Você está na página 1de 9
4-BACIA DO AMAZONAS Paulo R. C. Cunhal, Flavio G. Gonzaga’, Luiz F. C. Coutinho! e Flavio J. Feijé2 ‘ABacia do Amazonas 6 uma bacia intracratonica com cerca de 500 000 km?, abrangendo parte dos estados do ‘Amazonas e Para, mitada ao norte pelo Escudo das Guianas, € 20 sul pelo Escudo Brasileiro. Na atual concepeao, reune a8 anteriormente chamadas bacias do Madio e Baixo Amazonas (Caputo, 1984). Est limitada a oeste com a Bacia do Solimées pelo Arco de Purus, 20 passo que 0 Arco de Gurupa consiiui seu mite leste, Duas seqaéncias de primeira ‘ordem podem ser reconhecidas nos 5 000 mdo preenchimento sedimentar da Bacia do Amazonas: uma paleozéica, intrudida por diques e soleiras de diabssio, e uma mesazsico-cenozéica (fg. 4.1) © substrato proterozbico que suporta o prisma sedimentar faneroz6ico da bacia € constituido por faixes méveis acrescidas a um nicleo mais antigo, denominado Provincia Amazénia Central (Cordani et al. 1984). A porgéo ocidental desse substrato esta representada pela Faixa Mével Rio Negro-Juruena, composta por rochas graniticas e metamériicas, recobertas pelos sistemas alivio-fdvio lacustres tafrogénicos do Grupo Purus (tig. 4.2). Na por¢do oriental, 0 embasamento é constituido pelas rochas graniticas metassedimentares da Faixa M6vel Maroni-tacaitnas, © registro sedimentar e [gneo da Bacia do Amazonas reflete os eventos tectonicos paleozbicos ocorrentes na borda oeste da pretérita placa gonduanica e da tafrogenia mesozéica do Allantico Sul. Estes fendmenos orogénicos provocaram movimentagdes epirogénicas intra- placa, resullando na formagao de arcos de grande porte e discordancias regionais, além de controlarem as ingressbes rmarinhas que influenciaram os ambientes deposicionals. Neves et al. (1989) admitem que a origem da bacia esteja relacionada a disperséo de esforgos no fechamento do Ciclo Proterozéico Brasilano. A Faixa de Dobramentos Araguaia-Tocantins (Almeida, 1967) esta originalmente relacionada a orogenia Brasiiana-Pan-Afticana, com esforgos compressionats na ditegao leste-oeste e esforgos de alivio na diregao norte-sul. 0 rit precursor do Amazonas poderia ter-se iniciado segundo este mecanismo, sendo sua propaga¢ao de leste para oeste controiada pela reativagdo de fraturas pré-cambrianas. Apos os esforgos distensionais, ‘ocorreu o resfriamento das massas plutOnicas etiveram inicio a subsidéncia térmica regional e o desenvolvimento de uma sinéclise intracontinental, com sedimentagao em oniap a partir do Neo-ordoviciano. O estégio inicial de deposigdo na sinéclse teve cardter pulsante, altermando sedimentos glaciais ¢ marinhos comingress6es de leste para oeste, posicionando-se em onlap sobre 0 Arco de Purus, que impedia @ conexdo com a Bacia do Solimées. O limite leste ultrapassou 0 Arco de Gurupa, correlacionando-se com as bacias do noroeste atricano (Villeneuve, apud Neves et al. 1989). As rochas sedimenta- res deste estagio estao reunidas no Grupo Trombetas (Ludwig, 1964), constituldo pelas formagSes Autés-Mirim (renitos e folhethos neriticos neo-ordovicianos), Nhamundé (arenitos neriticos e depésitos glaciogénicos landoverianos e eoweniockianos), Pitinga (folhelhos e diamicttos marinhos neolandoverianos a eoludiovianos) e Manacapuru (arenitos € pelitos neriticos e litoraneos neoludlovianos a eolockovianos) (fig. 4.3). As datagbes provém de analises bioestratigraficas com quitinozoarios (Quadros et al, 1990; Grahn, 1991; Grahn e Paris, 1992). ‘Apés a discordancia relacionada a Orogenia Caledoniana, novo cicio transgressivo-regressivo