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Natalia Ginzburg Léxico Familiar aigio Homero Freitas de Andrade + | } PAZE TERRA Copsigh by Giulio Einaudi editors epay Tosi, 1963 “Teadoido do original em italiano Tse famighare cope Inbal Carballo Copies chins Pens Revo Regina Calonéi ‘rans Kepler coun, Easy / naan Chase: end Hom Dietos aden pela eDITORA PAZ E TERRA S/A sons‘, Soa, ‘ter oa a O10) 228682" Conttho Edna ‘Anteio Candie eck Gur ADVERTENCIA Nena ic, gece fa mi a miauar t Yer avy om prin dos de rosea nenar, logo me en- a impelidy-3 dear tudo. o.que-inveaiara_ eee cs PRP R SSIS profendh past com pe aia aerly ela gas er ee pre lets a ct serlslila, Poicher quo congo «dgute sont Tetons a oe eee Ivor quasi oo alo abo naa «reed, yaet apcon gg de gusta embare Bor an ane fae We co texte, 0 Be Sefer aoe spremnes nnn oun, Emons Sena ae litte neo gue dee wt SR fs um romance: ow js, om exigir dele nada ama renos, do que um romance pode oferecer. ee me dees babar, © un ii! do eaprey «cae om cue aoe a en es anew, Nie ahs ids oma J flr do im Dy far tis Ho's 1 tae ste men ate, emo ee. ces eae a Fite scenes que vdeo ae ans Toc « aidolescéncia, propunha-me sempre escrever um livro ‘gue contasse sobre ae pessoas que Viviam, entio, 2 mi- tha volea. Este, em parte, 6 aque livro: mas s6 em parte, porque a meméria é labil, e porque os livros extraidos da realidade freqiientemente nfo passam de ténues vislumbres e estlhagos de tudo 0 que vimos © Léxico Familiar Na casa de meu pai, quando era menina, i mesa, se ex ou meus irmfos viedvamos 0 copo na toalha, ou deixévamos cait uma faca, a voz dele trovejava: — ‘Nio sejam malcriados! Se molhévamos 0 pio no molho, gritava: — Nao lambam os pratos! Nao fagam babosciras! Nio facam. rmelecas! iz: — Vocés nio sabem se comportar i mesa! Nio sio pessoas que se possa levar aos lugares! E dizia: — Vooés, que fazem tanta babostira, se fossem a uma table d'héte na Inglaterra, seriam ime- iatamente postos no olho da rua. Tinha pela Inglaterra a mais elevada estima. Achava que era o maior exemplo de civilizagio do mundo, As refeigses, costumava tecer comentitios sobre as pessoas que vira durante 0 dia. Era muito severo em seat julgamentos e chamava a todos de imbecis| — Pareceu-me "um grande parvo, — dizis, comentando sobre alguém que acabara de conhecer, Além dos “parvos” havia "os negros”. rey a inegros! Nao fagam negrices! — vivia gritando Pence. Agama das negrices era grande. Chamava Le Negice™ usa, nor pasion + montanks patos de ide por conver om 08 us on tm companheiro de viagem ou com um transeunts; Converse pela janela com os vizinhos de casa; tirar Gr sapatos na ela esquentar os pésina boca do aque- ‘cedor; queixir-e, nor passeios i montanha, de sede, tansago ou machucados nos pés levar, 205 paseos, al tnentos cozidos ¢ engordurados, ¢ guardanapos para Timpa os dedos. " TNos pases & montanha era permitido levar ape- nas uma determinada espécie de comida, iso &: fon- tines gl pees ors coz; « en perio Heese Gana t longa teva frazida, de cabeon Fuivos i escovinks, sobre a espiritera; ¢ protegia 2 Chama do vento com a8 abas de seu casaco, um caico de Ik cor de ferrugem, sem pélo e chamuscado nos tolios, sempre 0 mesmo ass temporadas na montanha Nio era peemitido, nos paseos, nem conhaque, rem tortdes de agicar:sendo is, diza ele, coisa de ‘ef permiido parse para fazer um lan * Quajo fresco © gordo coid, fbreado com lite de vaca; tinea de Val dost ede Val £Omol, no Bemoate, (WN. do.) eee poepe {aya insiowtr no sico de campismo, para nés € sise que meu pai, 20 enconérdelas em suas mos, jo va fora encolerizado, "Nos paseios, nés com nossos sapatos de prego, trosos, dutos e pesados feto chumbo, meias compri- da de li gorr tipo ivankoé, culos de neve na froate, com o sol batendo a pino sobre nosa cabeca suada, clhavamos com inveje “os negros” que subiam ligeros om tGnis, ou sentavam-se para comer nata nas mes- shar dos chalés. Minha mie chamava pasear na montanha de “ivertimento que o dabo di a seus filhos, ela semn= pre tentava ficar em casa principalmente quando se tratava de comer fora: porque, depois de comer, gos- tava de lero jornal e dormir sem ser incomodada, no sof. assivamos sempre o verfo na montanha. Alugi- ‘vamos uma eas por teés meses, de julho a setembro. De babito,eram cas afastadas do povoudo; meu pa meus irméos iam todes of ditt, com 0 saco de