‘al memo no qu, ond cos coc cate os mes ive, vejo sar o hap de ends ea oe via eas lps, ender com un gow a ds abe in, coera mio nates com oe de Detar cates re ims dar me fam destin enh. Aga nee agus cpl prolongon com um ergo de caer o lhe ‘ago lt plpou a malas do dv mo ail an hoes tape in memoriam os fs de sada sl que le penn cg ope (assim, ao congo dinero que da fi. Precio camara maka eR eee area Visa pine vere Verio, no teat ig a devtagu sento ixeu "Os seus cabelos de erangaexcandinava, loro cendrado © sda ‘Mm que havi reflexos quasebraneos, tufavam na tesa sob 0 pret, desafam & esquerda, subiam 3 dieia recortando em ogi, inverosimeis com eton dum so de io, qui absurdos.. 6 depois me convenci que eram auténticos. ‘Os lhos cram cars, cinzent d'Sgua em névoa: a miscaraalon- num focinhitosonémbul: nats incoreeto, quae grosero, grande colhedora, de comissuras em ponts dnerogasios¢ perdia-se na nuvem de tule dum lgo,esparso na ola impe- dum costume tailew atl. Tinka muito da Sarah em nova: acabega duma madona guato- em que vives a alma de Montmartre. " Acompanhava-a outa que mal i, fsgado pelo xtranho do seu ‘Toda a noite, ferozmente, a encarere no meu bindculoe ela, atides indifrenga numa galeria ineéemina, nema sequer ar de vere. Aborteciase com complacéncia, olhindo sem far, camprindo resigacio exe destino de, sobre uma platia do Port, num de Folic Breer, esflhar a caricia exangue e lambedora suas mios de rg 'No meu grupo faziam-se hipétscs. Cac? Cangonetista? Tal- ‘Yer sj esa que se etn aman ‘Todos a achavam imensamente estranhae alguma cosa fa ‘Quando 8 saida ela pasou, compondo um ar abstracto ¢ um ondeante deserpente-antasma,exitado ¢buro, dss no sei frase eséria eouvi numa vor de sed que range xa cosa just: ile Deicide i ao teatro. Ache vida toda to imbeci como eu ASE que uma manhi Just erompe no meu quart e preludia imo: “Foste um doido em nfo aparece, Contou eno: oem “prsirio Fapresentan-o,e como eram dua ¢ eu continuavaincig- apesentou pr sua vero conde de C. que ao micnos no se atanjava mal. —“A tua, ado conde, chama-se Suzanne. A outs a ‘mina € Gaby d’Anjou, é pect, Nao sci se separate: un compo {FBP Hi uns poucos de dias que isco nem parece o Porto— pari num trbilhio de chance diendo apenas, quase porta, ie a Suzanne era finisima, e © toleravao conde & porque nio via ‘melhor. © porquc cnfim, 0 Amieio ono vsta ma ” axtoxto parnieto Como mesmo eserevendo estou morto por chegar ao. quarto dela, dei que almogimos ass, dias depos, c nem sei mesmo se ‘omi, porque estenia as mas em concha aos seus pés magros pss sentir rispar-se com luuria ao rangoe da seda em folha sea. Foi ripido ¢ simples. © mew amigo apresentou-me: 0 conde é lorpa, eu sou fin, ela ¢ fina e. oii ‘Aqui comes fitigaria,o encantamento em que essa serpentina bruxa me colheu, polarizando.o meu deseo p's seu compa clistico © Fein, como seas suas mos de panista me coreessem a medula, © ‘0 seus olhos de névoa me perdessem em hipnose. De corpo eesprito ers fexvel como uma chama ao vento. Horas ¢ horas, com febre, com riso, com desespero, vasculho na ‘meméria,recomponlo 0 complexo encanto dessa rapariga que sabia de cor toda a Comédlia bumana:tinha um vicio pessoal, erudito, arquisubsi;cincamenteingénaa, ingenuamentecinicss amoral ¢ Iherdica, e que eaminhava pseu lito decor com o ar redalente de Desdémona na canto do cleus. (Oh! A sua cane do selgucire, misica € versos de Bruant, como cu a trautcio ainda cxasperada: Les e seus fist, Les seins bla, n> Les rein ris, Les pds wai: yeah Pierre S06 Trorease, 39°" Ab manbent lair iy (Quand il fait mor Sure toon Os cabelos impossivis,abusives, excesivs, eafam-lhe nos om bros: a robe empire era ample banca, a¢ mangas vibravam em asis de srafim profisional. Era uma apaigio de lenda rciada gua Lubin — orvalho caro, ‘Quando depois mais de perto a