Você está na página 1de 14
MANUTENGAO ELETRICA INDUSTRIAL * ENROLAMENTOS P/ MOTORES CA * Vitoria - ES 2006 7. ENROLAMENTOS PARA MOTORES DE CORRENTE ALTERNADA. A maneira mais conveniente de associar varios condutores de um enrolamento é distribui-los em forma de bobinas e a distribuic&o deve ser feita de tal modo que formem grupos. As bobinas de cada grupo s&o ligadas entre si, apresentando cada grupo um inicio e um fim, colocados uniformemente nas ranhuras do nucleo do estator para gerar o campo magnético. Os enrolamentos dos motores CA podem ter diversas formas e distribuigées, dentre as quais destacamos: * Enrolamento meio imbricado * Enrolamento imbricado * Enrolamento concéntrico No enrolamento meio imbricado cada lado de bobina ocupa toda a area da ranhura. © numero de ranhuras ocupadas deve ser par e 0 numero de bobinas é igual a metade do numero de ranhuras do estator. Todos os condutores situados numa ranhura fazem parte da mesma bobina. Também chamados de enrolamentos de uma camada, tem a vantagem de permitir um isolamento mais perfeito entre as fases sem 0 uso excessivo de isolante. Todas as bobinas que compéem os grupos possuem o mesmo formato e tamanho como também o mesmo numero de espiras (pré-moldadas) resultando num enrolamento continuo e simétrico. No enrolamento imbricado cada ranhura é ocupada por dois lados de bobina e existem tantas bobinas quantas sdo as ranhuras do estator. Todas as bobinas tém o mesmo formato e tamanho como também o mesmo numero de espiras (pré-moldadas)., resultando num enrolamento perfeitamente simétrico. Os dois lados de bobinas so colocados em camadas_sobrepostas e separadas por um isolante, pois cada lado de bobina pertence a grupos de fases distintos e como ha uma d.d.p. relativamente elevada, é necessério uma isolagéo eficiente para diminuir 0s riscos de curto circuito entre bobinas. © nome enrolamento concéntrico (ou em cadeia) é associado ao de uma corrente, devido a analogia que existe entre os grupos de bobinas (posicéo relativa entre eles) e os elos das correntes. No enrolamento em cadeia 0 formato das suas bobinas normalmente é oval e o enrolamento € constituido por grupos contendo duas, trés e até mais bobinas de tamanhos diferentes (com 0 mesmo centro de referéncia). Cada ranhura pode conter um ou mais lados de bobinas e 0 ntimero de espiras por bobina em um grupo pode variar em fungdo da distribuigo nas ranhuras. Este tipo de enrolamento pode ser executado manualmente ou utilizando formas pré-moldadas ou ainda maquinas automaticas para colocagao do enrolamento 7.1 REPRESENTACAO DOS ENROLAMENTOS A visualizagdo mais completa do enrolamento de uma maquina elétrica é feita mediante seu esquema elétrico. Ha vérios métodos de mostrar esquematicamente os enrolamentos porém, todos eles visam por meio de tragos simples, indicar a posig&o relativa das bobinas que formam a estrutura do motor. Representacdo Simbélica Circular € aquela que representa de modo simplificado as ranhuras e os grupos de bobinas com as respectivas interligagdes, como se estivéssemos olhando o motor pela frente na diregdo longitudinal do estator. Este tipo de representagdo é muito comum em livros técnicos relativos ao assunto. Na medida que os circuitos internos dos motores ficam mais complexos, este estilo de representac& néo é mais usado, pois ne pratica fica dificil a realizagéo do desenho, apesar de ser mais facil sua compreensao. Forma Circular Simplificada (Polar) Esta forma permite observar a disposico dos grupos de bobinas no estator, bem como suas interligagdes. A figura abaixo dé uma idéia da forma; no caso é relativo a um motor monofésico de 2 pélos. Representacao Simbélica Planificada € aquela que representa os grupos de bobinas interligadas no estator, como se estivéssemos cortado e esticado 0 estator sobre um plano, ou seja, seccionamos © estator no sentido longitudinal e 0 planificamos como mostra a seqiiéncia na figura a seguir. Utilizaremos a Ultima figura da seqiiéncia, onde cada retangulo representa um dente do estator, pela vista superior. \ e0E00 podun— \Rendura ov Noanal Este tipo de representacdo embora quebre a continuidade é 0 mais utilizado na pratica, por ser mais facil a sua confeccao principalmente para enrolamentos