cam- Pismo as cosas fazer compras no lugarejo, Ngo ha Sualguer epécie de divertinentos ou distagSes. P syames a noite em case, 20 redor da mesa, nbs, 06 mine minha mie. Quanto a meu pi, ficava lendo na parte oposta da casa; ¢, de ver em quando, apare- cia na sala onde estivamos reunides, converando © Brincando. Aparecia desconfiado, earrancudoy ese ‘qorixava com minha mie de noi empregada Nata- Tina, que The tiara certs livros de ordem; "2 sua auecida Natalina",dizia, "Uma demente", dia, nfo ‘© importando com 0 fato de que, na cozinha, Na- Galina pudesse ouviclo, Por outro lado, 3 frase "ews » i iat demente da Natalina” a Natalina ji x scostumara, ¢ io se ofendia absolutamente com iso, ‘As vezes 4 noite, na montanha, meu pai se pre- arava para paseios ov escaladas. Ajoelhado no cho, ‘untava os sapatos dele e de meus iemios com geaxa de balsa; achava que s6 ele sabia untar os sapator com aguela geana, Depois, ouviase pela casa ineera um sande batulho de ferragens: era ele procurando os ‘ganchos, 0s pinos, a picareta. — Onde vocés enfis- ‘am a minka picareta? — trovejava, — Lidia! Lida! ‘Onde enfiaram minha picareta? Parti para as excaladas is quatro da madrugada, 4s vezes sozinho, 48 vezes com guias amigos dele, is ‘yezes com meus irmios; e no dia seguinte as excaladas, devido ao cansago, ficava intrativel; com 0 rosto Ver” imelho € inchado por causa da reverberacio do sol nas seleiras, 0s Hibios rachados ¢ sangrando, 0 aaciz be- zuntado com uma pomada amarels que pa teiga, as sobrancelhas franzidas na. testa suleada ¢ punka-se 2 ler 0 jornal, sem seus filhos herdara dele jo pela montanha; ¢» eto Gino, 0 mais velho, que era um grande monta- ‘hist, e que junto com um amigo stinga lu Aiton de Gino ¢ daguele amigo, mew pai fal com uma mistura de org © de invea,e izing if, Hap Hehe mi tno Flego, porns etvanE ean ellos ‘Mets irmio-Gina exe, de resto, su predieto, ¢ 0 sacsfariaem tudo; inceresava-e por historia natural, Coleciontva insets, cristas © outros minersis, « era sie latidioes aisle" Giny Tauris engenharia; quando voltava para cata depois de un exame, e-contaya que tirara um dez, meu pai pergun: tava: — Como é que voeé foi tirar dez? Por que nic trou dez com louvor? E se havia tirado dez com louvor, meu pai dizia: — Ah, mas era um exame fécil, Na montanhs, porém, quando nfo ia fazer esca- ladas ou passios que duravam até de tatdezinha, meu pai ia, todos 0s dias, “caminhar”; partia de manhé ce- dinho vestido do mesmo modo como quando sala par scalar, mas sem corda, gunchos ou picareta: ia fre 1 eeiiczszmente oxo, porgue “ia com as méos as c0stas, com o andar pedo db seus sapatos de pregos, com’ cachimbo entre os dentes. As vezes, obrigava minha mie a acompanhé-lo: A "Tidiat Lidist — srovejava de manhty — vamos caminhar! Sendo vocé fica preguigosa, se munca si dl prados! — Minha mie enti, déil, 0 13; alguns pasos ats, com sua bengslinhs, = malha ‘amarrada na cintura, ¢ sacudindo os cabelos grisalhos 6 erespos, que usava bem curtor, embora mew pl ine plicase com a moda dos cabelor curtos, tanto que, no dia em que cla os cortara, ele fizera um escarcéa de fazer vir 4 casa abaixo, — Vocé cortou os cabelos de ‘novo! Que besta que vocé & — dizia meu pai, toda vez i ls voltava ci casa do oe ddizia meu pai a minha mf, a0 ver que ela cortara nnovamente os eabelos; de fato, esa Frances, amiga de minha mie, era muito amada ¢ estimada por mew pai, as dentee outras coisas por ser mulher de um seu amigo de infancia e colega de estudos; mas tinha 20s olhos de ‘meu pai o-defeito unico de ter iniciado minha mae na ‘moda dos cabelos curtos; a Frances ia sempre a Paris, ‘uns parentes, ¢ num inverno voltara de Ié di- ‘— Em Paris esedo usando os cabeloy curtos, Em Paris a moda é esportiva, — repeticam minha irmé e minha mie durante o inverno todo, imitando um pou- £0 0 jeito da Frances, que arrastava os eres; encurta- fam todas as roupas, ¢ minha mie cortarz os cabelos; minha irmi no, porque tinha cabelos compridos até 4 cintara, loiros ¢ belissimos; e porque tinhs muito ‘medo de mew pai Habitualmente, nessa temporadas na montana, ‘minha a¥%, a mae de mew pai, vinh2 conosco. Nio ficava com a gente, mas mum hotel no lagarej. famos visiti-l,¢ 1 estava ela sentad2 no adro do hotel, embaixo de um guarda-sol; era pequena, com ppés minisculos ealgados com botinas pretas de botdes bem pequenoss tinka orgulho daqueles