dealhe,achei-the wm no si ‘qut de transido, de parado,espécic de caquemono,expécie de bebé ‘enotme, enigmatic, afi, como sé ues eariaturnt-pocta cri sexto inguiero » sia num insane demos cere, de quer ro. Pre Sze Er pia, pid, no seu roupio de oie, sm arose do magulege atc sabtment exec Pobre Se Nenlium pinor porrguts dee 0 Gro-Vaso, reve como tt tuna ease dar nem como tu anfigurow uma mascarede peso tid, nn obraprima ian “Tanquee agora jo como un nore de dere arpa, estilo toa, sm mailer de sed sobre una mss miscrina de Irons ue es tale no vente aber oevetdetleyimo om que a Morte gor te maguilhas ta que depois dean even. ees end vex crs mis at prin ing junto do teucadiver pire colar da de do Deprezo quem via rede Teles ccs Fon: um gli incompresmdido, Sue nico porto de conraco que vee com deena ios qu eu aio. Maso iktab queme alge poise be gut oda Mires ee cvuvimes ee da Mort me flay, at uma yer me diva an rine fc, freed, a fre ree, que itetcamen- fe deine ata grag o rex glo, oe vio, o eu ded Segal pg net Ped Suze, edo na vida era ur dete la que se des a saborearatantos homens, duvido bem que co- snhecesse um ensist,exprto de snes, 3 Calpe, que enquanto ct nesta noite dinsénia a recomponho, com uma sadade sem expo- ‘nga friamente maodite um grosso tomo, que deveria asim chamar- se: —A filfa de Suze (livto pstumo) em subtivulo, dum chicrranscendente: —cnssio sobre asuprs: mulher. Dieseia no futuro: — sé um detalhe, como outrora se ise: — pens, logo exo, como hoje se diz: — o homem £ uma ponte ‘pi Sobre-humano : Se Ba de Queinds Fosse sina vivo, eu que nunca 0 conbec hava de apresentarthe a Suze, euro, uro, que «acharia bem mais subui, bem mais complexa e humanamente facinante, que 0 seu extratdiniro figurine — Carlos Fradique, dandy e episolégrafo © Nui dn br oct a ase a pare al del om ta sto ratatexo Ise ht et neater mee tee ee i, ee aero ‘tguer enfim esa arquitcctura metafisica, que ficaria na névoa day See ieee mieten ete erence te eee tee rao cnc ai, spine pgs remit casamanee ie eee eae iste capac Toe Site tan emerson Siciholewtentonemenrtemas Sentence ca mma eect Serie paceman neas Delta meet ee = ——— hee eee nee aioe came Pena Retin Sa © menas afinal p'ra um homem. is mae =A (saath eee sunko 1xquteT0 a a iluso de sermos bons ¢ 2 consderasio hipécrita dos om desir a i mcf ec oo im in as Foi ec ers pico conker ars de il era, i ncanscenement: mesa, deormado, qingaria cero de ne: conebuino si prs ee a Got alc os mova hana — area ama "Era failmsrar come volando otemperamena ox pros Beep nc ey on mes etd Bis meer as clare pongo ingen 6 ieee Pine armen des rect comida dow opinion, nen ba dpi ee dennpenp defor, uc or aut cams coma o aaa f idrio que éa vida oan esse ng regime pies que 2 I rota plc tctnmesintnsnyauitoe fea B Nan fam pram a ouvr que a Sue qucaminks pobre Sie, pobre ect, Crt, sin. Coma todo. Pog. em uso cma ot ee eae he sae Dever ear cga I pecs port ry inca Se w Pcs de niod, monogt: Maeri pone pn Teno mimi eon ea tt cn Sten srnpenn pin crevice pcr devia ar eves dismal dos ses que me wane remedied cme cow Guam de dex Deco amd, que 0 impose! hips, © ery Simo ho corpo odo cain oinda do sus doce sorts, brad plea ca inh cue cml dido- fpr slnce nas hors Genome rememorando sacs es, lures eo vo! Pasa ei das nose noite (mq os tgs pio isn contangie) «ca es temper daemons ids Ghia sen aces incon a vio tie ica € Ric cn pobre ope sero sto parniero De comego podiam julia artificial, to estilieada era. sa gra- ‘5 antoo seu requinte pareca conscientee erudito, erindo-e em tudo: no andar eistico, no dandismo sabi, e a€ no ruge-nuge da sua vor dalova econfidéncia. Mas no: vianna mal Ela era asin sem csforgo, naruralmente: ela nascera uma obra d'art. E colo 0 ‘meu tabalho desta noite me parce 0 dum doido que quiseste com pocirareconstrair una obriprima.. Matas vere