ocorreu na bbacia, desta vez com a deposigéo dos grupos Urupadi e Curia ‘Também neste estagio ocorreu sedimentagao marina com incurs6es glaciais, com extensdo as bacias atticanas e sem cconexo com a Bacia do Solimées. O Grupo Urupadi (fig. 4.4) abrange as formacées Maecuru (arenitos e pelitos neriticos e dettaicos emsianos a eo-eifelianos) e Erer8 (sititos, folhelhos @ arenitos neriticos e deltaicos neo-eifelianos a eogivetianos). Apés um pequeno pulso regressivo seguit-se a deposi¢ao da espessa seo sedimentar representada pelo Grupo Curua (Ludwig, 1964), que retine quatro formagées (fig. 48): A Formacao Barreirinha se caracteriza por flhelho cinza-escuroe preto, depositado durante a transgresséo global do final do Frasniano (Grahn, 1992). A Formagao Curiri ¢ representada por diamictitos, folhelhos e siltitos de ambiente glacial vigente no Fameniano (Daemon ¢ Contreiras, 1971) Os arenitos e pelitos da Formagao Oriximind retratam um ambiente fiuvial regressivo, datado como Neofameniano (Carozzi etal, 1973), Neofameniano-Neotournaisiano (Daemon Contreiras, 1971) e Neofameniano-Eotournaisiano (Bless © Streel, 1986). A Formagao Faro € composta por arenitos flavio-deltaicos com influéncia de tempestades, tournaisianos a viseanos (Daemon e Contreiras, 1971). © recuo do mar processou-se nesta fase em consequencia da Orogenia Eoherciniana (Neves et al. 1989), e a bacia sofreu um extenso proceso erosivo. ‘Divisio de Interpratagao (DINTER), Oistito de Exploragao do Norte (DEXNOR), Rod, Artur Bemardes, 5511, lcorac, CEP 65625, Belém, PA, Brasil 2Departamento de Explaracso (OEPEX), Av. Republica do Chile, 6, CEP 20035, Rio de Janeiro, RJ, Brasil B. Geoci, PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8 (1): 47 - 55, jan./mar. 1994 47 Novo cicio deposicional transgressivo-regressivo ‘ocorreu na sinéclise do Amazonas, entre o Neocarbonifero e ‘© Neopermiano, associado a mudancas climaticas si- gnificativas, de frio para quente e arido. Este ciclo re- Presentado pelo Grupo Tapajés (fig, 4 6\'Santos ef al. 1975), iniciado com a deposigéo dos arenitos edlicos e de wadis, intercalados por sititos e folhelhos de interdunas e lagos (Miura et al, 1983; Costa, 1984) da Formagao Monte Alegre. Acima, ‘em contato gradacional, estéo os calcarios de inframaré & evaporitos de planicie de sabkha (Altiner e Savini, 1991) das formagbes taituba e Nova Olinda, O final deste ciclo tectono- sedimentar @ caracterizado pela retomada da sedimentacao predominantemente continental, indicando uma restrigao bacinal provavelmente associada aos efeitos da Orogenia Tardi-herciniana, e que resultou na sedimentago dos silttos, arenitos e folhelhos avermelhados da Formacao Andiré. As ARENITO fino S 200 (hm FABER | BREN ine = EES — — PARENITO fino branco = Fen. onIMBRA—| FS". HO ‘rete a, 3285 om cinza escuro Fm. CURIRI 3463 m Fm. BARREIRINHA 3605 m GRUPO URUPADI Fig. 4.5 - Perfil de referéncia do Grupo Curua. B. Geoci. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 6 (1): 47 - 55, jan./mar.4994 co 1-AX-1- AM 4° 16' 257 5 42° 46" W LATERAL COMM Altitude 46 i se° RAIOS_GAMA (GARD SILTITO vermelho gq ARENITO fino = vermetho acastanhado HALITA niofne PIABASIO. cinza }scurgl Fm. NOVA OLINDA |ANIORITA bronco SPARENITO. muizo fir =feinza_esbronquiza Fm. ITAITUBA ANTIORTG brane: Aree cateluria= costanne 2: [ARENPTC firs 3 76 = GRUPO CURBA--—. Fig. 4.6 - Perfil de referéncia do Grupo Tapajés. B. Geoci. PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8 (1): 47 - 55, jan/mar. 1994

Você também pode gostar