és pequenos, despontando sob a saia, ¢ tinha orgulho de sua cabega cde cabelos alvos, crespos, penteados num alto coque ‘gros, Todos of dias, meu pai a levava “para cami- thar Um pouco”, Andavam pelos caminhos principais, porque ela era velha, e nio podia se aventurar pelos atalhos, principalmente com aquelas botinas com sal- tinhos; andavam, ele na frente, com seus pasos largos, ‘ios ds eostas e eachimbo na boca, els atris, com sua roupa frufulhance, com of passinhos de seus saltinhos; cls nunca queria andar no mesmo caminho do dia an- on terior, queria sempre novos caminhos: — Ese é 0 camino de ontem, — queixava-se, ¢ meu pai, sem se voltae, dizia-Ihe distesido: — Nao, & outro; — mas ela continuava repetindo: — £ 0 caminho de ontem. fo caminho de ontem. — Estou com uma tosse que ‘me sufoca, — dizia logo depois a meu pai, que seguia sempre adiante e néo se voltava; — Estou com uma tose que me sufoca, — repetia, levando as mos 4 garganta: costumava repetir yempre as mesmas coisas dduas ou trés vezes. Dizia: — Aquela infame da Fan- tecehi que me fez fazer o vestide marrom! Queria fazer um azul! Queria fazer um azul! — ¢ bavia a sombrinha na calgada, com raiva. Meu pai diziaclhe que admirasse 0 pér-do-sol nas montanhas; mas ela continuava batendo, furiosamente, 2 ponta da sombri ‘aha no chéo, presa de um acesso de raiva contra a Fantecchi, sua costgreirs. Els, de resto, vinha 3 monta- ‘ha 56 para ficar conosco, visto que durante 0 ano ‘morava em Florencay ¢ im, de modo. que ‘hos via apenas no vero} mas detestava a montanha, e seu sonho seria passar as fers em Fiuggi ou Salsomag- siore, lugares onde passara os verdes de sua juventude. pols como no acre- ditava que a Italia vencese, © tinhs uma confiznca cega em Feancisco José, fe desesperava-e com iSO, ‘manbi, passeando no quarto de um lado pars outro € toreendo os dedos. Mas também nio era tio pobre assim. Tinka, em Florensa, uma bela casa, com mé- veis indiamos chineses € tapetes curcos; porque um 46 dela, o-av6 Parente, fra coecionador de objec de valor. Nas paredes havia os retratos de varios ants panades, o av6 Parente, Giese a ‘¢ manter um saldo ese ‘que se chamavam eodas Margarida ou Regina: nomes ‘usidos nas familias judias de oueros tempos. Prem. eer oes nfo fala o-do pa de mink yd,» ele nao se devia falar: porque, tendo enviuvado & brigado um dia com suas duas filhas, ji aduleas, decla- ara que, para fazer-lhes despeito, se casaria com a primeira mulher que encontrase aa rua, assim fizeras ‘08, pelo menos, contava-se na familia que asim fizeras te fora justamente a primeira mulher que enconcrara ho portio, ao sar de casa, nfo se, De qualquer modo, ‘vera com essa nova mulher, mais uma fila, que mi nha av6 jamais quis conhecer, «2 quem chamava, com iesgosto) de 4 filha do papal, As vers, nas Ferss, eontecisenor enconttar ess “filha do papai”, senhora rmadura e distinea jf com seus cingieata anor, e meu pi, entio, dizia 3 minha mie: — Voc8 viu? Voce viu? Era a filha do papail = Voots avaca cassava iia sempre minha av6, querendo dizer aves para ‘née, fo exists sigrados ojo de tudo, e muito medo das doengas; era, porém, fextremamente sadia, tanto que morreu com mais de titenta anos sem nunca ter preciado de médico, nem de dentists. Temia sempre que um de nés, paca aceliar, a batizase: porque certs ver um de meus irmios, brin~ gua lcca ogee bat S st 2 MPR olsmo, oma inocenre« inglaxs como ra crianga de pei, Minha v6, quando jovem, por aquilo que dizia, fora muito bonita, a segunda moca mais bonita de isay a primeita ers uma certa Virginia Del Vecchio, so corna Apateceu em Pisa um certo senhor Segre. © quis conhecer a moga mais bonita da cidade, para ‘depois com meu avd, 9 avd Michele: Haifa eat tee faces oe vikiva moga ainda; e uma vez Ihe perguntamos porque ‘do se casarz de novo. Respondeu, com uma risada ‘stridente © com uma brutalidade que nunca espera- Fiamos de uma velha chorosa e lamurienta como ela — Aqui, 6! Para acabar com 0 poco que tenho! ‘Meus irmios ¢ minha mie, a vexes se queixavam de tédio durante as temporadas na montanha, naquelas casas isoladas, onde néo tinham distragoes, nem com- Pees ene eet tematioletnpo, oto feat ainda o tio dat tempo. ee ee etn eee eee Un ano ertvamos pesicalatmonnte sara disheee, ¢ pamela que lamos pear o vetBo na clade. Arran: four depois no kino instante, uaa cass qua cua pouco, no subir de um Tugarjo charnado Sant- Jucaueect Aju un cas oma lex ditria, comm ets ieacecroene Doo mato poisein Aa forsivel, pois minha mie durante todo 0 verso, nfo arava de divers — Borearia de cal Droga de Sunt ein peli oNowsualincta fees eat Veee ito oe dex voluncs encoders em couro!fucicuos CeMincadermados de um hebdornadiio qualquer, com cha- ad enugmy, » romances aterorizantexUmn amigo id miata wm de Fem, empre See ei ee eee eh toc o verde. Depot mina mie fez amizade com tia senhors, que mornvn nm cas vizinha.