mais complexos, possibilitando uma apreciavel facilidade de interpretagao Exempos: Motor 1 4 polos Caracteristicas do Enrolamento Para a confecgdo, colocacao e ligaco das bobinas que formam o enrolamento devemos conhecer de antemdo suas principais caracteristicas: a) NUMERO DE BOBINAS © ntimero de bobinas do enrolamento é determinado em fung&o do nimero de dentes do estator, numero de pélos € do tipo de enrolamento. a) PASSO POLAR Determinado pela distancia em dentes entre o inicio de duas bobinas interligadas da mesma fase. © passo polar define a regido onde serd concentrado um pélo magnético formado por esta bobina. b) PASSO DE BOBINA E a distancia em dentes compreendida entre os dois lados da mesma bobina. Quando 0 passo de bobina for igual ao passo polar, este é denominado de passo de bobina inteiro; caso seja menor que 0 passo polar é denominado de passo de bobina fracionério. No projeto dos motores elétricos 0 passo ideal é determinado através de ensaios em laboratérios até se obter o melhor rendimento da maquina, néo desprezando © custo de producéo. Para calcular usamos as seguintes expressées: Enrolamento meio imbricado Yb = Yp - (2q -1) Enrolamento imbricado Yb = Yp - (q-1) Os enrolamentos meio imbricado s&o geralmente projetados com bobinas de passo fracionario (5/6 do passo polar) pois este tamanho além de economizar material (cobre) reduz as harménicas das f.e.m. induzidas nos enrolamentos, resultando em menores perdas por correntes parasitas e histerese. c) NUMERO DE POLOS © numero de pélos de um motor CA afeta diretamente sua velocidade, ou seja, de desejamos um motor com elevada rotagao este deverd apresentar 0 minimo de pélos magnéticos. ‘A maneira pela qual os grupos de bobinas séo interligados também influi na formagao dos pdlos. A equacdo a seguir nos fornece a relaco entre as grandezas (freqiiéncia da rede de alimentagao, ntimero de pélos e velocidade do motor): 120.f n P onde: P = nuimero de pélos f = freqiiéncia das correntes que alimentam 0 enrolamento (Hz) n = velocidade sincrona (rpm) Denominamos pélos ativos quando o numero de grupos de bobinas por fase séo interligados de tal forma que criem o mesmo ntimero de pélos. Isto é possivel fazendo com que a corrente que circula em um grupo num determinado sentido apresente sentido inverso ao circular pelo grupo adjacente, até sair do enrolamento, originando em cada grupo de bobinas uma polaridade unica. Neste tipo de ligagéo os grupos estao distanciados de um passo polar ou 180° elétricos, five Denominamos pélos conseqiientes quando cada grupo de bobinas por fase propicia a formagao de dois pdlos magnéticos. Isto € conseguido interligando os grupos de bobinas de tal forma que a corrente circule no mesmo sentido por todos eles até sair do enrolamento. Neste tipo de ligagao os grupos de bobinas esto distanclados um do outro de duas vezes 0 passo polar, ou seja 360° elétricos. s 4 pétos d) NUMERO DE BOBINAS POR POLO E FASE E o ntimero de bobinas que participa da formacéo de cada polo, conforme o tipo de enrolamento. 3p Para o enrolamento meio imbricado: q =———“?___ mimero_de_ fases Yp. mimero_de_ fases Para o enrolamento imbricado: a= Se a interligagdo dos grupos de bobinas resultar em pélos conseqiientes, o numero de bobinas por pélo/fase dobra de valor (observe se todos os grupos possuem o mesmo ntimero de bobinas). e) PASSO DE FASE Para 0 funcionamento perfeito do campo girante deve haver uma simetria da defasagem elétrica das fases (120° elétricos), com a defasagem mecénica dos 3 enrolamentos, ou seja, 0 inicio de cada enrolamento deve apresentar uma defasagem de 120° geométricos. Isto é conseguido dividindo o total de dentes do estator por 3. YF = Ndmero de dentes N° de fases f) LIGACOES Os motores monofasicos podem apresentar desde 2 até 8 terminais de ligacéo, de acordo com as tensdes de trabalho e a possibilidade de inversdo de rotacao. Ja os motores trifasicos podem apresentar desde 3 até 12 terminais, conforme as tensdes de trabalho definidas pelo fabricante, sempre permitindo a inverséo de rotagao. A identificagéo dos terminais no motor trifésico pode ser feita através de numeros ou letras com a seguinte equivaléncia: 1=U 2=V 3=W 4=Xx 5=¥ 6=Z 10 11 12 13

Você também pode gostar