audi ao su cnismo. Mas eneendam-me cnie ‘mo, disso oforgado genial de Reading —é. coragem de dizer a ‘oisas como so eno como deviam ser Ea Suze era assim, quando falava 2 alguém que a compreendia, Esses porém, eram raros, muito rar. Cam uma into divina- ‘ria, bukaquiana a Suze advinhava as primeitas palavas ose ca, lisonjeavadhe os instintos, assim durante o da, era conformeo ma. ‘cho em catequese, canalha ou ducal, obscena ou protocolat ‘Um dees, com quem viveu muito tempo, nfo via na Suze um animal de ico em quincesséncia , estpido, nie Ihe venta a raga ‘sparrinhando génio: ert apenas sentimental ejogador. ‘Outra qualquer, para o prender, aia comédias rominticas ede certo orientaria 0 seu. comércio por ese fundo fadista € rnamorisquento. A Suze no, Precia-Ihe demasiado rele, insuport- velmenteflhetim. E foi por o jogo que o lagou. Pouco a pouco, por sugstdes dominadors,Foi-0 eonvencendo se que ganhava sempre quando cediapassvamente aos ses capri chos, quando lhe diva mais vestidos, mais dinhero: © em pouco tempo, ela era pra ese jogador supersticioso, ums fone sagrado, tu ‘ela, — Nossa Senhora da Sorte a seu sleance, Dominava-o por completo. Seo tras, explicavahe com um ar ‘ago e superior... que era para the dat chance radas as nits, 0 des- srigado vinha implorar da Suze, aninbada num divi, com um Pqueninoar de sii dia, um pouco desoreeporamor de Deus. ‘eve este especiculo hiperdantesco: os Poderes Constituidos — em ceca. Ela os vu, aos redentores da patra: viu como era pilsoo sacro onde tém o fogo os oradores: foi caloeeada por econo: miseas: soften contra pele fina a camisola de lanela dos gurretos. “Maso quem magoou o seu desprevo, foi acura ea egolatia dos ‘Pia todos asus are era perfita,radiandoilusio, hipnotizando, serio mouiero ° Mais fexvel que as muvens so i vento, seu protesmo tea de prostituea mimava a cada um o seu idea. "Ak! Mas como cla ficava, a minha Suzz, a sua fadiga nervosa iquilame,o seu imenso rio neurasténico, querendo desercar de da sa alma eda sua pele enjada, para sempre! cada num estofo, amaunhada, era is ves tste como uma ja morta, como uma asa ferda nalgum charco.. Cutia asim mesma horas de miséria morale dexaspero, sem uma que ‘sem uma igri, num orgulho de sozinha, donde s ress sofrimenco, suum geo num oh, numa ironia ‘Uma manhi em Lishoa,acabivamos dalmocar no nosso quarto, a janela aberea pra Avenida, Bla fumava tum Laferme, deraga, no praze subside soprar nu E derepent, coma uma lembranca sit dse-me isto aie ‘num tom que munca esquecee ‘=a sabes: nao gosto de falar da minha vida. Nunca me quci- Se agora efalo, ¢ porque épe'a dizer bem... Neste horror, tenho dia duma volipiaimensa. Nem sei como te diga. Comego por sentir doent,exaspcrada sem poder mais. ks vém ecu penso ‘you morrer de nojo. em um, vém muitos. vim todos. En- ose porgué, sno um bem-estar, um gor doido:acho prazer aque me humilhems paree-me que nasi pa isto, que no hi des ‘tino melhor... e goa... gor. Depois, num rio sco = Sinto a vohdpia dum erst is eas. Paro Es recebi num beijo 0 fumo do Laer, € a Suze con- luiu: = Que import isto! E um detae. As outas, as vulgares, bestilzavam-se: passa a crise horivel de adiptaio, vendiam beijos, como um mereero vende aro, ut “advogado eloquéncia oa ui diplomara uma colin. A Suze nio: “en esulada em lava: ea algun. Prosttua ou espa, sera sempre “nfl, seria sempre el, cia sempre 6. Pobre Suz! ‘Alma apolines, foi esbofeteada por fadistas que ém 0 nome em ‘rénicas hericas;sofrethes em noites orga besa, 0 su0r€0¥5- ‘itor e com uma clarividénciatrgica, presen muita vez 0s paustos da manhd sabindo, a olhar com 2 pele arrepiada a miscara “bosal dalgum clint. ( Asrosto patatcto “Teve aman en, eigen, eat as melhores hotter quando sorinha, abandonada ns} msm, ouvia numa ate

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