-Buzatam conversa enquanto meu pai estava for. iiaalase Parém, como depois se descobrin que ess senhors, a senhora Ghiran, moraya em Turim no mesmo prédio da Frances, ea conhecia de vista, foi possvel apresen- Rae Ea ee SIs De ato, meu ples wempre dsconfadoe rece Minha mie nio parava de falar da senhora Ghi- ran, ¢ 4 mes, comfamos as iguarias que 2 senhora Ghican nos ensinara. SEN OOS FO seo que ‘BGs sem os livros de Frinco, e sem 2 senhora Ghiran — dizia minha mie no fim daquele verdo, Nosso retorno cidade, nese ano, foi marcado por ese episddio. De- de umas duas horas de caminhonete, chegando 4 estagio ferrovidria, subimos no trem e ocupamos oF Iugares. De repente, percebemos que toda nossa ba- ‘gagem ficara no cho. O chefe do trem, erguendo a bandeira, gritou: — Vai partir! — Vai partir uma ova! = gricou meu pai, entZo, com um berro que ecoou pelo vagio inteiro; ¢ 0 trem no se moveu até que fose carregado noso iiltimo bai. [Na cidade precisamos nos separar, pesarosor, dos livros de Princo, porque Frinco os queria de voles. E quanto 4 senhora Ghiran, aunca mais a vimos prec convihr a enors Ching upg india dezal — dizia mew pai is veres ja mie via suas amigas: sempre as mesmas, Afora a Frances, e algunas outrad que eram mulheres de amigos de meu pai, minha mae escolhia amigas jo- vvens, um boeado mais jovens do que ela: jovens senb fay ecb-cands «gobi a cu poli as capi (GEURUREGUE Desava receber. Se uma de suas vvelhas conhecidas mandava dizer que viria fazer-the uma visita, entrava em pinico. — Entio hoje nio po- drei ir passear! — dizia desesperada. As amigas jo- vens, ao coneririo, podia arrast4-las consigo a0 passeio, fou a0 cinema; ecam manipuléveis,disponiveis,e pron- tas a manter com ela um relacionamento sem cerimé- nas; e se tinham eriangss pequenas, melhor, porque cla adorava criancas. De yez em quando, aconeecis berrava a plenos pulmées: — Lidia! As babasjé foram embora? — Viase entio a ultima baba, apavorada, tegucirar-se pelo corredor © escapar porta afora; as jovens amigas de minha mie morriam todas de medo dde meu pai. No jantar, meu pai dizia a minha mae: ‘As vezes, 3 eee ‘ot amigos de meu pai vinham a nossa casa: profesores universitirios, bidlogos e cien~ tistas como ele, Mea pai, durante o jantar, quando se prenunciavam aquelas noitadas, perguntava. a minha mt A i, ‘exes minha mie nfo preps ‘ara nenhium tratamento, ¢ entio meu pai ficava fu Fiore: — Como no tem tratamento? tre os amigos mais intimos de meus pais bavia 0s Lopez, isto, a Frances ¢ 0 marido dela, ¢ os Terni ‘Le babe", no original; palavts lo dicionariades posivel sudo 40 cerme clave bubs, significando malher vel © rade fralnente de erigem eamponen- (N. do 7.) rrvisimo, e somente a minha mée permitia [o assim. Contudo, or Lopez, conversando entre si sobre nossa familia, diziam “os Tom” do mesmo ‘modo camo nos referiamos a eles, “os Lopez”. = 9s. Amedeo era”gordo, com ©: fe cal Finos see 2 ep ae eee Ee ee a er ae Se eon ae ans a eee ee ae eae eas is Gas A raat em eae ea anes arate ea eve antag Voctaas coast pgs, fee eran pense aca ee a a perce (pT pipe noah ays ys See Se aera ee oe ee ee eae aot ae ca ee saint canes astesn Bee sa aena une Gare Pe See ces practi oa eee ee ere eager era hats ea rane tare ee Oe ee eee) ey Se os Lopez cram mais rieos ou mais pobres do ‘que nés, nfo se sabia 20 certo: minha mie dizia que tremamente pobre, especialmente de manh cedo, quando scordava; acordava também minha mie, e di- Ziarlhe: “Nao sei como vamos fazer para continuar”, voc8 viu que os Imobilidrios cairam”. Os Imobiié- ros calam sempre, nunca subiam; “droga de Imobi- ligrios" vivia dizendo minha mae, e se queixava de que ‘meu pai aio tinha nenhum tino para os negécios, € Jogo que surgia um titulo ruim, ele imediatamente 0 comprava; ela sempre pedia que cle recorresse a umm corretor para se aconselhar, mas ele, entao, s€ enfu- fecia, porque queria, nisto como em todas as outras coisas, segule @ propria cabega ‘Quanto 205 Terni, eram muito ricos, Mary, a mu ther de Terni, contudo, tinka hibitos simple, frequen tava poucs gente, ¢ passiva os dias contemplando os chia fb, junco com a babi Asunta, que se vexti (GGRGSRESTSRGD Terni era um bislogo, © meu pai eee or ele, no que diz respeito aos estudos, uma grande estima; porém, coxtomavs dizcr DF que faz pose —, recome= mie. Quando Terni vinha nos vsitar, ‘geralmente detinha-se no jardim conosco, falando de ‘romances; exa culto, havia lido todos os romances mo- demos, ¢ foi o primeiro a trazer a nossa casa La re- cberche du temps perdu. Aliés, pensando bem, acho fue tentava se parecer com Swann, com aquele mo- néculo, ¢ com a mania de descobrit em cada um de ‘nds parentescor com quadros famosos. Meu pai, do gabinete, chamava-o em vor alta, para que viese con- vyersaz com ele sobre as c eae "No hengueo plhacot — ‘com seus susrucros enlevades, enfiava 0 nariz nas cor- tinas gastas € empociradas de nossa sala de jantar, per~ ‘guntando se eram novas. ‘As coisas que meu pai apreciava e estimava eram: 0 socialism; 2 Inglaterra; os romances de Zola; a fun- dagio Rockfeller; a montanha, © os guias do Val Aosta, As coisas de que minha mie gostava exam: 0 socialismo; os poemas de Paul Verlaines a misica e, ‘em particular, o Lohengrin, que costumava cantar para ngs & noite, depois do jantar, ‘Minha mie ora milanesa, mas de origem criestina também: cali, (0 milanés imiseuta-se em sua fala, quando contava recordagées da infancia, Um dia, quando era pequena, caminhando pela rua, em Milo, vira um senhor empertigado, parado diane de uma vitrine de eabelezero, que fitava uma ceabega de boneca e dizia com seus botdes: Linde, linda linda. De pescogo longo demais. Muitas de suas lembrangas eram assim: simples frases que ouvira, Um dia, com suas colegas de colégio ‘e com as profesorss, sais a passeio, De repente, uma das meninas afastara-se da fila, correndo para abragar tem cachorro que passava: ela o abragava e dizia: — EWS, eV el a irma da minha cadelat Passara muitos anos no colégio. Divertia-se um bocado, Id. Representara, cantara e dancara nas festas esco- ares; reprecentara numa peca, fancasiada de macaca; fe cantara numa opereta, que se chamava A chinela perdida na neve. Escrevera ¢ musicata uma dpera. Sua épera ccomecava assim: Eu sou dom Carlos Tadsi, Sou extudante em Madri! Quando andava uma tardinha Bela rua Berzuellina, Logo vi numa janela, A jovern mestra: era elat F escrevera uma poesia, que dizia Salve, 6 ignorincia, Pensando em ti passa a dor de panga Satide, reina no que € teu ‘Deixemos 0 estudo 401 macabeus! Bebamos, dancemos ¢ nfo pensemos, Fagamos fesea! ‘Agora, Musa, inspirs-me um verso, Dita-me o que me vai no coracio, Diz-me que 0 filésofo é pervers, ‘D amor nio se encontra no sabichii E também parodiara 0 Metastisio, assim: Se 2 cada um o imo aff Se ese na testa escrito Todos os que a pé se vio Andariam de landau, Permaneceu no colégio até os dezesseis anos. Aos domingos, ia visitar um tio materno, que se chamava Barbiton, Tinka peru no almogo; comiam, depois 0 ‘Barbizon apontava at sobras do peru 4 mulher e dizix- eet enna a bison era_um homem cude, de nariz ver (O Barbison, depois dessesalmogos com peru, dizia a ‘inka mae? — Lidia, eu e-vocd que sabemes quimica, que é que 0 fcido sulfidrico fede? Ele fede peido. © dcido sulfidrico fede peido. 0 nome edad do Bacon ea Peeos ee ee [Bom é ver toda tarde ow matina ‘Do Perego a casa e a cantina "As ies do Barbiton cram chamadas “es Bests” NP, 5. ints mies ta ce. cilia, que era famosa pela seguinte frase. Certa vez, ‘minha mae Ihe contara que estiveram preocupados com. ‘meu av3, 0 qual tardava em voltar pari cass, e vemiam. aque Ihe tivesse acontecido alguma coisa. A tia Cecilia fi logo pergentando: — Eo qve tinham para o almo- {¢0, 28702 ou massa? — Massa — respondera minha mie. — Ainds bem que nio era arroz, porque, do contririo, sabe-se lé se ndo ira ficar cozido demas Meus avs maternos morreram ambos antes de ‘meu nascimento. Minha avé materna, v6 Ping, era de familia modesta, e casara-se com meu av6 que era seu spazinho de olhos grandes, distinto advogado em inicio de carreira, que ela, todos os dias A entrada, ouvia perguntar & zeladora: — Tem cores- ondéncia para mim? — Meu av falava corespon éncia, com um rs © com o ¢ aberto; e minha av6 achava este modo de pronunciar a palavra um grande Sinal de distingio. Foi por isso que ela se casou com cle; e também porque desejava fazer, para o inverno, tum estaquinho de veludo preto. Nio foi um casa. mento feliz, Quando moga, minha avé Pina era loira ¢ gra- iota; ¢ uma vez representara numa companhia de amadore. Quando 0 pano se levantava, I estava mi- ‘nha avé Pina com um pincel ¢ um eavalete, dizendo 25 seguintes palaveas: — Nio poso continuar pintando: mew espirito ao se presta a0 trabalho e a arte; ele voa para longe aqui e se nutre de idéias dolorosas. ‘Mew avé, mais tarde, mergulhow no socialismo; era amigo de Bisolai, de Turati e da Kulichov. Mi nha avé Pina permanecen sempre alheia 4 vida politica do matido, Como cle enchesse a casa de socialistar, minha avé Pina costumava dizer da filha, com amar gura: — Esta menina ai vai acabac s¢ casando com tum incendifrio, — Depois, separaram-se. Meu avd, nos limos anos de sua vids, abandonara a politica ¢ fetomars seu trabalho de advogado; portm, dormia até 4s cinco da tarde e quando chegavam clienes, dizia: "0 que vieram fazer? Mande-os embora! Minha avé Pina, nos uleimos anos, morsva em Florengay es veres ia vistar minha més, que nesse {neem ae easara,e também morava em Flrenga; mi- ths ayé Pina, porém, morzia de medo de meu pair Um dia viera ver meu inmo Gin, ainda em fraldas, que estava um (pouco febril; para acalmar meu pai que ‘estava todo agitado, minha avé Pina dissera-lhe que talver fone uma febre por casa da dentigdo. Meu pai fieara furiow porque sfirmava que a dentigio nfo dh febre; e minha avd Pin, encontrando, a0 sar, men to Silvio que também viera nos visitar, — Nao digs que € por causa dos denves —, sussurrouche nas escadas, rea em Florenga, solitiria, depois de uma vide de muito sofrimento: seu filho mais velho, o Silvio, suicidara-se 0s trint2 anos, disparando na témpora, certa noite, fos jardins piblicos de Milo. + Depois do colégio, minha mie deixou Milio ¢ foi rmorar em Florence. Matricul ‘v6, entdo, # opés durante um tempo; depois aceitou ‘conhecer minht mie, e uma noite encontraram-se no teatro, aststindo juntas uma pega, onde havia uma mulher branca que acabara entre 0s mouros; © uma negra com ciime dels rangis of dentes e dizia, fitan- ddo-a com olhos terrives: a Pe FTisham reebido poltonss grits para aquela Eeaurinic iauieie een olsen eet Sikh ale to Greer cms ie. Fence Ge teu’ pa, trangilo, gordo ¢ sempre alegre; amo eritio teatal nfo eta sisluamente igor, fo queria une fala mal de pega alguns, mas er todas encontrava algo de bom, ¢ quando minha mac ihe dsin que achara tol uma pega ele fcava bravo © dria: —~ Experimente yoct, ene, cscrever oma pecs tomo aquela: — Mais tarde,» so Cenie caus Com fede meres to) pe mini op fo ua. grande ten ‘édia, e por muitos anos nfo quis ii ‘Cesare Ihe tena verdade, era homem de grande inteligencia, culto ¢ irdnico; e nio sei se chegow a ficar sabendo que, 2m a chamado assim. Minha mée conheceu, na ‘bém a famoss Vandea, ainda viva naquela época. (Guanio 20 anf Pese, more fain tempo) sie See he si Dies ‘O avo Parente ea avé Doleetta tinham uma filha, chamada Rosina. Essa Rosina perdeu o marido, que a deixou com filhos pequenos ¢ pouco dinheiro. Voltou, fentdo, A casa paterna. E no dia seguinte a sua volea, fenquanto todos se sentavam & mesa, 2 avd Doleetta dise, olhando pars ela: =O que & que eseé acontecendo com a nossa Rosina hoje, que perdeu seu humor de sempre? Foi minha mie quem nos contou com pormenores a histéria do ovo da v6 Dolcetca, a historia da nossa ‘Minha mAe, 20 contratio, alegrava-se contando histécias, porque sentia o maior prazer em conti-las. CComegava a contar & mesa, dirigindo-se a um de nés: fe quer quando contava sobre 2 familia de meu pai, {quer quando contava sobre a sua, enchia-se de slegcia era sempre como se contaste aquela histéria pela pri- ‘meira vez, para ouvidos que delas nfo sabiam nads “Eu tinha um tio — comecaya — que era chamad de Barbiton”. Se entéo alguém diria: — Esta histér feu conhegol Ja excutel mil vezest — Ela entio dit sia-se a um outro ¢ continuava contando em vor baixa = Ji ouvi esta histéria mais de mil vezes! — trove- java meu pai, quando passava por perto ¢ apanhava no ar uma palavea ou outra. Minha mie, em voz baixa, ‘© Demente tinha em sua clinica um louco que acreditaya ser Deus. Toda manh, 0 Demente the di- ia: — Bom dia, ilustre senor Lipmann. — E ai 0 Juco respondia: — Ilustce talver sim, Lipmann prova- | — Porque ele acreditava ser Deus. E havia também a famosa frase de um macstro, ‘conhecido de Silvio, que, achando-se em Bergamo para uma fournée, dissera 20s cantores desatentos ou indi ine Bier teeta ryeee nea ee 4 no ct di dum ond em eae ee a ee eee ‘eformar todos of nose colchée¢ taveatro, evar Per eee ete ec Cee ee rea enon coe ele eee ee -metera passcios ¢ balas; Lucio, o filho cagula da Fran- to rida uae onan ce din eincar en ca Me eee eles burrads, cosutando & méquina; e brigava com a Na- Es Drogat Rial Scenes rea shis em que Rina smn er avitado, nao compari, prec ee ey ieee ee See tceieela suas nasil a peeereieae cote ee loco szvam no “quarto dos armé- ios”; tapetes nos quais as borras de café cinkam, deixado manchas amareladas. — Droga de Rina! Nua- 2 mais vou chamé-la! — A Rina, algumas semanas depois, retornava: hilare, gentil, prédiga em iniiativas € proms. E minha mi logo equi suas falas: ¢ ‘metia-se no quarto dos armarios para ouvir a converst fiada da Rina que costuriva A maquina, pid, peda- lando com seu mindsculo pé de babs, calgado com um. chinelo de pano. "A\Natalina,dizia minha mée, parecia-xe com Luis XI, Era pequens, magra, com o rosto comprido, os tabelos penceados e lisos, 3s vezes suntuosamente en frespados a ferro. — Meu Luis XL —, dizia minha Imfe de manha, quando a via entrar no quarto, earran- fuda, com um eachecol no pescogo, com o balde ¢ vassoura na mio, A Natalina fazia confusio entre os Dronomes femininos ¢ masculinos. Dizia a minha mi “Ela saiu de manhé sem o sobretudo, — Ela quem? = menino Mario, Deve dizer iso 2 cla. — Ela quem? —~ Ele, ele, dona Lidia —, dizia, ofendida, 2 ‘Natalina, batendo o balde. ‘A Natalina, explicava minha mie falando dela as suas amigis, era “um raio” porque fazia os crabalhos domésticos com uma rapidez extraordiniri Seerremoto” porque fazia tudo com violéncia ¢ estar- alhago. ‘Tinka wma cara de cachorro sem dono, por- fue tivera uma infanciainfeliz; era Sef, rescida em Gefanatos c asilos, estivera mais tarde a servigo de pa- ross cruéiz Sentia por suse antigas patroas, de quem tava que Ihe davam tapas de fazer doer a cabeca vr dias eguidos, uma ponta de saudade. Escrevia-lhes, fo Natal, suncucsos cartes dourados. As vezes, man- hivaclhes até presentes. Nunca tinha um tostio no ko, sendo generosa, grandiosa no gastar, © sempre ta no fazer empréstimes a certas amigas, €Om 35 nis saia no domingo. Aquele jeito de cachorro sem cla sempre 0 conservous descarregava em cima ida gente, entretanto, ¢, particularmence, em cima de minha mie, sua vontade sarcistica, despétics eteimosa. Mancinhs com minha mie, que amava ternamence © por quem era ternamente amada, uima relagfo Aspera, Gareistica ¢ nada servil. — Ainda bem a senhora, «2 nfo como faria para ganhar @ do sabe fazer nada —, di quem? — Ele, ela, a senhora! ee Fae ceaieene erase irene epee alpen es eee a ere de sapatos nio encontrado, por um livro fora do. lugar, Por uma limpads queimads, por um breve atraso na tlie oper am pneu pase mes eee ES ee rain Be ee: Bet me rs ee oe aaa 1p quarto deles um basiho de caderasdoreubeeia de paredes espancadas, depois gritos lancinantes ¢ sel- ngtenerrliyieanpeeleley fortissimos, 8 esa ‘se pegavam a socos se machu- cavam, saiam de ld com os narizes sangrando, os labios sete a eerie ‘gtitava minha mie, engolindoo es no susto. — Beppino, tho se matando! — gritava, chamando meu pai, A intervengio de meu pai, como qualquer ato seu, era violenta, Entrava no meio dos doe a ‘se batiam, fe ee lembro-me com terror dos trés homens lutando selva eee ae: (eee eee ee etna rt pce ha erta vez que Alberto apareceu na escola com a ci- Cae acontecd, Ele se levantou e dise: — Meu iemio e eu squcriamos tomar banho. Saisie aa los dois, era o mais alto, ¢ era o mais forte. TTinha mos duras como ferro, e, na eélera, tinha um » frenesi nervoso, que enrjecia seus miscues, os tendbes, mazilares. Quando erianga fora um tanto éra00, ¢ ‘meu pai levava-o para caminhar na montanha, para fortalet#-lo: como fazia, de resto, com todos nds. Matio desenvolvera um édio surdo pela montana; ¢ logo que piste subtesr-se & vontade de meu pai, deixou de it completamente, Mas, naquele tempo, ainda precisva irs Suas céleras, 8 vezs,estouravam também sobre 35 coisas: As yezes, no era Albereo 0 objeto de sua raiva, ‘mas algo que aio obedecia a0 furor de suas mio. De- Bois do almoso, de sibado, descia 4 adega para procurar feus esquis: e enquanto of procurava, uma céleraslen- oss o invadis, ou porque ndo os encontrava, ou por- ue 2 resins dav apts nfo abram, por mas que jutase com elas, Certamente, em sua célera, tanto Alberto, como meu pai estavam presents, embora dis- antes no momento; Alberto, lidando com sus coisss teimando em levi-fo 4 montanha, quando fl a montanha, e obrigando-o a levar esquis velhos © com preslhas enferrujadas. As vezes tentava talgar as botas ¢ nfo conseguia enfié-las, Sozinho, 1d ina adegs fazia 0 diabo: nds, em cima, ouviamos uma barulheira, Atirava no chio todos os esquis da casa, batia presithss, bora, ples de foca, arrebentava cordas ¢ sfundava gavetss, chutava cadeiras, paredes, pernas de mesas, Lembro t8-lo visto um dia sentado na sala de visitas, lendo o jornalsosegado: de repente, foi inva ido por uma daquelas suas raivas sieneions, © pésse ‘taxgaro jornal, furiosamente. Rangia os dente, batia (08 pé no chio e rasgava 0 jornal. Daquela ver nem Alberto nem meu pai tinham culpa de nada. Simples- » Shas gj pts tocrraos tao « sae 1 som inane rt ATE real pent eben cnet a rca pl fire com tle segue dos ate terivey, Pee fou face de pio pov a tspar 0 doo ds ito sasgae jortou ao borbottes: Imbre o as sg i aetna de laa mee me tani assustado'e gatando, com pares eneriiadar © ature de iodo, a es co * Depois de briga com Alberto ee expancrem, por soya’ Mao ieee tombs" ou" ut como ‘se dizia em nossa casa. Sentava-se 4 mesa palido, com 2 pilcbrasinchadn, or clos tem pequenon: Mato ‘empre vera es pequenos,apertadose puradoy, de hinds; mas now Ga "de lu cle sedusam 2 dae fsurasinvnve, No sbris abo, Geralmentesf tromba porguc achava que em casa empredavam 7 20s Allert, cones le © scheva ams que i fs estate ables pas que teu pei nda we dates direto de eeaped-la Viv 6 que wombs © Maro sstf fazendo? Vio 06 que lun? “dia meu pal 4 tinh me, mal le vada alu — Por que ¢ que exh de lua? Nao disse nenhuma palavra! Que besta! Depo wm belo din lua de Maro mudavs, En- trava na sala, sentava-se numa poltrona, e acariciava 2 bochechas cont um soso abeera, ora lho treabertos, Comegava a falar: — I baco del calo del ‘malo. — Era uma roa brncadirinhs e gostavs muito dle repetindoa imaciaylmente, — Il aco del ela Seba Sco del cal el elo, 1 ico del clo milo. — Mario! — berrava meu pai. — Nao fale palaroesl* P % om 2 vogal 1 em ilies “I buco de cul del malo: 0 brraco do ce do Burro, (N do T') — 1h baco del calo del malo — repetia Mario, loo aque meu pai saa, Ficava conversando na sala, com thinks mie e com Terni, que era grande amigo stu. — Como o Mario ¢ amavel quando esti bem! —dizia minha mie. — Como é simpitieo! Parece o Silvio! (© Silvio era aquele irmio de minha mie.que s ‘matafi Em norsi 25 50x Morte estava envolea em misceio: agora eu si que se matov, mas no sei bem. por qué. Acho que ese ar de mixtério em torno da Figra de Sivio er inufladoprincinslmente por meu ue ndo queria que soubésemos que a nosa Fanihs hevia um svcidioy quem sabe sinds, por fuera: razdes que ignoro, Quanto 4 minha mée, ela falava de Silvio sempre com alegra: endo cla de natu- reza to alegre, pears aolia cada con, ¢ ave de ada coisa e de cada pesos evocava 0 bem e alegray € {cinava a dor e 0 mal na sombra, dedicando-lhes 2pe~ tna, de quando em quando, um breve suspiro Silvio fora musicsta e literato, Musicara alguns pocmnat de Paul Verlsine: Les feuiles morte, « outros Enda. Sabin tocar pouco e mal, ¢-murmurava suas Has acompanhando-e ao piano com um dedo 35 a, iain «minha mie: — Escute, sua boba, eicute como {seo € bonito, —- Embore tocasse tfo mal, ¢ cantase fom um fio de vor, era muito bonito ouvi-lo, dizia tninha mie, O Silvio ern muito elegante, vsia-e com muito apuro: ai se nfo tivese as caleas bem pasadas, fom 0 vineo perfeitoy tinha uma bela, bengala com 0 tastdo de marfim, © sia por Milto de palheta, ia gncontear com oF amigos, dvcutir mésica nos cafés. [Nas narracivas de minba mie ele eta sempre um perso~ ragem alegre seu fim, quando fiquei stbendo dos detahes, pareceu-me indeitrival. Sobre o eriado-mu- do de minha mie havia dele um retratinho desborado, com a palheta e com o: bigodinhos para cima: ao lado

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